O
que são fontes de energia?
Entende-se por energia a
capacidade de realizar trabalho. Fontes de energia, dessa
forma, são determinados elementos que podem produzir
ou multiplicar o trabalho: os músculos, o sol, o
fogo, o vento etc.
Através do uso racional do trabalho, especialmente
na atividade industrial, o homem não apenas sobrevive
na superfície terrestre – encontrando alimentos,
abrigando-se das chuvas ou do frio etc –, mas também
domina e transforma a natureza: destrói florestas,
muda o curso dos rios, desenvolve novas variedades de plantas,
conquista terras ao mar, reduz distâncias (com modernos
meios de transporte e comunicação), modifica
os climas (com a poluição, as chuvas artificiais
etc), domestica certos animais e extermina outros.
As primeiras formas de energia que o homem utilizou forma
o esforço muscular (humano e de animais domesticados),
a energia eólica (do vento) e a energia hidráulica,
obtida pelo aproveitamento da correnteza dos rios. Com a
Revolução Industrial, na Segunda metade do
século XVIII e no século XIX, surgem as modernas
máquinas, inicialmente movidas a vapor e que hoje
funcionam principalmente a energia elétrica. A eletricidade
pode ser obtida de várias maneiras: através
da queima do carvão e do petróleo (usinas
termelétricas), da força das águas
(usinas hidrelétricas), da fissão do átomo
(usinas nucleares) e de outros processos menos utilizados.
As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais
importantes, são: o petróleo, o carvão,
a água e o átomo. As fontes alternativas,
que estão conhecendo um grande desenvolvimento e
devem tornar-se mais importantes no futuro, são o
sol (energia solar), a biomassa e os biodigestores, o calor
proveniente do centro da Terra energia geotérmica),
as marés, o xisto betuminoso e outras.
É importante ressaltar que as fontes de energia estão
ligadas ao tipo de economia: quanto mais industrializada
ela for, maior será o uso de energia. O carvão
mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução
Industrial, e o petróleo foi a principal fonte de
energia do século XX e continua a desempenhar esse
papel, apesar de um recente e progressivo declínio.
Tanto o petróleo como o carvão mineral são
recursos não renováveis, isto é, que
um dia se esgotarão completamente; eles também
são muito poluidores, na medida em que seu uso implica
muita poluição do ar. Por esses dois motivos
eles estão em declínio atualmente, em especial
o petróleo, que foi básico para a era das
indústrias automobilísticas e petroquímicas.
Vivemos na realidade numa época de transição,
de passagem do domínio do petróleo para a
supremacia de outras fontes de menos poluidoras e renováveis,
ou seja, que não apresentam o problema de esgotamento.
Este pensamento está pelo menos na cabeça
dos ambientalistas de todo o planeta, mas a realidade ainda
é um mundo dominado pelos combustíveis fósseis.
A série “Que energia é essa?” irá trazer
as principais fontes de energia usadas em nosso planeta;
como surgiram, onde são usadas, qual a dependência
humana dessas fontes e muito mais. Neste capítulo
conheceremos a fonte de energia chamada “Eólica”.
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Energia
eólica
A força dos ventos
é uma fonte de energia, já conhecida há
milhares de anos em moinhos e agora pesquisada para gerar
eletricidade. Atualmente, já existem no mundo cerca
de 20 mil geradores que produzem eletricidade a partir da
força eólica (do vento), principalmente nos
Estados Unidos, na costa oeste do país, onde cada
pequena usina produz cerca de 1,5 mil quilowatts. Na Dinamarca,
a energia eólica já produz em conjunto cerca
de 350 mil quilowatts de eletricidade.
A energia eólica é obtida através da
força dos ventos que fazem girar as pás do
moinho. O impacto causado ao meio ambiente é mínimo,
além de ter a mesma estimativa de custo que as termelétricas
a gás, por exemplo, propostas pelo governo brasileiro.
