A
breve análise demonstrada acima comprova que é
viável a produção de alimentos em áreas
urbanas, visando complementar a dieta alimentar das famílias
de baixa renda, possibilitando inclusive a geração
de renda. Além dessa questão, cabe ressaltar
algumas outras vantagens, que a agricultura urbana proporciona:
· aumento da biodiversidade nas áreas urbanas;
· aumento da área de infiltração
de água pluvial;
· possibilidade da limpeza dos quintais, contribuindo
no combate à dengue;
· aumento dos espaços de integração
entre vizinhos, possibilidade momentos de convivência.
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RESULTADOS
1.
Plantas Medicinais: recurso Local para a Saúde
O trabalho de saúde
desenvolvido no CEVAE Alto Vera Cruz, Granja de Freitas
Taquaril, tem como um de seus objetivos principais, a educação
para o uso das plantas medicinais como um dos recursos locais
para a saúde, através da integração
do conhecimento popular e científico.
O trabalho tem origem e
se desenvolve através da Comissão de Alimentação
e Saúde, que foi formada em maio de 1996 no seminário
de devolução do Diagnóstico Participativo
dos bairros de Planejamento Participativo das ações
do CEVAE. O Diagnóstico identificou como principais
doenças da população: desnutrição,
problemas respiratórios e contaminação
parasitária e apontou como ações: educação
alimentar, implantação de hortas domiciliares,
prevenção parasitária, o uso de plantas
medicinais e organização comunitária
para a saúde.
Inicialmente, a metodologia
de trabalho priorizou conhecer como as comunidades se organizam
para enfrentar os problemas de saúde e fazer um resgate
do conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais.
Essa fase proporcionou conhecer grupos comunitários,
pastorais e centros de saúde, identificando-se as
principais dificuldades e potencialidades das atividades
desenvolvidas pelos mesmos para possíveis interfaces
de trabalho. O resgate do conhecimento popular aconteceu
através de diagnósticos de quintais, entrevistas
semi-estruturadas, caminhadas ecológicas de identificação
de plantas e oficinas de remédios caseiros, envolvendo
em torno de 35 pessoas e o resgate do uso de 110 espécies
medicinais.
Após essa fase, ocorreu
a introdução de conteúdos técnico-científicos
ao conhecimento popular resgatado através de aporte
bibliográfico, visitas de intercâmbio à
experiências já consolidadas com o uso de plantas
medicinais e promoção de cursos e oficinas
de manipulação de remédios fitoterápicos
(remédio feito de plantas) com assessoria técnica.
Como resultados do trabalho,
podemos destacar:
1. Implantação
de hortas e melhoria de quintais com enfoque na biodiversidade
terapêutica, “farmácias vivas”, para obtenção
de plantas medicinais de boa qualidade, além desses
se tornarem espaços didáticos e difusores
de tecnologias agroecológicas apropriadas.
2. Manipulação
de remédios fitoterápicos para uso familiar,
trabalho comunitário com saúde e geração
de renda para a Comissão de Alimentação
e Saúde.
3. Parceria com o Grupo
da Paróquia Nossa Senhora Aparecida na promoção
semestral da feira de Produtos Naturais no bairro Alto vera
Cruz.
4. Parceria com o Grupo
da Paróquia Nossa Senhora Aparecida na promoção
semestral do “Curso Básico de Alimentação
e Medicina Natural” para a comunidade, 40 horas/aula, com
participação média de 20 pessoas.
5. Parceria com a Visão
Mundial, entidade que possibilita recursos parciais para
os trabalhos da Comissão de Alimentação
e Saúde.
6. Promoção
de cursos e palestras sobre plantas medicinais para grupos
externos à comunidade ministrados pela Comissão
de Alimentação e Saúde.
7. Promoção
do “I Encontro de Saúde”, envolvendo grupos comunitários
organizados, o qual participaram 20 grupos, sendo que 13
destes apresentam seus trabalhos com saúde, iniciando-se
a articulação de uma rede local de saúde.
8. Apresentação
do trabalho do CEVAE e consequentemente capacitação
da Comissão de Alimentação e Saúde
em Encontros, Seminários e Workshop de Plantas Medicinais
a nível nacional e internacional.
9. Apresentação
da experiência e participação na Rede
de Plantas Medicinais do Cone sul (Argentina, Brasil, Chile,
Paraguai e Uruguai), a qual visa desenvolver uma metodologia
conjunta de trabalho para seguridade e eficácia do
uso das plantas medicinais a nível comunitário.
