6
de Agosto de 2007 - Vladimir Platonow - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A retomada das
obras de construção da usina nuclear de Angra
3 pode ocorrer em outubro, afirmou hoje (6) o presidente
da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair
Gonçalves.
“Acreditamos
que possa iniciar em outubro. O licenciamento está
em curso e, em breve, pretendemos ter as coisas andando
e as obras retomadas totalmente”.
Segundo
ele, trabalhos que não dependem do licenciamento
do órgão, como a limpeza e estruturação
do canteiro de obras já foram retomados.
Gonçalves
disse acreditar que o licenciamento ambiental, emitido pelo
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis
(Ibama), não será um empecilho para a retomada
do projeto.
“Existem
algumas observações que estão sendo
feitas, mas acreditamos que não vá haver qualquer
problema, porque o local [da usina] já está
licenciado. São apenas detalhes que estão
sendo ajustados entre a Eletronuclear [estatal que administra
Angra 3] e o Ibama.”
Nos
próximos meses, acrescentou o executivo, começarão
as pesquisas para determinar os locais onde serão
instaladas outras duas usinas nucleares projetadas pelo
governo federal, de um total de até oito, cada uma
com capacidade para gerar mil megawatts.
“As
negociações devem começar agora",
afirmou, acrescentando que o objetivo é iniciar a
quarta usina até 2010.
As
declarações foram dadas durante a cerimônia
de posse do diretor da Coordenação dos Programas
de Pós-graduação de Engenharia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa.
A
retomada das obras de Angra 3 foi decidida no dia 26 de
junho pelo Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE). A construção da usina nuclear pode
representar a geração de até 9 mil
empregos diretos na fase de pico da obra civil e de montagem
eletro-mecânica, durante os 5 anos e meio previstos
para a conclusão da obra, segundo previsão
da Eletronuclear.
A
nova usina terá capacidade de geração
de 1.350 megawatts de energia. Junto com as usinas de Angra
1 e 2, já em operação, poderá
contribuir para 80% do abastecimento de energia elétrica
do estado do Rio de Janeiro.
Até
agora, foram investidos US$ 750 milhões na aquisição
dos principais equipamentos que compõem Angra 3,
que estão estocados há anos em um galpão
no terreno da usina.
+
Mais
Ambientalistas
protestam contra usina nuclear de Angra 3
8
de Agosto de 2007 - Stênio Ribeiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Ambientalistas
de diferentes regiões do país entregaram hoje
(8) à Câmara dos Deputados e à Presidência
da República um manifesto no qual apontam dez razões
para se oporem à construção da usina
nuclear de Angra 3, sugerida pelo Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), em junho último.
Lideradas
pelas organizações não-governamentais
(ONGs) SOS Mata Atlântica, Geenpeace e WWF-Brasil,
mais de 200 pessoas fizeram manifestação contra
o uso de energia nuclear, na Praça dos Três
Poderes. Alguns deputados da Frente Parlamentar Ambientalista,
como Edson Duarte e Edigar Mão Branca, do PV da Bahia,
Marcelo Ortiz (PV-SP), Zequinha Sarney (PV-MA) e Chico Alencar
(PSOL-RJ), aderiram à manifestação.
Segundo
Mário Mantovani, representante da SOS Mata Atlântica,
o objetivo de todos é sensibilizar o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva contra a retomada do programa
nuclear. Para Mantovani, o programa nuclear "é
a alternativa mais cara para a produção de
energia, sem falar no perigo de radiação com
sérios prejuízos para o homem".
Ele
disse que o Brasil tem potencial muito grande para produção
da chamada "energia limpa", obtida dos ventos
(eólica), da luz solar e de biomassas. Mantovani
ressaltou que estas têm potencial quase inesgotável
e defendeu "a necessidade de o país estruturar
uma matriz energética, sem riscos para a saúde
humana e ambiental".
O
discurso dos parlamentares que participaram da manifestação
foi semelhante. Os deputados fizeram ainda questão
de relacionar a oportunidade da manifestação
com "os aniversários catastróficos"
das bombas atômicas lançadas pelos
norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki, no Japão,
nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra
Mundial.
Na
manifestação, os parlamentares e ambientalistas
lembraram também o acidente com o Césio-137,
há 20 anos, em Goiânia, que atingiu mais de
6 mil pessoas; e as doenças causadas pela mina de
exploração de urânio, em Caetité,
na Bahia; além da necessidade de cuidados especiais
para o depósito definitivo dos rejeitos nucleares.
Nesse
particular, "as autoridades brasileiras sempre negligenciam",
afirmou o deputado Edigar Mão Branca, ao lembrar
que Angra 1 e Angra 2, até hoje, não dispõem
de depósito definitivo para o rejeito nuclear. Isso,
sem falar na falta de explicação para o buraco
de mais de 300 metros de profundidade na Serra do Cachimbo,
no Pará, há mais de 40 anos, acrescentou o
parlamentar.