O
que são fontes de energia?
Entende-se por energia a
capacidade de realizar trabalho. Fontes de energia, dessa
forma, são determinados elementos que podem produzir
ou multiplicar o trabalho: os músculos, o sol, o
fogo, o vento etc.
Através do uso racional do trabalho, especialmente
na atividade industrial, o homem não apenas sobrevive
na superfície terrestre – encontrando alimentos,
abrigando-se das chuvas ou do frio etc –, mas também
domina e transforma a natureza: destrói florestas,
muda o curso dos rios, desenvolve novas variedades de plantas,
conquista terras ao mar, reduz distâncias (com modernos
meios de transporte e comunicação), modifica
os climas (com a poluição, as chuvas artificiais
etc), domestica certos animais e extermina outros.
As primeiras formas de energia que o homem utilizou forma
o esforço muscular (humano e de animais domesticados),
a energia eólica (do vento) e a energia hidráulica,
obtida pelo aproveitamento da correnteza dos rios. Com a
Revolução Industrial, na Segunda metade do
século XVIII e no século XIX, surgem as modernas
máquinas, inicialmente movidas a vapor e que hoje
funcionam principalmente a energia elétrica. A eletricidade
pode ser obtida de várias maneiras: através
da queima do carvão e do petróleo (usinas
termelétricas), da força das águas
(usinas hidrelétricas), da fissão do átomo
(usinas nucleares) e de outros processos menos utilizados.
As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais
importantes, são: o petróleo, o carvão,
a água e o átomo. As fontes alternativas,
que estão conhecendo um grande desenvolvimento e
devem tornar-se mais importantes no futuro, são o
sol (energia solar), a biomassa e os biodigestores, o calor
proveniente do centro da Terra energia geotérmica),
as marés, o xisto betuminoso e outras.
É importante ressaltar que as fontes de energia estão
ligadas ao tipo de economia: quanto mais industrializada
ela for, maior será o uso de energia. O carvão
mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução
Industrial, e o petróleo foi a principal fonte de
energia do século XX e continua a desempenhar esse
papel, apesar de um recente e progressivo declínio.
Tanto o petróleo como o carvão mineral são
recursos não renováveis, isto é, que
um dia se esgotarão completamente; eles também
são muito poluidores, na medida em que seu uso implica
muita poluição do ar. Por esses dois motivos
eles estão em declínio atualmente, em especial
o petróleo, que foi básico para a era das
indústrias automobilísticas e petroquímicas.
Vivemos na realidade numa época de transição,
de passagem do domínio do petróleo para a
supremacia de outras fontes de menos poluidoras e renováveis,
ou seja, que não apresentam o problema de esgotamento.
Este pensamento está pelo menos na cabeça
dos ambientalistas de todo o planeta, mas a realidade ainda
é um mundo dominado pelos combustíveis fósseis.
A série “Que energia é essa?” irá trazer
as principais fontes de energia usadas em nosso planeta;
como surgiram, onde são usadas, qual a dependência
humana dessas fontes e muito mais. Neste capítulo
conheceremos algumas fontes de energia chamadas “Alternativas”.
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Brasil
usa calor da Terra só para diversão
O Brasil esconde no subsolo
um potencial energética estimado em 3 mil megawatts,
o equivalente a um quarto da capacidade de geração
geotérmica, calor que flui do interior da Terra.
O levantamento, pioneiro, foi feito pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo (IPT).
Por enquanto, o país usa apenas 150 megawatts dessa
energia, a maior parte em balneários para o lazer.
Na Costa Rica, 50% da energia elétrica é produzida
a partir da geotermia. No México, já chega
a 15%.
Países desenvolvidos como Japão, Estados Unidos
e Itália têm planos para substituir boa parte
da energia produzida por usinas hidrelétricas, termelétricas
e nucleares pela de fontes geotérmicas. Esta é
uma fonte limpa relativamente barata e inesgotável.
Ainda que seja promissor, o potencial geotérmico
brasileiro é baixo se comparado a países com
vulcanismo no passado geológico recente ou que ainda
têm esta atividade, segundo o geólogo Alcides
Frangipani, do IPT.
A geotermia é o calor que permaneceu desde a formação
da Terra, há 4,6 bilhões de anos, quando o
planeta era um corpo incandescente girando em torno de um
sol recém-nascido. A esse calor “primitivo” acrescenta-se
a energia liberada por átomos radioativos que se
desintegram.
O aproveitamento geotérmico se dá pela captação
de água quente em perfurações feitas
a até 2 mil metros. São águas provenientes
de chuvas que se infiltram no solo e, ao serem aquecidas,
tendem a retornar à superfície.
Em regiões vulcânicas ou de rochas com boa
condutividade térmica, a temperatura dessas águas
chega aos 300ºC, sob pressões elevadas. No Brasil,
as regiões mais promissoras são as ilhas de
Fernando de Noronha e Trindade, vulcões adormecidos
há 1,8 milhão de anos, um período curo
para o tempo geológico.
Nessas ilhas, a temperatura da água chega a 150ºC.
Em Fernando de Noronha o IPT planeja utilizar essas energia
para dessalinizar água do mar. Na maior parte do
Brasil pode ser encontrada água em torno de 70ºC,
segundo Frangipani, com as mais diversas aplicações,
inclusive produção de energia elétrica.
Nesse caso, um líqüido com baixa temperatura
de volatização, como o fréon, é
aquecido e movimenta uma turbina. O poço pioneiro
para aproveitamento geotérmico no Brasil foi perfurado
em Presidente prudente (a 580 km de São Paulo). Com
1.400 metros de profundidade, ele produz 100 mil litros/hora
a 63ºC. Um segundo poço, com 1.900 metros, gera
250 mil litros/hora a 68ºC. os dois já beneficiaram
sete de um conjunto de treze unidades previstas, incluindo
indústrias, hospitais e hotéis. Em Cornélio
Procópio (PR), a empresa de café Iguaçu
também usa geotermia para secar grãos.
ENERGIA PRESERVA AMBIENTE...
A geotermia está deixando a ficção
científica para entrar no cotidiano, afirma o pesquisador
Alcides Frangipani, do IPT. Fenômenos como efeito
estufa e chuva ácida, provocadas, entre outras fontes,
por usinas que queimam óleo e carvão para
produzir eletricidade, tendem a acelerar a mudança.
Os primeiros estudos nessa área surgiram nos anos
1940/50. Mas em 1907 a Itália já tinha perfurado
um poço pioneiro, em Larderello, no centro-norte
do país.
Nos anos 60, os EUA fizeram um levantamento interno e só
consideram promissoras as regiões que ofereciam água
acima de 90ºC. Atualmente, de acordo com Frangipani,
a tendência é considerar temperaturas menores,
em torno de 50ºC, para exploração.
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos,
no Novo México, já consideram a possibilidade
de extrai calor até mesmo em áreas com poucas
chuvas, um recurso conhecido como “tecnologia de rochas
secas”. É necessário perfurar dois poços
paralelos. Em um deles injeta-se água fria da superfície
e, no outro, recolhe-se a água aquecida pelas rochas
profundas.
Essa tecnologia poderia beneficiar o Estado do Ceará,
no Brasil, que tem uma ligação geológica
com a ilha de Fernando de Noronha. O potencial térmico
no Ceará é alto, mas há pouca disponibilidade
de água.
Fonte: O Estado de São Paulo
Por Ulisses Capozoli
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Edifício
em Manhattan tira energia do subsolo
Na rua 64, a leste do Central
Park, mansões de mármore e pedra calcária
pertencentes a milionários como Edgar Bronfman Jr.,
Ivana Trump, Gianni Versace e outros nomes famosos enfileiram-se
num quarteirão inteiro, cheio de Rolls Royces pretos
e limusines de luxo.
Afora esse quarteirão é também o local
onde está sendo escavado os dois buracos mais profundos
de Nova York. A profundidade de cada um deles ultrapassa
a altura do World Trade Center, (as torres gêmeas
que foram derrubadas em 11 de setembro pelo atentado terrorista)
e era um dos edifícios mais altos dos Estados Unidos.
Os buracos foram cavados no mês passado até
a profundidade de 457 metros no leito da rocha firme para
explorar a energia armazenada na pedra para um prédio
de US$ 8 milhões. O edifício está sendo
construído por Theodore W. Kheel, advogado trabalhista,
filântropo e empresário ecológico. Até
agora, os buracos mais profundos da cidade eram túneis
de água, alguns dos quais avançam até
174 metros abaixo da superfície.
O prédio abrigará meia dúzia de fundações
beneficentes, mas seu objetivo, segundo Kheel, é
também ilustrar como a tecnologia de economia de
energia e métodos de construção que
respeitam o meio ambiente podem ser compensadores.
SEM POLUIÇÃO...
A água bombeada para dentro e para fora dos buracos
debaixo da rua 64 Leste fluirá através de
tubulações no edifício, refrigerando
ou aquecendo cada uma das salas o ano inteiro. Esse bombeamento
do calor geotérmico gerará também água
quente para os banheiros, quase sem poluição
ar e apenas com uma pequena tarifa mensal de energia elétrica.
A instalação do sistema de energia térmica
custará pouco mais do que um sistema de calefação
e ar condicionado convencional, mas o reduzidos custos de
manutenção compensarão essa diferença
em poucos anos. “Não vamos mudar o mundo com um pequeno
edifício”, disse Kheel. “Mas podemos dar o exemplo:
o uso de energia geotérmica é um benefício
para o ambiente e uma tremenda economia de eletricidade.”
Embora este seja o primeiro bombeamento de calor geotérmico
em Manhattan, a tecnologia já foi usada por empresas
e proprietários de casas em outras partes da cidade
e em todo o país.
Os buracos na rua 64 foram cavados, a um custo de cerca
de US$ 100 mil, por John Barnes, um perfurador de poços
de Bayside, Queens, que instalou o primeiro sistema geotérmico
em seu escritório há anos atrás. “Todos
pensavam que eu estava pirado”, disse Barnes. Mas a economia
de energia foi enorme. No ano passado, Barnes instalou em
Queens e Long Island mais de uma dúzia de sistemas
menores.
ECOMONIA...
Até mesmo a Consolidated Edison (Com Ed), companhia
que fornece eletricidade para a cidade de Nova York, está
contente com o projeto de Kheel, principalmente porque o
sistema geotérmico permitirá que o edifício
seja resfriado nos dias mais quentes sem o aumento da demanda
de energia dos condicionadores convencionais de ar.
A Com Ed pagou as tarifas de vários consultores de
energia que ajudaram a planejar o sistema, informou Frank
Napoli, engenheiro da companhia energética. “As análises
feitas por eles mostraram que esta é a melhor solução
possível para o prédio” disse. “O solo tem
uma temperatura estável durante o ano todo, por isso
a gente pode captar o calor durante o inverno o jogá-lo
de novo dentro da terra no verão.”
O sistema empregado na Foundation House, como será
chamado o edifício de Kheel, tira sua energia do
calor solar acumulado no subsolo. A partir de cerca de 1,8
metro até 300 metros ou mais de profundidade, a rocha
funciona como uma bateria de armazenamento da energia solar
a longo prazo, mantendo uma temperatura de cerca de 15 graus,
ou seja, mais ou menos um meio termo entre as temperaturas
mais quentes e mais frias experimentadas na superfície,
segundo Carl Orio, presidente da Water and Energy Systems
Corporation, de Atkinson, New Hampshire, planejador da unidade.
