Crimes Ambientais S/A
Foi-se
o tempo em que as contaminações eram pelo
ar, terra ou água. Uma nova modalidade causa grandes
estragos ao meio ambiente: a passividade, o argumento e
a complacência a favor de interesses obscuros.
As questões parecem estar resumidas a números,
balanços e faturamentos. No último grande
desastre ecológico brasileiro - a destruição
dos rios Pomba e Paraíba do Sul - a Indústria
Cataguazes de Papel trouxe à tona uma nova discussão,
mas não tão óbvia quanto à mancha
de licor preta derramada nos rios.
A falta de assistência imediata dos órgãos
governamentais ficou clara na reunião entre Rosinha
Matheus (RJ), Aécio Neves (MG) e a própria
ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que tiveram de aparar
as divergências durante o encontro realizado na cidade
atingida.
No episódio de Cataguases, em Minas Gerais, o Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
e Renováveis) e moradores da cidade foram contra
o fechamento da empresa, que há 14 anos armazena
de forma irregular o produto derivado do processo da fabricação
de celulose, além de funcionar sem licença
ambiental.
O argumento era bem simples: o fechamento da indústria
causaria um desajuste econômico na região,
por conta da demissão de cerca de 3.000 funcionários.
Se a questão fosse tão simples, e se pudéssemos
reduzi-la a números, os argumentos do outro lado
ganhariam fácil. Várias cidades mineiras e
fluminenses foram afetadas; centenas de pescadores artesanais
ficaram sem trabalho; a destruição e degradação
dos ecossistemas atingidos resultaram em prejuízos
incalculáveis. E por mais alta que fosse a multa
aplicada à empresa, cerca de R$ 50 milhões,
ainda sim seria impossível a total recuperação
do ambiente.
E agora? O que fazer? Cumprir a lei e aplicar a multa, mesmo
que isso signifique o fechamento de postos de trabalho?
Mostrar a esses empresários dissimulados que a punição
por crimes ambientais pode ser tão dura quanto para
qualquer outro crime hediondo, e dar um basta neste desrespeito
ao meio ambiente? Sim, no entanto, interesses se confundem
com as obrigações e outros rumos são
dados.
Crimes
corporativos revelam números assustadores
Até
quando seremos reféns de empresários criminosos,
corporações que se escondem atrás de
liminares e simplesmente não respeitam as leis, tão
pouco as pessoas e o meio ambiente? Até quando teremos
que ler nos jornais manchetes de desastres ecológicos
já anunciados e ver os responsáveis se safando
de suas responsabilidades ou testemunhar o próprio
poder público dissimulando e criando um jogo de empurra?
Só no Brasil, segundo o Greenpeace existem cerca
de 17 casos de crimes corporativos. Os mais recentes, causados
pela Shell, em Paulínia e na Vila Carioca, ambos
em São Paulo.
Este tipo de agressão ao meio ambiente (entenda o
homem e todo o resto) parece ser uma situação
comum, principalmente em grandes corporações.
Esse descaso com a vida é tão óbvio
e assustador quanto às imagens de Bhopal, Cataguazes
ou do caso do petroleiro Prestige que naufragou, em novembro
de 2002, na costa noroeste da Espanha.
O navio carregava o dobro de sua capacidade, cerca de 77
mil toneladas de óleo, e não possuía
casco duplo, uma norma neste tipo de transporte. O desastre
causou a morte de milhares de aves e peixes, destruiu praias
e afetou a pesca, prejudicou o turismo e deixou seqüelas
quase irreversíveis no ecossistema local. Na ocasião
o mundo assistiu estarrecido a falta de competência
do governo local, enquanto voluntários tentavam,
em vão, reduzir os estragos. Cerca de 400 quilômetros
de praias foram atingidas.
Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez, que naufragou em Bligh
Reef, no Alasca, causou danos e mostrou números ainda
mais assustadores: 700 milhas de costa foram atingidas;
resquícios da contaminação puderam
ser vistos a 600 milhas do local do acidente; cerca de 5.000
lontras foram mortas 14% do total da região; entre
300.000 e 675.000 pássaros marinhos morreram. Tudo
isso deveria ser mais do que suficiente para que houvesse
mudanças. No entanto, acidentes com petroleiros,
refinarias e reservatórios de produtos tóxicos
são quase comuns nos dias de hoje, apesar de toda
tecnologia envolvida.
