BIOGRAFIA
Em 1970, na cidade
de Porto Alegre (RS), conheceu um grupo de pessoas
que estavam preocupadas com a degradação
do meio ambiente, então sugeriu a Hilda Zimmermann
e seus companheiros que criassem uma entidade de proteção
ao meio ambiente, como já vinha sendo feito
nos EUA e na Europa.
Quando retorna a cidade, em 1971, encontra a AGAPAN
(Associação Gaúcha de proteção
ao Ambiente Natural), torna-se presidente da organização,
cargo que ocuparia até 1983.
No período de sua permanência no AGAPAN,
luta contra a poda incorreta de árvores na
capital gaúcha, ajuda a criar reservas naturais
no Estado, se opõe ao desmatamento, é
contra os agrotóxicos e atua na elaboração
da Lei 7747/83, sobre defensivos agrícolas,
luta contra industrias que poluíam o meio ambiente
indiscriminadamente e foi incisivo na preservação
da fauna.
Mesmo não sendo mais presidente da organização
continuou sua luta em defesa do meio ambiente, através
de ações na Amazônia e divulgando
suas idéias pelo mundo em palestras, conferências,
simpósios e seminários.
Empreendedor
ecológico
Ao longo de sua vida
sempre envolveu-se com as questões ambientais,
criou empresas ligadas ao setor como a Vida Produtos
Ltda, fundada em 1979, voltada ao manejo e reciclagem
de resíduos industriais de celulose, tecidos
entre outros. No período de 1985 a 1997 sua
empresa Tecnologia Convivial Ltda, implanta um parque
ecológico, desenvolve e promove o planejamento,
monitoramento e a educação ambiental
no setor privado.
Em 1987 cria a Fundação Gaia (www.fgaia.org.br),
no qual foi presidente e promoveu o desenvolvimento
sustentável, expressão que na época
ainda causava estranheza aos ouvidos. Intensifica
seus estudos sobre a educação ambiental
e a reciclagem de lixo e em março 1990 é
nomeado Secretário Especial do Meio Ambiente
da Presidência da República Federativa
do Brasil, pelo então presidente Fernando Collor
de Mello. Durante sua permanência no cargo,
até abril de 1992, foi decisivo na demarcação
de terras indígenas, como a dos yanomamis,
participou do Tratado da Antártida e da Convenção
das Baleias, foi contra a criação da
bomba atômica no Brasil e participou da Eco
92, realizada no Rio de Janeiro.
Até sua morte em 14 de maio de 2002, lutou
e promoveu intensamente a união dos povos através
da conscientização em torno da preservação
da natureza em todos os seus aspectos. Esse foi José
Antonio Lutzenberger, ambientalista, nascido em Porto
Alegre (RS), em 17 de dezembro de 1926. |
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Formado em agronomia
pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul),
ficou conhecido em todo o mundo por suas ideologias conservacionistas
e até a data de sua morte, em 14 de maio de 2002,
alertou sobre os perigos da globalização,
incentivou a conscientização ecológica,
social e harmoniosa no planeta.
O
QUE DIZIA JOSÉ LUTZENBERGER
Folha Seca Não
é Lixo
A luxuriante Hiléia,
a floresta tropical úmida da Amazônia, floresce
há milhões de anos sobre os solos que estão
entre os mais pobres do mundo. Este fato intrigava muito
cientista. O grande cientista alemão, explorador
da Amazônia, Alexander Von Humboldt, ainda pensava
que a floresta tão viçosa, alta e densa, era
indicação de solo muito fértil. Como
pode haver tanta vegetação, crescendo tão
intensivamente, sobre solo praticamente desprovido de nutrientes?
O segredo é a reciclagem perfeita. Nada se perde,
tudo é reaproveitado. A folha morta cai ao chão,
é desmanchada por toda sorte de pequenos organismos,
principalmente insetos, colêmbolos, centopéias,
ácaros, moluscos e depois mineralizada por fungos
e bactérias. As raízes capilares das grandes
árvores chegam a sair do solo e penetrar na camada
de folhas mortas para reabsorver os nutrientes minerais
liberados. Poucas semanas depois de caídos, os nutrientes
estão de volta no topo, ajudando a fazer novas folhas,
flores, frutos e sementes. A floresta natural não
necessita de adubação. Assim a floresta consegue
manter-se através de séculos, milênios
e milhões de anos. A situação não
é diferente em nossos bosques subtropicais, nos campos,
pastos ou banhados. A vida se mantém pela reciclagem.