GELADEIRA
De acordo com Orio, um bombeamento de calor geotérmico
pode aquecer uma sala – ou a água – a mais de 15
graus, ou refrigerar uma sala usando o mesmo processo de
conversão de calor que refrigera uma geladeira. Dentro
das serpentinas de um conversor de calor instalado em cada
sala, a água que vem dos buracos do poço transmite
seu calor a um fréon parecido com gás comprimido,
que se torna cada vez mais quente. O fréon circula
então por meio de ventiladores, para aquecer uma
sala, ou através de serpentinas adjacentes a tubos
com água potável, para produzir água
quente.
Para refrigerar, o ar quente de uma sala é soprado
através de um conversor de calor semelhante, transmitindo
a energia à água e diminuindo a temperatura
da sal. O calor indesejado volta à Terra.
Os sistemas variam dependendo das condições
locais. Alguns consistem de uma malha rasa de tubos subterrâneos
na qual o fluido circula para coletar ou repelir o calor.
Para empresas ou casas com muito terreno, uma opção
é furar muitos poços relativamente rasos.
O Stockton State College, por exemplo, perto de Atlanta
City, instalou um sistema de calefação e refrigeração
geotérmica de US$ 5 milhões em 1993 usando
400 poços de 130 metros de profundidade.
Mas em lugares onde o metro quadrado de terreno custa muito
caro, como em Manhattan, a única opção
é ir direto ao fundo. A profundidade dos poços
foi determinada pela quantidade de calor e de resfriamento
que as bombas de calor devem fornecer.
CANUDOS...
São introduzidos canos de plástico de 10 centímetros
de diâmetro até chegar ao fundo. Os canos agirão
como canudos de 400 metros, permitindo que as bombas do
prédio retirem a água aquecida pela rocha
que os circunda. A água que volta do prédio
flui por fora dos tubos, reciclando o calor de volta à
rocha.
Adrian Tuluca, arquiteto e especialista em energia de Norwalk,
Connecticut, encarregado dos modelos de computador dos custos
e benefícios do projeto, disse que algumas vantagens
são particularmente convenientes ao local onde está
o prédio. Como o quarteirão está num
distrito histórico, nenhum equipamento de telhado,
como as torres e ventiladores convencionais de ar condicionado,
pode ser visível. Nos sistemas geotérmicos,
não existe nada disso. “O sistema preserva o ambiente
visual quase tanto quanto o ambiente ecológico”,
disse Tuluca.
Há limites para essa tecnologia. Os arranha-céus
são simplesmente grandes demais é o número
de poços teria de ser enorme para fornecer a calefação
e refrigeração adequadas. Assim mesmo, o potencial
inexplorado do calor subterrâneo – tanto em Nova York
como no resto do país -, é enorme, segundo
o Departamento Federal de Energia.
As bombas de calor geotérmico estão proliferando
desde um hotel Holiday Inn, em Albany, até o complexo
hoteleiro Galt House, em Louisville, Kentucky. A ala leste
do Galt House, com bombas de calor, tem custos de energia
US$ 25 mil mais baixos do que os custos de outras ala idêntica,
mais antiga, com calefação e refrigeração
convencionais.
Mais de US$ 100 milhões serão gastos nos próximos
cinco anos por um consórcio financiado pelo Departamento
de Energia e pela indústria de energia para aumentar
o número de novos sistemas geotérmicos de
40 mil por ano para 400 mil por ano. “A Foundation House
pode ser a primeira em Manhattan”, disse Kheel. “Mas, certamente
não será a última.”
Fonte: O Estado de São
Paulo
Por Andrew W. Revkin (The New York Times)
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A
energia geotérmica no Brasil e no mundo
COMO ACHAR O ‘CORPO QUENTE’...
A busca por “corpos quentes” envolve várias etapas
e equipamentos sofisticados. Os 18 quilômetros quadrados
da ilha de Fernando de Noronha serão submetidos a
pelo menos quatro fases. Com o uso de gravímetros
– aparelho na forma de cilindro que mede a variação
do campo gravitacional terrestre -, os pesquisadores iniciam
a “caça” às fontes. Quando um gravímetro
passa sobre um corpo quente, ele indica uma variação
desse campo. Essa região é chamada de anomalia
gravimétrica.
Outra fase é medir a alteração do campo
magnético. Uma fonte de água quente tem suscetibilidade
magnética (grandeza física que mede a magnetização
de uma substância) mais baixa. Isso também
evidencia sua presença. O Chamado método geofísico
ainda inclui dois outros recursos. Um deles é colocar
sobre a superfície um gerador de campo de eletricidade.
Esse campo “penetra” no solo e chega até um receptor,
colocado adiante do gerador. Nos corpos quentes, a resistividade
elétrica é também mais baixa. Essa
grandeza física mede a resistência à
passagem de corrente elétrica em uma material.
Como o petróleo, uma fonte exige condições
geológicas. Uma delas é uma camada (capeadora)
de rochas que mantenham a água na forma de um reservatório
e funcione como isolante térmico. Outra camada de
rochas, a selante, deve fazer papel semelhante ao de uma
tampa.
OUTROS PAÍSES
USAM POTENCIAL GEOTÉRMICO...
Mesmo pouco aproveitado, o Brasil tem um potencial geotérmico
de Tr6es mil megawatts, o que, equivale a um quarto da energia
elétrica fornecida pela usina de Itaipu.
A Itália já no começo do século
passado, iniciou a produção de energia elétrica
a partir da fonte de Larderello, onde o vapor da água
chega a 200 graus centígrados. Cierro Prieto no México
chega a 240 graus e alcança uma potência de
700 megawatts. El Tatio, no Chile, atinge a casa dos 300
graus e gera também cerca de 700 megawatts, trezentos
a menos que a fonte de Yellowstone, nos Estados Unidos.
El Salvador tem 75% de seu consumo de energia baseado em
fontes geotermais. No México, Costa Rica e Nicarágua
esse percentual gira em torne de 50%. Segundo Valiya Hanza,
chefe do Laboratório de Geotermia do IPT, fontes
acima de 150 graus centígrados são aproveitadas
para gerar eletricidade. A partir de 50 graus, as fontes
já tem uso industrial.
A França batizou a energia geotermal de “energia
nacional”. O país não tem produção
de petróleo e as fontes de água quente são
uma solução viável para parte do consumo
elétrico. No centro urbano de Paris, onde se pode
encontrar a bacia geotérmica parisiense, três
usinas geotermais, com 47, 70 e 77 graus centígrados,
aquecem desde conjuntos habitacionais – um deles com cerca
de oito mil moradores – até hotéis.
No Brasil, as fontes são encontrada entre 400 a 1.500
metros de profundidade. A ausência de regiões
vulcânicas no território brasileiro explica
as baixas temperaturas das fontes. Em Taubaté (oeste
de São Paulo), uma indústria de laminação
de madeira usou, uma fonte geotermal para o processo de
cozimento das toras de madeira. Em Cornélio Procópio
(SP), uma indústria de café solúvel
se abastece em dois poços. Uma fonte como a de Presidente
Prudente (63ºC, a 1.400 metros de profundidade) pode
atingir cinco megawatts.
ABRIGO SUBTERRÂNEO
ARAMZENA O CALOR DO SOL PARA USO NO INVERNO...
Como os esquilos, que guardam comida para o inverno, pesquisadores
estão planejando o primeiro projeto nos Estados Unidos
para armazenar o calor do Sol no verão e usá-lo
para aquecimento no inverno. A estocagem deve ser feita
sob o solo, usando para isso espessas camadas de argila,
de rocha ou fossas subterrâneas de água. Esses
três métodos têm sido usados com sucesso
na Europa em sistemas semelhantes estocagem de energia a
longo prazo.
O projeto é desenvolvido por uma equipe da Universidade
Massachusetts (nordeste dos EUA), liderada pelo professor
de engenharia mecânica Edward Sunderland. Segundo
Dwayn Breger, outro membro da equipe, a maior parte da energia
térmica poderá ser recuperada de seis a sete
meses mais tarde. O calor será capturado por coletores
solares, do tipo usado comumente em sistemas de aquecimento
de água em casas. Os coletores ocuparão 30
mil metros quadrados.
Um fluido anticongelante será bombeado através
dos coletores e chegará a 70 graus centígrados.
Após o aquecimento, o fluido vai para longos canos
que estão dentro de uma camada de argila com 30 metros
de espessura. A camada estará a partir de 1,5 metro
abaixo do solo, com quatro mil metros quadrados da área.
Fonte: Folha de São
Paulo
Por Cassio Leite Vieira
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Bio-óleo
vira alternativa ao petróleo
OS ÓLEOS VEGETAIS...
Os óleos vegetais podem ser extraídos da mamona,
do babaçu, do dendê, da soja, do algodão,
do girassol, do amendoim etc. A tecnologia ainda está
pouco desenvolvida, devido à falta de investimentos
nas últimas décadas, mas as potencialidades
são enormes, pois esses óleos têm maior
poder calorífero que o álcool, podendo substituir
o óleo diesel, o querosene e a gasolina especial
nos aviões. Em muitos países já se
experimentou com sucesso alguns tipos de óleos vegetas
em caminhões, máquinas e até aviões;
só que esses estudos ainda não atingiram a
escala industrial, ou ainda não geraram a produção
em massa de motores especiais e o fornecimento do óleo
para bastecêolos. Mas isso é uma questão
de tempo.
Palha de cana, casca de arroz, capim, casca de café,
serragem, enfim, resíduos agrícolas que iriam
para o lixo são a matéria-prima do bio-óleo,
um novo combustível que pode se tornar uma alternativa
ao petróleo.
O óleo, desenvolvido por pesquisadores do Nipe (Núcleo
Interdisciplinar de Planejamento Energético), da
Unicamp, está em produção em escala
piloto na Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana,
Açúcar e Álcool do Estado de São
Paulo).
Uma das opções de aplicação
do novo produto é substituir o óleo diesel
na geração de energia em usinas termelétricas,
por exemplo. No entanto, segundo José Dilcio Rocha,
pesquisador do Nipe, essa seria apenas uma utilização
secundária, pis o nicho de mercado mais promissor
para o bio-óleo estaria na substituição
ao fenol petroquímico.
Hoje, o Brasil consome cerca de 60 mil toneladas de fenol
por ano. O produto é usado para a composição
de resinas fenólicas (espécie de cola industrial)
utilizadas principalmente como ligas na produção
de madeira compensada.
No mercado, a tonelada do produto fica em torno de US$ 750.
O bio-óleo desenvolvido pela Unicamp custa US$ 100.
A indústria alimentícia é outro destinatário
para a nova tecnologia, pois o óleo também
pode ser utilizado para dar sabor de defumado a alimentos.
“No Brasil essa aplicação é praticamente
inexpressiva, mas nos EUA e no Canadá há bastante
espaço”, afirma Rocha.
Especialistas informa que o produto não é
indicado como substituto direto do petróleo como
combustível para veículos. “O teor calorífico
é mais baixo que o do petróleo, o que inviabiliza
essa aplicação”, explica o pesquisador no
Nipe.
PROCESSO DE FABRICAÇÃO...
