27
de Março de 2008 - Ativistas protestam contra a construção
de Angra 3 durante audiência pública realizada
na cidade de Angra dos Reis (RJ).
Ubatuba
(SP), Brasil — Será a última audiência
pública da série realizada esta semana para
debater o licenciamento ambiental da usina nuclear. Outras
audiências foram realizadas em Angra dos Reis e Paraty
(RJ).
Depois
das audiências públicas realizadas em Angra
dos Reis e Paraty, chegou a vez de Ubatuba discutir Angra
3 e a retomada do programa nuclear brasileiro. Como aconteceu
nas reuniões anteriores, o Greenpeace também
estará presente em Ubatuba para contribuir com dados
sobre a inviabilidade ambiental e econômica de Angra
3 e protestar contra a construção da usina,
que oferece risco à população da região
e ao meio ambiente.
Acreditamos
que as audiências são fundamentais para ampliar
o debate sobre a construção de Angra 3, que
já custou cerca de R$ 20 bilhões aos cofres
públicos e custará pelo menos outros R$ 7,2
bilhões. E também para discutir questões
cruciais como a falta de depósitos definitivos para
o armazenamento de rejeitos radioativos de média
e alta atividade e os riscos de acidentes, que ainda não
foram respondidas a contento pelo governo brasileiro.
O
relatório Elefante Branco: os verdadeiros custos
da energia nuclear, recém-lançado pelo Greenpeace,
será apresentando durante a audiência para
mostrar aos presentes a ginástica financeira utilizada
pelo governo federal para justificar o investimento de mais
de R$ 7 bilhões em Angra 3. O relatório foi
divulgado na segunda-feira (dia 24 de março), no
Rio de Janeiro, em protesto realizado em frente à
sede da Eletrobrás.
Na
audiência realizada em Angra dos Reis, na terça-feira,
o Greenpeace promoveu um ato para lembrar vítimas
de acidentes nucleares, com a presença de Odesson
Alves Ferreira, presidente da Associação de
Vítimas do Acidente com o Césio -137, de Goiânia.
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Debate
e protesto nas audiências públicas sobre a
usina nuclear Angra 3
25
de Março de 2008 - Ativistas protestam contra a construção
de Angra 3 durante audiência pública realizada
na cidade de Angra dos Reis (RJ).
Angra
dos Reis (RJ), Brasil — Série de reuniões
para discutir a retomada do programa nuclear brasileiro
começou nesta segunda-feira em Angra dos Reis (RJ).
Depois
desta semana, ninguém olhará para Angra 3
com os mesmos olhos. A usina, símbolo da retomada
do programa nuclear brasileiro, será debatida à
exaustão em uma série de audiências
públicas que discutirão seu licenciamento
ambiental. O Greenpeace estará presente em todas
elas, a começar pelo encontro desta terça-feira
(25/03) em Angra dos Reis. Na quarta-feira (26/03), a audiência
será em Paraty (RJ); quinta-feira (27/03), Rio Claro
(SP); e na sexta-feira, em Ubatuba (SP) - sempre às
18 horas.
Na
audiência desta terça-feira, além de
colaborar com dados e questionamentos, nós promoveremos
um ato para lembrar vítimas de acidentes nucleares,
com a presença de Odesson Alves Ferreira, presidente
da Associação de Vítimas do Acidente
com o Césio -137, de Goiânia.
Acreditamos
que as audiências são fundamentais para ampliar
o debate sobre a construção de Angra 3, que
já custou cerca de R$ 20 bilhões aos cofres
públicos e custará pelo menos outros R$ 7,2
bilhões. E também para discutir questões
cruciais como a falta de depósitos definitivos para
o armazenamento de rejeitos radioativos de média
e alta atividade e os riscos de acidentes, que ainda não
foram respondidas a contento pelo governo brasileiro.