Assim deveríamos manter a situação
em nossos jardins.
Um dos maiores desastres
da atualidade, um desastre que está na base de muitos
outros desastres, é o fato de estar a maioria das
pessoas, mesmo as que se dizem cultas e instruídas,
totalmente desvinculadas espiritualmente da Natureza, alienadas
do Mundo Vivo. As pessoas nascem, se criam entre massas
de concreto, caminham ou rodam sobre asfalto, as aventuras
que experimentam lhe são proporcionadas pela TV ou
vídeo. Já não sabem o que é
sentir orvalho no pé descalço, admirar de
perto a maravilhosa estrutura de uma espiga de capim, observar
intensamente o trabalho incrível de uma aranha tecendo
sua teia. Capim, aliás, só bem tosadinho no
gramado, de preferência quimicamente adubado! Se não
estiver tosado, é feio! Na casa, a desinsetizadora
mata até as simpáticas pequenas lagartixas,
os gekos.
A situação
não é melhor nas universidades. No Departamento
de Biologia de uma importante universidade de Porto Alegre,
encontra-se um pátio com meia dúzia de árvores
raquíticas. Ali o solo é mantido sempre bem
varrido, nu, completamente nu! As folhas secas são
varridas e levadas ao lixo. Não distinguem sequer
entre carteira de cigarro, plástico e folha seca,
para eles tudo é lixo. Já protestei várias
vezes. Os professores e biólogos nem tomam conhecimento.
Pudera! Hoje a maioria dos que se dizem biólogos,
mais merecem o nome de necrólogos, gostam mais é
de lidar com vida por eles matada do que dialogar com seres
e sistemas vivos. Preferem animais em vidros com álcool
ou formol, plantas comprimidas em herbários. São
raros, muito raros, hoje, os verdadeiros naturalistas, gente
com reverência e amor pela Natureza, que com ela mantém
contato e interação intensiva, gente que sabe
extasiar-se diante da grandiosidade da maravilhosa sinfonia
da Evolução Orgânica.
Por que digo estas coisas
na "A GARÇA"( ? Atrás do prédio
onde estava a Florestal da Riocell, onde estou agora instalado
com meus escritórios da TECNOLOGIA CONVIVIAL e da
VIDA PRODUTOS BIOLÓGICOS, existe um barranco onde
estão se desenvolvendo lindas "seringueiras".
Na realidade, não são seringueiras, são
plantas da mesma família que nossas figueiras, mas
são oriundas da Índia. Além de crescerem
pelo menos dez vezes mais rápido que nossas figueiras,
fazem lindas raízes aéreas e lindas tramas
superficiais no solo. A alienação, que predomina
entre nós, em geral, faz com que sejam demolidas
tão logo atinjam tamanho interessante e aspecto realmente
belo.
As Ficus elásticas
a que me refiro, fizeram um lindo tapete de folhas secas.
Este tapete segura a umidade do solo, mantém o solo
poroso e aberto para a penetração da água
da chuva e evita a erosão, especialmente na parte
mais íngreme do barranco, já bastante erodida,
porque no passado, alí, as folhas eram sempre removidas.
Este tapete promove também o desenvolvimento da vegetação
arbustiva e rasteira que dará ainda mais vida ao
solo e abrigo à fauna, como corruíras e tico-ticos,
lagartixas, insetos, etc. Da janela do meu escritório
alegro-me cada vez que posso observar esta beleza.
Houve quem insistisse em
que varrêssemos para deixar o solo nu. Faço
um apelo a todos que ainda não o fizeram, observem
este aspecto importante e construtivo da Natureza, aprendam
a ver a beleza na grande integração do Mundo
Vivo. Não vamos varrer!