Para obter o óleo vegetal, a matéria-prima
– já beneficiada sob a forma de pó fino –
é submetida a uma temperatura de até 500ºC
dentro de um reator. O processo, denominado pirólise
rápida, transforma os resíduos sólidos
em líquido combustível.
“O Brasil é um país rico em biomassa. Ao transformarmos
resíduos agrícolas em óleo, além
de criarmos um produto com alto valor agregado, estamos
produzindo um combustível ecologicamente correto”,
diz Rocha.
O objetivo dos pesquisadores é estimular a construção
de fábricas em regiões vizinhas a usinas de
álcool, papel e celulose ou de beneficiamento de
arroz e café.
Entretanto, o resíduo agrícola de maior interesse
para os pesquisadores é a palha de cana-de-açúcar.
Com a intensificação da colheita mecanizada,
o produto será abundante – e até o momento
não tem aplicação industrial.
A Bioware, companhia que pertence a um pólo de empresas
incubadoras da Unicamp, procura parceiros para lançar
o produto em escala comercial.
Para a construção de uma unidade industrial
com capacidade de beneficiamento de 300 kg/h, e estimado
um investimento de R$ 3 milhões, com expectativa
de retorno em dois anos.
Mais informações: Bioware, telefone: 0/xx/19
3788-4996
Fonte: Folha de São
Paulo
Por Cíntia Cardoso
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Alternativa
nordestina: mamona produz o biodiesel
Um combustível renovável,
ecologicamente correto, que possa ser produzido a partir
de mamona planta nas regiões de seca do Nordeste,
ajudando o sertanejo a ter uma fonte de renda.
Essa é a base do projeto da transformação
do óleo de mamona (planta que resiste bem à
estiagem) em óleo diesel, que pode ser usado em qualquer
motor, como os de tratores ou os de caminhões, sem
nenhuma adaptação.
Pesquisadores das universidades federais do Ceará,
Piauí, Rio de Janeiro e a Nutec (Fundação
Núcleo de Tecnologia Industrial), vinculada ao governo
do Ceará, estão envolvidos na implantação
e na difusão do programa.
E a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais) defende a criação
de um plano nacional para a produção de biodiesel
a partir de óleos vegetais.
O biodiesel pode ser produzido a partir de todo óleo
vegetal e até animal, como óleo de peixe.
No caso do combustível feito a partir de óleo
de mamona, que tem uma viscosidade maior, ele precisa ser
misturado na proporção de 20% de biodiesel
para 80% de diesel comum para ser usado. Na sua combustão,
não há emissão das substâncias
mais poluentes (que contêm enxofre), encontradas nos
combustíveis fosseis.
Segundo o criador do biodiesel, o professor aposentado da
universidade Federal do Ceará, Expedito Parente,
o projeto pode avançar para outras regiões
do país além do nordeste. O biodiesel pode
inclusive ser usado em geradores de energia, neste momento
de escassez, ajudando a reduzir a importação
de petróleo”, afirma. Um módulo-piloto do
programa já está funcionando na Embrapa Meio-Norte,
em Teresina, no Piauí. Ele é conduzido pelo
pesquisador Francisco de Brito Melo.
Além da mamona, o feijão caupi, variedade
mais resistente à seca, está sendo plantado
intercalado com a mamona para aproveitar o espaço
a ser uma alternativa de renda e de alimento no sertão.
As experiências efetuadas no módulo da Embrapa,
cuja área é de 1 ha, já mostram que
a mamona de 300 a 400 milímetros de chuva no seu
ciclo, que é de cinco meses.
“No semi-árido, chove em média de 600 a 700
milímetros em cinco meses. Em época de seca
a média é de 400 milímetros em cinco
meses”, afirma Melo. Depois de extraído o óleo,
a sobra (chamada de torta ou farelo) ainda pode ser usada
como ração animal. No caso da mamona, é
preciso desintoxicar o farelo antes de transformá-lo
em ração. É possível também
transformar a madeira do caule em adubo. A mamona produz
de 15 a 20 toneladas de madeira por hectare, segundo Melo.
A Nutec está desenvolvendo ainda uma usina-piloto
para a produção do biodiesel, coordenada pelo
professor Expedito Parente. A intenção é
produzir de 2000 a 3000 litros por dia de combustível
dentro de 90 dias, mas ainda são necessários
R$ 500 mil para concluir a instalação.
O governo federal já recebeu uma proposta para o
financiamento de cem cooperativas de agricultores no Piauí
que plantariam a mamona. De acordo com o projeto, 100 mil
agricultores poderiam ser beneficiados. “O projeto, além
de ser uma alternativa ímpar para a escassez de petróleo,
é uma possibilidade concreta de convivência
com a seca”, diz José Maia Filho, presidente da APPM
(Associação Piauiense das Prefeituras Municipais).
O biodiesel foi desenvolvido há mais de 20 anos,
por Parente.
“O projeto não foi adiante por causa da ênfase
na época ao Programa Nacional do Álcool (Proálcool)”.
Mesmo assim, mais de 300 mil litros foram usados em testes
por grandes montadoras.
“Na Alemanha, no entanto, experiências similares foram
adiante, e hoje o país tem cerca de 800 bombas de
biodiesel nos seus postos de combustível, produzido
com base na colza (uma variedade de couve)”, diz Parente.
Segundo ele, na Amazônia o biodiesel pode servir como
combustível para barcos e ser usado em geradores
e comunidades em áreas isoladas. No Centro-Sul, o
seu uso pode ajudar a diminuir a poluição
nos grandes centros urbanos.
Fonte: Folha de São
Paulo
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Embrapa
lança máquina que produz diesel vegetal
A Embrapa e a Universidade
de Brasília lançaram na última quinta-feira
protótipo de uma máquina que aumenta as chances
de baratear o óleo diesel vegetal e oferece aos agricultores
uma opção de auto-suficiência energética.
Com altas temperaturas e uso de um catalisador, o equipamento
é capaz de converter óleo de soja, de girassol,
dendê ou até de fritura em óleo diesel
vegetal. Os pesquisadores inventaram um catalisador que
permite uma maior produção de óleo
e eliminação de impurezas. A cada litro de
óleo à base de fibras vegetais é possível
extrair 700 ml de óleo diesel vegetal, informa o
professor do Instituto de Química da UnB, Paulo Suarez,
um dos responsáveis pelo projeto. Depois é
só abastecer o veículo ou trator a diesel,
sem necessitar adaptar o motor. O agricultor pode passar
a produzir o seu próprio combustível.
Ontem, durante o lançamento, um ônibus movido
100% a óleo diesel vegetal transportou o ministro
da Agricultura, Marcus Vinícios Pratini de Moraes,
e demais autoridades da sede da Embrapa até a unidade
de Recursos Genéticos e Biotecnologia da empresa.
No percurso de cerca de 800 metros, o ministro avaliou que
o novo modelo pode ser uma boa alternativa para agricultores,
principalmente da Amazônia e Centro-Oeste que, por
estarem distantes do centro consumidor, são penalizados
com altos custos do transporte do combustível.
O pesquisador da Embrapa Elias de Freitas Junior explica
que outra vantagem do produto é reduzir a emissão
de gases do efeito estufa em comparação com
o diesel tradicional. Ele observa que a extração
do petróleo retira gás carbônico do
subsolo e depois o lança para a atmosfera contribuindo
para o efeito estufa. Já o óleo diesel vegetal,
assim como o álcool, contribui para capturar esses
gases. “Temos um combustível verde”, entusiasma-se
o pesquisador, informando ainda que o projeto vem sendo
desenvolvido há um ano e meio.
Desde março, dois motores, um alimentado por diesel
convencional e outro por diesel vegetal, têm funcionado
por períodos idênticos. “Até agora,
nenhum problema com o motor de diesel vegetal”, garantiu
o pesquisador. Isto indica, na opinião dele, que
não há acumulação de gordura
dentro dos motores, um dos problemas apontados por críticos
do biodiesel.
A equipe conseguiu desenvolver um catalisador que permite
reduzir a temperatura necessária para produzir o
óleo. Ao invés dos 350º C, inicialmente
utilizados no processo, os pesquisadores conseguiram empregar
uma temperatura de 200º C. O biodiesel não é
uma proposta nova no Brasil, surgiu ainda na época
do Proálcool. Volta a se apresentar como uma alternativa,
diante da alta do dólar e da crise no Oriente Médio,
que encarece o petróleo. A Secretaria de Agricultura
de São Paulo tem testado óleo de girassol
em tratores.
Fonte: O Estado de São
Paulo
Por Sandra Sato
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País
terá primeira usina de óleo de mamona
A Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), a 90 quilômetros de São
Paulo, acaba de assinar com a Gel Garanhuns Empreendimentos,
de Pernambuco, contrato de transferência de tecnologia
para a produção de óleo de mamona e
extração de seus derivados. A empresa, que
faz projetos de irrigação, está investindo
US$ 600 mil para montar a primeira usina processadora de
óleo de mamona do País em escala industrial.
Inicialmente, a unidade vai produzir uma resina especial
que substitui com vantagens os derivados de petróleo
na produção de vernizes, próteses e
lentes de contanto, entre outros.
“É o primeiro passo para o Brasil se tornar auto-suficiente
na produção de derivados de óleo de
mamona”, disse à Agência Estado o reitor da
Unicamp, Carlos Vogt. Embora seja um grande exportador de
óleo bruto, o País ainda precisa importar
seus derivados. De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou
22,6 mil toneladas de óleo bruto, representado uma
receita de US$ 18,1 milhões. Em contrapartida, nos
primeiros quatro meses do ano forma importadas 3,2 mil toneladas
de derivados, ao custo de US$ 6 milhões.
A Gel Garanhuns vai instalar a usina processadora próximo
ao município de Petrolina (PE). A fábrica
terá capacidade para produzir 100 mil litros de resina
por mês. Dos US$ 600 mil, metade será aplicada
nas instalações e a outra metade na transferência
de tecnologia. “Estamos otimistas quanto ao retorno porque
este mercado ainda, não foi explorado no Brasil”,
diz o diretor comercial da Ger Garanhuns, Marcos Dourado
Azevedo.
TECNOLOGIA...
A transferência de tecnologia também envolve
o Instituto Agronômico de campinas (IAC), a Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (Cati) e o
laboratório Khel Indústria e Comércio,
de São Carlos, a 235 quilômetros de São
Paulo. O Khel é responsável pela situação
do óleo de mamona na resina R21, que serve de matéria-prima
à indústria de química fina e é
50% mais barata que o seu similar derivado do petróleo.
“Além de custar menos, a R21 não é
tóxica e nem poluente”, garante o diretor do laboratório,
Eduardo Khel. Com esta resina é possível fabricar
lentes de contato, próteses e um material semelhante
ao silicone, destinado à cirurgia plástica.
“A grande vantagem é que estes produtos não
são tóxicos, ao contrário de seus similares
derivados do petróleo”, explica Khel.
O óleo de mamona também já vem sendo
usado na aviação. Dele se extrai fluidos para
freios, tintas mais resistentes aos raios ultra-violeta
e um aditivo anti-congelante para o combustível.
Na indústria já foram testados com sucesso
pela Fiat, Ford e Scania. As resinas plásticas a
partir do óleo de mamona reduzem em 20% o peso dos
veículos.
PRODUTIVIDADE...
