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de Novembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da
Agência Brasil - Rio de Janeiro - O superintendente
regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) no estado do Rio de Janeiro,
Rogério Rocco, informou hoje (26) à Agência
Brasil que o processo de licenciamento ambiental da usina
nuclear de Angra 3 se encontra na fase inicial.
Segundo
ele, existe a possibilidade de não-concessão
da licença prévia. “O licenciamento
é uma avaliação. Não há
nenhuma certeza de que a licença será concedida”,
avaliou Rocco que participa de audiência pública
sobre a usina de Angra 3 realizada pelo Ibama hoje (26),
no Rio de Janeiro.
De
acordo com o superintendente do Ibama, a concessão
da licença prévia - que permite à Eletronuclear
o retorno das obras - vai depender da análise dos
impactos ambientais que a retomada do empreendimento poderá
apresentar.
Rocco
confirmou a possibilidade de que sejam realizadas novas
audiências sobre Angra 3. Ele destacou, contudo, que
“não há no momento nenhuma definição
de realização de novas audiências”.
Ele advertiu que isso dependerá de nova demanda.
O
superintendente do Ibama lembrou que existe uma ação
do Ministério Público Federal questionando
a validade das audiências efetuadas em junho pelo
órgão, em municípios situados no entorno
da região onde está localizada a Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto, na Costa Verde Fluminense.
O MPF reivindica que outras audiências sejam marcadas.
A
organização não-governamental ambientalista
Greenpeace também é contra a retomada da usina
e já entrou com três ações na
Justiça. A ONG questiona a legalidade da usina e
solicita a suspensão da resolução do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
que autorizou, em junho deste ano, a construção
de Angra 3.
Eletronuclear
diz que há distorção em relatório
sobre emissão de gás carbônico de Angra
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de Novembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da
Agência Brasil - Rio de Janeiro - O novo relatório
Cortina de Fumaça: Emissões de CO2 e Outros
Impactos da Energia Nuclear, divulgado hoje (26) pela organização
ambientalista Greenpeace a respeito da usina de Angra 3,
foi avaliado como uma “informação distorcida”
pelo superintendente de Licenciamento e Meio Ambiente da
Eletronuclear, Yukio Ogawa. A estatal é responsável
pela construção e operação das
usinas nucleares de Angra 1 e 2 no Brasil.
Ogawa
avaliou que há distorção nos dados
apresentados, porque “eles [o Greenpeace] estão
contabilizando todo o ciclo do combustível”.
Para Ogawa, o mais correto seria verificar a emissão
de gás carbônico a partir do momento que a
usina começasse a gerar energia. Em entrevista à
Agência Brasil, o superintendente da Eletronuclear
afirmou que “se a gente comparar isso com as outras
fontes de geração, nós ainda temos
alguma vantagem”.
De
acordo com o relatório, a usina de Angra 3 seria
capaz de gerar emissões de gás carbônico
equivalentes a 150 gramas por quilowatt hora, alcançando
o máximo de 400 gramas por quilowatt/hora.
Yukio
Ogawa analisou que a divulgação do estudo
do Greenpeace objetiva “reduzir a vantagem competitiva
[da geração nuclear] no caso das emissões”.
Segundo ele, em comparação com a matriz térmica,
a emissão de gás carbônico no ciclo
nuclear, “mesmo comparando o ciclo completo, é
bem abaixo do carvão mineral e continua abaixo do
gás”. No carvão mineral, por exemplo,
as emissões oscilam de 800 a 1,3 mil gramas de gás
carbônico por quilowatt/hora.
Segundo
o superintendente, não há perspectiva de remanejamento
de populações para a retomada da obra e tampouco
de vegetação.
“[Não
haverá] nenhum impacto, porque nós estamos
utilizando o mesmo sítio de Angra 1 e 2. Ela está
dentro do mesmo sítio de 3,5 quilômetros quadrados
da área industrial. Toda a área já
tinha sido escavada no passado. Então, nós
não temos, efetivamente, nenhuma realocação
de população nem remoção de
vegetação”.
Nessa
fase, não há impacto ambiental, assegurou
Yukio Ogawa. Ele esclareceu que “a única interferência
foi feita no passado, quando estava em vigência o
Acordo Brasil/Alemanha”. O acordo de cooperação
bilateral foi firmado em junho de 1975, durante o governo
Ernesto Geisel, e visava à implantação
da tecnologia nuclear no Brasil.
O
processo de licenciamento prevê uma compensação
para possível impacto ambiental na região.
Ogawa esclareceu, entretanto, que pela legislação
em vigor, não há uma definição
clara sobre a forma de quantificar uma compensação
ambiental.
Ele
revelou que, para os empreendimentos de grande porte, tem
sido aplicado o percentual de 0,5% do valor do empreendimento
como compensação ambiental. No caso de Angra
3, cujos investimentos previstos são de aproximadamente
R$ 7,2 bilhões, essa compensação seria
de aproximadamente R$ 36 milhões. Esses recursos
devem ser transferidos para o Ibama.