José Lutzenberger
Fevereiro de 1990
Especial para o jornal A Garça, periódico
da empresa Riocell, fábrica de celulose
Me interesso muito
pouco pela minha pessoa. Olho sempre para a frente. Custo
a entender que estou com 75 anos.
Na hora, digo o que
penso, boto para fora. Uso a emoção. Se alguma
coisa me excita, falo excitado. Se me agridem, passo a agredir.
Mas não sinto raiva ou ressentimento.
Em Brasília,
todos são cínicos e não entendem como
você não possa ser (sobre sua passagem como
ministro do governo Collor).
A Alemanha fez penitência
pelo holocausto. Mas o Brasil ainda deve a sua pelo que
fez com os índios e os negros."
Soja Transgênica:
Problema Político, Não Técnico
A genética moderna,
ou seja, a biologia molecular, constitui-se em uma das grandes
aventuras do espírito humano neste século,
tais como a relatividade especial e a geral, a física
nuclear e de partículas elementares, a deriva dos
continentes. Infelizmente, neste campo, está ocorrendo
uma grave perversão.
O jovem Einstein, quando elaborava as suas geniais teorias,
ganhava a vida como funcionário do departamento de
patentes da Suíça, em Zurique. Jamais, no
entanto, lhe teria ocorrido patentear suas idéias.
O próprio James Watts e seu companheiro Francis Crick,
que desvendaram a estrutura molecular do código genético,
não tiveram a presunção de requerer
patente para sua descoberta. Regozijaram-se, isto sim, com
o Prêmio Nobel.
Aliás, patentes só se aplicam e se justificam
para invenções, não a descobertas.
Os gens dos seres vivos e todos os meios dos quais eles
se servem, foram estruturados pela Natureza neste fantástico
processo sinfônico que é a evolução
orgânica, que nos deu origem, junto com todos os demais
seres, e que remonta a mais de três bilhões
de anos. Que monumental presunção querer patentear
gens, seres vivos, partes de seres vivos e processos vitais!
Entre outras coisas, estão querendo patentear todos
os gens do genótipo humano que são algo como
100.000. Já o fizeram com alguns milhares e estão
trabalhando febrilmente para terminar logo em 2001 ou 2003.
É com estes métodos que as mesmas transnacionais
que, durante décadas, condicionaram a agricultura
ao uso exagerado e mesmo indiscriminado dos agrotóxicos,
preparam-se para arrebatar do produtor agrícola um
dos últimos fatores do que lhe sobra de autonomia
- a semente. A soja transgênica, patenteada, que agora
está sendo introduzida no Estado, é resistente
ao herbicida da própria casa, obriga o agricultor
à "compra casada" - semente mais herbicida,
mesmo que não haja necessidade para tal. Já
estão, também, preparando cultivares com o
gen "terminator", um gen que faz com que a semente
colhida pelo agricultor se "suicide" ao ser semeada,
tornando desnecessária a patente, pior que no caso
do milho híbrido que, ao ser ressemeado, não
mantém suas qualidades.
Não é por nada que as grandes transnacionais
dos agrotóxicos nos últimos anos compraram
já a quase totalidade das empresas independentes
de sementes. Com isso se preparam para um monopólio
global.
Que tem a ver isso com resolver o problema da fome? Tem
a ver com criação de estruturas de poder,
de dependência! Se, na Índia, centenas de milhares
de agricultores estão demonstrando contra a introdução
dos transgênicos - pessoalmente, em Bangalore 1996,
assisti a uma demonstração de meio milhão
- é porque sabem que este tipo de tecnologia se dirige
contra eles, só favorece o agribusiness - o complexo
agro-industrial; nem tanto o grande agricultor. A chamada
Revolução Verde já marginalizou centenas
de milhões de camponeses no mundo, um custo social
que não é contabilizado quando se fala das
"vantagens" da agricultura moderna.