A Gel Garanhuns pretende plantar 800 alqueires de mamona
para abastecer a usina processadora. Será utilizado
o cultivar Guarani, desenvolvido pelo IAC. “Esta variedade
produz quatro toneladas por hectare, enquanto a mamona nativa
faz 500 quilos por hectare”, diz o agrônomo Nicolau
Banzatto, que há 35 anos realiza pesquisa no IAC.
A produção de sementes ficará a cargo
da Cati, enquanto a Unicamp desenvolveu os equipamentos
para beneficiamento. “A mamona representa uma nova opção
de riqueza para o País”, destaca o especialista em
extensão rural da Cati, Luis Olavo de Carvalho. “E
um negócio mais rentável que a soja, desde
que se domine o processo de industrialização”,
acrescenta.
Atualmente, o Brasil é o terceiro produtor mundial
de mamona – atrás apenas da Índia e da China
-, com 133 mil toneladas por ano – 70% cultivados na Bahia.
Fonte: O Estado de São
Paulo
Por Clayton Levy
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Ar
comprimido serve de combustível para carro
Um carro movido a ar comprimido
e óleo de cozinha que não emite um pingo de
poluição e do qual se pode encher o tanque
com menos de R$ 3. Não é sonho de ambientalista
nem delírio de taxista. O carro existe, criado pela
Motor Development International (MDI). A pequena empresa
de Luxemburgo busca parceiros no Brasil para a construção
de sete fábricas e concessão de serviços
técnicos para distribuição de peças
e venda de “combustível”- nesse caso, ar comprimido.
Projetado pelo engenheiro francês Guy Negre, o carro
não funciona apenas com ar sugado do ambiente. O
motor de 25 cavalos e quatro cilindros é alimentado
por três tanques com capacidade para 90 metros cúbicos
de ar comprimido, que é injetado para movimentar
os pistões e depois eliminado a uma temperatura de
–15ºC, podendo inclusive ser reaproveitado no sistema
de ar condicionado. Como não há combustão,
não há poluição. Na verdade,
o ar sai mais limpo do que quando entrou, pois é
filtrado no processo de compressão. O carro, obviamente,
não é dos mais possantes, mas representa uma
opção econômica e ambientalmente saudável
para o tráfego urbano. A autonomia do veículo
é de 300 quilômetros, com velocidade máxima
de 110 quilômetros por hora. O reabastecimento pode
ser feito em casa mesmo. É só ligar o carro
na tomada para ativar um compressor embutido de 5 quilowatts,
que carrega os tanques em três horas – como se fosse
um telefone celular, fora de casa, a opção
mais rápida seria bomba de ar comprimido instaladas
em opostos de gasolina. Nesse caso, o reabastecimento levaria
três minutos. Segundo o diretor comercial da MDI na
América Latina, Miguel Celades Rex, a empresa já
recebeu mais de 1.500 pedidos de compra no Brasil pela internet.
Por enquanto existe apenas protótipos, em, quatro
modelos: carro familiar, táxi, van e picape. “A tecnologia
está pronta, só falta produzir”, disse o diretor.
Fonte: Folha de São
Paulo
Por Herton Escobar
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Gás
produzido em aterros vira energia
Unir o útil ao agradável.
Tendo esse objetivo em mente, a Prefeitura de São
Paulo fechou contrato com duas empresas para, até
o fim do ano, dar uma destinação ambientalmente
correta para o gás metano (CH4) expelido pela degradação
do lixo nos aterros sanitários da cidade, usando-o
como fonte alternativa de energia.
Apesar de terem notas boas de IQR, Índice de Qualidade
de Aterro de Resíduos, usado para avaliar a qualidade
da destinação do lixo, os aterros São
João e Bandeirantes nunca trataram o metano. Produzido
naturalmente na decomposição da matéria
orgânica, por ação do ar, da luminosidade,
da umidade ou de bactérias, o gás é
simplesmente jogado na atmosfera, onde muitas vezes se queima
espontaneamente e provoca danos ambientais e à saúde.
O metano é um dos gases que contribuem para o aumento
do efeito estufa – o aprisionamento da radiação
solar da atmosfera, que provoca o aquecimento excessivo
do planeta, mudanças climáticas e, a longo
prazo, pode causar tragédias como a inundação
de cidades litorâneas. A queima incompleta do gás
- como a que acontece quando ele entra em contato com o
oxigênio do ar – produz monóxido de carbono
(CO), que é tóxico.
Aproveitando-se da atual crise no setor energético,
a Secretária do Verde e do Meio Ambiente do município
conseguiu interessados para tocar um projeto que estava
na “gaveta” desde a gestão Paulo Maluf (1993-1996).
A geração de energia serviu como compensação
econômica. As empresas que venceram a licitação
não receberão nenhum centavo para transformar
lixo em eletricidade. O ganho virá com a venda de
energia para a Eletropaulo (companhia distribuidora). A
estimativa oficial é que os gases captados no São
João e no Bandeirantes gerem juntos 14 mil kWh –
quantidade de energia suficiente para abastecer cerca de
14 mil casas de classe média. As empresas que farão
o conversão do gás em eletricidade vão
produzir exatamente o que a prefeitura consome em seus prédios
e devolver essa energia gasta à realidade. Foi a
forma de enquadrar a “planta de metano” às regras
de produção da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica).
A Enterpa Engenharia Ambiental será responsável
pelo processo no aterro São João, e a Biogás
Energia Ambiental S.A. fará a conversão no
Bandeirantes.
A prefeitura, por sua, também terá um lucro,
além do ambiental. Para explorar o metano, as empresas
pagarão, cada uma, um valor simbólico de R$
3.500. A Secretaria de Serviços e Obras, que cuida
da destinação do lixo, também irá
economizar por não ter mais de fazer alguns serviços
de manutenção nos aterros. Na Europa e nos
Estados Unidos, o uso do lixo orgânico para geração
de energia é mais comum. Nesses casos, porém,
o uso do metano já foi em grande parte substituído
pela queima direta dos resíduos, cujo poder calorífico
é maior que o do gás.
O projeto a ser desenvolvido em São Paulo começa
com a captação do gás por meio de tubos
subterrâneos no aterro e sua canalização
para uma estação de controle. Lá são
controlados fatores de risco como o teor de oxigênio
(O2) em contato com o metano, de forma que ele não
fique numa concentração tão alta a
ponto de provocar uma explosão. Depois disso, o metano
é purificado, para que sejam eliminadas substâncias
como o gás carbônico (CO2) e impurezas, também
produto da degradação do lixo, mas que não
são combustíveis.
Finalmente, o gás vindo do lixo é canalizado
para uma pequena usina, onde fará funcionar um motor
de combustão ao qual está acoplado um gerador
de energia.
Outras alternativas possíveis para o metano são
a sua compressão e posterior utilização
como combustível em carros e sua aplicação
na indústria para aquecimento de caldeiras, por exemplo.
Tais usos não estão previstos nos atuais contratos,
mas são cogitados pelos técnicos da Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente.
CATADOR ABANDONOU BOTIJÃO
PARA COZINHAR...
Todo o lixo da casa do pernambucano Jocemar Silveira, 29,
é atualmente reaproveitado. Os materiais inorgânicos
vão para a reciclagem; os orgânicos são
usados para produzir gás de cozinha,
A comida preparada com o metano que vem da degradação
do lixo tem um sabor especial. Catador em São Paulo
há mais de dez anos, Silveira que só estudou
até a oitava série do ensino fundamental,
construiu sozinho o biodigestor que transforma restos de
comida em combustível.
O protótipo, em funcionamento desde abril, abastece
as seis pessoas da família de Silveira e é
um exemplo do autodidatismo e da experiência prática
do catador.
“Pela observação do lixo, percebi que os sacos
onde ficavam guardados os resíduos orgânicos,
depois de um certo tempo, inchavam e ficam suados, molhados
do lado de fora” conta Silveira.
Estudando por conta própria o fenômeno, ele
chegou a conclusão de que o “inchaço” era
causado pelo gás metano que emana no processo de
degradação orgânica e que poderia ser
reaproveitado.
“Nós [da Associação de Catadores do
Núcleo Habitacional Pedra Sobre Pedra, na sul de
São Paulo, presidida por Silveira] pensávamos
em dar outra destinação para o material orgânico,
além da compostagem”, diz. “O metano é um
combustível alternativo, já que o gás
de cozinha tradicional [mistura de butano e propano] é
derivado do petróleo, um recurso não-renovável”.
O protótipo custou R$ 200, segundo Silveira. O cilindro
de 1 m de comprimento e 30 cm de diâmetro onde ficam
os restos e o metano foram encontrados no lixo; os mecanismos
de controle de pressão e as válvulas reguladoras
custaram, ao todo, R$ 180; e a execução do
projeto consumiu R$ 20.
O biodigestor levou seis meses para ser concluído.
“Já estou economizando até R$ 38 por mês
por não ter de comprar dois botijões de gás
de cozinha”, diz. Os dois primeiros meses de teste revelaram
que 25 quilos de metano – quase um botijão.
“Agora eu preciso de ajuda de universidades, iniciativa
privada e poder público para continuar os estudos
e produzir em larga escala. Mas, se não conseguir,
vou começar sozinho mesmo. Sou um homem prático”,
afirma Silveira. A utilização do metano na
cozinha é considerada restrita em razão da
necessidade de uma pressão muito alta para liqüefazer
o gás, de forma que ele se torne mais seguro para
o uso doméstico. No estado gasoso, os riscos de explosão
são muito maiores em razão da volatilidade.
REGIÃO FRANCESA
TEM USINA DESDE 92...
A exemplo de diversas cidades norte-americanas e européias,
a comunidade francesa de Cergy-Pontoise, que reúne
11 pequenas vilas a 25 km de Paris, tem, desde 1992, uma
grande usina de reaproveitamento de lixo, onde os resíduos
orgânicos são usados como fonte alternativa
de energia.
A tecnologia, porém, é diferente: chama-se
“waste to energy” (do lixo à energia) e consiste
da queima direta do material nas casas, e não da
utilização do metano produzido naturalmente
na sua degradação.
Com a combustão do lixo, são gerados 150 mil
MWh, suficientes para abastecer a própria usina e
mais 30 mil casas na região, que tem 200 mil habitantes.
Apesar de ambientalistas afirmarem que a incineração
do lixo não é uma saída porque ela
produz gases estufa, o sindicato que administra Cergy-Pontoise
e foi o responsável pela implantação
da usina diz que esses gases passam por um tratamento de
filtragem e lavagem, indo para a atmosfera com poluentes
em níveis abaixo do máximo recomendável.
A queima direta do material orgânico é considerada
mais eficiente do ponto de vista energético do que
a do metano. Segundo Luciano Basto Oliveira, pesquisador
da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de
Pós-Graduação em Engenharia), o aproveitamento
do lixo produzido no Brasil – incluindo a reciclagem, a
queima do metano e da celulignina, produzida na pré-hidrólise
do material orgânico – poderia responder por até
15% da energia consumida no país.
Em Cergy-Pontoise, a conversão do lixo orgânico
em energia faz parte de um processo que inclui ainda a triagem
de material reciclável e seu encaminhamento para
a reutilização e a compostagem do material
orgânico.
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Acidez
controlada leva ao biogás
Não é de hoje
que Prefeituras como a de São Paulo usam o gás
metano produzido nos aterros sanitários como combustível
para ônibus e caminhões. A tecnologia de produção
de gás a partir de esterco é mais recente
no Brasil. Em ambos os casos, porém, a cal tem papel
importante pois leva a massa orgânica a atingir o
nível de acidez adequado à obtenção
do gás.