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2.
Quintais Agroflorestais
Os CEVAE’s tem investido
significativo esforço na adaptação
e desenvolvimento de tecnologias de produção
agrícola nos espaços urbanos, tendo por base
os princípios da agroecologia, visando contribuir
para a melhoria do ambiente e da qualidade de vida da população
de vilas e favelas. Uma das experiências que estão
sendo desenvolvidas, se refere à conjugação
de tecnologias de contenção de encostas, através
da revegetação, com a produção
de alimentos e plantas medicinais, onde a própria
família é responsável pela implantação
e manutenção do sistema. Tal experiência
chamamos de “quintais agroflorestais).
Para tanto, é utilizada
a metodologia da experimentação participativa,
na qual o morador implanta e monitora as experiências
acompanhado pelos técnicos, possibilitando uma relação
de troca e complementaridade entre o conhecimento popular
e o acadêmico, que além de ser educativo, potencializa
a elaboração de propostas técnicas
prontamente apropriáveis. Essa forma de trabalho
tem a vantagem de Ter como unidade de experimentação
o próprio quintal, de maneira que, os recursos utilizados
(espaço, solo, mão-de-obra, água, ferramentas,
recipientes, matéria orgânica) são representativos
da realidade sócio-econômico-cultural da comunidade
e das características do ecossistema local.
Um exemplo de experiência
em quintal agroflorestal é a do casal Dona Nalzira
e Sr. Joaquim, que moram na Vila Pantanal, Aglomerado Morro
das Pedras.
Em julho de 1997, foi iniciado
o trabalho nesse quintal, que tem uma área de 400m2,
naquela época esse espaço tinha 7 espécies,
onde se destacam: 52 bananeiras, 1 canteiro com couve, agrião
do mato e taioba, 1 pé de leucena e alguns pés
de feijão andu.
Boa parte do solo do quintal
estava descoberta - “terreno limpo” - além de ter
tido deslizamento de terra nas chuvas de 1996/1997, caracterizando
um estado de degradação e risco.
Atualmente (11/98), 16 meses
depois, esse quintal tem 82 espécies diferentes,
destacando: 50 pés de café; 30 pés
de abacaxi; 16 pés de acerola; 06 pés de laranja;
03 pés de limão; 03 pés de mixirica.
Aumentou a produção
de hortaliças: alface, cenoura, beterraba, couve
chinesa, mostarda, coentro, salsa, tomate, brócolis.
No auge da produção, num período de
30 dias, a horta gerou uma renda de R$ 60,00. Além
disso, estão sendo cultivadas espécies de
leguminosas (plantas adubadeiras) e gramíneas (que
protegem o solo) e plantas medicinais.
Outro ponto importante:
as bananeiras foram aos poucos sendo substituídas
por outras espécies, pois estavam em local inapropriado,
colocando em risco a família.
Hoje o quintal de Dona Nalzira
e Sr. Joaquim está em processo de se tronar um quintal
agroflorestal, além de estar todo revegetado restabelecendo
as suas condições físicas e biológicas.
E mais:
· Aproveitam as cercas
com o cultivo de trepadeiras;
· Produzem composto orgânico a partir de restos
e podas das plantas;
· Aproveitam melhor os alimentos;
· Reciclam e reaproveitam materiais como papel, plástico,
lata e os restos de cozinha;
· Melhoram as relações familiares;
· Diminuíram significativamente a possibilidade
de deslizamento do solo;
· Produzem e utilizam ervas medicinais;
· Tronam mais bonito o quintal e a casa onde moram.
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3.
Educação Ambiental e Mobilização
Comunitária
A educação
ambiental e mobilização comunitária
são processos nos quais o indivíduo e a coletividade
tomam consciência do lugar e da condição
em que vivem, a partir da reflexão crítica
e da participação ativa e responsável
no sentido da melhoria do seu habitat.
No início de 1997,
a partir de interesses de instituições comunitárias
e públicas que atuam no Aglomerado Morro das Pedras,
região oeste de Belo Horizonte, foi elaborado um
Programa de Educação Ambiental e Agroecológica.
