03
de Abril de 2008 Ativista protesta em frente à sede
da Eletrobrás, no Rio de Janeiro, contra o investimento
da estatal em energia nuclear. O Greenpeace aproveitou a
ação para lançar seu relatório
Elefante Branco: os verdadeiros custos da energia nuclear,
que revela quanto realmente vai custar a construção
de Angra 3.
São Paulo (SP), Brasil — Eletronuclear não
respondeu às questões sobre os custos financeiros
e ambientais da usina nuclear, apontados em nossos relatórios.
Após
a nossa ativa participação no ciclo de audiências
sobre o licenciamento de Angra 3, estamos às voltas
agora com os primeiros resultados diretos e indiretos da
campanha antinuclear.
A
Eletronuclear finalmente reagiu à atuação
da sociedade civil e tentou responder aos questionamentos
sobre custos financeiros e emissões de gases do efeito
estufa do ciclo de vida da energia nuclear, levantados pelo
Greenpeace nos relatórios Elefante Branco e Cortina
de Fumaça. Dessa forma, consideramos que nosso objetivo
de provocar o debate sobre os reais impactos da energia
nuclear foi atingido, apesar das respostas vagas e generalistas
que a estatal usou durante as audiências públicas.
As
respostas da estatal responsável por Angra 3 foram
tão vagas que o Ministério Público
Federal soliticou que o EIA-Rima (estudo de impacto ambiental)
da usina seja melhorado e complementado. O site O Eco citou
a procuradora federal de Angra dos Reis, Ariane Alencar,
que entende que ainda existe "omissão de informação"
no documento. Segundo o MPF, entre os pontos a serem detalhados
no EIA, está a questão das alternativas tecnológicas
ao empreendimento e a comparação dos custos
e impactos ambientais com outras fontes energéticas
disponíveis, além do depósito definitivo
para os rejeitos radioativos.
O
questionamento do MPF vai ao encontro de uma relevante constatação
que fizemos durante as audiências públicas.
Um dos principais resultados foi justamente explicitar a
ausência de uma ampla discussão sobre a participação
da energia nuclear na matriz nacional, que envolvesse diversos
setores e especialmente o Congresso Nacional. Sem que tal
debate político em escala nacional tenha ocorrido,
resta à sociedade usar o processo de licenciamento
ambiental e suas respectivas audiências públicas
como o único canal de discussão sobre a política
energética brasileira.
E
assim, em reuniões locais, sem a presença
do Ministério das Minas e Energia ou de técnicos
da Empresa de Planejamento Energético (EPE), acaba-se
debatendo muito mais do que o EIA-Rima de Angra 3, mas também
a própria natureza do investimento de pelo menos
R$ 8 bilhões em um empreendimento de grandes impactos
sociais e ambientais. Mais grave ainda: coloca-se o Ibama,
um órgão licenciador de caráter técnico,
como mediador de uma discussão fundamentalmente política,
sem que tenha competência ou mandato para tanto.
Que
fique claro nosso reconhecimento ao mérito do processo
de licenciamento ambiental, que permite que venham à
tona falhas democráticas como essa. A discussão
e consulta em nível local são fundamentais
para que as vozes dos diretamente atingidos pelos empreendimentos
sejam ouvidas. Porém, a necessidade de um debate
estruturado em nível nacional persiste.
Está
mais do que na hora do governo Lula sair das sombras e assumir
os enormes impactos econômicos, sociais e ambientais
da construção da usina nuclear Angra 3.
Quando
e como os números levantados pelos pesquisadores
vinculados à USP, e divulgados pelo Greenpeace, serão
explicados?
Quando
será obedecida a resolução número
5 do Conama, de 2001, que claramente condiciona a licença
ambiental de Angra 3 à definição prévia
de local e parâmetros para armazenamento definitivo
dos rejeitos radioativos?
E,
já que o setor nuclear afirma categoricamente que
Angra 3 é um empreendimento simples e seguro, porque
tem tanto medo de levar para o Congresso a discussão
sobre a participação nuclear na matriz brasileira?
As
questões permanecem em aberto. E o Greenpeace está
pronto para o debate.
+
Mais
Mudanças
climáticas exigem eficiência e renováveis,
nada de energia nuclear
01
de Abril de 2008 - Ativistas do Greenpeace colocaram um
globo gigante na frente do prédio da ONU em Bangcoc,
onde se realiza a reunião de representantes de governos
para discutir as mudanças climáticas, com
a mensagem: "Energia nuclear não é a
resposta".
Bangcoc, Tailândia — Ativistas protestaram em
Bangcoc para mostrar que a energia nuclear só atrapalha
o processo de enfrentamento do problema.
Ativistas
do Greenpeace levaram nesta segunda-feira um imenso globo
terrestre marcado com um símbolo nuclear para a frente
do prédio das Nações Unidas, em Bangcoc,
onde governos de todo o mundo estão discutindo as
mudanças climáticas pela primeira vez depois
da Conferência de Bali, realizada em dezembro passado.
A mensagem era clara: "Energia nuclear não é
solução!"
A
instalação servirá como um lembrete
da urgência para que soluções reais
contra as mudanças climáticas sejam implementadas
e não sabotadas por soluções falsas
e perigosas para a crise climática, como a energia
nuclear.
"A
indústria nuclear encontrou no aquecimento global
a desculpa que procurava para ressuscitar seus negócios
pelo mundo. Trata-se de pura estratégia de marketing
para vender uma energia perigosa e suja, mas que verte bilhões
de dólares aos bolsos de empresários e governos,
os únicos que se beneficiam com essa aventura",
disse Beatriz Carvalho, coordenadora da campanha antinuclear
do Greenpeace Brasil.
A
exemplo do Brasil, a Tailândia é ao mesmo tempo
vilão e vítima das mudanças climáticas,
por conta dos desmatamentos de suas florestas e a negligencia
com que seu governo trata o potencial dos programas de eficiência
energética e de investimentos em energias renováveis,
para apostar na energia nuclear. No Brasil, o governo reativou
o programa nuclear anunciando investimentos de R$ 7,2 bilhões
na construção da usina Angra 3 - esse valor
não leva em conta os custos embutidos que foram disfarçados
pela Eletrobrás para tentar tornar o empreendimento
viável do ponto de vista econômico. Para saber
os verdadeiros custos da energia nuclear brasileira, leia
o nosso relatório Elefante Branco.