Um dos projetos de maior sucesso da produção
de gás em pequena escala é do Zoológico
de São Paulo, que coleta as fezes dos animais (elefantes,
rinocerontes, girafas etc) para produzir o gás necessário
para movimentar caminhões e fazer funcionar a cozinha
onde são preparadas as rações dos bichos.
Esse gás será usado futuramente também
para aquecer as jaulas dos animais, no inverno.
“Os biodigestores reduzem a carga de poluição
dos resíduos orgânicos prejudiciais ao ambiente,
ao mesmo tempo em que oferecem uma energia alternativa”,
explica o engenheiro José Epitácio. Ele ensina
que para produzir o gás, o fazendeiro precisa colocar
o esterco já diluído dentro do biodigestor,
mas com a mistura resultante geralmente é ácida,
é preciso corrigir o pH com cal. Colocada no biodigestor,
a cal reage com o gás carbônico (CO2), formando
bicarbonato de cálcio e alcalinizando o meio, que
deve ficar entre pH 6,8 e 7,2. É nessa faixa que
se desenvolvem melhor as bactérias responsáveis
pela fermentação, que vão digerindo
o esterco e produzindo o gás.
Os biodigestores são tão úteis, que
apenas na Índia há 160 mil em funcionamento
na área rural, enquanto na China eles somam 7,2 milhões
e operam inclusive a partir de dejetos humanos.
METANO PURO...
O gás conseguido apresenta de 50% a 70% de metano
e 30% a 50% de anidrido carbônico e pequenas parcelas
de hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio.
Para o cálculo do aproveitamento, o engenheiro esclarece
que o metano puro tem poder calorífico de 9.010 kcal
por metro cúbico, à pressão de uma
atmosfera.
Fonte: O Estado de São
Paulo
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Unesp
vai transformar lixo de saúde em energia
Assumir o tratamento adequado
do próprio lixo de saúde e de 30 outros municípios
do interior de São Paulo, transformando os resíduos
em energia elétrica e reaproveitando o que for possível
da parcela inofensiva do material.
É assim que a Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade
Estadual paulista) de Botucatu (230 km da capital paulista)
vai resolver um quadro de destinação “cheio
de irregularidades”, na avaliação da médica
Elenice Deffune, coordenadora responsável do Projeto
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Área
de Saúde no Campus de Botucatu.
Financiado pelo BID (Banco Interamericano de desenvolvimento),
o projeto prevê a instalação de uma
usina para incineração dos resíduos
perigosos e seu aproveitamento energético, a exemplo
do que já ocorre na região de Cergy-Pontoise,
nos arredores de Paris, e em outras cidades da Europa.
A idéia da Unesp é receber, além das
42 t geradas por mês com campus, o lixo de saúde
de todos os municípios da região, que hoje
é jogado em aterros comuns ou vai para o forno da
universidade, “que não está adequado, a gente
sabe”, afirma Elenice. E as prefeituras da região
não terão, a priori, de desembolsar nem um
centavo.
“a implantação da usina não custará
menos de US$ 1 milhão [cerca de R$ 2,3 milhões],
sendo 15% disso a contrapartida da universidade. Mas nosso
‘lucro’ será a geração energética.”
O projeto está em fase de licitação
e deve começar a funcionar em 2004.
“Quem gera tem de ter responsabilidade para resolver a destinação
final. Quando são simplesmente jogados num lixão
ou aterro, esses resíduos acabam comprometendo a
qualidade de vida de uma população que já
é desprovida de tudo”, diz Elenice.
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Tecnologia
pode reduzir poluição na queima de pneus e
produzir combustível
PNEUS USADOS PODEM VIRAR
COMBUSTÍVEL...
Pneus velhos podem ser utilizados como combustível,
é o que diz estudos realizados por um pesquisador
da Universidade de São Paulo (USP), que inventou
uma técnica de realizar a queima quase completa do
material, reduzindo ao mesmo tempo a emissão de poluentes
e gerando mais energia.
Com a utilização de um filtro de cerâmica
resistente a altas temperaturas o engenheiro Jefferson Caponero,
conseguiu reduzir a emissão de fuligem (partículas
de carbono) pela queima de resíduos de pneus em até
99%, isso poderá estimular a reciclagem de pneus,
reduzindo o uso de combustíveis fósseis como
petróleo, carvão mineral entre outros, diminuindo
dessa maneira a quantidade de lixo nos aterros sanitários.
UM PROBLEMA AMBIENTAL...
Há muito tempo que os pneus são um problema
para os ambientalistas, que não sabem o que fazer
com as unidades descartadas, estima-se que no Brasil sejam
descartadas cerca de 30 milhões de unidades por ano,
nos Estados Unidos é produzido dez vezes essa quantidade.
O PROBLEMA NÃO
É TÃO SIMPLES...
Como os pneus são derivados do petróleo, eles
poderiam ser reciclados a fim de gerar energia, pois cada
quilo do material tem teor energético de 33 megajaules,
ou 6.600 calorias, é mais do que possui o carvão
betuminoso, usado como combustível em termelétricas,
uma caloria é a quantidade de energia necessária
para esquentar um grama de água em 1º C. A questão
que não é tão simples recuperar a energia
de pneus usados, diversos grupos de pesquisadores tentam
obter gás, carvão e óleo combustível
através da pirólise que é um tipo de
degradação por calor, porém ainda não
conseguiram tornar esses produtos competitivos no mercado
em relação aos combustíveis fósseis
novos.
Uma maneira econômica de se aproveitar essa energia
seria simplesmente queimando o pneu num forno, entretanto
ambientalmente incorreta, pois com a queima incompleta desses
compostos chamados hidrocarbonetos aromáticos, presentes
nos pneus produzem uma grande quantidade de partículas
de carbono, além de gases tóxicos como o monóxido
de carbono (CO), o dióxido de enxofre (SO2) e os
óxidos de nitrogênio (NOx), para uma queima
ideal e completa deveria ser produzido gás carbônico
e água disse o pesquisador da USP, porque durante
a reação as moléculas de carbono vão
se ligando ao oxigênio que esta presente e as queimas
parciais deixam mais carbonos livres, para isso ele testou
nos fornos em que os pneus são queimados um filtro
cerâmico de carbonato de silício, desenvolvido
no Japão, sendo o material capaz de resistir a temperaturas
de até 1000º C, possuindo microscópios
em que as partículas de carbono e parte dos gases
ficam retidas, reduzindo dessa maneira a fumaça,
o pesquisador dividiu a queima em duas etapas para torná-las
mais completas, diminuindo a quantidade de carbono em suspensão
e de monóxido de carbono na fumaça, agora
ele está analisando a viabilidade econômica
de unir combustão e pirólise para gerar energia.
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As
energias biológicas
As fontes de energias biológicas
são aquelas produzidas a partir de microrganismos
aperfeiçoados ou da biomassa. Biomassa é o
conjunto de organismos que podem ser aproveitados como fontes
de energia: a cana-de-açúcar e o eucalipto
(dos quais se extrai o álcool), diversos tipos de
árvores (lenha e carvão vegetal), o plâncton
(minúsculos animais e algas que vivem em suspensão
nas águas dos rios e mares), alguns óleos
vegetais (mamona, amendoim, soja, dendê) etc.
Provavelmente as principais fontes de energia do século
XXI serão de origem biológica, produzidas
a partir da biotecnologia. A Agência Internacional
de Energia (AIE) calcula que dentro de mais ou menos 10
anos cerca de 30% do total de energia consumida pela humanidade
será proveniente da biomassa. Em geral, salvo algumas
exceções elas são “energias limpas”,
isto é, que não produzem poluição
e nem se esgotam e, pelo contrário, até podem
contribuir para eliminar parte da poluição
devido ao uso produtivo que fazem do lixo e outros detritos.
OS BIODIGESTORES...
O biodigestor é um equipamento que reaproveita os
resíduos para produzir gás. O gás é
liberado a partir da decomposição, feita por
certas bactérias, de esterco, palha, bagaço
de vegetais e mesmo o lixo, depois de uma separação
dos elementos inutilizáveis, vidro e plástico
(que podem ser reciclados). O gás assim produzido
pode ser usado como combustível para fogões,
motores ou até mesmo para turbinas que produzem eletricidade.
Os biodigestores são apropriados para serem construídos
não em unidades gigantescas e sim em pequenas unidades
espalhadas pelas cidades e pelo meio rural. Na Índia
e na China existem milhares de biodigestores no campo e
nas cidades. Em muitos outros países, e mesmo no
Brasil, são usados biodigestores nas área
rurais. Há projetos de construção de
biodigestores em grandes cidades, mas eles não conseguem
reciclar todo o lixo de uma gigantesca metrópole.
Para tal são necessárias centenas ou até
milhares de usinas de biogás, de biodigestores.
Tais equipamentos podem vir a constituir uma excelente alternativa
para as fontes principais de energia da atualidade – todas
mais ou menos poluidoras. Em vez de aumentarem a poluição,
eles ajudam a resolver o problema ocasionado pela existência
do lixo. E por suas pequenas dimensões (em comparação
ao gigantismo das usinas nucleares, hidrelétricas
ou termelétricas), as usinas de biogás causam
menor impacto ambiental, isto é, não alteram
radicalmente o meio ambiente onde são construídas
e não oferecem grandes riscos em caso de acidentes.
Tanto o biogás e também a energia solar são
considerados fontes de energia “limpas”, isto é,
que não ocasionam problemas ambientais ou de poluição.
Petróleo, carvão, energia nuclear e energia
hidrelétrica são de uma forma ou de outra
poluidoras. Contudo, nas últimas décadas pouco
esforço se despendeu para desenvolver a tecnologia
da produção da energia solar ou do biodigestor,
ao contrário das vultosas verbas gastas anualmente
com a energia nuclear. Mas com o fim da Guerra Fria e com
o novo conceito de grande potência que vai se firmando
– são mais um Estado militarizado, com armas nucleares,
mas sim uma economia moderna e com tecnologia avançada
-, é provável que as pesquisas para aperfeiçoar
e implantar novos biodigestores avancem bastante nos anos
90e início do século XXI.
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Biomassa
Formada por bagaço
de cana, resíduos agrícolas e farpas de madeira,
é uma fonte de energia que causa mínimo impacto
ao meio ambiente – todo tipo de geração de
energia causa impactos ambientais. No mínimo, ocorre
um efeito térmico por causa do calor liberado na
atmosfera, contribuindo para o aquecimento do planeta. O
Brasil produz cerca de 300 milhões de toneladas de
bagaço de cana-de-açúcar por safra.
Geralmente parte desse bagaço é queimado a
céu aberto, lançando particulados de carbono
na atmosfera, enquanto poderia estar produzindo energia,
através de equipamentos dotados de filtros para bloquear
essas emissões de particulados. Estaríamos
resolvendo 2 problemas de uma só vez.
Por Ana Paula Cunha
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Usina
do Rio vai gerar energia a partir do lodo do esgoto
A Secretaria de Energia,
Indústria Naval e Petróleo e a Companhia de
Água e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) assinaram
na semana passada acordo de cooperação técnica
para a instalação de uma usina piloto de geração
de energia a partir do lodo de esgoto. O projeto custará
US$ 2 milhões e contará com recursos da UTE
Norte Fluminense. A unidade piloto será instalada
na Estação de Tratamento da Penha, no Rio,
e deverá entrar em funcionamento dentro de nove meses.