Esse Programa consiste em:
cursos de práticas agroecológicas e educação
ambiental; oficinas de educação ambiental
e cidadania; oficinas de reciclagem de papel; visitas orientadas
ao CEVAE. Ele foi construído conjuntamente com as
seguintes instituições: Creche Centro Infantil
Dona Benta; Creche Nossa Senhora Natividade; Creche Tia
Lucy; Creche Santa Sofia; Creche Pezinhos no Chão;
Casa do Pequeno Cristo; Escola Municipal Hugo Werneck; Escola
Municipal Oswaldo Cruz
Os objetivos centrais do
Programa são:
· Promover uma relação
afetiva e lúdica que valorize o conhecimento de cada
um, a cultura local e a auto-estima;
· Estimular a percepção
das crianças, adolescentes e jovens sobre o ambiente
onde vivem, seus problemas e suas riquezas, visando intervenções
coletivas que venham a contribuir com a melhoria de vida;
· Promover, através
das práticas agroecológicas, o interesse das
crianças, adolescentes e jovens sobre o cultivo e
consumo de hortaliças e frutíferas;
· Produzir conhecimentos
que levem à reflexão sobre a qualidade alimentar;
· Estimular crianças,
adolescentes e jovens a cultivarem alimentos nos quintais
das suas casas, nas creches e escolas.
Os temas abordados levaram
em consideração o cotidiano do público
envolvido e o espaço geográfico e sócio-político
em que estão inseridos. Assim os principais temas
foram: meio ambiente urbano; os ciclo s da água,
solo, planta, energia; biodiversidade; agroecologia; o lixo;
reciclagem de materiais e cidadania.
Dentro da metodologia do
Programa merecem destaque: desenhos de quintais, mapas de
vilas, travessias pelas vilas, fotografias, histórias
orais, brincadeiras integrativas, práticas de horticultura,
plantio coletivo de frutíferas e espécies
adequadas a arborização urbana, produção
de objetos, bonecos e brinquedos com papel marchê.
Durante o processo de avaliação
percebemos que:
· As monitoras, monitores
de Creches e as Professoras das escolas estão incorporando
a metodologia construída junto com o CEVAE;
· 90% dos participantes
demonstraram muito interesse sobre os temas abordados e
querem contribuir com a conservação e melhoria
do lugar onde vivem;
· 10% dos participantes
desenvolveram o cultivo de hortaliças e frutíferas
em seus quintais;
· 3 instituições
implantaram o cultivo de hortaliças, em bases orgânicas,
dentro de suas respectivas áreas;
· 40 mudas de árvore
foram plantadas em locais públicos do aglomerado
Morro das Pedras.
De março de 1997
a novembro de 1998, esse programa atendeu, na região
do Morro das pedras, a: 264 crianças (6 a 11 anos);
108 adolescentes (12 a 17 anos); 32 jovens (acima de 17
anos), totalizando 404 pessoas que participaram diretamente
do Programa.
Acreditamos que através
de uma Educação Popular Ambiental podemos
promover uma ação/reflexão sobre o
meio ambiente urbano de forma mais integrada - os problemas
se relacionam uns com os outros, assim como as riquezas.
Resgatar o papel de que todos somos sujeitos históricos
e que se quisermos construir uma sociedade mais justa e
um ambiente saudável temos que agir coletivamente
e participar das decisões que dizem respeito ás
nossas vidas.
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4.
Campanha da Vilarinho - Arborização Participativa
O objetivo do trabalho é
reduzir os impactos sócio-ambientais ocasionados
durante o período chuvoso, tais como assoreamento
dos córregos, inundações, deslizamentos
e desmoronamento, que culminam em situações
de calamidade pública.
Esse trabalho se ampliou
a partir de junho de 1998, onde vem sendo construída
uma parceria, envolvendo o CEVAE, SUDECAP, SLU, URBEL e
comunidades do entorno da bacia hidrográfica da Vilarinho.
O projeto foi iniciado pela
SUDECAP, e tinha como foco a atuação física
que, compreendia obras dentro do canal da Vilarinho e revegetação
das encostas. A partir de diversas reuniões com a
comunidade, construi-se um mapa de problemas sobre o tema
melhoria de qualidade de vida, onde priorizaram-se áreas
onde o CEVAE já atua. Os bairros priorizados foram
o Jardim Comerciários, o Nova York e Jardim Europa.