Mas, no Brasil, apenas a região Nordeste possui potencial
eólico, apesar de uma usina dessa produzir mais energia
do que duas usinas nucleares de Angra, sem ter no final
o saldo de toneladas de lixo atômico, nem o custo
altíssimo para montagem e desmontagem. Mesmo com
todas as vantagens, não há ainda interesse
governamental em desenvolver esse tipo de gerador energético.
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O
vento
É uma corrente que
se desloca numa determinada direção. É
proveniente de diferença de pressão entre
duas regiões atuantes. Os ventos regionais só
atuam numa região, como ocorre com o mistral em Provença,
na França. O minuano ocorre no sul do Brasil. Os
centros de ação da atmosfera ou anticiclones
e depressões determinam os ventos. “A força
dos ventos e sua rapidez são tanto maiores, quanto
mais elevado for o grau de pressão ou queda barométrica,
isto é, quando as linhas isobáricas estiverem
mais próximas”. O aparelho usado para medir os ventos
é o anemômetro. A escala de Beauforte indica
a força dos ventos. Entre massa de ar e ventos existe
grande distinção. A massa de ar possui milhares
de quilômetros de extensão em sentido horizontal,
ao passo que o vento alcança amplitudes bem menores.
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Brasil
perde energia eólica, diz cientista
O Brasil possui potencial de utilização
de energia eólica superior ao da Alemanha, mas produz
só 1/350 da energia gerada pelos ventos daquele país
europeu. A conclusão é de um estudo comparativo
feito pelo pesquisador Maurício Tolmasquim, da Coppe-UFRJ
(Coordenação dos Programas de Pós-Graduação
em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O estudo foi apresentado na abertura da Rio 02 – Evento
Mundial Sobre Mudanças Climáticas e Energias
Renováveis, que está sendo realizada na capital
fluminense.
Tolmasquim escolheu a Alemanha para fazer a comparação
porque é o país, ao lado da Espanha e Dinamarca.
É um dos mais avançados do mundo na geração
de energia elétrica por meio de turbinas de vento
instaladas no alto de torres.
Enquanto a Alemanha tem capacidade instalada de 7.000 MW
(megawatts), o brasil tem apenas 20 MW. A diferença
nada tem a ver com o potencial de exploração
dessa energia alternativa. De acordo com Tolmasquim, o Brasil,
além de possuir um território maior, tem média
de velocidade de 7 a 8 metros por segundo, superior à
Alemanha que é de 5 a 6 metros por segundo.
O pesquisador cita um estudo da Cepel (Centro de Pesquisas
da Energia Elétrica da Eletrobrás) que estimou
em 143.500 MW o potencial de energia que pode ser gerada
pelos ventos no território brasileiro, principalmente
no litoral das regiões Sul e Nordeste e em alguns
pontos do Centro-Oeste. O potencial é de mais de
dez vezes a capacidade de geração de energia
da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil.
“A energia eólica pode ainda ser mais cara do que
a gerada por hidrelétricas, mas seu custo ambiental
é menor. Isso reduz também o custo que o Estado
teria com gastos ocasionais por problemas ambientais”, afirmou
pesquisador da Coppe.
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Segundo
ele, a taxa de retorno de uma empresa que invista
em energia eólica é de 12% ao ano. “Esse
retorno é menor do que o de uma usina hidrelétrica,
mas, com financiamento estatal, ela pode se tornar
até mais competitiva do que a energia hidrelétrica.”
Tolmasquim lembra que o governo federal pretende investir
este ano em projetos com capacidade para gerar 1.050
MW de energia eólica. “Esse valor, no entanto,
ainda é inferior ao da Alemanha, que, em um
ano, conseguiu aumentar em 1.600 MW sua capacidade
de geração”, disse.
Segundo o estudo de Tolmasquim, o potencial da Alemanha
foi alcançado principalmente na década
de 90. “Os países que mais investiram nesse
tipo de energia foram Alemanha, Dinamarca e Espanha”,
disse.