Ela vai operar de forma experimental por 24 meses e deverá
gerar 1 megawatt de energia.
Com este projeto, a UTE vai se beneficiar de um programa
que concede um diferimento do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) para usinas termelétricas
que se instalem no Estado e invistam em projetos que utilizem
fontes alternativas de energia. A Secretaria de Energia,
Indústria Naval e Petróleo do Rio informou
que a tecnologia utilizada na usina permitirá a instalação
de novos geradores para ampliar a sua capacidade, depois
dos 24 meses de operação experimental.
Fonte: O Estado de São
Paulo
Renata Stuani
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A
energia que vem do lixo
Resíduos agrícolas,
como bagaço de cana, casca de arroz e até
estrume das vacas, são alternativas para a crise.
Dos resíduos das fazendas brasileiras poderá
sair parte da solução para a crise energética
em que se encontra o país atualmente.
A ameaça de apagões, por conta do déficit
no fornecimento de energia, tem colocado em destaque os
projetos de co-geração de energia a partir
do bagaço da cana-de-açúcar executados
atualmente pelas usinas paulistas. Este ano, essas usinas
deverão gerar apenas 80 megawatts (MW), aproximadamente.
O potencial de produção de energia das cerca
de 30 usinas da região de Ribeirão Preto,
principal área sucroalcooleira do Estado, é
de cerca de 1700 megawatts, segundo Iso Brasil, da IR Consultoria,
de Ribeirão Preto (SP).
Essa quantidade, afirma ele, seria suficiente para suprir
cerca de 10% da energia consumida no Estado de São
Paulo. A Coopersucar, que possui o principal centro brasileiro
de pesquisa da cana, diz já haver disponível
no exterior tecnologia para dobrar esse potencial. “O Brasil
tem de partir para a diversificação”, diz
Suani Teixeira, professora da USP e coordenadora do Centro
Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio).
Ela diz que outros materiais podem gerar energia, como a
casca de arroz e os resíduos de madeiras e de indústrias
de papel e celulose, além dos óleos vegetais.
“O lixo urbano e até mesmo o esterco podem ser aproveitados
por biodigestores para gerar eletricidade”, afirma o físico
José Goldemberg, professor da USP. Em um país
agrícola como o Brasil, diz ele, a energia proveniente
de materiais orgânicos pode Ter uma ampla utilização.
“Mas precisamos aprimorar essas tecnologias, que foram desprezadas
por muito tempo”.
INVESTIMENTOS...
Tecnologia que começou a ser adotada há quase
20 anos, a energia gerada a partir da queima do bagaço
da cana é hoje vendida por 12 das cerca de 80 usinas
do Estado a empresas do setor elétrico.
Antes de sua utilização para a co-geração
de energia, o bagaço era apenas um resíduo
da produção sucroalcooleira, sendo utilizado,
no máximo, na formulação de algumas
rações para o gado.
“Até recentemente, o interesse das usinas na geração
de energia elétrica a partir do bagaço era
pequeno”, diz Cícero Junqueira Franco, vice-presidente
da Companhia Açucareira Vale do Rosário, em
Morro Agudo (SP). Ela é hoje a principal usina fornecedora
de energia para a CPFL (Companhia Paulista de Força
e Luz), com quem mantém um contrato de longo prazo.
A Vale do Rosário produziu no ano passado 17 megawatts
a partir do bagaço da cana. A empresa pretende este
ano aumentar a produção para 30 megawatts.
“Os investimentos tendem a aumentar a partir de agora”,
diz o consultor Mircea Manolescu.
Outras usinas paulistas também estão ampliando
sua capacidade. Na Moema, em Orindiúva, a produção
irá saltar de 1,7 megawatts para 10 megawatts este
ano.
Já a Santo Antonio, em Sertãozinho, está
investindo R$ 17 milhões para aumentar sua capacidade
de co-geração de 10 megawatts para 26 megawatts
em 2002. “Uma das grandes vantagens é que as usinas
geram durante a safra, que vaia de maio a setembro. É
justamente nesse período que os reservatórios
das hidroelétricas estão vazios”, diz Cícero
Junqueira Franco, da Vale do Rosário.
ESTRUME PODE MOVIMENTAR
GERADORES...
Instalações que permitem processar materiais
orgânicos, os biodigestores não têm o
mesmo potencial de geração de energia que
possui a queima do bagaço da caba e da casca do arroz.
Eles podem, no entanto, ser uma alternativa para pequenas
propriedades rurais, segundo o professor Jorge de Lucas
Junior, da Unesp de Jaboticabal (SP). No caso de fazendas
de produção de leite, por exemplo, as fezes
dos animais poderiam contribuir para acender algumas lâmpadas.
O biodigestor extrai dos dejetos o biogás, que pode
movimentar motores a combustão, que, nesse processo,
fariam o papel de uma turbina. A turbina, finalmente, movimenta
o gerador de energia elétrica. “É um processo
ainda pouco utilizado, mas que é economicamente viável”,
diz o professor.
CASCA DE ARROZ VAI ILUMINAR
CIDADES...
Sobra do beneficiamento, a casca do arroz será utilizada
este ano por produtores gaúchos para a produção
de energia elétrica.
A tecnologia está sendo levada para a região
de Uruguaiana (650 km de Porto Alegre) pela BK, uma joint-venture
das empresas Brennard e Koblitz, com sede em Recife (PE).
O projeto envolve ainda uma das maiores beneficiadoras de
arroz do país, a Zaeli Alimentos. A casca, que representa
cerca de 23% do volume do arroz e não tem até
agora nenhuma utilidade, será utilizada como combustível
das caldeiras em uma usina instalada em terreno cedido pela
Zaeli.
O vapor resultante da queima da casca nas caldeiras movimentará
as turbinas, que acionarão os geradores de energia.
“A lógica é a mesma da queima do bagaço
da cana”, afirma o engenheiro da BK Janilson Ribeiro, coordenador
do projeto. Segundo ele, a usina de Uruguaiana terá
capacidade para gerar 8 megawatts, processando cerca de
9 t de casca por hora. “Isso é o suficiente para
abastecer uma cidade de até 60 mil habitantes”, diz.
Segundo Ribeiro, a usina entrará funcionamento a
partir do mês de agosto. Outras duas unidades estão
sendo construídas no Estado. A primeira será
instalada no município de Capão do Leão
(300 km de Porto Alegre), e a Segunda, em Dom Pedro (400
km de Porto Alegre). Ribeiro afirma que o Estado tem capacidade
para abrigar cerca de dez usinas como essas. Com isso, diz
ele, o potencial de produção seria de até
100 MW, o suficiente para atender uma cidade de 650 mil
habitantes.
GÁS PODE DOBRAR
O POTENCIAL ENERGÉTICO DA SOBRA DA CANA...
Pelos cálculos dos pesquisadores, as usinas não
produzem hoje nem 5% de seu potencial de geração
de energia elétrica a partir da queima do bagaço
da cana, estimado em aproximadamente 1.700 megawatts.
Em fase de estudo na Europa, um novo método de processamento
do bagaço, no entanto, poderia dobrar esse potencial.
Quem garante é o gerente de tecnologia ambiental
do Centro de tecnologia Coopersucar (CTC), com sede em Piracicaba
(SP), Régis Lima.
Em vez de queima do bagaço em caldeiras, como se
faz atualmente, o método consiste na produção
de gases combustíveis a partir dessa matéria-prima.
Esses gases fariam girar as turbinas e os geradores das
usinas com maior eficiência do que o método
empregado atualmente.
Desse processo resultaria ainda o vapor, que também
seria utilizado para movimentar geradores, mas no sistema
tradicional.
“Com isso, o potencial de produção de energia
poderia ser dobrado”, afirma Lima. Segundo ele, a tecnologia
está sendo desenvolvida pela TPS, empresa com sede
na Suécia, com quem o CTC mantém convênio.
A TPS iniciou as pesquisas com a intenção
de aproveitar os restos das indústrias madeireiras
locais.
“A nosso pedido, eles adaptaram o processo para o bagaço
da cana. Os estudos vêm sendo feitos desde 98”, afirma.
Segundo Lima, a tecnologia deverá ser utilizada em
escala comercial em cerca de cinco anos. De acordo com ele,
para que isso ocorra, serão necessários incentivos
governamentais que tornem esses projetos economicamente
viáveis. “As usinas de cana teriam de gastar muito
dinheiro para adaptar o sistema atual, de queima, para o
gaseificação do bagaço”. Ele diz ainda
que a TPS também está realizando estudos para
que a palha da cana seja aproveitada no processo de gaseificação.
“Estamos caminhando para o fim das queimadas na colheita
da cana. Com isso, poderemos dar alguma destinação
à palha, que hoje é totalmente perdida”, diz.
Fonte: Folha de São
Paulo
Por Fábio Eduardo Murakawa
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O
hidrogênio
O uso do hidrogênio
como combustível está avançando rapidamente,
havendo vários protótipos de carros nos países
desenvolvidos que são movidos a hidrogênio,
que gera eletricidade, e descarregam água em seus
escapamentos. Calcula-se que já nesta década
existirão modelos comerciais de automóveis
elétricos cujo combustível será o hidrogênio
líqüido. Será uma fonte de energia barata
e não poluidora.
O HIDROGÊNIO DESPONTA
COMO A ALTERNATIVA AO PETRÓLEO...
Durante anos, os especialistas vêm dizendo que nos
resta somente cerca de 40 anos de petróleo bruto.
Agora, alguns dos mais importantes geólogos desse
segmento estão sugerindo que a produção
de petróleo global poderá atingir seu pico
e iniciar um declínio abrupto ainda no final desta
década, o que vai elevar os preços do petróleo
às alturas.
As tensões crescentes entre os países do Ocidente
e os países islâmicos , onde é produzida
a maior parte do petróleo mundial, poderá
ameaçar o acesso ao produto a preços razoáveis.
Desesperados, os Estados Unidos e outros países poderão
se voltar, cada vez mais, para combustíveis fósseis
mais sujos como o carvão, petróleo pesado
e outros – o que irá somente piorar o aquecimento
global e pôr em risco os já maltratados ecossistemas.
Há uma solução melhor: energia do hidrogênio.
Desmamar o mundo do petróleo e voltar-se para o hidrogênio,
porém, vai requerer um esforço conjunto da
indústria, governo e comunidades locais em uma escala
comparável aos esforços das décadas
de 80 e 90 que ajudaram a criar a Web, a Rede Mundial de
Computadores. O hidrogênio é o mais básico
e onipresente elemento do universo. É o “combustível
eterno”, que, quando queimado, não produz emissões
danosas de dióxido de carbono e gera como derivados
somente calor e água pura. Tudo o que é preciso
fazer é extrair o hidrogênio de vários
elementos de forma que seja utilizável em células
de combustível.
O hidrogênio usável comercialmente, produzido
atualmente, é extraído em grande parte do
gás natural. Porém, fontes renováveis
de energia – vento, hidro, fotovoltaica, geotermal, biomassa
– cada vez mais estão sendo usadas para gerar eletricidade
localmente. No futuro, essa eletricidade, por sua vez, será
usada para eletronizar água e separar o hidrogênio,
que poderá ser usado para energizar células
de combustível.