Prevalece a contenção de gastos e investimentos
com equipamentos e tecnologias a favor da prevenção
de acidentes. Assim, toneladas de óleo e outras substâncias
tóxicas são despejadas sobre o solo, a água
e o ar.
Não
há soluções mágicas
A
saída está justamente no que já está
previsto. A indústria petrolífera e química
deve cumprir a legislação ambiental; investimentos
devem ser feitos no setor de prevenção e segurança;
governos devem ser íntegros e soberanos tratando-se
de punição e fiscalização. E,
ao longo prazo, os investimentos em energias alternativas
como a eólica, solar, biomassa entre outras, devem
ser postas em prática. Nesta decisão todos
os setores devem estar alinhados.
Quando falamos em investimentos no setor energético
devemos ser no mínimo prudentes, pois, em fontes
como a nuclear, uma simples falha pode significar tragédias
terríveis como o de Three Mile Island nos EUA e Chernobyl
na Ucrânia, esta última matando cerca de 2.500
pessoas e afetando a vida de outras milhares.
Mais do que o óleo derramado no mar, muito além
da fumaça negra e carregada dos ares das grandes
cidades, fora a terra podre e intoxicada, temos que enfrentar
um novo desafio, a despoluição de nossas idéias.
Muitas vezes a sujeira que destrói ecossistemas inteiros
vem acompanhada de pensamentos dissimulados, gananciosos
e intransigentes que, mais tarde, se transformam em grandes
desastres.
Para combatermos e evitarmos essas tragédias temos
que ter a exata noção de suas causas e efeitos.
Precisamos estar centrados, e usarmos o bom senso, aplicarmos
as leis e termos a certeza que tudo isso afetará
nossas vidas. Porque tão negro e sujo quanto o óleo
derramado, tão nocivo e vergonhoso quanto às
substâncias tóxicas despejadas em nossa Terra
e nossas vidas, parece ser a impetuosa e assustadora mente
poluída de seus responsáveis, que, a cada
dia, apresentam novos produtos de suas indústrias
do terror. |
Veja a seguir
uma série de documentos relacionados com a contaminação
ambiental.
-
Manual de Gerenciamento de áreas contaminadas
Introdução
Apresentação
Notas explicativas para o usuário
Atualizações
Índice
Glossário Definições
Abreviaturas
Autores
Conceituação
O gerenciamento de áreas contaminadas
Bases Legais
Legislação brasileira
Legislação alemã
Legislação estadual sobre o reconhecimento,
contenção e remediação de áreas
contaminadas
Identificação de áreas potencialmente
contaminadas
Definição das atividades industriais e comerciais
potencialmente contaminadoras do solo e das águas
subterrâneas
Lista de atividades industriais/comerciais IBGE potencialmente
contaminadoras do solo e das águas subterrâneas
Utilização de fotografias aéreas pata
detecção de áreas contaminadas
Ficha de identificação de áreas suspeitas
de contaminação em fotografias aéreas
Exemplos de análise de fotografias aéreas
O cadastro de áreas contaminadas
Avaliação preliminar
Ficha cadastral de áreas contaminadas
Guia para preenchimento da ficha cadastral de ACs
Investigação confirmatória
Métodos de screening
Métodos geofísicos
Amostragem do solo
Protocolo de amostragem do solo
Preservação de amostras de solo
Amostragem de águas subterrâneas
Amostragem e monitoramento das águas subterrâneas
Norma Cetesb 1988
Preservação e manuseio de amostras de água
e chorume relacionados aos parâmetros de análise
Parâmetros de qualidade do solo e da água subterrânea
para investigação confirmatória
Anexo 6510-1 Os aspectos legais na questão da investigação
e avaliação das ACs
Anexo 6510-2 A elaboração dos valores de
investigação para a via direta
Anexo 6510-3 Apresentação dos resultados
dos cálculos e conclusões e recomendações
do grupo de trabalho para os valores de investigação
Anexo 6510-4 equações para o cálculo
matemático e os dados básicos toxicológicos
Anexo 6510-5 Exigências para amostragem, análise
e controle de qualidade na investigação