“Vamos
levantar estas e outras perguntas que seguem sem resposta
nas audiências. A Eletronuclear deve cumprir todos
os preceitos legais e se responsabilizar pelos passivos
da usina”, afirma Beatriz Carvalho, coordenadora da
campanha antinuclear do Greenpeace. “E a participação
do Odesson, que sentiu na pele os terríveis impactos
de um acidente radioativo, é uma oportunidade de
refletir sobre os perigos da energia nuclear.”
Beatriz
cita ainda estudo realizado pela Universidade de Mainz,
na Alemanha, que comprova que o risco de câncer em
crianças é muito superior em áreas
próximas a usinas nucleares. O pior acidente nuclear
da história, ocorrido em 1986 na usina de Chernobyl,
na ex-URSS, afetou milhões de pessoas na Ucrânia
e também Polônia, Escandinávia, Finlândia
e Suécia. A totalidade das conseqüências
sobre a saúde humana nunca será conhecida,
mas é possível estimar que entre 5 e 8 milhões
de pessoas tenham sido afetadas pela explosão do
reator, e sofram com câncer de tireóide, leucemia
e outros tipos de câncer, além de problemas
respiratórios, digestivos, reprodutivos, etc.
“Antes
que a construção de outra usina nuclear no
Brasil seja cogitada, é imprescindível que
sejam realizados estudos independentes para avaliar as reais
condições de saúde dos trabalhadores
e da população que mora na região de
Angra dos Reis”, continua Beatriz.
Este
novo ciclo de audiências públicas foi marcado
por força judicial. As audiências realizadas
em 2007 pela Eletronuclear foram suspensas por determinação
da Justiça Federal de Angra dos Reis que aceitou
denúncias de ilegalidades apontadas pelo Ministério
Público Federal. Foi constatada a falta de convocação
popular com antecedência mínima de 45 dias
após a publicação do edital sobre as
audiências no Diário Oficial da União.
Reuniões desta natureza também necessitam
da publicação do edital de convocação
em jornais de grande circulação e que o Estudo
de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório (EIA/RIMA)
estejam previamente disponíveis para consulta pública
nos escritórios do IBAMA. Nenhuma dessas exigências
foi cumprida.
“Também vamos aproveitar as audiências
públicas para divulgar dados que comprovam a inviabilidade
econômica do empreendimento”, avisa Beatriz
Carvalho.
Divulgado
na segunda-feira com um protesto na sede da Eletrobrás
(no Rio de Janeiro), o relatório Elefante Branco:
os verdadeiros custos da energia nuclear, traz uma análise
técnica da ginástica financeira utilizada
pelo governo federal para apresentar Angra 3 como um projeto
economicamente viável. O relatório revela
que Angra 3 custará, além dos R$ 7,2 bilhões
oficialmente divulgados pelo governo, pelo menos mais R$
2,372 bilhões por conta dos juros sobre o capital
imobilizado para a obra. O detalhamento dos números
mostrou que o governo, para obter a tarifa de R$ 138, 20/MWh
para a energia gerada por Angra 3, aplicou taxas de retorno
para o investimento entre 8% e 10%, muito abaixo da prática
de mercado (12%-18%), transferindo o prejuízo para
o Tesouro Nacional. As baixas taxas de retorno assumidas
para o projeto podem acarretar perdas financeiras médias
de até R$ 4 bilhões, valor dos subsídios
não declarados de Angra 3.
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Investir
em Angra 3 é jogar dinheiro público na privada
24
de Março de 2008 - Manifestantes representando funcionários
da Eletrobrás depositaram moedas gigantes nas 21
privadas de amarelo e preto na entrada da empresa estatal,
responsável pelas obras da terceira usina nuclear
brasileira.
Rio
de Janeiro (RJ), Brasil — Novo relatório do
Greenpeace revela desperdício de recursos públicos
na construção da usina nuclear. Prejuízo
pode chegar a R$ 4 bilhões.