Células de combustível comercial energizadas
por hidrogênio estão agora sendo introduzidas
no mercado para o uso doméstico, em escritórios
e setor industrial.
EM VEÍCULOS...
Os grandes fabricantes de veículos gastaram mais
de US$ 2 bilhões no desenvolvimento de carros, ônibus
e caminhões movidos a hidrogênio e espera-se
que os primeiros veículos produzidos em massa estejam
na estrada em poucos anos.
Saber exatamente quando estaremos todos andando em carros
movidos a hidrogênio depende de uma série de
fatores, entre eles o preço do petróleo nos
mercados mundiais, a disponibilidade de postos de reabastecimento
de hidrogênio e de numerosas outras questões
técnicas decorrente do próprio processo de
fabricação.
Mesmo diante desses obstáculos, muitos especialistas
em energia acreditam que nas próximas décadas
as células de combustível do hidrogênio
se tornaram nossa melhor fonte de energia. E o surgimento
dessa fonte abrirá caminho para mudanças fundamentais
em nossos mercados e instituições políticas
e sociais, exatamente como aconteceu com a energia do carvão
e do vapor no início da Era Industrial.
A economia do hidrogênio possibilitaria uma vasta
redistribuirão de energia. O fluxo de energia de
hoje, de cima para baixo, centralizado por empresas petrolíferas
e companhias de prestação de serviços
de utilidade pública globais, se tornará obsoleto.
Na nova era, cada ser humano poderá se converter
em um produtor assim como em um consumidor de sua própria
energia – a chamada “geração distribuída”.
Quando milhões de usuários conectarem suas
células de combustível às grades de
energia existentes, usando os mesmos princípios de
desenho e tecnologia inteligentes que formam possível
a Web, eles podem começar a partilhar energia, criando
uma nova forma de uso de energia. Na era da célula
de combustível de hidrogênio, até o
próprio automóvel poderá ser um “posto
de energia sobre rodas”, com uma capacidade de 20 quilowatts.
Como o carro médio fica estacionado a maior parte
do tempo, poderá ser plugado durante as horas em
que estiver fora de uso à rede de eletricidade interativa
da residência, escritório ou à rede
principal, fornecendo eletricidade premium de volta à
grade.
Quando os usuários finais também se tornarem
produtores da sua energia, o único papel para as
centrais elétricas existentes é se transformar
em “centrais elétricas virtuais” que podem manufaturar
e comercializar células de combustível, serviços
de energia e coordenar o fluxo de energia pelas grades existentes.
USO DEMOCRÁTICO...
O hidrogênio reduzirá drasticamente as emissões
de dióxido de carbono e aliviará os efeitos
do aquecimento global. E como o hidrogênio é
tão abundante e existe em toda a parte, todos os
seres humanos, uma vez que se tenham tornado donos da tecnologia,
poderão ser fortalecidos, resultando no primeiro
regime de energia verdadeiramente democrático da
História. Em nenhum lugar a energia do hidrogênio
será mais importante do que no mundo em desenvolvimento.
Por incrível que pareça, 65% dos seres humanos
nunca fizeram um único telefonema e um terço
não tem a cesso à eletricidade ou a qualquer
outra foram de energia comercia.
A falta de acesso à energia, especialmente à
eletricidade, é um fator chave na perpetuação
da pobreza no mundo. Inversamente, o acesso à energia
significa mais oportunidade econômica. Na África
do Sul, por exemplo, são criados de 10 a 20 novos
negócios para cada 100 domicílios eletrificados.
A eletricidade liberta o homem das tarefas de sobrevivência
diária.. Em países pobres sem recursos, simplesmente
encontrar lenha ou estrume suficiente para aquecer a casa
ou cozinhar pode levar horas de cada dia.
A eletricidade fornece energia para acionar equipamentos
agrícolas, operar pequenas fábricas e lojas
de artesanato e iluminar casas, escolas e negócios.
À medida que o preço das células de
combustível de hidrogênio e dos equipamentos
acessórios cais, com inovações e economias
de escala, as células se tornarão mais disponíveis,
como aconteceu com rádios transistores, computadores
e telefones celulares. A meta deve ser o fornecimento de
células de combustível estacionárias
para cada comunidade e vilarejo do mundo em desenvolvimento.
A meta para a garantia global está em diminuir nossa
dependência do petróleo do Oriente Médio
e certificar-nos de que todas as pessoas da Terra tenham
acesso à energia de que necessitam para manter a
vida. A economia do hidrogênio é uma nota promissória
para um mundo mais seguro.
Fonte: O Estado de São
Paulo
Por Jeremy Rifkin (The New York Times)
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Células
de combustível podem revolucionar energia
Pela primeira fez, uma tecnologia
de geração de energia, denominada célula
de combustível, fornecerá toda força
motriz para uma casa, um outro sinal de que as células
de combustível estão a um passo de ser aceitas
como alternativa econômica às fontes tradicionais
de energia.
A idéia de células – que convertem combustível
líqüido em eletricidade por meio de uma reação
química por meio de uma reação química
em vez de por combustão – existe há mais de
cem anos. Mas, até recentemente, as células
eram tão caras que só eram usadas pela Nasa.
A células testadas agora são potentes, flexíveis
e confiáveis para funcionar como fonte de energia
de custo acessível.
Uma equipe de engenheiros cortará a energia fornecida
a uma casa em Latham, Nova York, e passará a usam
um componente na varanda que mais parece uma unidade de
condicionamento de ar do que a pequena usina química
que realmente é. Recentemente ocorreu a primeira
venda comercial de uma célula de combustível
para acionamento remoto (no Departamento de Transporte de
New Jersey, para um sinal de trânsito).
A Ford investiu US$ 420 milhões na Ballard Power
Systems, uma empresa de fabricação de células
de combustível em Vancouver.
Funcionários do Departamento de Energia acreditam
que, dentro de poucos anos, milhares de lares venham a obter
energia elétrica de células de combustível.
“Em 97, presenciamos significativas revoluções”,
disse o secretário de Energia, Federico Pena. “Vamos
ver células de combustível em lugares, carros
e outros usos muito mais cedo que tínhamos previsto.
As células tornaram-se mais acessíveis por
causa dos aperfeiçoamento feitos nos componentes
usados para provocar uma reação química
básica – a combinação de oxigênio
e hidrogênio para fazer água.
O cerne da célula de combustível usada na
residência de Latham é chamado membrana de
troca de próton. Quando um átomo de hidrogênio
– um próton e um elétron – é pressionado
contra essa membrana, o próton passa através
dela e o elétron é deixado para trás.
Isso cria uma carga positiva em um lado da membrana e uma
carga negativa no outro; junte-as e o resultado será
um fluxo de eletricidade. Michael Walsh, um engenheiro mecânico
que é consultor da Plug Power, a firma que está
conduzindo o teste em Latham, mora na casa.
Mas apesar de todas as evoluções, as células
ainda são muito caras. As montadoras, que provavelmente
serão as maiores usuárias de uma célula
de combustível eficiente, dizem que elas ainda custam
em torno de cem vezes mais que um motor de combustão
interna. A Chrysler, por exemplo, calcula que cada célula
de combustível dimensionada para um carro que compra
custa US$ 170 mil.
A Plug Power não revela o custo do protótipo.
A Plug Power prevê que possa vender células
de combustível para residências no ano 2000,
ao custo de US$ 3 mil a US$ 5 mil cada. A Detroit-Edison,
proprietária de parte da Plug Power, planeja comprar
de 30 mil a 50 mil unidades.
Fonte: O Estado de São
Paulo
Por Matthew L. Wald (The New York Times)
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Brasil
terá sistema para energia do mar
O Brasil poderá ter
no ano que vem o primeiro sistema de geração
de energia oceanelétrica (de ondas) adaptado ao tipo
de onda do Atlântico Sul.
O sistema foi concebido pelo engenheiro Nelson Parente Jr.,
da Empresa Brasileira de Reciclagem, e foi apresentado em
São Paulo durante a Conferência Global, encontro
científico ambiental promovido pela Iuappa (União
Internacional das Associações para Prevenção
da Poluição do Ar).
Segundo Parente, o sistema poderá gerar até
400 kW de energia aproveitando ondas pequenas, como as do
litoral brasileiro. As usinas do tipo em operação
hoje, no hemisfério Norte, só respondem a
ondas grandes.
A energia das marés, do movimento diário de
subida e descida das águas do mar, é uma fonte
que vem gerando eletricidade em alguns países: Japão,
Inglaterra, França e outros. São ainda usinas
de pequeno porte, que aproveitam a força das águas
marinhas para mover turbinas e gerar energia elétrica
para localidades pequenas e costeiras. Mas os investimentos
nessa forma de energia, que começaram a surgir somente
nos anos 80, vêm aumentando em vários países
desenvolvidos e ela deverá se expandir bastante nas
próximas décadas.
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Pesquisadores
convertem luz em combustível não poluente
Um grupo de pesquisadores
do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados
Unidos), estão desenvolvendo um meio para converter
a energia proveniente da luz, não em eletricidade,
como nas células fotoelétricas, mas em combustível.
Mais precisamente, um processo químico capaz de "congelar"
a energia da luz na forma de hidrogênio.
Embora ainda esteja longe de obter resultados com potencial
uso prático, a pesquisa abre portas para a futura
investigação de uma nova abordagem de produção
de H2.
MÉTODOS UTILIZADOS...
Os métodos mais usados para a produção
do combustível são a eletrólise da
água ou de hidrocarbonetos. Nesses casos, uma corrente
elétrica quebra as moléculas e separa o hidrogênio.
O hidrogênio molecular é considerado por muitos
como o melhor combustível possível, uma vez
que sua queima, além de ser altamente energética,
tem como resultado a produção de água.
Seu equivalente, a gasolina, tem rendimento inferior e lança
compostos poluentes no ar. Ambos são altamente inflamáveis.
O QUE SERÁ UTILIZADO...
Será necessário moléculas de ácido
clorídrico (HCl) e o brômico (HBr), misturados
com moléculas responsáveis pela reação,
chamadas de catalisadoras, um composto montado em volta
de dois átomos de ródio.
Após a mistura, é literalmente jogado uma
luz sobre o experimento. Fótons bem energéticos
(partículas de luz ultravioleta), são disparados
contra o catalisador, que, por ganhar energia, perde um
de seus pedaços, que se torna uma molécula
de monóxido de carbono. Quando um espaço fica
vago na molécula, ela quebra o ácido em volta
e absorve os átomos de hidrogênio livres para
se combinarem, formando o gás H2. Depois os cientistas
usam uma outra maneira para separar o cloro ou o bromo do
catalisador, e começam o processo novamente.
ÚLTIMOS RESULTADOS...
Os resultados, publicados na última edição
da revista "Science", mostraram pela primeira
vez uma produção eficiente de H2, a partir
de um ácido, embora ela ainda não seja expressiva
o suficiente para se tornar comercial. Foram geradas cem
vezes mais moléculas de H2, do que o número
de moléculas de catalisador utilizadas. A produção
total de hidrogênio molecular a partir do experimento
foi de 0,002 litro.
FALTA MUITO TRABALHO...
Pesquisadores reconhecem, que ainda há muito para
que seja desenvolvido sobre a aceleração de
ação do catalisador e resolver o que fazer
com os subprodutos indesejados da reação,
como as moléculas de monóxido de carbono e
os átomos de cloro e bromo.