Esse projeto teve como ações, iniciar uma
proposta de desenvolvimento local, dando continuidade aos
trabalhos que durante 2 anos já vinham sendo desenvolvidos
pelo CEVAE. A partir dessas avaliações iniciaram-se
os trabalhos de:
· Mutirões
de revegetação participativa de áreas
públicas, que envolveram as Rua 74 (Jardim Comerciários),
Av. Baleares (Jardim Europa), Rua 47 (Nova York);
· Vistoria nas áreas de risco geológico,
pontos de acúmulo de lixo e córregos afluentes
do Vilarinho;
· Campanha de conscientização sobre
limpeza urbana, compreendendo: atividades de percepção
do lixo (travessias), avaliação e informação
(distribuição de folhetos e visitas domiciliares
aos moradores do entorno dos pontos de acúmulo de
lixo) e programas de Rádio;
· Apresentação das obras do projeto
de Limpeza da Vilarinho para a comunidade;
· Reuniões locais com moradores dos pontos
definidos como críticos;
· Distribuição de mudas e sementes
de leguminosas para moradores com quintais em áreas
de risco, da Av. Baleares e Rua 47;
· Exposição fotográfica - Vilarinho
Foram feitos os plantios
de 200 mudas de frutíferas, 110 arbustos, 50 árvores
ornamentais, 90 mudas de árvores ornamentais, 5kg
de sementes de leguminosas para adubação verde,
500 mudas de medicinais e 50 de herbáceas ornamentais
(flores e folhagens)
O envolvimento dos moradores
tem sido crescente, as ações atuais já
envolveram diretamente 500 moradores e indiretamente 1200
moradores.
Esse trabalho vem tendo impactos significativos não
só porque vem permitindo um diálogo e uma
maior aproximação entre poder público
e comunidade, como tem permitido que os moradores desenvolvam
um olhar sobre o bairro de forma mais coletiva, e transformem
em ações de melhoria do ambiente local.
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5.
Alternativa para a problemática da Proliferação
do Mosquito da Dengue
As ações realizadas
pelo Projeto CEVAE tem contribuído significativamente
para o combate do mosquito transmissor da Dengue, tanto
no que se refere à eliminação de focos
de lixo em áreas públicas e quintais, como
na mobilização comunitária e ações
educativas. Dentro deste conjunto de atividades, cabe o
destaque para a difusão do uso da “Tampa de Caixa
D’água Alternativa” realizada pelo CEVAE Capitão
Eduardo e Beija Flor.
O bairro capitão
Eduardo apresentou, no período de surto da doença
em 97, um número alarmante de casos notificados:
589 numa população de 6.000 habitantes. Diante
disso, o Centro de Saúde local propôs uma parceria
com o CEVAE para a realização de um diagnóstico
para identificar os focos de proliferação
do mosquito e, a partir das informações levantadas
definir a melhor estratégia de ação.
O resultado desse levantamento apontou para o fato de que
os principais focos eram os quintais das pessoas notificadas
pelo centro de saúde, e que o principal fator de
proliferação estava relacionado às
caixas d’água destampadas.
Diante disto, foi construído
um plano de ação integrado, que contou com
o envolvimento da escola Municipal Ozanan Coelho e o Programa
Curumim, que realizaram a sensibilização da
comunidade. Coube ao CEVAE a tarefa de buscar uma alternativa
tecnológica para a eliminação dos focos.
Para tanto, buscamos a tecnologia da tampa de solo cimento,
desenvolvida pelo Instituto Tibá sediado no Rio de
Janeiro. Após a experimentação e adaptação
desta tecnologia a nível local, foi identificado
que ela se mostrou bastante viável, aliando a simplicidade
de construção com um baixo custo, haja visto
que com R$ 3,00 pode-se construir uma tampa para a caixa
d’água de 250 litros, utilizando-se 10 Kg de areia,
5 kg de cimento, 2 sacos de ráfia usados, água
e 4 rifas de madeira para a forma.
A estratégia de difusão da tecnologia seguiu
três fases complementares:
1. Experimentação
e adaptação tecnológica;
2. Realização de oficinas para capacitação
de monitores;
3. Difusão através de repasse da tecnologia
através da ação dos monitores.
O CEVAE realizou 6 oficinas
para um público de 30 moradores, que a partir dessa
capacitação, difundiram o uso da tampa de
caixa alternativa para a comunidade.
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6.
Mutirões de Limpeza Urbana
O mutirão de limpeza
ou “ponto verde” é uma ação que tem
por objetivo fornecer alternativas para o problema do acúmulo
de lixo em áreas públicas (ruas, esquinas,
praças, passeios) e, também em áreas
particulares (os quintais), decorrente da impossibilidade
de coleta adequada, pois a maioria da população
mora em becos, onde não é possível
a entrada dos caminhões.
