21
de Novembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da
Agência Brasil - Rio de Janeiro - A questão
dos rejeitos nucleares parece estar equacionada no Brasil,
pelo menos nos próximos 500 anos, avaliou hoje (21)
o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
“Nós
não estamos resolvendo o problema. Resolver o problema
significaria a gente resolver para a eternidade. Mas nós
estamos postergando para 500, mil anos, com muita responsabilidade”,
afirmou. Ele encerrou o 1º Workshop sobre Geração
Nuclear e a Matriz Energética Brasileira, promovido
pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento
de Atividades Nucleares (Abdan), no Rio.
Silva
disse que o volume de rejeito atômico produzido pelas
usinas de Angra dos Reis. “Uma central com as usinas
de Angra 1, 2 e 3 produz 28 metros cúbicos de rejeito
de alta atividade. Cabe numa salinha pequena. A gente pode
estocar por 100 anos tranqüilamente”, argumentou.
Ele disse que quem vai escolher o local de depósito
dos rejeitos nucleares será o próprio povo
brasileiro.
“A
idéia é fazer uma célula e demonstrar
que é seguro. Depois, nós vamos fazer um leilão,
por meio do qual aquele município do país
que se voluntariar fica sendo o depósito e receberá
um royalty [pagamento] por isso.”
A
Eletronuclear, informou o presidente da estatal, vai colocar
cada rejeito atômico ou elemento combustível
numa ampola de aço inoxidável lacrada com
solda, com vida útil superior a mil anos. “Ela
fica isolada da sociedade”, afirmou o presidente da
estatal, responsável pela operação
das usinas nucleares no país. Para os críticos
da energia nuclear, os rejeitos representam risco ambiental,
além de a produção energética
ser cara.
O
presidente da Eletronuclear afirmou que os ambientalistas,
e a sociedade em geral, não vão conviver nunca
com rejeito nuclear, “que é produzido em pequena
quantidade e pode ser encapsulado”. Segundo Othon
Luiz Pinheiro da Silva, a questão que mais preocupa
a humanidade nessa área são os rejeitos de
alta radioatividade, chamados pela indústria de subprodutos.
Esse tipo de rejeito é formado pelo elemento combustível
já irradiado dentro do reator.
Silva
lembrou que mesmo os críticos do programa nuclear
brasileiro convivem diariamente com todos os tipos de rejeitos
das usinas térmicas movidas a gás, carvão,
biomassa e óleo, além de produtos como o desinfetante
creolina, que “é um rejeito muito tóxico,
cancerígeno”.
O
rejeito de baixa radioatividade diz respeito ao material
utilizado pelos técnicos da usina, como sapatos,
macacões e luvas, e tem tratamento similar ao dos
rejeitos hospitalares. O rejeito de média atividade
são as resinas dos processos. Esses dois tipos de
rejeitos têm como destino galpões de concreto
construídos dentro de rochas, ao lado de cada usina.
O
assessor da presidência da Eletronuclear Leonam dos
Santos informou à Agência Brasil que a ação
radioativa depende do tipo de rejeito. Os de baixa e média
atividade, por exemplo, permanecem radioativos por até
100 anos, disse. Já nos de alta atividade, a duração
do poder radioativo é muito variada. “Pode
ir de mais de 100 anos, como o césio por exemplo,
a 10 mil anos de meia-vida, caso do plutônio”,
observou. Meia-vida é o tempo que o material leva
para ter seu teor radioativo reduzido à metade.