O secretário de Energia, Indústria Naval
e Petróleo do Estado do Rio, Wagner Victer,
afirmou que o Estado planeja instalar usinas de energia
eólica em seu litoral norte. Segundo Victer,
já está sendo produzido um levantamento
do potencial da região. |
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Estudos
comprovam competitividade de energia eólica
Mais um estudo que comprova
que custos ambientais e sociais tornam os combustíveis
fósseis (não renováveis)mais caro em
relação as energias renováveis como
a solar e a energia eólica. Segundo dois pesquisadores
da Universidade Stanford nos Estados Unidos, a energia eólica
que é obtida através da força dos ventos
pode competir com larga vantagem em relação
ao carvão, argumentam Mark Jacobson e Gilbert Masters
que a instalação de moinhos de vento poderia
sair pela metade do preço em relação
aos custos gerados pela produção de energia
realizado durante a queima do carvão.
ENERGIA EÓLICA....
Funciona como se fosse um cata-vento gigantesco, que pela
força dos ventos; este movimenta as pás e
aciona um gerador que produz eletricidade, quanto maiores
as pás e mais rápido o vento mais energia
é gerada.
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IMPACTO
AMBIENTAL....
Além de ser mínimo o impacto
causado ao meio ambiente, as energias renováveis
não tem conseguido competir
economicamente com os fósseis, porém
este estudo mostra que em relação a
energia eólica isto está mudando, um
novo tipo de turbina de grande porte, que já
está sendo encontrado no mercado pode gerar
1.500 kWh a um custo de 4 centavos de dólar
por kWh, este é o mesmo preço por unidade
de energia de uma termelétrica a carvão,
enterrando diz Mark Jacobson que o governo dos Estados
Unidos já gastou cerca de US$ 70 bilhões
com auxílio-saúde para os mineiros de
carvão desde 1973,isto somado aos custos do
aquecimento global e da fumaça o preço
do kWh do carvão sobe para 5.5 e 8.3 centavos
de dólar. Segundo o físico José
Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo, "apesar
de não pagar por eles na fonte, o contribuinte
acaba pagando de outras formas, como em internações
hospitalares".
EFEITO ESTUFA...
Para Jacobson os Estados Unidos poderia instalar um
parque gerador de energia eólica que hoje em
dia corresponde a 0.1% do total produzido naquele
país em substituição às
termelétricas a carvão, estima-se que
se o país trocasse metade do carvão
por turbinas a vento, ele poderia cumprir sua meta
na redução de emissão de gases-estufa
prevista pelo Protocolo de Kyoto de 7% em relação
aos níveis de 1990. O Presidente George W.
Bush desistiu do pacto alegando razões econômicas. |
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JÁ
NOS ESTADOS UNIDOS...
Segundo cálculos realizados pelos dois pesquisadores
o custo da instalação de turbinas que
substituíssem 10% do carvão seria pago
em 20 anos, isto em último caso pois os consumidores
da Califórnia já pagam 12 centavos por
kWh, a decisão é política e as
pessoas não sabem como tomá-la pois
muitas não conhecem ao certo a energia eólica.
Com base em outros estudos os combustíveis
fósseis ainda ganham a disputa pois com a inclusão
os custos ambientais e sociais elevariam pelo menos
um centavo o preço da energia a carvão,
neste estudo não foi computado o preço
das linhas de transmissão e de turbinas reserva,
pois o vento não está presente o tempo
todo, entretanto nos Estados Unidos não seria
necessário instalar novas linhas, pois existem
linhas próximas as regiões de potencial
eólico, e também não é
necessário turbinas extras pois as turbinas
a vento não geram 100% de energia. Enfim com
tantas vantagens, parece que não há
interesse governamental em desenvolver esse tipo de
gerador energético agora. |
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Saída
para o Nordeste pode vir dos ventos
A energia dos
ventos poderá tornar-se uma alternativa real
na geração de eletricidade no Nordeste.
Nos últimos anos mais de 50 projetos para a
criação de parques eólicos foram
apresentados à Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), em busca dos incentivos criados
pelo governo para este tipo de energia alternativa.
Segundo o diretor da Aneel Jaconias de Aguiar, os
projetos somam cerca de 3,3 GW. “Cerca de 90% dos
projetos brasileiros são para a costa nordestina”,
explicou o diretor. Hoje, só existem seis usinas
eólicas no País, gerando 18,8 MW.