A metodologia utilizada
propicia a participação direta da população
na percepção do problema e busca de parceiros
e recursos para a sua solução. O processo
desse trabalho pode ser esquematizado através dos
seguintes passos:
1. Identificação
da situação motivadora - demandas e iniciativas
da comunidade;
2. Identificação
dos pontos de acúmulo de lixo, que serão trabalhados;
3. Diagnóstico participativo
temático sobre aqueles pontos de lixo, buscando levantar
informações relevantes, tais como: sua origem,
área de abrangência, população
atingida, problemas causados, composição do
lixo, propostas de solução, possíveis
parceiros;
4. Articulação
de parceiras: moradores, SLU, Escolas, centro de saúde,
Creches, Distrito Sanitário (Zoonoses), Grupos Culturais,
Comerciante, entre outros;
5. Construção
da proposta coletiva e planejamento da ação;
6. Campanha educativa de
casa em casa;
7. Mutirão de limpeza
do local;
8. Desratização
do entorno;
9. Plantio do jardim ou
árvores;
10. Realização
de atividades educativas e culturais;
11. Monitoramento contínuo.
O CEVAE Alto Vera Cruz,
Granja de Freitas e Taquaril realiza essas atividades desde
96 e já organizou 9 mutirões e pontos, beneficiando
diretamente 800 pessoas. Essa ação já
se consolidou como um ação concreta de melhoria
ambiental para os bairros, principalmente no que se refere
a diminuição de focos da Dengue.
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7.
Hortas orgânicas familiares - Conjunto União
O trabalho engloba 30 famílias
(aproximadamente 50 pessoas), que a partir de junho de 1998,
vem plantando hortas sobre orientação do CEVAE.
São famílias que durante 5 anos viveram em
abrigos públicos, em condições precárias
tanto físicas como psicológicas e atualmente
moram no assentamento projetado pela URBL chamado “Conjunto
União” , localizado no bairro serra verde.
Os principais objetivos
deste trabalho estão relacionados com a melhoria
da qualidade nutricional e da saúde através
da produção de alimentos e ervas medicinais
em pequenos espaços, o fortalecimento das relações
de solidariedade entre os assentados e antigos residentes
e a melhoria das relações sociais entre os
assentados, abrindo espaço para reconstrução
da identidade de grupo.
A estratégia de mobilização
dos assentados se baseou em um diagnóstico participativo
temático sobre hortas, com um grupo de 12 moradores,
que possibilitou a realização de um planejamento
participativo, no qual foram priorizadas uma série
de oficinas, com o objetivo de resgate, troca e repasse
de informações e práticas de horticultura
orgânica, abordando os seguintes temas: controle biológico
de pragas. Compostagem, adubação verde, medicina
caseira, combate e prevenção de formigas e
canteiro alto. As oficinas tiveram um efeito multiplicador
motivando que mais moradores fizessem hortas e se integrassem
ao grupo.
As hortas foram implantadas
dentro do conjunto potencializando os espaços disponíveis:
antigos pontos de lixo, áreas degradadas e pequenos
recipientes domésticos (bacias, fundos de geladeira
e caixotes).
A escassez de terreno não
tem sido fator de conflito, pois os próprios moradores
do conjunto decidiram doar parte da produção
aos que não podem plantar, além de trocarem
os produtos entre os que plantam. A comercialização
só ocorre para moradores que residem fora do assentamento.
Este é um dos exemplos de como esta atividade tem
favorecido o fortalecimento das relações de
vizinhança a partir de ajudas mútuas, cooperativismo
(trabalhos coletivos) e solidariedade que existiam de forma
precária no início do assentamento e que vem
crescendo gradativamente.
Essa ação
tem alcançado significativos resultados, tanto a
nível interno do conjunto, como na relação
deste com o restante dos bairros. A seguir são destacadas
os principais;
· A produção
atual abastece portanto as 68 famílias, quase 500
moradores sendo que alguns já estão comercializados;
· A complementação da renda familiar
também vem se tornando possível através
dessas ações;
· Atualmente parte desses moradores tem assumido
a horta coletiva do Posto de saúde, reanimando-a
já que a mesma estava em processo de desativação.
· A biodiversidade vem aumentando, tanto através
das doações de mudas e sementes pelo CEVAE,
como as trocas realizados entre os assentados e moradores
de diferentes regiões ou familiares da área
rural.
· O impacto sobre o bairro também é
bastante visível, pois a partir da ação
no Conjunto União, os moradores dos prédios
vem procurando o CEVAE para implantação de
hortas e orientação técnica.
· As crianças
atendidas pelo CEVAE, através do Programa Ambiental
“Brinque e Plante”, estão se envolvendo com as famílias
de assentados e moradores de diferentes regiões ou
familiares da área rural. |