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de Julho de 2007 - Wellton Máximo - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - A ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, criticou hoje (4) a aprovação
da retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 pelo Conselho
de Política Energética (CNPE). No último
dia 25, o conselho aprovou, por oito votos a um, o reinício
dos trabalhos de construção. O único
voto contrário foi o do Ministério do Meio
Ambiente.
Segundo
Marina, o ministério vai voltar a expressar a opinião
contrária à produção de energia
nuclear em outros momentos. “Primeiro, haverá
uma discussão interna no governo, fora da esfera
do CNPE, sobre a necessidade e a conveniência de terminar
a usina”, ressaltou. “Além disso, as
obras só podem prosseguir se o Ibama aprovar o licenciamento
ambiental, que se arrasta há muito tempo".
Apesar
de frisar a importância do Ibama para a construção
da usina, Marina Silva disse que o licenciamento obedecerá
a critérios estritamente técnicos. “Esse
é um processo muito complexo. Há muita gente
favorável e muita gente contrária à
usina de Angra 3, mas o fato é que o Ibama analisará
o processo com isenção”, declarou.
Na
avaliação da ministra, as usinas nucleares
são caras e inseguras. “Existem outras fontes
renováveis, como a eólica [com turbinas movidas
pelo vento], a biomassa, as pequenas hidrelétricas
e o próprio biocombustível, que tem custos
menores e não exigem tanto cuidado com os resíduos”,
comentou. De acordo com Marina, a decisão do CNPE
é inadequada com o cenário mundial. “A
maioria dos países está desistindo de investir
na energia nuclear e mesmo o IPCC [Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas] não recomenda
esse tipo de usina como fonte de energia alternativa para
combater o aquecimento global”, completou.
Marina
Silva reiterou ainda que o Ibama não tem prazo para
emitir uma decisão sobre o licenciamento ambiental
das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau,
em Rondônia. “Os técnicos estão
analisando, com todo o cuidado, as respostas enviadas pelo
consórcio que fez os estudos ambientais sobre o acúmulo
de sedimentos e de mercúrio no rio e o impacto sobre
a população de peixes”, disse.
A
ministra também voltou a negar que exista um conflito
entre segmentos do governo. “O Ministério de
Minas e Energia tem a função institucional
de garantir o suprimento de energia para o país e
a gente tem a função de proteger o meio ambiente,
mas isso não significa que defender energia seja
uma atitude contrária ao meio ambiente nem que defender
o meio ambiente seja opor-se ao desenvolvimento do país”,
concluiu.