Um problema a ser resolvido pelo governo, no entanto,
é que a Eletrobrás está autorizada
a comprar apenas 1,050 GW de energia eólica
com incentivo, que é o que está atraindo
os investidores para esta ainda cara fonte de energia.
O estímulo, contido ao programa Pró-eólica,
foi criado em 2001, pela Câmara de Gestão
da Crise de Energia Elétrica como uma das medidas
de enfrentar as emergências. Ele prevê
que a Eletrobrás pagará, nos dois primeiros
anos do contrato, um adicional de 20% no preço
da energia fornecida por usinas eólicas que
entrem em operação nos primeiros meses.
O adicional cai para 15% no caso das usinas que operem
a parir de 2002, para 12,5%, depois 10% a té
o fim de 2002. As usinas eólicas se somarão
a outras fontes de eletricidade que deverão
estar disponíveis nos próximos dois
anos para enfrentar a crise e também para garantir
a oferta de eletricidade para o desenvolvimento econômico
da região no médio e longo prazo. O
Nordeste está com a capacidade de produção
hidrelétrica esgotada e depende de fontes alternativas
e da energia importada de outros Estados.
A potência instalada na região passou
de 9,3 MW em 1995 para apenas 10,7 MW em 2001, enquanto
o consumo do período subiu de 38.151 MW/h para
49.698 MW/h. Este crescimento na demanda por energia,
de 5,4% ao ano, fez com que o consumo da região
subisse 13,8% do consumo nacional para 16,19% nesses
seis anos.
Com a crise energética em que o País
passou, estima-se que haverá uma queda no consumo
do racionamento, e que poderá passar de 6%
do previsto originalmente.
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Ainda no curto
prazo, a Coelce (Companhia Energética do Ceará)
aposta na modernização do Parque Eólico
do Mucuripe, situado, na praia Mansa, em Fortaleza.
O governo cearense promete construir mais duas usinas
eólicas até 2004, uma em Camocim e outra
em Paracuru com capacidade de geração
de mais 30 MW. Além do Parque Eólico
do Pecém. |
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Começo:
gerador comercial a vento funciona em São Sebastião
(SP)
Movido pela força do vento, está
funcionando em São Sebastião, no litoral Norte
de São Paulo, um modelo comercial de um aerogerador
de 2,2 quilowatts, que produz energia elétrica para
iluminação exterior do campus do Centro de
Biologia Marinha (Cebimar) da USP. O projeto foi desenvolvido
pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp)
e pela Composite, empresa nacional localizada em São
José dos Campos, há 97 km de São Paulo.
Com a operação desse modelo, a Cesp irá
verificar o comportamento do aerogerador sob condições
reais de uso. Além deste saldo técnico-científico,
o projeto vi render a Companhia 2,5% de royalties da Composite,
pela venda dos próximos aparelhos desse tipo, como
participante do know-how desenvolvido.
O engenheiro e físico Roberto Hukai, gerente do Departamento
de Projetos Especiais da Cesp, explica que a tecnologia
de fabricação de hélices para aerogeradores,
feitas com resinas compostas, é bastante sofisticada
e está bem desenvolvida no País. “Tanto é
assim, que uma unidade protótipo de 100 quilowatts,
bem maior que a de São Sebastião, está
funcionado no Instituto de Pesquisas Aeroespaciais da Alemanha,
com uma hélice de 25 metros de diâmetro feita
no Brasil.” O aerogerador instalado no Cebimar é
constituído de uma turbina para conversão
da energia cinética dos ventos em energia elétrica.
Ele é movido por uma hélice com três
pás, medindo 5,3 metros de diâmetro. A energia
gerada é armazenada em baterias que podem ser utilizadas
durante 12 horas seguidas sem precisarem de realimentação.
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O limite mínimo
exigido do vento é que ele sopre a uma velocidade
de pelo menos 3,5 metros por segundo ou 12,6 quilômetros
por hora, abaixo do qual ele não gera eletricidade.
