Riquelme
olha curioso para o “macaco todo preto”. O menino
de quatro anos de idade, com a boca lambuzada de sorvete
de uva, acha engraçado aquele macaquinho pequeno,
todo peludo e que anda de um lado para o outro em
seu cativeiro, no Zoológico de São Paulo.
Certamente, Riquelme não sabe que este macaco
chama-se Leontopithecus chrysopygus, ou simplesmente
mico-leão-preto e, muito menos, que este bichinho
quase deixou de existir e hoje só é
visto nos municípios de Teodoro Sampaio e Gália,
no Estado de São Paulo.
No dia, 01.10, a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente divulgou, após dez
anos, sem ser atualizada, a lista das espécies
ameaçadas de extinção no Estado.
O mico-leão preto, assim como outras 435 espécies
de vertebrados (17% das existentes no Estado), está
lá. Isto significa que estes animais correm
o risco de desaparecer em um curto espaço de
tempo se nada for feito. Dentro das categorias de
ameaça, as espécies que correm um risco
maior de extinção são classificadas
como “Criticamente em Perigo” (CR), seguido pelas
categorias “Em Perigo” (EN) e “Vulnerável”
(VU) – na qual, apesar da espécie ainda sofrer
sério risco de extinção, não
está em situação tão crítica.
Em 1998, quando da
publicação da última lista de
fauna, o mico-leão-preto aparecia entre as
espécies “Criticamente em Perigo”. Dez anos
depois, graças aos esforços de conservação,
sua avaliação melhorou e agora ele foi
classificado como “Em Perigo”. Isto não garante
que a espécie esteja salva. A meta é
retirar a mesma da lista da fauna ameaçada.
“Precisamos nos apoiar
em dois pilares: fiscalização e pesquisa”,
disse o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano,
em cerimônia no Zoológico de São
Paulo, para divulgação da lista. Para
o secretário, o primeiro pilar deve proteger
a fauna silvestre dos criminosos, “muita gente não
sabe que comprar um papagaio, por exemplo, é
um crime”, o segundo pilar auxiliaria na indicação
do que deve ser feito para salvar estas espécies.
Uma novidade na nova
lista é a classificação das espécies
com dados insuficientes para classificação.
São 161 espécies tão pouco estudadas
e conhecidas impossibilitando a definição
da condição delas na fauna paulista.
Essa lista serve para mostrar a necessidade de mais
investimentos em pesquisas de espécies pouco
conhecidas. “Esta lista mostra como devemos melhorar
nossas pesquisas e o graus de informações
contidas nelas”, explicou o secretário.
Resolução
Além da divulgação
da lista de fauna, o secretário Xico Graziano
assinou uma resolução que transfere
novas atribuições ao Estado de São
Paulo na gestão dos recursos faunísticos.
O licenciamento ambiental de atividades de manejo
da fauna, que antes era atribuição do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, agora passa a
ser responsabilidade do Estado.
Criação
em cativeiro e pesquisas científicas, por exemplo,
são algumas das atividades que passam a ser
autorizadas pelo Estado. É a primeira vez que
um Estado brasileiro assume esse compromisso sobre
sua fauna silvestre. “Nós temos potencial para
isso, não sei por que já não
era assim antes”, questionou o secretário do
Meio Ambiente. Agora, equipes da Polícia Militar
Ambiental, do Departamento Estadual de Proteção
dos Recursos Naturais - DEPRN e pesquisadores terão
que redobrar o seu trabalho para garantir que a fauna
do Estado de São Paulo esteja protegida. Tudo
isso para que, quando o menino Riquelme crescer, o
mico-leão-preto e todos os outros 435 animais
não estejam mais na lista das espécies
ameaçadas.
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São
Paulo
+ Mais
Questões freqüentes
sobre a Lista de Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção
1) O que é uma espécie ameaçada?
São consideradas ameaçadas espécies
que enfrentam uma alta probabilidade de extinção
ou ainda que se aproximarão dessa situação
caso persistam as pressões diretas sobre elas
ou seus habitats.
2) Qual a razão
de haver uma lista oficial de espécies ameaçadas?
