A Agroecologia
é uma avaliação dos efeitos das
técnicas agrícolas sobre a produção
de alimentos e na sociedade como um todo, aborda aspectos
agronômicos, ecológicos e socioeconômicos.
Tem como princípio básico o uso racional
dos recursos naturais.
Após a 1ª
Guerra Mundial, surgiam as primeiras preocupações
com a qualidade dos alimentos consumidos pela população.
Naquela época, as idéias da Revolução
Industrial influenciavam a agricultura, os movimentos
de agricultura nativa surgiram primeiramente na Inglaterra
(Agricultura Orgânica) e na Áustria (Agricultura
Biodinâmica).
Após a 2°
Guerra Mundial uma vez que o conhecimento humano avançava
nas áreas da química industrial e farmacêutica,
a agricultura sofreu um novo incremento, a produção
cresceu e houve grande euforia em todo o setor agrícola
mundial. Com o objetivo de reconstruir países
destruídos e dar base a um crescente aumento
populacional, surgiram os adubos sintéticos
e agrotóxicos seguidos, posteriormente, das
sementes geneticamente melhoradas, que passou a ser
conhecido como Revolução Verde.
Por outro lado, duvidava-se
que esse modelo de desenvolvimento fosse perdurar,
pois ele negava as leis naturais, vários movimentos
surgiram em todas as partes do mundo que visavam resgatar
os princípios naturais, semelhantes e passaram
a ser conhecidos como agricultura orgânica.
Nos anos 90, este conceito ampliou-se e trouxe uma
visão mais integrada e sustentável entre
as áreas de produção e preservação,
procurando resgatar o valor social da agricultura
e passando a ser conhecida como Agroecologia.
Criou-se há
muitas décadas um sistema de produção
agrícola baseado na aplicação
de agroquímicos, em vista da necessidade de
produção rápida em grande escala
de alimentos, chamado de agricultura tradicional.
Contudo, após a Conferência para o Desenvolvimento
e o Meio Ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro, chegou-se
a conclusão de que os padrões de produção
e atividades humanas em geral, notadamente a agrícola,
teriam que ser modificadas.
Com o objetivo de
alcançarmos um desenvolvimento duradouro e
com menor impacto possível, foram criadas e
desenvolvidas novas diretrizes às atividades
humanas, compiladas na Agenda 21, que se chamou de
desenvolvimento sustentável e que vem norteando
todos os campos de atuação.
Conceitos de Agroecologia
O conceito de agroecologia
é a base científico-tecnológica
para uma agricultura sustentável. Querendo
sistematizar todos os esforços em produzir
um modelo tecnológico abrangente, que seja
socialmente justo, economicamente viável e
ecologicamente sustentável.
Na agroecologia a
agricultura é vista como um sistema vivo e
complexo, inserida na natureza rica em diversidade.
O modelo de agricultura sustentável são
os conhecimentos empíricos dos agricultores,
acumulados através de muitas gerações,
ao conhecimento científico atual para que,
em conjunto, técnicos e agricultores possam
fazer uma agricultura com padrões ecológicos,
econômicos, sociais e com sustentabilidade a
longo prazo.
O conceito de agroecologia
e agricultura sustentável consolidou-se na
Eco 92, é definida como a produção,
cultivo de alimentos de forma natural, sem a utilização
de agrotóxicos e adubos químicos solúveis,
que visam reduzir a dependência de energia externa
e o impacto ambiental da atividade agrícola,
produzindo alimentos mais saudáveis e valorizando
o homem do campo, sua família, seu trabalho
e sua cultura.
Os sistemas agroecológicos
têm demonstrado que é possível
produzir propiciando a possibilidade natural de renovação
do solo, facilita a reciclagem de nutrientes do solo,
utiliza racionalmente os recursos naturais e mantém
a biodiversidade, que é importantíssima
para a formação do solo. Este sistema
de produção cresce no mundo todo a passo
acelerado a uma taxa de 20 a 30% ao ano, movimentando
cerca de 20 bilhões de dólares.
Agroecologia no Brasil
Segundo dados atuais, o Brasil também está
investindo firme neste setor. O comércio nacional
atingiu, em 1999/2000, cerca de 150 milhões
de dólares. Estima- se que a área cultivada
organicamente no país já atinge cerca
de 25 mil hectares, perto de 2% da produção
total nacional. O mercado interno ainda é pequeno,
com predominância de hortifrutigranjeiros, todavia
o potencial de crescimento é enorme.
Fazendo Agroecologia?