Bilhões
de reais dos cofres públicos brasileiros estão
condenados à descer privada abaixo caso o governo
federal insista em construir Angra 3. Para evidenciar isso,
ativistas do Greenpeace promoveram na manhã desta
segunda-feira, no Rio de Janeiro, um protesto em que manifestantes
representando funcionários da Eletrobrás depositaram
moedas gigantes nas 21 privadas de amarelo e preto na entrada
da empresa estatal, responsável pelas obras da terceira
usina nuclear brasileira.
Uma
faixa com os dizeres “Eletrobrás: economize
já!, Nuclear, não” pedia que a instituição
pare de desperdiçar recursos da União com
Angra 3. Os manifestantes protocolaram na Eletrobrás
uma carta explicando o motivo do protesto e exigindo que
a empresa disponibilize ao público os dados oficiais
do projeto de Angra 3.
A
manifestação marcou também o lançamento
do relatório “Elefante Branco: os verdadeiros
custos da energia nuclear”, que traz uma análise
técnica da ginástica financeira utilizada
pelo governo federal para apresentar Angra 3 como um projeto
economicamente viável.
O
estudo técnico-econômico que serviu como base
para o relatório foi feito por uma equipe de pesquisadores
liderada pelo professor Miguel Edgar Morales Udaeta, vinculado
ao Instituto de Energia Elétrica (IEE) e ao Grupo
de Energia do Departamento de Energia e Automação
Elétricas da Escola Politécnica da USP.
O
grupo de pesquisadores atualizou os valores dispostos em
estudo da Eletrobrás de 2001– “Geração
Termonuclear” -, analisou os números adotados
para compor a tarifa de comercialização da
energia gerada por Angra 3, checando a veracidade dos cálculos,
e apresentou diferentes cenários de custos e performances
financeiras do empreendimento a partir das informações
oficiais do governo.
O
relatório do Greenpeace revela que Angra 3 custará,
além dos R$ 7,2 bilhões oficialmente divulgados
pelo governo, pelo menos mais R$ 2,372 bilhões por
conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra.
O
detalhamento dos números mostrou que o governo, para
obter a tarifa de R$ 138, 20/MWh para a energia gerada por
Angra 3, aplicou taxas de retorno para o investimento entre
8% e 10%, muito abaixo da prática de mercado (12%
a 18%), transferindo o prejuízo para o Tesouro Nacional.
Ressalte-se que a taxa aplicada pelo governo é irreal
até se considerarmos um financiamento pelo BNDES,
cuja taxa para projetos de energia jamais atinge um patamar
inferior a 10%.
As
baixas taxas de retorno assumidas para o projeto podem acarretar
perdas financeiras médias de até R$ 4 bilhões,
valor dos subsídios não declarados de Angra
3. Caso o governo aplicasse uma taxa de retorno de 12% -
ou a mínima praticada pelo mercado - a tarifa de
Angra 3 chegaria aos R$ 152/MWh, valor acima dos índices
considerados competitivos pelo próprio Ministério
de Minas e Energia. Já se fossem praticadas as mesmas
taxas aplicadas a projetos de energias renováveis
(18% a.a), a tarifa da energia nuclear ultrapassaria os
R$ 161/MWh. Vale notar que o modelo de financiamento do
empreendimento assumido pelo governo remunera apenas o capital
de terceiros e não os recursos investidos pela União.
“Estamos
aqui hoje para alertar que Angra 3 só será
viabilizada se for permitido um verdadeiro saque aos cofres
da União. O cidadão e o consumidor irão
pagar pelos altos custos da aventura nuclear brasileira”,
afirma Beatriz Carvalho, coordenadora da campanha antinuclear
do Greenpeace. “A energia nuclear é a alternativa
mais cara, suja e perigosa, além de ineficiente para
resolver os problemas de segurança energética
do país. Ao investir nesta tecnologia, o governo
brasileiro está transformando dinheiro público
em lixo radioativo”.
