Luana
Lourenço - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A licença ambiental prévia
para a construção da usina nuclear Angra 3,
no Rio de Janeiro, tem 60 exigências que a estatal
Eletronuclear terá que cumprir antes de receber autorização
para as obras. O documento foi assinado hoje (23) pelo presidente
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Roberto Messias.
Ontem
(22), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, havia anunciado
que as exigências seriam “brutais”. Entre
as exigências condicionantes, está a solução
definitiva do tratamento do lixo nuclear, a criação
de um sistema independente de monitoramento dos níveis
de radiação, a realização de
obras de saneamento básico dos municípios
de Angra dos Reis e Paraty e a gestão do Parque Ecológico
da Serra da Bocaina.
O
Ibama exige que o empreendedor deverá iniciar a execução
do projeto para disposição final dos rejeitos
radioativos de alta atividade antes do início da
operação da Unidade 3. O monitoramento da
radiação deverá ser feito por uma fundação
universitária ou empresa independente da Eletronuclear.
Em 90 dias deve ser apresentado ao Ibama o relatório
do monitoramento sísmico efetuado na região.
A
empresa responsável pela obra também deverá
investir até o limite de R$ 50 milhões em
saneamento das cidades de Angra dos Reis e Paraty, ambas
no Rio de Janeiro, e adotar o Parque Nacional da Serra da
Bocaina, localizado na divisa entre os estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo, e construir a Estrada Parque
da Bocaina, no trecho Paraty-Cunha.
A
licença ambiental prévia exige ainda realização
de projeto de educação ambiental, prevendo
atividades de conscientização, para acabar
com a pesca de arrasto e propor novas atividades pesqueiras.
Também deverá conscientizar a população
sobre a importância dos ecossistemas de mangues, restingas
e Mata Atlântica. Os conteúdos e as estratégias
didático-pedagógicas do Programa de Educação
Ambiental deverão ser detalhados pelo empreendedor.
A
empresa ou consórcio responsável pela obra
também deverá apresentar os resultados dos
estudos técnicos desenvolvidos pela Fiocruz sobre
possíveis efeitos de radiação, a longo
prazo, na população do entorno do empreendimento.
Os postos de saúde de Mambucaba e Cunhambebe deverão
ser beneficiados por meio de convênios. A população
das áreas de influência do empreendimento deverá
ser assistida por programas de inserção social.
E devem ser elaborados programas de ações
direcionados às populações indígenas
e quilombolas, com a participação de seus
integrantes.
A
usina nuclear de Angra 3 exigirá investimentos de
R$ 7,3 bilhões e terá capacidade para gerar
1.350 megawatts.