O que a grande tecnocracia
pretende, e para isso usa os mecanismos de globalização,
o FMI e OMC, é deixar sobreviver apenas as grandes
monoculturas comerciais que dependem totalmente de seus
insumos, cada vez mais caros, e que tem que entregar seus
produtos a preços sempre mais manipulados. Quanto
aos pequenos, só deixarão sobreviver aqueles
que se atrelarem diretamente à indústria ("contract
farming"), como no cultivo do fumo, da fruticultura
e legumes para fábricas de conservas, os campos de
concentração de aves e fábricas de
ovos ou calabouços de porcos. O produtor fica com
a ilusão de ser empresário autônomo
mas não passa de operário sem carteira, que
tem que envolver toda a família como mão-de-obra
gratuita, sem horário de trabalho definido, sem domingo,
feriado, férias, e sem previdência social.
É de estranhar que o INSS não se ocupe desta
burla.
Se permitirmos o primeiro
passo desta conspiração que agora se inicia
com a introdução forçada dos cultivares
transgênicos, os passos subseqüentes serão
automáticos - crédito bancário só
para sementes "certificadas"; mais adiante, proibição
de toda semente ainda livre. Na Alemanha já estão
punindo agricultores que apenas trocaram sementes com o
vizinho. Em comunicação interna de uma das
transnacionais, ela conta como está processando milhares
e punindo centenas de agricultores americanos que reproduziram
suas sementes transgênicas sem sua permissão.
Os castigos são a destruição total
da lavoura, mais multas de dezenas de milhares de dólares
- o agricultor acaba entregando a propriedade ao banco.
Nestes documentos a expressão "seed saver"
(economizador de semente) é usada em sentido profundamente
pejorativo.
Que tristeza, termos que
testemunhar como nosso governo se submete incondicionalmente
aos interesses imediatistas do grande poder tecnocrático
sem pátria. O Ministro da Saúde chegou a multiplicar
por cem o limite permitido de resíduo de glifosato
na soja para acomodar os interesses dos donos da soja "Roundup-ready"...!!!
José Lutzenberger
Fevereiro de 1999
Especial para a Gazeta Mercantil
"Li Marx de ponta
a ponta no original, em alemão. Ele é tão
tecnocrata quanto os capitalistas.
Laden. Está arrasando o planeta.
A sociedade de consumo
é, no fundo, uma religião fanática,
um fundamentalismo pior do que o do Bin
O livre mercado não
resolve tudo, até porque é manipulado. O mercado
só vê demanda, não vê necessidades.
Os mercados são cegos para as gerações
futuras.
Os aviários se
transformaram em campo de concentração de
galinhas. Vem aí a galinha louca."
Vale
a pena ter um jardim?
Já não
é necessário ser naturalista para ver que
nossas cidades são monstruosas. Todos começamos
a sentir que o que chamamos "progresso" é,
na verdade, uma corrida grotesca que nos torna cada dia
mais neuróticos e desequilibrados.
Necessitamos de compensações. O jardim pode
ser uma destas compensações. Além de
contribuir substancialmente para a saúde do corpo
e da alma, a jardinagem poderá constituir ocupação
de grande valor educativo, pois nos fará sentir a
Natureza, da qual estamos tão alienados. Mesmo quando
praticada em escala mínima, a jardinagem restabelece
um certo elo entre o homem e a Natureza, abrindo-nos os
olhos para seus mistérios. Tivéssemos mais
jardins, públicos e privados, seria mais amena e
menos embrutecedora a vida nas cidades.
Fazer ou não um jardim que cumpra tão importantes
funções depende menos dos meios de que se
dispõe do que da própria inclinação
e disposição diante da tarefa. Quem é
muito rico e dispõe de muita terra é claro
que poderá, se quiser, fazer um imenso parque, com
paisagismo esmerado. Mas com meios muito modestos também
se pode fazer muita coisa, não menos interessante.
Grande contentamento e paz de espírito pode-se obter
com meios irrisórios. Há os que sabem fazer
jardins fascinantes em poucos metros quadrados e que obtêm
imensa satisfação no cuidado que lhes dispensam.
Até no balcão de uma janela pode-se cultivar
um pedaço de natureza, e mesmo num pequeno aquário
pode surgir um jardim submerso encantador. A Natureza oferece
um sem número de possibilidades. Quem sabe observá-la
e tem imaginação nunca cansará de maravilhar-se
diante dela. Sempre descobrirá coisas novas e surpreendentes.