Para justificar a competitividade de Angra 3, a Eletrobrás
compara a tarifa de energia nuclear de R$ 138,20 /MWh com
a das térmicas fósseis – que operam
em situações de emergência e que têm
um valor próximo, cerca de R$ 130/MWh. “Essa
comparação é equivocada e serve apenas
para confundir a opinião pública”, afirma
Beatriz Carvalho. “A energia nuclear opera na base
do sistema, ou seja, de forma contínua; já
as térmicas fósseis operam por despacho, ou
em situações emergenciais. Assim, se o governo
deseja comparar tarifas, deveria fazê-lo entre Angra
3 e usinas hidrelétricas, que também operam
na base do sistema. A título de comparação,
a tarifa dos últimos leilões de energia nova
foi negociada a aproximadamente R$ 130/MWh”.
De
acordo com o relatório do Greenpeace, o governo deixou
de contabilizar os possíveis atrasos na construção
da usina. Como a obra está parada há mais
de 20 anos, o prazo oficial de seis anos apresentado para
sua finalização é duvidoso, pois não
se sabe o real estado de conservação dos equipamentos
já adquiridos, que podem ter sido danificados.
O
estudo ressalta que quanto mais longo o período de
construção, mais elevado é o custo
do empreendimento e da energia. Angra 2, por exemplo, levou
17 anos para entrar em operação e custou o
equivalente a US$ 12 bilhões, cerca de cinco vezes
mais que o orçamento previsto. A média internacional
de atrasos em construção de usinas nucleares
é de quatro anos. Se Angra 3 seguir a tradição
e levar 10 anos para ser concluída, o custo da usina
ficará 66% maior, elevando os gastos a mais de R$
15 bilhões, ou o dobro do valor promovido pela Eletrobrás.
Os riscos externos ao investimento tais como emissões
indiretas de gases de efeito estufa, ameaça permanente
de acidentes e gerenciamento de resíduos radioativos
também ficaram de fora da conta da Eletrobrás.
Já o valor alocado para o descomissionamento da usina
foi estipulado em aproximadamente R$ 528 milhões.
“Esse valor é absolutamente questionável,
já que em lugar algum do mundo existe experiência
acumulada sobre os custos reais para “desmontar”
uma usina nuclear”, ressalta Beatriz.
O
Greenpeace acredita que para tirar o Brasil da sombra do
apagão o governo federal deveria investir o dinheiro
alocado para Angra 3 em programas de economia de energia
e na consolidação de um mercado brasileiro
de fontes renováveis. A organização
cita dados recentes do PROCEL (Programa de Conservação
de Eletricidade), do próprio governo federal, que
indicam que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência
energética gera uma economia de 7400 MW ou o equivalente
a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Assim, pode-se
concluir que cada R$ 1 bilhão investido em economia
de energia pode evitar investimentos da ordem de R$ 40 bilhões
para gerar a mesma energia a partir de usinas nucleares.
AUDIÊNCIAS
PÚBLICAS
A
partir desta terça-feira (dia 25/03), o Greenpeace
participará das audiências públicas
sobre o licenciamento ambiental da usina nuclear Angra 3.
A reunião desta terça-feira acontece no Iate
Clube de Angra dos Reis, às 18 horas. No dia 26 é
a vez de Paraty (RJ), seguida por Rio Claro (RJ) e, na sexta-feira
(Dia 28/03), está agendada a audiência de Ubatuba,
única no Estado de São Paulo.
Em
2007, a Eletronuclear realizou três audiências
públicas sobre o licenciamento da usina entre os
dias 19 e 21 de junho. Porém, as audiências
foram suspensas por determinação da Justiça
Federal de Angra dos Reis, que aceitou denúncias
de ilegalidades apontadas pelo Ministério Público
Federal. Entre as principais irregularidades, foi constatada
a falta de convocação para a audiência
com antecedência mínima de 45 dias após
a publicação do edital no Diário Oficial
da União e a indisponibilidade dos estudos de impacto
ambiental do projeto em locais obrigatórios para
consulta da população.