Esse limite mínimo eqüivale, segundo Roberto
Hukai, à brisa normal do mar. Ele informou
ainda que, mecanicamente, para testes, o aparelho
está funcionado, sem gerar eletricidade. “Durante
todo esse tempo, raríssimas vezes o aerogerador
ficou mais de uma hora parado por falta de vento.”
Se forem comprovadamente viáveis, do ponto
de vista econômico, esses aerogeradores resolverão
o problema de eletricidade dos pescadores e do pessoal
que trabalha na manutenção do Farol
da Ponta do Boi, a leste da ilha. Mas antes, a Cesp
precisa enfrentar o preço da hélice
e do sistema de controle do aparelho, que só
poderiam ser mais baratos se fossem produzidos em
massa.
Segundo Roberto Hukai, o Brasil possui um dos mais
importantes potenciais de aproveitamento de energia
eólica do mundo, especialmente no Nordeste,
sul de Mato Grosso do Sul e na região da Lagoa
dos Patos, no Rio Grande do Sul. |
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Onde
o vento faz a curva e gera energia
Se existe um lugar
onde o vento faz a curva, ele se chama Palmas. Nessa
pequena cidade do sul do Paraná, os ventos
sopram com tal intensidade, que construiu-se ali uma
das centrais de energia eólica em operação
no País. Nessas centrais, as usinas têm
pás, como uma cata-ventos. O vento gira as
pás, as pás fazem girar um gerador.
Assim se3 produz a energia elétrica oferecida
por Éolo, Deus do Vento.
Quem olha o Atlas Nacional das Jazidas de Ventos,
de 1988, pode ser acometido da seguinte dúvida:
porque exatamente nesse pedacinho de solo sulista,
há tanto vento? A parte mais ventilada do País
são as costas do Nordeste. Há “manchas”
na Bahia, em Minas Gerais. Em São Paulo, muito
pouco. Por que em Palmas.
Numa explicação singela: o vento que
vem pelo oceano se aquece ao passar pelo Nordeste.
Assim aquecido, desce para o sul e confronta-se com
o vento frio, que sobre de paragens como a Argentina.
Os dois ventos desviam então para o oceano.
A região onde os dois ventos se encontram,
e fazem o desvio, é justamente em Palmas. “Isso
forma um canal de ar nesta região”, diz um
técnico.
Há outros fatores. Palmas é o segundo
município mais frio do País (só
perde para São Joaquim, em Santa Catarina).
O frio torna o vento mais denso, mais presente. E
o terreno, aqui, tem poucas rugosidades, como dizem
os entendidos. Não apresenta barreiras naturais
ao vento, como altas cadeias de montanhas. Também
não há florestas. A vegetação
é do campo, baixa.
Mas pode-se ter outra dúvida: quem garante
que a situação dos ventos não
mude e eles parem de soprar de uma hora para outra?
A central de Palmas tem cinco geradores. A instalação
de um único gerador custa US$ 500 mil, cada
um dos cinco produz 500 quilowatts por hora (KW/h).
Total de 2.500 KW/h, ou 2,5 megawatts por hora (MW/h).
Suficiente para abastecer 20 mil casas. |
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O
lufar comporta 40 geradores, que produziriam 20 mil
MW/h. O equivalente ao consumo de 160 mil casas. Com
a crise de energia elétrica, há chances
de que se chegue a isso. E se o vento parar?
A primeira fase do projeto foi de pesquisas: montaram-se,
na área da usina, estações para
medir a velocidade e a direção dos ventos.
O aparelho anemômetro mede a velocidade. Essas
estações anemográficas trabalham
durante três anos. Ao fim, deles, registram
uma velocidade anual média de ventos excelente:
7 a 8,5 metros por segundo (m/s).
Isto, para os especialistas, garante a perpetualidade
da jazida. Além de uma boa geração.
As torres que sustentam as turbinas possuem 40 metros
de altura e o diâmetro das pás é
de 40 metros. |
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CALMARAIA E TEMPESTADE....