Aprenderá a deleitar-se com ela. Assim como eu posso
gostar de jardins grandes e variados ou de árvores
centenárias com seu vestido de epífitas, posso
também deleitar-me com a arte do bonsai, que consiste
em cultivar miniaturas de árvores. Em São
Paulo, temos um grupo de japoneses que trouxe de seu país
esta tradição. São grandes artistas.
Alguns possuem exemplares de indescritível beleza.
Estas miniaturas passam de pai a filho. Há os que
possuem bonsais de 300 ou 400 anos. Dedicam muito tempo,
paciência, amor e carinho a suas plantas. Devem obter
tremenda satisfação e paz de espírito
nesta arte.
Em nosso País, temos uma flora exuberante - ainda
exuberante, porque, da maneira como hoje a combatemos, em
poucos anos já não sobrará muita coisa.
Nossa flora é uma das mais ricas do mundo. Temos
uma infinidade de plantas e comunidades florísticas
preciosas que poderiam ser protegidas ou cultivadas. Há
campo para especialistas e para generalistas, para os que
gostam de dedicar-se a um só grupo de plantas como
para os que preferem ambientes complexos. Para os primeiros
oferecem-se as orquídeas, cactáceas, bromeliáceas,
suculentas ou samambaias, musgos, aráceas, plantas
aquáticas ou carnívoras e muitas, muitas outras.
Para quem gosta de ambientes harmônicos, os nossos
ecossistemas naturais oferecem exemplos de formas e combinações
as mais diversas.
O que nos falta é
a mentalidade para ver a beleza do nosso mundo. Somos cegos
diante da Natureza. Se o homem industrial moderno está,
em geral, alienado da Natureza, entre nós esta alienação
atinge seu clímax. Predomina entre nós o esquema
mental do caboclo que, quando lhe perguntei pelo nome popular
de uma determinada planta silvestre, me olhou muito surpreso
e respondeu: "Mas isto não é planta.
Isto é mato!". Usava a palavra "mato"
com entonação profundamente depreciativa.
Eu quis saber então sua definição de
"planta" e de "mato". Deu-me um olhar
ainda mais incrédulo e condescendente e explicou
que "mato" era tudo aquilo que vingava sozinho,
que não prestava, que devia ser exterminado, e que
"planta" era o que se cultivava, o que tinha valor,
que dava dinheiro. Quando me afastei, tive a impressão
de que ele me considerava um pobre louco, por não
saber fazer distinções tão evidentes.
Quem tem este esquema mental
nunca saberá, é claro, fazer um jardim realmente
interessante, nem terá vontade para tanto. Fará,
quando muito, um jardim convencional, do tipo que predomina
entre nós, com canteiros geométricos, de preferência
rodeados de concreto e com plantas desfiguradas pela tosa
ou poda mutiladora. Quando enxergar uma árvore velha
coberta de belíssimas epífitas, só
pensará em como limpá-la de suas "parasitas".
Nos loteamentos, preparará o terreno pela terraplenagem
violenta, arrasando tudo o que é natural, para então
construir as casas em uma paisagem lunar onde, para fazer
um jardim todo artificial, terá que trazer terra
vegetal de outro lugar, causando assim mais uma depredação
no mato natural em que obtém esta terra.
Só saberá
fazer um jardim que lhe proporcione realmente satisfação
e serenidade aquele que aprende a amar de fato a Natureza,
porque este se dedica pessoalmente às suas plantas.
Nunca entregará seu jardim aos que vêm armados
com serrote e tesoura de podar e que si dizem jardineiros,
mas que são apenas massacradores de plantas. Só
quem faz de seu jardim um hobby poderá dele tirar
prazer compensador.
Não temos demonstrado
a mínima sensibilidade nem reverência pelas
coisas da Natureza. Já houve entre nós os
que ofereciam "concreto verde" para aqueles que
reclamavam mais verde. Nossas árvores urbanas estão
todas em estado deplorável, por causa da absurda
moda das mutilações periódicas, geralmente
praticadas pela própria administração
pública. Em ambientes como este, é difícil
que floresça uma cultura jardinística como
a que podemos observar em alguns países europeus.
Mas nunca é tarde
para começar.
