23
de Julho de 2008 - Luana Lourenço - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Ao anunciar
a concessão de licença ambiental prévia
para a Usina Nuclear Angra 3, o ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, minimizou hoje (23) a expectativa pelo início
das obras, prevista pelo ministro de Minas e Energia, Edison
Lobão, para 1° de setembro. O começo das
obras depende da licença de instalação,
segunda etapa do processo de licenciamento ambiental.
“Não
cabe a mim ser otimista ou pessimista em relação
a data de início das obras. A bola agora está
com os empreendedores. A licença de instalação
depende da competência do proponente e da velocidade
em apresentar os documentos para cumprir as exigências
[listadas na licença prévia]”, apontou
Minc.
A
licença prévia impõe 60 condicionantes
para a aprovação do projeto básico
da obra, entre elas a solução definitiva para
os resíduos, o monitoramento independente da radiação,
a construção de estradas e a “adoção”
de um parque ecológico e uma estação
ecológica na região da usina. Minc estima
que o cumprimento das condicionantes deverá custar
cerca de R$ 100 milhões, “cerca de 1,5% do
valor total da obra”.
O
ministro reconheceu que “não há solução
super definitiva” para os resíduos atômicos
de usinas nucleares, mas afirmou que entre a solução
ideal e a precária, há uma “intermediária
segura”. “Não vai se admitir mais o que
se tem em Angra 1 e 2, com 'piscinas azuis' ao lado do litoral.
A Eletronuclear vai ter que arranjar um local, com profundidade
adequada, totalmente lacrado, equivalente ao que os europeus
fazem”.
Ontem
(22), Lobão disse que o lixo de Angra 3 será
armazenado como é feito em Angra 1 e Angra 2. “O
meio ambiente não pode pedir uma solução
que ainda não existe no mundo”.
Segundo
Minc, a imposição de condicionantes rígidas
para Angra 3 não é sinal de implicância
com o setor nuclear, e sim, uma prática que será
generalizada para todos os licenciamentos do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). “Vai ser democrático, para todo mundo.
Mas na razão do volume e do investimento; cada um
com seu cada qual”.
Durante
o anúncio, Minc reiterou as críticas à
construção de Angra 3, mas afirmou “que
uma vez decidido [pelo governo]”, teve que dar continuidade
ao processo administrativo de licenciamento da usina, iniciado
na gestão da ex-ministra Marina Silva.
“Como
vocês sabem, não sou defensor de Angra 3. Mas
o governo havia batido o martelo antes de eu virar ministro.
Quando cheguei ao ministério, o licenciamento estava
praticamente concluído. Dei seqüência.”