Precisa-se conhecer
os elementos dessa diversidade para que se possa manejá-los
adequadamente, trabalhando a favor da natureza e não
contra ela, como é feito na agricultura convencional.
Os agricultores e os técnicos vêem a
lavoura e a criação como elementos dentro
da natureza, que não podem ser trabalhados
isoladamente.
Trabalha-se a conservação
do solo ao invés de destruí-lo com arações
e gradagens sucessivas, nesta lógica, em vez
de se eliminar os inços, aprende-se a trabalhar
a parceria entre as ervas e as culturas, entre as
criações e as lavouras, não se
considera os insetos como pragas, pois com plantas
resistentes e com equilíbrio entre as populações
de insetos e seus predadores, eles não chegam
a causar danos econômicos nas culturas. Dentro
desse mesmo princípio não se trata doença
com agrotóxico, mas busca-se fortalecer a planta
para que esta não se torne suscetível
ao ataque de doenças e de insetos.
Para manter a planta
equilibrada é preciso que ela receba uma nutrição
adequada, os fatores que afetam o equilíbrio
e a resistência das plantas são os que
prejudicam a formação das proteínas,
tais como: idade da planta, umidade, aplicação
de agrotóxico, adubação com adubo
químico solúvel, etc. Para uma nutrição
adequada, é necessário que o solo seja
fértil e biologicamente ativo, como terra de
mato que sustenta árvores gigantescas sem nunca
ter sido adubada.
O agricultor deve
conhecer cada vez mais os sinais da natureza. Ele
deve saber que quando aparecem muitos insetos, ou
determinado tipo de erva nativa, é devido a
algum tipo de desequilíbrio ou alguma carência.
Neste caso, o certo é corrigir o desequilíbrio,
ao invés de matar os insetos ou eliminar a
erva, pois devemos eliminar a causa do problema e
não apenas suas conseqüências.
Técnicas Agroecológicas
Adubação
verde
As plantas de adubação verde devem ser
rústicas e bem adaptadas a cada região
para que descompactem o solo com suas raízes
vigorosas e produzam grande volume de massa verde
que estruturam o solo e o enriquecem com nitrogênio,
fósforo, potássio, enxofre, cálcio
e micronutrientes.
Adubação
orgânica
A adubação orgânica é feita
através de vários tipos de resíduos,
tais como: esterco curtido, vermicomposto de minhocas,
compostos fermentados, biofertilizantes enriquecidos
com micronutrientes e cobertura morta. Todos eles
são ricos em organismos úteis, macro
e micronutrientes, antibióticos naturais e
substâncias de crescimento.
Adubação
Mineral
Em doses moderadas, conforme as necessidades da planta.
A adubação mineral é feita com
adubos minerais naturais de sensibilidade lenta, tais
como: pó de rochas, restos de mineração,
etc. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio,
fósforo, magnésio, potássio e
outros.
Não usar agrotóxicos
É comum que logo depois de uma aplicação
de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda
mais fortes, obrigando o agricultor a recorrer a venenos
mais fortes ainda, além de contaminar as águas,
envenenar os alimentos, matar os inimigos naturais
dos parasitas e contaminar quem os manuseia, desequilibram
as plantas, tornando-as mais suscetíveis.
Não usar adubos
químicos solúveis
Este processo resulta em desequilíbrio fisiológico
da planta, a causa de dois problemas sérios:
a morte de microorganismos úteis do solo e
a absorção forçada pela plantas,
pois estes sais, além de se solubilizarem na
água do solo, apresentam-se em altas concentrações,
deixando-a suscetível aos parasitas.
Usar defensivos naturais
Estes compostos, geralmente preparados pelo agricultor,
não são tóxicos e são
de baixo custo. Defensivos naturais são produtos
que estimulam o metabolismo das plantas quando pulverizados
sobre elas. Como exemplos podemos citar: biofertilizantes
enriquecidos, água de verme composto, cinzas,
soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica
etc.
Combinação
e rotação de culturas
Consiste em cultivar conjuntamente plantas de diferentes
famílias, com diferentes necessidades nutricionais
e diferentes arquiteturas de raízes, que venham
a se complementarem, também podem ser utilizadas
plantas consideradas inços, pois elas são
bem adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas,
colocando-os em disponibilidade na superfície
e produzem grande volume de biomassa. Antes de implantar
a cultura, estas plantas são incorporadas através
de aração rasa para que se decomponham
e deixem os nutrientes disponíveis às
culturas.
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