Regulamentação da Lei Federal Alemã
de Proteção do Solo e Acs (RLFPS)
Níveis de avaliação para solo Soil
Screening Levels aplicados pela USEPA
Lista holandesa de valores de qualidade do solo e da água
subterrânea valores STI
Priorização
A estrutura básica da ficha de pontuação
de Acs
Ficha de pontuação de áreas contaminadas
-
Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo
(ordem alfabética)
-
Relatório de estabelecimento de valores Orientadores
para Solos e Águas Subterrâneas em SP
-
Licenciamento ambiental
Procedimento para identificação de passivos
ambientais em postos de combustíveis
Procedimento para licenciamento ambiental de postos de combustíveis
(reforma e ampliações)
Procedimento para licenciamento ambiental de postos de combustíveis
(adequação)
Procedimento para licenciamento ambiental de postos de combustíveis
(reforma completa)
Procedimento para licenciamento ambiental de postos de combustíveis
(novas instalações)
-
Guia para Avaliação do Potencial de Contaminação
em Imóveis
-
Inventário Estadual de resíduos Sólidos
Domiciliares 2003
-
Foro Intergovernamental de Segurança Química
-
Perfil Nacional da Gestão de Substâncias Químicas
Capa
Apresentação
Capítulo 1 Marco de informação nacional
Capítulo 2 Produção, importação,
exportação e uso de substâncias químicas
Capítulo 3 Preocupações prioritárias
relacionadas à produção, exportação,
importação e uso de substâncias químicas
Capítulo 4 Instrumentos legais e mecanismos não
regulamentares para a gestão de substâncias
químicas
Capítulo 5 Ministérios, agências,
associações e outras instituições
que controlam substâncias químicas
Capítulo 6 Atividades relevantes da indústria,
de grupos de interesse público e de pesquisa
Capítulo 7 Comissões interministeriais e
mecanismos de coordenação
Capítulo 8 Uso e acesso aos dados
Capítulo 9 Infra-estrutura técnica
Capítulo 10 Vínculos internacionais
Capítulo 11 Conscientização e entendimento
dos trabalhadores e do público
Anexo 1 Siglas e Abreviaturas
Anexo 2 Referências bibliográficas
Anexo 3 Relação de contatos
Anexo 4 Organograma das principais instituições
do governo federal relacionadas com a gestão de substâncias
químicas
Anexo 5 Memória técnica
Resumo executivo
Relação de figuras
Relação de quadros
Sumário
-
Relatórios sobre casos de contaminação
química
Relatório Greenpeace sobre a contaminação
de leite e ração animal com dioxinas pela
Solvay do Brasil
Relatório Greenpeace sobre as instalações
da Solvay do Brasil no estado de São Paulo
Relatório Greenpeace sobre contaminação
e remediação da Solvay do Brasil em Santo
André
Relatório Greenpeace sobre contaminação
ambiental causado pelas instalações da Bayer
S.A.
Relatório Greenpeace sobre contaminação
ambiental causado pelas instalações da Bayer
S.A. em Belford Roxo
Relatório Greenpeace sobre estanho, organoclorados,
hidrocarbonetos e metais encontrados na Baía de Guanabara/RJ
Relatório Greenpeace sobre o desastre causado por
vazamento da Union Carbide Corporation em Bhopal, Índia
Relatório Greenpeace sobre crimes ambientais corporativos
no Brasil
Relatório Greenpeace sobre incinerações
de substâncias tóxicas
Relatório Greenpeace sobre metais pesados em Sapucaia
do Sul pela Gerdau
Relatório Greenpeace sobre poluentes orgânicos
e metais pesados relacionados com a Rhodia S.A.
Relatório Greenpeace sobre compostos tóxicos
em Paulínia/SP relacionados com a Shell do Brasil
S.A.
Relatório Greenpeace sobre uma estratégia
para uma América Latina Livre de substâncias
tóxicas
Relatório Greenpeace sobre a incineração
e a saúde humana
Relatório Greenpeace sobre substâncias químicas
tóxicas na poeira de lares e ambientes de trabalho
Relatório Greenpeace sobre substâncias químicas
tóxicas na poeira de lares e ambientes de trabalho
(sumário executivo)
Relatório Greenpeace sobre chumbo grosso relacionado
com a Baterias Moura |