23/07/2008
- Gisele Teixeira - A Eletronuclear, empresa que será
responsável pela construção de Angra
3, terá de apresentar uma solução definitiva
para a disposição final dos rejeitos de alta
atividade antes do início da operação
da unidade. "Encontrar uma solução adequada
para o lixo radioativo é agora um problema do empreendedor.
A bola está com os proponentes do projeto. A nossa
missão de elencar as condicionantes está cumprida",
afirmou nesta quarta-feira (23) o ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc.
O
tratamento dos rejeitos é apenas uma das 60 condicionantes
da Licença Prévia relativa à Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto-CNAAA, a usina Angra
3, assinada nesta quarta-feira pelo presidente do Ibama,
Roberto Messias Franco. Localizada na praia de Itiorna,
em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, a usina terá
potência elétrica de 1.350 Mwe.
Da
lista de exigências, Minc destacou pelo menos outras
quatro que considera importantes e pioneiras no País.
Uma delas é a contratação de um laboratório
- uma fundação universitária ou empresa
independente da Eletrobrás - para fazer o monitoramento
da radiação. A empresa responsável
pela obra também deverá investir, até
o limite de R$ 50 milhões, em saneamento das cidades
de Angra dos Reis e Paraty, ambas no Rio de Janeiro. Como
terceira medida, assumir os custos de manutenção
e custeio da Estação Ecológica Tamois
e do Parque Nacional da Serra da Bocaina e, por fim, realizar
projetos de educação ambiental nas comunidades.
"Essas
exigências estruturantes vão virar políticas
públicas", disse Minc, enfatizando que daqui
para frente todos os licenciamentos terão de incluir
a adoção de parques e o estabelecimento de
projetos educacionais. Durante entrevista coletiva, o ministro
fez questão de ressaltar que não é
defensor de Angra 3, pois defende energias mais limpas.
Minc disse, no entanto, que quando chegou ao governo "o
martelo já tinha sido batido, sem hipótese
de reabertura das discussões". A alternativa
foi adotar exigências mais rigorosas para a obra.
A
lista de condicionantes inclui, inclusive, ações
na área de saúde. Dentro do Programa de Saúde
Pública, o empreendedor deverá apresentar
os resultados dos estudos técnicos desenvolvidos
pela Fiocruz sobre possíveis efeitos de radiação,
a longo prazo, na população do entorno do
empreendimento.
Os
postos de saúde de Mambucaba e Cunhambebe deverão
ser beneficiados por meio de convênios. A população
das áreas de influência do empreendimento deverá
ser assistida por programas de inserção social.
E devem ser elaborados programas de ações
direcionados às populações indígenas
e quilombolas com a participação de seus integrantes.
Antes
do início das obras, porém, o Ibama terá
de conceder a licença de instalação.
De acordo com o ministro, o prazo para a concessão
da licença dependerá da entrega da documentação
pela Eletronuclear, responsável pela construção
da usina.
Veja a licença
prévia