Uma lista de espécies ameaçadas é
um importante instrumento de política ambiental.
A lista indica quais espécies necessitam de
proteção especial e ainda possibilita
uma visão dos maiores problemas em relação
à preservação da diversidade
biológica. Com base nas informações
da lista, é possível estabelecer prioridades
para as ações de recuperação
e de conservação das espécies.
A partir dos dados da lista, pode-se definir a aplicação
de recursos técnicos, científicos, humanos
e financeiros. A lista também é um sinalizador,
um parâmetro da pressão que as espécies
estão sofrendo. Esse parâmetro pode ser
usado na formulação de programas e acordos
nacionais e estrangeiros que têm como objetivo
recuperar espécies ameaçadas ou evitar
que sua situação se agrave. As informações
da lista também fornecem subsídios para
criação de Unidades de Conservação,
direcionam programas de pesquisa e de formação
de profissionais e para o trabalho de educação
e fiscalização ambiental. Internacionalmente,
as listas servem ainda como mecanismo usado no combate
ao comércio ilegal de animais.
3) Quem são
os responsáveis pela lista?
O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama são
os responsáveis pela lista. Todavia, a elaboração
do documento cabe a um grupo de instituições
credenciadas para o trabalho. A formulação
da nova lista ficou sob a responsabilidade da Fundação
Biodiversitas, da Sociedade Brasileira de Zoologia,
das ONGs Terra Brasilis e Conservation International
do Brasil e de instituições de ensino
superior.
4) Quais são
critérios usados para a elaboração
da lista?
A comunidade acadêmica usa critérios
baseados na União Internacional para a Conservação
da natureza (IUCN), na sigla em inglês. A IUCN
é a referência mundial no monitoramento
de espécies ameaçadas. A classificação
adotada até o momento é: Extinto, Extinto
na natureza, Em Perigo Crítico, Vulnerável,
Dependente de Conservação e Baixo Risco.
5) E o que faz uma
espécie entrar para a lista?
A inserção de uma espécie na
lista depende do tamanho de sua população,
da diversidade genética dessa população
(não adianta haver grande número de
indivíduos se eles são todos parentes,
o que inviabilizaria a perpetuação da
espécie). Leva-se em conta também qual
é a situação do habitat da espécie.
Se há muito desmatamento na Mata Atlântica
ou no Cerrado, as espécies que vivem nesses
biomas estão mais sujeitas à ameaça.
A degradação ambiental também
conta: assoreamento de rios, poluição,
fogo... tudo isso aumenta o nível da ameaça.
Há ainda a pressão que certas espécies
sofrem em função da caça para
a subsistência (avoantes no Nordeste, peixe-boi
na Amazônia). Outro fator que agrava em muito
a situação é a captura destinada
ao tráfico de animais silvestres.
6) Qual é a
política do Governo Federal para proteção
e conservação das espécies ameaçadas?
O Brasil tem reputação significativa
na área de conservação de fauna
ameaçada. O MMA, por meio do Ibama, com seus
centros especializados em fauna, coordena vários
programas de conservação de animais
silvestres nos segmentos: Mamíferos Aquáticos;
Primatas; Aves; Predadores; Répteis e Anfíbios.
Além disso, o Ibama coordena os Comitês
de Recuperação dos micos-leões,
dos muriquis, das araras azul-do-pantanal e azul-de-lear
e ararinha-azul. O Brasil é signatário
de importantes acordos e tratados internacionais de
conservação de espécies e de
habitats ameaçados.
Ministério do Meio Ambiente
Faça
o download das listas
- Categorias
de Ameaça das Espécies da Fauna
- Espécies
de mamíferos, aves, répteis, anfíbios
e peixes de água doce ameaçados de extinção
no Estado de SP.
- Espécies
de peixes marinhos ameaçadas no estado de São
Paulo.
- Espécies
de Vertebrados Quase Ameaçadas no estado de
São Paulo (NT).
- Espécies
de mamíferos, aves, répteis, anfíbios
e peixes de água doce com Dados Deficientes
no estado de SP
- Invertebrados
Ameaçados do Estado de São Paulo.
|