O
bioma Pantanal é a planície mais importante
em áreas úmidas da América do Sul
A CIMA - Comissão Interministerial para Preparação
da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI/PR, 1991, define o Pantanal
mato-grossense como “a maior planície de inundação
contínua do planeta”. Sua localização
geográfica é de particular relevância,
uma vez que representa o elo de ligação entre
o Cerrado, no Brasil Central, o Chaco, na Bolívia,
e a região Amazônica, ao Norte, identificando-se,
aproximadamente, com a bacia do alto Paraguai.
O Pantanal funciona como um grande reservatório,
provocando uma defasagem de até cinco meses entre
as vazões de entrada e saída. O regime de
verão determina enchentes entre novembro e março
no norte e entre maio e agosto no sul, neste caso sob a
influência reguladora do Pantanal.
Os solos, de modo geral, apresentam limitações
à lavoura. Nas planícies pantaneiras sobressaem
solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas
(hidromórficas) e planossolos, além de várias
outras classes, todos alagáveis, em maior ou menor
grau, e de baixa fertilidade. Nos planaltos, embora predominem
também solos com diversas limitações
à agricultura, sobretudo à fertilidade, topografia
ou escassez de água, existem situações
favoráveis.
Como área de transição, a região
do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres,
com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte,
com a floresta Amazônica, além de ecossistemas
aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes
em maior ou menor grau. Os planaltos e as terras altas da
bacia superior são formados por áreas escarpadas
e testemunhos de planaltos erodidos, conhecidos localmente
como serras. São cobertos por vegetações
predominantemente abertas, tais como campos limpos, campos
sujos, cerrados e cerradões, determinadas, principalmente,
por fatores de solo (edáficos) e climáticos
e, também, por florestas úmidas, prolongamentos
do ecossistema amazônico.
A
planície inundável que forma o Pantanal,
propriamente dito, representa uma das mais importantes
áreas úmidas da América do Sul.
Nesse espaço podem ser reconhecidas planícies
de baixa, média e alta inundação,
destacando-se os ambientes de inundação
fluvial generalizada e prolongada. Esses ambientes,
periodicamente inundados, apresentam alta produtividade
biológica, grande densidade e diversidade de
fauna. A ocupação
da região, de acordo com pesquisas arqueológicas,
se deu há, aproximadamente, dez mil anos por
grupos indígenas. A adequação
de atividades econômicas ao |
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Pantanal surgiu do processo
de conquista e aniquilamento dos índios guatós
e guaicurus por sertanistas. Foi possível implantar
a pecuária na planície inundável, que
se tornaria a única economia estável e permanente
até os nossos dias. Dentro de um enfoque macroeconômico,
a planície representou, no passado, um grande papel
no abastecimento de carne para outros estados do país.
No entanto, esta economia se encontra em decadência.
Uma série de atividades de impacto direto sobre o
Pantanal pode ser observada, como garimpo de ouro e diamantes,
caça, pesca, turismo e agropecuária predatória,
construção de rodovias e hidrelétricas.
Convém frisar a importância das atividades
extensivas nos planaltos circundantes como uma das principais
fontes de impactos ambientais negativos sobre o Pantanal.
O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente
após 1970, foi a causa fundamental do crescimento
demográfico do Centro-Oeste brasileiro. A região
da planície pantaneira, com sua estrutura fundiária
de grandes propriedades voltadas para a pecuária
em suas áreas alagadiças, não se incorporou
ao processo de crescimento populacional. Não houve
aumento significativo em número ou população
das cidades pantaneiras. No planalto, contudo, o padrão
de crescimento urbano foi acelerado. Como todas as cidades
surgidas ou expandidas nessa época, as de Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul não tinham e nem têm infra-estrutura
adequada para minimizar o impacto ambiental do crescimento
acelerado, causado, principalmente, pelo lançamento
de esgotos domésticos ou industriais nos cursos d’água
da bacia. Esse tipo de poluição repercute
diretamente na planície pantaneira, que recebe os
sedimentos e resíduos das terras altas.
O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável
pelo aproveitamento dos cerrados para a agropecuária,
o que causou o desmatamento de vastas áreas do planalto
para a implantação de lavouras de soja e arroz,
além de pastagens. O manejo agrícola inadequado
nessas lavouras resultou, entre outros fatores, em erosão
de solos e no aumento significativo de carga de partículas
sedimentáveis de vários rios. Além
disso, agrava-se o problema de contaminação
dos diversos rios com biocidas e fertilizantes.
A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana
e nas nascentes dos rios Paraguai e São Lourenço
vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja atividade causa
o assoreamento e compromete a produtividade biológica
de córregos e rios, além de contaminá-los
com mercúrio.
Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies
de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.
Fonte: Ibama/MMA
DESCRIÇÃO
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios
naturais do Brasil. Maior área úmida continental
do planeta – com aproximadamente 210 mil km2, sendo que
140 mil km2 em território brasileiro, em parte dos
estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – o Pantanal
destaca-se pela riqueza da fauna, onde dividem espaço
263 espécies de peixes, 122 espécies de mamíferos,
93 espécies de répteis, 1.132 espécies
de borboletas e 656 espécies de aves. As chuvas fortes
são comuns nesse bioma. Os terrenos, quase sempre
planos, são alagados periodicamente por inúmeros
córregos e vazantes entremeados de lagoas e leques
aluviais. Na época das cheias estes corpos comunicam-se
e mesclam-se com as águas do Rio Paraguai, renovando
e fertilizando a região.
O equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente,
do fluxo de entrada e saída de enchentes que, por
sua vez, está diretamente ligado à pluviosidade
regional. De forma geral, as chuvas ocorrem com maior freqüência
nas cabeceiras dos rios que deságuam na planície.
Com o início do trimestre chuvoso nas regiões
altas (a partir de novembro), sobe o nível de água
do Rio Paraguai, provocando as enchentes. O mesmo ocorre
paralelamente com os afluentes que atravessam o território
brasileiro, cortando uma extensão de 700 quilômetros.
As águas se espalham e cobrem, continuamente, vastas
extensões em busca de uma saída natural, que
só é encontrada centenas de quilômetros
adiante, no encontro do Rio com o Oceano Atlântico,
fora do território brasileiro. As cheias chegam a
cobrir até 2/3 da área pantaneira.
A partir de maio inicia-se a "vazante" e as águas
começam a baixar lentamente. Quando o terreno volta
a secar permanece, sobre a superfície, uma fina camada
de lama humífera (mistura de areia, restos de animais
e vegetais, sementes e humus) propiciando grande fertilidade
ao solo.
A natureza repete, anualmente, o espetáculo das cheias,
proporcionando ao Pantanal a renovação da
fauna e flora local. Esse enorme volume de água,
que praticamente cobre a região pantaneira, forma
um verdadeiro mar de água doce onde milhares de peixes
proliferam. Peixes pequenos servem de alimento a espécies
maiores ou a aves e animais.
Quando o período da vazante começa, uma grande
quantidade de peixes fica retida em lagoas ou baías,
não conseguindo retornar aos rios. Durante meses,
aves e animais carnívoros (jacarés, ariranhas
e outros) têm, portanto, um farto banquete à
sua disposição. As águas continuam
baixando mais e mais e nas lagoas, agora bem rasas, peixes
como o dourado, pacu e traíra podem ser apanhados
com as mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas
são vistas planando sobre as águas, formando
um espetáculo de grande beleza.
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