Outras
compensações estão previstas no processo
de mitigação dos efeitos das obras e ocorreriam
por meio de políticas de responsabilidade social
da Eletronuclear na região. Ogawa enfatizou que a
retomada de Angra 3 faz parte da política energética
do governo. E salientou que “não cabe a gente
ficar discutindo sobre a política nuclear brasileira.
Esse é um ponto fora de discussão”.
+
Mais
Relatório
do Greenpeace revela que usinas nucleares contribuem para
efeito estufa
26
de Novembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da
Agência Brasil - Rio de Janeiro - A entidade ambientalista
Greenpeace apresentou hoje (26) um relatório sobre
a emissão de gás carbônico a partir
do funcionamento da usina nuclear de Angra 3. Intitulado
Cortina de Fumação: Emissões de CO2
e Outros Impactos da Energia Nuclear, o estudo mostra que
as emissões da usina poderiam atingir até
400 gramas de gás carbônico (CO2) por quilowatt/hora
gerado de energia. O nível mínimo de emissões
na atmosfera seria de 150 gramas de CO2 por quilowatt hora.
O estudo foi apresentado no Rio de Janeiro durante audiência
pública promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O
relatório trata das emissões de gases de efeito
estufa no ciclo de energia nuclear no Brasil. Em entrevista
à Agência Brasil a coordenadora da Campanha
de Energia do Greenpeace, Rebeca Lerner, afirmou que o relatório
quer “rebater esse argumento de que a energia nuclear
seria uma energia mais limpa e uma solução
para o aquecimento global”.
Ela
reiterou a posição da Greenpeace que é
contra a retomada da usina e o uso da tecnologia nuclear
para geração de energia de modo geral.
Os
números do relatório da organização
não-governamental (ONG) levam em consideração
desde a etapa de extração do urânio
nas minas até o descomissionamento (desinstalação)
da usina ao fim de sua vida útil, estimada entre
30 a 40 anos. As etapas intermediárias seriam a fabricação
do combustível nuclear; transporte do combustível;
construção da infra-estrutura da usina; operação;
e gerenciamento de rejeitos radioativos.
Para
os cálculos, a ONG utilizou uma metodologia desenvolvida
internacionalmente, aplicada na Inglaterra e na Alemanha,
e adaptou ao caso nacional de Angra 3. “Essa metodologia
estuda o gasto energético de cada uma dessas etapas
da produção da energia nuclear. E a geração
dessa energia que é consumida nesse ciclo provoca
emissões de gases de efeito estufa”, informou
Lerner.
A
coordenadora da Campanha de Energia do Greenpeace reconheceu
que o provável índice de emissões de
150 gramas de gás carbônico por quilowatt hora
de Angra 3 “é menor do que o de uma termelétrica
a diesel ou a carvão mineral, mas é mais alto
do que uma hidrelétrica, que o uso da biomassa, da
energia eólica ou da energia solar”.
De
acordo com o documento, o índice de emissões
de uma usina nuclear como Angra 3 seria cerca de cinco vezes
mais alto do que a poluição atmosférica
gerada pela energia solar e pela energia eólica.
As emissões de uma usina hidrelétrica oscilariam
entre 20 e 300 gramas de CO2 por quilowatt/hora, índice
menor que o da geração de energia nuclear.
Já
o maior nível de poluição é
encontrado na usina térmica a carvão, de 800
a 1,3 mil gramas de gás carbônico pro quilowatt/hora.
Rebeca Lerner revelou, ainda, que o índice de emissões
de gases do efeito estufa de uma termelétrica a biomassa
também é menor que o da usina nuclear e varia
de 40 a 80 gramas de CO2 por quilowatt/hora.
De
acordo com Rebeca Lerner, ao divulgar o documento, o Greenpeace
deseja fomentar o debate. As últimas audiências
públicas sobre Angra 3 foram realizadas pelo Ibama
em junho, nos municípios de Angra dos Reis, Paraty
e Rio Claro, na Costa Verde Fluminense.
O
Greenpeace também insiste na importância de
encontrar locais adequados para a destinação
dos rejeitos radioativos que, segundo expôs Lerner,
continuam sem solução pela Eletronuclear,
estatal que opera as usinas nucleares no país. “Os
rejeitos que já são gerados hoje pelas usinas
de Angra 1 e 2 continuam sendo armazenados de forma provisória
no próprio local das usinas. E com a construção
de Angra 3, esse problema vai se agravar”. Rebeca
Lerner afirmou que ainda não há encaminhamento
para o licenciamento de um eventual depósito de lixo
nuclear.
A
ONG ambientalista questiona, na Justiça, a legalidade
da usina e solicita a suspensão da resolução
do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) que autorizou a construção de Angra
3 em junho deste ano.