José Lutzenberger
Fevereiro de 1999
Fundação Gaia
"Capitalismo e
comunismo são, na verdade, duas seitas da mesma coisa,
que é o industrialismo.
Há um governo
mundial tecnoditatorial dos grandes grupos. O governo mundial
é privado.
Hitler e Mussolini também
diziam ser socialistas, como Fidel. Essa palavra e ser de
esquerda não significam mais nada.
Os padres são
mais safados que os comunistas. Oferecem o paraíso
para depois da morte, quando já não é
possível cobrar nada deles."
O
RECONHECIMENTO DO TRABALHO
José Lutzenberger
recebeu ao logo de sua vida mais de 40 prêmios e cerca
de 10 homenagens especiais. Veja a seguir algumas delas.
"Destaque do Ano
em Defesa do Meio-Ambiente em 1973", Rede Brasil de
Comunicações, Porto Alegre Country Club, 08
de março de 1974;
Mérito Agronômico
DE 1980, concedido pela Federação das Associações
de Engenheiros Agrônomos do Brasil - FAEAB;
Medalha Bodo-Manstein
1981, conferido pela Liga Para o Meio Ambiente e Proteção
da Natureza da Alemanha Ocidental em Worms, no Reno - Alemanha,
17 de maio de 1981;
Prêmio Especial
do Júri - Categoria Ecologia - do Prêmio Lei
Sarney a Cultura Brasileira 2a. Edição, em
04 de novembro de 1988, no auditório do Palácio
Bandeirantes - SP, promoção do Banco do Brasil
S/A;
The Right Livelihood Award
de 1988, conhecido como "Prêmio Nobel Alternativo",
em Estocolmo - Suécia, no dia 09 de dezembro de 1988;
Nomeado Integrante da
Ordem do Ponche Verde, no grau de Oficial, pelo então
Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Pedro Simon,
em 22 de dezembro de 1988;
Comenda "Augusto
Ruschi", conferida pelo Poder Executivo de Cachoeiro
do Itapemirim - ES, em 28 de março de 1989;
Prêmio Internacional
"Vida Sana", 1990, Barcelona, Espanha;
Nomeado Grande Oficial
da Ordem de Rio Branco pelo então Presidente da República
Federativa do Brasil, Sr. Fernando Collor de Mello, em 23
de maio de 1990;
Nomeado Comendador de
La Ordem del Condor de Los Andes, pelo então Presidente
da República de Bolívia, Sr. Jaime Paz Zamora,
em 10 de agosto de 1990;
Nomeado Doctor Honoris
Causa pela Universidade de São Francisco, Bragança
Paulista, IV/1991;
Nomeado Grande Oficial
da Ordem do Mérito Brasília, pelo então
Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz,
em 21 de abril de 1991;
Nomeado Grande Ufficiale
Dell Ordine Al Merito Della Republica Italiana, pelo então
Presidente della Repubblica Italiana, Sr. Francesco Cossiga,
em 11 de dezembro de 1991;
Nomeado Conselheiro Principal
da Fundação Brasileira Para o Desenvolvimento
Sustentável - FBDS, em 1992;
Member of The Scientific
Board da UTEC-ABSORGA - Viena, Áustria - 1994;
Nomeado Doctor Honoris
Causa da Universität Für Bodenkultur Wien, Viena,
Áustria, em 21 de março de 1995;
Homenageado com o título
Brava Gente - Embaixadores do Rio Grande do Sul, pelo Governo
de Estado, entregue pelo Governador Antônio Britto,
em 18 de outubro de 1996.
Nomeado Professor Honoris
Causa, pela Universidade de Shandong, Província de
Jinan, na República Popular da China, em maio de
2000.
CLIPPING
(JOSÉ LUTZENBERGER)
Morre no RS o ambientalista Lutzenberger
Porto Alegre (RS) - Morreu ontem,
14 de maio de 2002, o ambientalista José Lutzenberger,
de 75 anos, às 11h20, de parada cardíaca. Ele
havia sido internado no dia anterior com um quadro de insuficiência
respiratória no pavilhão Pereira Filho da Santa
Casa de Misericórdia Porto Alegre (RS), onde faria
exames.O pneumologista Bruno Palombini, que tratava Lutzenberger,
disse que ele sofria de lesão no miocárdio (músculo
do coração) e de um problema respiratório
causado pelo tabagismo - ele foi fumante entre os 16 e 50
anos.
O ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho,
divulgou uma nota em nome do governo: "Lamentamos o falecimento
do ambientalista José Lutzenberger, homem que se dedicou
à defesa do meio ambiente. Devemos seguir seu exemplo,
fazendo de nosso dia-a-dia uma busca permanente de novas ações
capazes de assegurar respeito à nossa fauna e flora."
Fábio Feldman, assessor especial do presidente da República
para o meio ambiente, assinalou que "Lutz era um gênio,
com uma capacidade de comunicação incomum, em
qualquer língua e frente a qualquer público.
Não tem substituto."
Engenheiro agrônomo nascido em Porto Alegre (RS), Lutzenberger
criou em 1987 a Fundação Gaia, entidade que
presidia, voltada a projetos de agricultura orgânica,
educação e consultoria ambiental. Lutzenberger
ficou conhecido nacionalmente por sua atuação
como secretário especial do Meio Ambiente, cargo para
o qual foi nomeado em 1990 pelo então presidente Fernando
Collor de Mello e que ocupou por dois anos.
Lutzenberger foi um dos
idealizadores da Associação Gaúcha
de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan),
criada em 1971, uma das primeiras entidades do gênero
no País. Lutz, como era conhecido, ganhou vários
prêmios internacionais em reconhecimento à
sua contribuição à ecologia, entre
eles o prêmio Nobel Alternativo.
Influenciou a formação de várias das
lideranças do movimento ambientalista tanto no Rio
Grande do Sul como em outros estados.
Para Magda Renner, 75 anos, hoje diretora da ONG Amigos
da Terra, sediada em Porto Alegre, "uma palestra dele
nos 1970 foi uma experiência inesquecível,
como se da minha casa se abrissem quatro janelas e eu visse
todo o mundo lá fora de uma nova perspectiva".A
Fundação Gaia continuará sendo dirigida
pelas suas filhas Lilly e Lara, que têm atuado nos
últimos anos como secretária e vice-presidente
da entidade. Lutzenberger será sepultado hoje às
11h na sede da Fundação Gaia, em Pântano
Grande, a 120 quilômetros de Porto Alegre.
Fonte: O Estado de São
Paulo (www.estado.com.br)
Sandra Hahn
Ecologista José
Lutzenberger morre no RS vítima de parada cardíaca.
O agrônomo e ecologista
José Lutzenberger morreu hoje, 14 de maio de 2002,
em Porto Alegre (RS), aos 75 anos, vítima de parada
cardíaca.Ele foi secretário especial do Meio
Ambiente na gestão do presidente Fernando Collor
e ganhou o Prêmio Nobel Alternativo, além de
títulos de reconhecimento por sua luta em defesa
do meio ambiente.O ecologista fundou a ONG Associação
Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
(Agapan), em 1970, e a Fundação Gaia, em 1987.Lutzenberger
estava internado na Santa Casa para exames, segundo a Agência
Brasil.
Fonte: Folha de São
Paulo (www.folha.com.br)
Redação
José
Lutzenberger morre aos 75, no RS
Aos 75 anos, morreu ontem,
14 de maio de 2002, na Santa Casa de Porto Alegre, onde
estava com problemas respiratórios decorrentes da
asma, o maior ambientalista do Brasil , José Antônio
Lutzenberger - Lutz para os amigos. Sua vida foi toda dedicada
à natureza e, não por acaso, tornou-se um
dos maiores defensores do naturismo. Muitas vezes era visto
nu em sua casa e não entendia que houvesse gente
capaz de pôr malícia nessa prática.
Era gaúcho de Porto Alegre mas sua paixão
pela agronomia - na qual se formou em 1950, pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul - levou-o para a Universidade
de Louisiana (EUA), em 1951-53, onde se especializou em
agroquímica. Quatro anos depois seguiu para a Alemanha,
contratado pela empresa de adubos Basf como técnico.