Os resultados são fruto de um trabalho longo e insistente
sobre a problemática. Os pesquisadores estão
nisso há quatro anos e fizeram a descoberta inicial
dois anos atrás.
Mesmo assim, os cientistas de Massachusetts vêem futuro
na pesquisa, pois ela dá aos químicos um ponto
de partida para desenvolver a química da produção
de hidrogênio molecular por meio de um catalisador
(molécula que acelera uma reação).
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Energia
positiva: a utilização de fontes renováveis
está sendo cada vez mais discutida
Depois da Cúpula
de Johannesburgo, a utilização de fontes renováveis
esta sendo cada vez mais discutida. A campanha global “Escolha
energia positiva” procure levar energia limpa para o mundo
inteiro.
As últimas descobertas científicas confirmam
aquilo que muitos suspeitavam há tempos: as ameaças
das mudanças climáticas são ainda piores
do que imaginávamos. Os impactos do aquecimento global
estão muito bem documentados e incluem ameaças
econômicas e sociais, além dos perigos ambientais.
A existência de países localizados em áreas
baixas do Pacífico está ameaçada. Muitas
espécies de mamíferos e pássaros correm
o risco de ser extintos e ecossistemas inteiros, como é
o caso dos mangues e recifes de corais, podem desaparecer.
Essas alterações são causadas, principalmente,
pela queima de combustíveis fósseis. A indústria,
a produção de energia e o transporte queimam
quantidades gigantescas de petróleo, carvão
mineral e gás natural, gerando anualmente bilhões
de toneladas de gás carbônico (CO²) que
são lançadas na atmosfera.
O Greenpeace acredita que todas as companhias de energia
do mundo deveriam substituir, gradativamente, a produção,
utilização e investimento em combustíveis
fósseis por fontes renováveis de energia.
Uma grande passo no sentido de reduzir as emissões
de CO² e outros gases responsáveis pelo efeito
estufa é a ratificação do Protocolo
de Kyoto.
É essencial que os Estados Unidos, responsáveis
por quase 40% das emissões mundiais de CO² atualmente,
comprometam-se a levar adiante ações e práticas
internas que reduzam as emissões de gases estufa
e tragam o país de volta ao processo de kyoto. A
atual posição dos Estados Unidos quanto a
essa questão é apoiada e, muitas vezes, direcionada
por empresas e indústrias norte-americanas, em especial
por aquelas ligadas ao petróleo.
No entanto, até mesmo as empresas têm reconhecido
a necessidade urgente de olhar para esta questão
com atenção redobrada. Uma declaração
conjunta, feita durante a Rio +10, colocou o Greenpeace
e o Conselho Mundial Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável do mesmo lado desta batalha: “apesar
de nossas conhecidas diferenças, estamos bastante
frustrados com a falta de vontade políticas e de
decisões governamentais para cumprir os compromissos
feitos há dez anos no Rio, incluindo a Agenda 21.
Considerando a gravidade dos riscos impostos pelas mudanças
climáticas e a necessidade de reduzir as emissões
dos gases estufa, estamos, neste momento, superando nossas
diferenças em outros assuntos e pedindo que os governos
sejam responsáveis e tracem um plano para acabar
com as mudanças climáticas, tendo como base
a Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas e o Protocolo
de kyoto. Tanto o Greenpeace quanto o Conselho Empresarial
acreditam que este primeiro passo é essencial”.
QUAIS AS CAUSAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS?
A Terra é cercada por uma delicada camada de gases
que filtram o calor do Sol e mantêm a vida no planeta.
Esses gases ajudam a equilibrar as condições
climáticas da Terra, como a temperatura e as chuvas.
Esse fenômeno natural é chamado de efeito estufa.
A atividade humana está intensificando o efeito estufa
através da emissão de bilhões de toneladas
a mais de CO² e de outros gases estufa. Como resultado,
a temperatura global está aumentando, o que desestabiliza
todo o clima.
AS DEMANDAS DO GREENPEACE...
A ratificação do Protocolo de Kyoto
A aceleração do processo de Kyoto. Após
dar o primeiro passo, os governos precisam agora prosseguir,
a fim de que os países industrializados reduzam suas
emissões de gases do efeito estufa, o que significaria
um corte de pelo menos 80% das emissões até
2050. Uma maior compreensão com relação
às fontes renováveis de energia e seu papel
na substituição da energia proveniente de
combustíveis fósseis.
ENERGIA LIMPA JÁ!
A campanha “Escolha Energia Positiva” do Greenpeace está
promovendo um maior entendimento sobre as fontes renováveis
de energia. Esta é a única saída para
o perigoso ciclo das mudanças climáticas.
Aumentar a confiança em combustíveis fósseis
significa aumentar as emissões de CO² e outros
gases do efeito estufa, o que enfraquece qualquer esforço
feito para proteger o clima da Terra. Saiba mais sobre as
fontes renováveis de energia:
O PODER DO VENTO...
vento existente nos seis continentes do planeta é
suficiente para suprir o consumo mundial de energia em mais
de quatro vezes o nível atual de consumo. A energia
eólica já é uma história de
sucesso e gera eletricidade para milhões de pessoas,
empregos para dezenas de milhares de seres humanos e bilhões
de dólares de lucro.
Na China, a capacidade de geração de energia
através do vento deve dobrar em 2002. Desde o início
dos anos 70, o governo dinamarquês apóia o
desenvolvimento e a implementação de uma forte
indústria de energia eólica, especialmente
através de abatimentos em impostos e investimentos
públicos. Na Dinamarca, existem mais pessoas trabalhando
na indústria de energia eólica do que na pesca
Na Mongólia, geradores portáteis de energia
eólica são bastante usados por povos nômades
em lâmpadas, rádios e outros aparelhos elétricos.
O PODER DO SOL...
A luz solar que ilumina a terra a cada hora é suficiente
para suprir as necessidades humanas por um ano inteiro.
Há muitas maneiras de utilizar esta fonte de energia:
Coletores solares térmicos, que podem aquecer a água
e o ar para casas e instalações industrias;
ou energia solar fotovoltaica (PV), que gera eletricidade
diretamente a partir da luz do sol. Simples, confiável,
segura, e silenciosa, é uma eletricidade livre de
qualquer poluição.
Países em desenvolvimento instalaram mais de um milhão
de sistemas domésticos de energia solar.
Existem aproximadamente 150 mil sistemas domésticos
de energia solar no Quênia, mais de 100 mil na China,
60 mil na Indonésia e mais de 300 mil lanternas solares
na Índia.
O PODER DA BIOMASSA...
Plantações podem ser cultivadas especificamente
para a produção de combustíveis e a
compostagem de material vegetal também pode ser usada
para produzir gás metano, que, por sua vezes, pode
ser utilizado como combustível. No entanto, cultivos
geneticamente modificados não devem ser usados com
essa finalidade, bem como não devem haver emissões
tóxicas (provenientes, por exemplo, do uso de agrotóxicos)
resultantes da queima desse tipo de combustível.
Resíduos florestais e agrícolas também
podem ser usados para produzir eletricidade e aquecer, sem
causar o aumento dos níveis de CO².
O PODER DAS PEQUENAS
HIDROELÉTRICAS...
Os projetos de usinas hidroelétricas de pequena escala
usam o fluxo natural das águas dos rios para gerar
eletricidade. Unidades hidroelétricas familiares
contam com pequenas turbinas que usam o fluxo da água
para gerar eletricidade para casas.
Mais de 100 mil famílias no Vietnã usam pequenas
turbinas de água para gerar eletricidade.
Mais de 45 mil pequenos projetos de pequenas hidroelétricas
estão sendo usados na China, gerando energia para
mais de 50 milhões de pessoas.
Fonte: Greenpeace
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Energia
vinda de fontes renováveis requer tecnologia revolucionária
Não há hoje
nenhuma tecnologia no mundo capaz de substituir os combustíveis
fósseis na produção de energia a ponto
de conter o processo que está levando ao aquecimento
global. Para buscar uma solução, dizem cientistas
americanos e canadenses, será preciso apostar alto
em coisas que ainda não existem – e que parecem ter
saído diretamente dos filmes de ficção
científica.
O grupo liderado por Martim Hoffert, um físico da
Universidade de Nova York, analisou diversas estratégias
atualmente apontadas como formas de produção
de energia limpa, mas chegou à conclusão de
que nenhuma delas (biomassa, fissão nuclear, ventos,
fotovoltaica terrestre), mesmo em esforços combinados,
vai substituir a contento os 12 terawatts anuais consumidos
pela humanidade hoje (85% dos quais são derivados
de combustíveis fósseis), muito menos os 30
estimados para daqui a 50 anos.
Em estudo publicado na revista “Science” (www.sciencemag.org),
os pesquisadores argumentam que alternativas como fusão
nuclear (incluindo reatores mistos de fusão e fissão)
e estações de captação de energia
solar montados no espaço são possíveis
caminhos – contanto que comece agora um esforço no
sentido de desenvolver a tecnologia.
“Estamos bastante convencidos de que nenhuma tecnologia
atual vai resolver”, diz Hoffert. “E nós não
somos pessimistas. Estamos apenas tentando ver quais revoluções
tecnológicas poderão responder ao problema.”
As idéias que podem enfrentar o desafio já
existe, mas será preciso usá-las de forma
combinada e após torná-las tecnologicamente
viáveis. Fusão nuclear, por exemplo, é
a forma de produção de energia que alimenta
as estrelas, fusionando átomos de hidrogênio
que se transformam num de hélio, com grande liberação
de energia no processo. Mas o melhores experimentos com
fusão só conseguem empatar a reação
– ou seja, gastar a mesma quantidade de energia que seria
gerada pela fusão nuclear para iniciá-la.
Por seu potencial rendimento teórico, a fusão
pode ser o grande caminho para o futuro, mas não
sem antes haver um grande investimento em pesquisa e desenvolvimento
pra torná-las viável.
PAINÉIS SOLARES
NO ESPAÇO...
A energia fotovoltaica, obtida com painéis solares,
não oferece grande rendimento na Terra. Levada ao
espaço, onde os painéis recebem mais radiação
solar e não estão sob uma atmosfera cheia
de nuvens, metade do tempo sem a luz do Sol, pode ajudar,
mas não resolver. Estima-se que 660 estações
com superfície total igual à do Rio Grande
no Norte, em órbita geoestacionária (sempre
sobre o mesmo ponto da Terra), poderiam coletar 10 terawatts.
Em outras palavras, será preciso mais que uma estratégia
para substituir a energia produzida à custa da emissão
de gás carbônico, principal causador do efeito
estufa, que deve elevar a temperatura global em 1,5ºC
a 4,5ºC nos próximos cem anos. “Com um esforço
vigoroso em pesquisa e desenvolvimento, um conjunto de tecnologias
pode resolver o problema, mas não há uma única
bala mágica agora que possa eliminar o aquecimento
global”, diz Ken Caldeira, do Laboratório Nacional
Lawrence Livermore, na Califórnia, também
autor do estudo.
Pelo menos o problema parece solúvel. “É complicado,
mas não impossível. Dependerá muito
de vontade política”, diz Hoffert.
“A humanidade é capaz de evitar o desastre”, afirma
Caldeira. “A questão é se a humanidade tem
a sabedoria para evitá-lo.”
Por Salvador Nogueira
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