2
de Abril de 2008 - Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Ministério Público
Federal (MPF) quer que o estudo de impacto ambiental da
Usina Nuclear Angra 3 seja melhorado e complementado. Segundo
afirmou à Agência Brasil a procuradora em Angra
dos Reis, Ariane Alencar, o órgão entende
que “existe muita omissão de informação
ainda”.
A
procuradora participou na última semana de quatro
audiências públicas sobre Angra 3 realizadas
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis(Ibama) nos estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo.
No
ano passado, houve audiências públicas, mas
foram anuladas a pedido do MPF, por entender que tanto o
Ibama quanto a Eletronuclear, que é a estatal que
administra e opera as usinas nucleares, não disponibilizaram
o Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto
Ambiental(EIA/RIMA) com a antecedência que a lei exige.
Na
ocasião, o Ministério Público entrou
na ocasião com uma ação civil pública
e ganhou liminar, contra a qual o Ibama não recorreu.
Daí terem sido convocadas as novas audiências
públicas, que aconteceram na semana passada.
Segundo
Ariane Alencar, entre os pontos que necessitam de complementação
no EIA/RIMA de Angra 3 está a previsão de
alternativas tecnológicas para o empreendimento.
Isso estaria previsto na Resolução 1/86 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
No
caso de uma usina nuclear, isso significa que teriam de
ser apresentadas alternativas à construção.
“É
necessário que seja feito um estudo comparativo de
custo, de impacto ambiental, que contemple desde a mineração
do urânio até o enriquecimento e encaminhamento
desse material para as usinas. E comparar isso com as outras
fontes de energia disponíveis, para saber se vale
a pena, do ponto de vista ambiental, construir a usina de
Angra 3”, informou.
A
procuradora destacou que, na verdade, isso deveria ser feito
antes do licenciamento. Outro ponto considerado fundamental
pelo ministério público se refere ao depósito
definitivo de rejeitos radioativos. Ela sublinhou que até
hoje Angra 1 e Angra 2 geram rejeitos radioativos que estão
armazenados temporariamente nas próprias usinas.
“E a gente não sabe por quantas centenas, milhares
de anos, esses rejeitos podem gerar algum dano à
saúde humana, ao meio ambiente”.
Alencar
citou lei de 2001 que determina à Comissão
Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a construção
de depósitos definitivos. Disse que essa lei até
hoje não foi cumprida. “E agora a Eletronuclear
quer construir Angra 3 sem que exista depósito definitivo”.
O entendimento do MPF é que, tendo em vista a periculosidade
do material radioativo, antes de se pensar em construir
uma terceira usina é preciso definir o que vai ser
feito com o lixo produzido pelas usinas anteriores, que
se acham em operação.
A
procuradora do MPF em Angra dos Reis afirmou que o órgão
vai encaminhar ao Ibama uma recomendação definitiva
em relação ao licenciamento da usina. A indicação
do MPF é de que o Ibama não conceda o licenciamento
ao empreendimento com esse EIA/RIMA. “Mas que os estudos
de impacto ambiental sejam melhorados”.
Ela
revelou que o MPF tem uma ação civil pública
contra a construção de Angra 3 por ilegalidade
e ofensa à Constituição. A procuradora
deixou claro, porém, que uma vez que não há
liminar, “juridicamente, o licenciamento é
válido e está acontecendo”. Ela acrescentou
que não é contra o licenciamento. “O
que a gente quer é aperfeiçoar os estudos
de impacto ambiental”.
+
Mais
Ibama
dará parecer sobre Angra 3 até o fim de maio
2
de Abril de 2008 - Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
espera ter, até o fim de maio próximo, um
parecer sobre a questão do licenciamento ambiental
para a construção da Usina Nuclear Angra 3.
Na
última semana, o Ibama encerrou uma série
de quatro audiências públicas que foram solicitadas
pelo Ministério Público Federal (MPF) à
Justiça. Elas foram realizadas nos municípios
de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, no estado do Rio,
e de Ubatuba, em São Paulo.
O
diretor da Área de Licenciamento Ambiental do Ibama,
Roberto Messias, informou à Agência Brasil
que tudo o que foi dito nas audiências será
considerado. “Nós temos 15 dias de prazo para
receber todas as novas contribuições e opiniões.
E depois vamos fechar o parecer com a área técnica”.
Roberto
Messias considera prematuro afirmar que o licenciamento
ambiental para a usina será concedido. “Hoje,
eu não posso dizer. A equipe está analisando
e vai considerar tudo à luz do que foi dito nas audiências
públicas”.
As
audiências públicas promovidas pelo Ibama no
ano passado acabaram sendo anuladas por uma liminar obtida
pelo MPF em Angra dos Reis. Elas foram realizadas nos municípios
de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, na Costa Verde fluminense,
região que abriga a Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto, administrada pela empresa Eletronuclear.
Roberto
Messias descartou a necessidade de novas audiências.
“O Ibama convocou as que julgava necessárias
e que foram solicitadas. Outros pedidos serão analisados.
Mas nós achamos que a sociedade já foi bastante
ouvida”, concluiu.