Os ventos que movem as usinas eólicas não
as sujeitam às calmarias que retardavam as caravelas
dos tempos do Descobrimento. Às vezes param totalmente
de soprar. Mas é raro. Outras vezes, como nas tempestades,
são intensos demais. O que é ruim. Mas as
aeroturbinas, como são chamadas, estão preparadas
para as variações. Equipamentos como o anemômetro
mudam o ângulo das pás de acordo com as situação.
Para começar a se mover, as pás precisam de
vento de 2,5 m/s de velocidade. É pouco vento, mas
cada uma das três pás da turbina foca toda
aberta, de modo aproveitar tudo o que chega. Aos 12 m/s
atinge o ponto ideal: 38,5 rotações por minuto
(rpm), com geração de 500 KW/h. SE o vento
fica mais forte do que 12 m/s, muda-se o ângulo das
pás: elas vão sendo fechadas, o que faz com
que uma parte do vento passe direto por elas e se perca.
Com isso, as 38,5 rpm são mantidas. Mas se a velocidade
do vento aumenta muito, passa de 25 m/s numa tempestade,
chegam a 90 quilômetros por hora – as pás são
“embandeiradas”. Ficam num ângulo morto, inteiramente
fechadas. O vento não pode movê-las: passa
direto por elas. Quando tudo termina e a velocidade do vento
volta para os 25 m/s, as pás retornam ao ângulo
produtivo. Voltam a girar e a produzir energia. Tudo, automaticamente.
Não é incomum que, num mesmo dia, se chegue
aos dois extremos: calmaria e tempestades. Outra situação
é que o ventos mudam de direção. Neste
caso, um aparelho instalado no gerador faz com que se mova
com as pás voltadas para o rumo em que o vento está
chegando.
CATA-VENTO FUTURISTA...
A energia produzida pelos geradores de Palmas é passada
à rede interligada que abastece o País. As
Centrais Eólicas do Paraná, que a geram, nasceu
da associação entre a empresa que fabrica
as usinas, a Wobben Windpower, de Sorocaba, interior de
São Paulo, e a estatal Copel, Companhia Paranaense
de Eletricidade . A Wobben é subsidiária da
alemã Enercom.
A vantagem da energia eólica é que a matéria-prima
é oferecida gratuitamente pela Natureza. Não
polui nem causa grande impacto ambiental, como ocorre com
as hidrelétricas e seus lagos que inundam extensa
áreas.
O que se vê, nas centrais eólicas de Palmas,
são os cinco gigantescos cata-ventos metálicos,
futuristas, contrastando com um cenário bucólico.
Uma casa com varanda é a sede. Às vezes, o
gado pasta à sombra das torres. O terreno é
parte do pasto de uma fazenda, alugado.
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Na casa, durante
toda a semana, está Sérgio Benke, um
paranaense filho de gaúchos, que gosta de chimarrão.
Na sal há um fogão a lenha, de ferro,
que serve como aquecedor. Ao lado, uma cadeira de
balanço coberta por um pelego. Esta é
a sala de reuniões e também de estar,
já que Benke mora na casa. |
VISITA DA NEVE...
Em outra sala, a de trabalho, Benke, um técnico especializado,
recebe a cada momento informações sobre o
funcionamento dos geradores. Na segunda-feira, dia 2, às
18h06, os cinco geradores produziam 1,250 MW/h. A velocidade
média do vento era de 9,5 m/s. Temperatura, 10,5
graus. Pelo computador, Benke mantém-se em contato
permanente com a fábrica de Sorocaba.
Ele e um porteiro são os únicos funcionários
do lugar. Às vezes têm um espetáculo
inesperado: a neve. No ano passado aconteceu, caiu para
12 graus negativos.
ORGULHO DAS USINAS.
MAS NENHUM LUCRO...
Por um momento, Palmas achou que era a cidade eleita pelos
céus. No inverno, a natureza oferece o espetáculo
da neve. Agora descobria que dispunha também de tanto
vento, que ele moveria cinco turbinas e energia elétrica.
