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ABEN REAGE A DECLARAÇÕES DE CARLOS MINC
E AFIRMA QUE ENERGIA NUCLEAR É FONTE LIMPA
 

13 de Julho de 2008 - Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) reagiu às declarações dadas pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que se posicionou contrário à energia nuclear e afirmou que fará exigências para que a sua pasta dê a autorização necessária à construção da usina nuclear de Angra 3 – o que deverá acontecer até o próximo dia 30.

Em nota, a Aben afirmou que “a energia nuclear é uma fonte limpa, e que é, inclusive, uma das alternativas propostas para reduzir o aquecimento global, pela Organização das Nações Unidas (ONU), no terceiro relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), e também pela União Européia”.

O presidente da Aben, Francisco Rondinelli, em entrevista à Agência Brasil, lembrou que a posição do ministro Minc contrária à energia nuclear não é nova e que as preocupações com o meio ambiente já fazem parte de qualquer projeto nuclear em implementação no mundo.

“As colocações feitas pelo ministro e a posição do Ministério do Meio Ambiente não são novas. Monitoramento de áreas externas às usinas feitas por uma empresa independente não é ruim e não tem problema nenhum. É até bom que seja feito. Quanto à recuperação de área pretendida pelo ministro, a indústria nuclear já vem fazendo isto, faz parte de qualquer projeto de instalação de novas plantas nucleares”, disse Rondinelli.

No entendimento do presidente da Aben, não serão exigências adicionais que vão trazer dificuldades para o projeto da usina de Angra 3. “O importante é o processo de licenciamento andar normalmente e conseguir cumprir o cronograma estabelecido”, disse.

Ao contrário do que afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que as usinas nucleares só operariam na base em um prazo de 20 anos, Rondinelli afirmou que isto já vem acontecendo atualmente.

“Não concordo com as declarações de Tolmasquim de que a energia nuclear não tenha que operar na base de imediato e que somente para 20 anos isto será necessário. Nós avaliamos a situação de maneira um pouco diferente da EPE. Hoje, Angra 1 e Angra 2 já trabalham na base e funcionam praticamente a 100% da sua capacidade”, disse Rondinelli.

Ele lembrou, inclusive, que para fazer qualquer parada técnica para troca de combustível ou mesmo para fazer qualquer trabalho de manutenção, a Eletronuclear tem que negociar com o Operador Nacional do Sistema (ONS), “justamente para poder fazer essas paradas em períodos em que os reservatórios estejam dando conta da saída de operação de uma ou de outra usina” afirmou.

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Energia nuclear será fundamental para garantir demanda de energia no futuro, afirma Tolmasquim

13 de Julho de 2008 - Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Na avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a energia nuclear só será uma fonte central de abastecimento dentro da matriz energética brasileira em um prazo de 20 a 25 anos, quando as usinas hidrelétricas não forem suficientes para atender à demanda do país.

Responsável pelo planejamento energético brasileiro de longo prazo, o presidente da EPE confirmou que as obras de construção da Usina Nuclear de Angra 3 deverão mesmo ter início em setembro, como vem sendo anunciado.

“A licença de instalação de Angra 3 deverá ser concedida no próximo dia 30 de agosto, como previsto, e as obras terão início logo em seguida. A partir daí deverão ser necessários mais cinco anos para a conclusão da unidade. O país já decidiu pela construção de outras quatro unidades e que deverão mesmo ter capacidade para gerar cerca de 1 mil megawatts cada uma – mas isto ainda está em analise. Este é um cenário para até 2030, quando todas as usinas deverão estar em operação”, previu.

No curto e no médio prazo, segundo Tolmasquim, o país continuará dependendo, na base, da energia proveniente das fontes hídricas, que são imbatíveis do ponto de vista do preço, daí a previsão de construção de novas unidades, inclusive as do Complexo do Rio Madeira: Jirau e Santo Antônio.

A importância que as usinas nucleares ganharão em um prazo de 20 a 25 anos na matriz energética brasileira, explica Tolmasquim, decorre da sua vantagem econômica em relação às outras fontes térmicas.

“As usinas movidas a partir do gás natural e de óleos [combustível e diesel] não são economicamente viáveis quando operando na base. O custo da energia produzido sai caro. Elas são atrativas ali paradas, quietinhas. Despachando só emergencialmente em caso de falta de chuvas. Portanto, em complementação à energia proveniente das hidrelétricas”, disse.

Na avaliação do presidente da EPE, porém, é preciso pensar no futuro e ele passa inevitavelmente pela fonte nuclear. “Hoje, as usinas que continuarão a operar na base serão as hidrelétricas. Em termos de preços, são inbatíveis. Agora, essas hidroelétricas, por mais otimismo que tenhamos quanto ao uso delas, não serão em número suficiente para atender àdemanda daqui a 20 anos. Precisaremos de outras fontes e aí é que entram as nucleares”, disse Tolmasquim.

Por isto mesmo o presidente da EPE defende a continuidade do Programa Nuclear Brasileiro. “A medida estratégica que se tem que ter é manter a capacitação na tecnologia nuclear para, quando for necessário, estarmos preparados para tal”, completou.

Tolmasquim lembrou que toda uma geração de cientistas e técnicos, preparada por ocasião do acordo nuclear Brasil/Alemanha, hoje já está se aposentando e, por isto mesmo, o país precisa dominar o ciclo do enriquecimento do urânio e para ter o combustível também é importante ter escala.

Tolmasquim informou, ainda, que existe hoje um comitê, formado por técnicos e cientistas dos ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia que, além de estudar a reestruturação do Programa Nuclear Brasileiro, vai definir o local adequado para a construção dos depósitos definitivos para o armazenamento dos resíduos tóxicos decorrentes das atividades das usinas nucleares em atividade e a serem construídas até 2030.

Fonte: Agência Brasil - Radiobras
 
 
 
 

 

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