Ninguém mais, em Palmas, pagaria pela luz e força,
e seriam felizes para sempre.
A ilusão de muitos dos moradores se desfez. Logo
souberam que a energia das cinco usinas iria para a rede
interligada que abastece o País. No máximo,
sobrou algum ICMS, o imposto sobre a circulação
de mercadorias, que aumenta a receita do município.
Mas é tão pouco, que ninguém, na Prefeitura,
tem números à mão.
A cidade, no entanto, gostou do presente. Uma visita à
área onde estão os geradores a ser programa
de fim de semana. Na verdade, não só dos moradores.
O relações-públicas da prefeitura,
Marco Antônio Gomes, diz que vem gente dos países
vizinhos, do Paraguai, do Uruguai e Argentina, para ver
as usinas, pás sempre girando sobre as torres de
40 metros de altura.
Palmas, 35 mil habitantes, está no sul do Paraná,
na divisa com Santa Catarina. Na semana passada, dois ônibus
com 90 estudantes da Universidade Estadual de Londrina,
no norte do Estado, chegaram à cidade para uma visita
às usinas. “Toda semana vem uma excursão”,
diz o relações-públicas.
EXTRA-TERRESTRE...
No primeiro momento, a presença das usinas causou
acidentes de trânsito. Elas estão à
margem de uma rodovia, a 30 quilômetros de centro.
À noite, são iluminadas. Ganham um certo aspecto
extra-terrestre. Muitos motorista se assustaram, ao dar
com elas. Outros, apenas se espantaram muito – e descuidaram
do volante.
Hoje, placas `beira da estrada indicam a proximidade das
usinas. E orientam os motoristas, interessados em admirá-las,
a estacionar em um mirante especialmente aberto à
beira da estrada. Dois funcionários de um órgão
que vigia as fronteiras do País, contra a febre aftosa,
desceram do carro em que viajavam, máquina fotográfica
em punho. “quero que meus filhos vejam isso”, disse Luiz
Fernando Concer.
Palmas alcança 1.400 metros de altitude (Campos de
Jordão tem 1.628, mas fica no Sudeste, região
menos fria). Como se viu, é segundo município
mais frio do País. O frio que dura oito meses é
outra atração da cidade.
Uma filha da cidade, Aurora Mendes dos Santos, 77 anos,
não se surpreendeu tanto com as usinas movidas a
vento. Lembra que em sua inf6ancia na fazenda de seu pai,
um cata-vento alimentava um gerador. Sã imagens distantes,
difusas. “Tínhamos energia elétrica própria.”
Mas lembra-se ainda mais claramente, de como ela e os seis
irmãos viviam agasalhados. “Sempre fez muito frio
e ventou muito aqui.”
O vice-prefeito, Francisco Puton, não ficou só
na contemplação. Fundou uma empresa, a Chico
Eletro, e foi contratado para instalar a rede que recebe
a energia gerada pelas usinas. Palmas produz madeira (exporta
compensado) e maçãs, mas Puton está
empolgado com as novas perspectivas. “O que temos aqui não
é uma jazida de vento, é de ouro!” Está
seguro de que as usinas “vão proliferar”, com o que
sua empresa pode ir de vento em popa.
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Vento
volta a ser utilizado como energia
Existem em várias partes do mundo cerca
de quinhentas turbinas de aproveitamento de energia eólica
em formato vertical, com potência unitária
entre 150 e 300 quilowatts, a maior parte em região
de alta potência eólica ou isoladas dos Estados
Unidos. Estas turbinas conectadas com a rede elétrica.
Atualmente, existe um projeto para a instalação
de quarenta turbinas de hélice vertical para a formação
de um parque eólico nas ilhas Canárias (oceano
Atlântico, costa da África), que se encontra
em fase de estudos e negociações com as companhias
elétricas espanholas e o governo autônomo das
canárias (o arquipélago é uma possessão
espanhola). A empresa construtora – criada dentro do processo
de restruturação da firma Westinhouse na Espanha
– vai fabricar e instalar um tipo de turbina eólica
desenvolvida nos Estados Unidos e recentemente comercializada,
da hélice vertical.
O modelo maior desta turbina mede dezenove metros de altura.
Entre suas vantagens, assinala Irwin E. Vas, vice-presidente
de pesquisas e desenvolvimento da empresa norte-americana,
está o fato de que suas partes pesadas e sujeiras
a avarias se encontram no nível do chão, ao
contrário do que acontece com as turbinas de hélice
horizontal.
Estas turbinas podem agüentar ventos de até
240 km por hora. Quando o vento alcança 96 km por
hora, são usados freios para que deixe de girar ou
não sofra danos. Este sistema se complementa com
meios auxiliares de armazenamento geração
de energia até formar um sistema autônomo.
As turbinas são controladas por um computador instalado
no próprio lugar ou por controle remoto. A soma de
energia de várias turbinas – o que se conhece como
parque eólico – permite alcançar potências
de um megawatt.
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Apesar da queda
dos preços do petróleo, Vas se mostra
otimista com relação à viabilidade
em instalações desenhadas para sua conexão
com a rede elétrica.
Ele afirma que ainda não foi feito o desenho
e construção de turbinas eólicas
para o uso individual, diretamente para o consumidor
final, por falta de demanda. Elas não interessam
às empresas elétricas e a energia produzida
se torna mais cara, em um setor em que os fatores
econômicos são decisivos. Vas, que é
engenheiro aeronáutico, foi assessor do presidente
norte-americano Jimmy Carter para energias alternativas
e esteve ocupado com a pesquisa e desenvolvimento
do programa de energia eólica no Instituto
de Pesquisas de Energia Solar. |
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Cata-vento
é opção econômica e ecológica
para sítios
O uso de cata-ventos
em sítios e chácaras pode proporcionar
uma redução de gastos com água
e também com energia, pois o aparelho funciona
apenas com a ação do vento.
Como conseqüência de seu uso, o cata-vento
também valoriza a propriedade rural, deixando-a
mais bonita e chamativa.
Podem ser encontrados dois tipos de cata-vento no
mercado. O cata-vento de energia, utilizado em propriedades
rurais distantes de redes elétricas, e o cata-vento
de água, que trabalha sobre poços ou
ao lado de rios, levando água para as residências.
“Além disso, o cata-vento de água também
serve para ajudar no trabalho de irrigação
de diversa culturas, na pecuária e também
na oxigenação da água para a
produção de peixes”, explica Maria Chiyoshi,
da Cataventos Kenya, em Encantado, no Rio Grande do
Sul.
Para a instalação, o cata-vento de água
deve ser colocado sobre um poço artesiano ou
ao lado das margens e vertentes dos rios. Uma bomba
é colocada no fundo do poço ou na vertente.
De lá, a água vai por um cano até
uma caixa-d’água, de onde é distribuída
pela casa.
“O cata-vento consegue obter uma média de água
de 2.000 litros/hora até 5.000 litros/hora”,
afirma Chiyoshi.
Dependendo da região, o cata-ventos de água
pode ter uma altura de 6 m até 24 m.
Já o cata-vento de energia deve ser colocado
no telhado da casa. “O kit é simples e pode
ser instalado facilmente. Se em vez do cata-vento
o sitiante optar pela utilização de
uma bomba elétrica, o gasto com manutenção
poderá ser muito maior”, afirma. É
necessário também que o sitiante verifique
o local onde será instalado o cata-vento.
“No Estado de São Paulo todas as regiões
são indicadas.
Porém, o cata-vento de energia precisa de bastante
vento para funcionar e, em alguns lugares, onde os
ventos são mais fracos, sua instalação
fica comprometida”, afirma.
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Fonte:
Geografia do Brasil – Dinâmica e Contrastes*
Pape, Programa Auxiliar de Pesquisa Estudantil (ed. DCL)**
Folha de São Paulo***
O Estado de São Paulo****
Revista Néz Adventure
El País
Fotos: Pixabay
Pick-upau – 2003 – São Paulo
– Brasil |