Da Alemanha, seguiu para a Venezuela a serviço da
empresa. Voltou à Alemanha em 1966 para continuar
o que vinha fazendo na Venezuela e no ano seguinte a Basf
mandou-o para Casablanca, no Marrocos, onde sua experiência
e conhecimento foram postos a serviço também
da Argélia e Tunísia. Quando percebeu que
era intenção da Basf fabricar também
agrotóxicos, Lutz entendeu que seria uma traição
aos seus princípios se continuasse na empresa. Pediu
demissão, abandonou de vez a indústria química
e tornou-se ecologista.
Ele queria, disse mais tarde, ''uma agricultura livre de
produtos químicos nocivos''. Junto com outros amantes
da ecologia, fundou, em 1971, a Associação
Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
(Agapan), primeira ONG brasileira do gênero e que
ele presidiu de 1971 até 1987. A partir daí
Lutz nunca mais se separou de sua bandeira e por ela travou
muitas e duras batalhas. A primeira foi com a empresa de
celulose norueguesa Borregaard, instalada no município
de Guaíba e contra a qual recaía a acusação
de maior poluidora de Porto Alegre. A empresa acabou passando
para o grupo Klabin, graças ao qual, foi criado com
sucesso um programa de reciclagem dos resíduos industriais.
Outras batalhas do ainda pouco conhecido ecologista foi
contra a poda de árvores na capital gaúcha,
que ele considerava incorreta. Até contra o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) Lutz brigou. ''O Incra, que só faz barbaridades,
deveria desaparecer'', chegou a dizer.
Quando, em 1987, deixou a Agapan, criou a Fundação
Gaia, destinada a desenvolver estudos com vistas à
conservação da vida no planeta - e em cuja
sede passou os últimos anos de vida e pediu para
ser enterrado.
Ali também tinham lugar seus bichos de estimação,
especialmente gatos, além dos peixes na lagoa. Criou
ainda os parques ecológicos da Guarita e Itapeva,
em Torres (RS). A convite do presidente Fernando Collor,
foi empossado em março de 1990 secretário
nacional de Meio Ambiente, cargo em que permaneceria até
abril de 1992 - quando foi demitido, dois meses antes da
Eco que atraiu ao Rio de Janeiro a atenção
do mundo. Se alguém queria, mesmo por brincadeira,
ver Lutz irritado, era só falar dessa experiência.
''Brasília, só de lembrar, me faz mal'', dizia.
Entre as mais de 85 homenagens que recebeu no Brasil e no
exterior, entre prêmios, medalhas, placas e distinções
várias, está o Prêmio Nobel Alternativo
concedido em 1988, por seus trabalhos científicos,
pela The Right Livelihood Award Foundation.
Na Europa, Lutz era considerado o ''pai dos movimentos ecológicos
da América Latina''. Apesar do que, Lutz disse uma
vez: ''Não tenho medo dos transgênicos, que
são proteínas como qualquer outra''. Opunha-se
era contra os agrotóxicos, as usinas nucleares, a
destruição das matas e a matança dos
animais silvestres. ''Era um purista e sonhador capaz de
defender a eliminação dos combustíveis
fósseis, caso dos derivados de petróleo'',
disse Rodney Ritter Morgado, gerente do Ibama no Rio Grande
do Sul. Era viúvo de Anemarie Wilm, com quem teve
duas filhas, ambas biólogas: Lilly, 40, e Lara, 32.
Fonte: Jornal do Brasil
(www.jb.com.br)
Redação
Morte de
Lutzenberger preocupa Fundação Gaia
A morte do ambientalista
gaúcho José Lutzenberger traz preocupação
para a Fundação Gaia. De acordo com o conselheiro
da fundação Fernando Bergamin, o carisma de
Lutzenberger era responsável pelo apoio de entidades
internacionais que apoiavam financeiramente iniciativas
da instituição, que passa a ser presidida
por Lara, a filha mais nova do ambientalista.
O enterro de Lutz ocorreu na sede rural da fundação,
em Pantano Grande. Apenas uma coberta de algodão
o separou da terra. Durante o velório, o corpo ficou
em um caixão, coberto com flores e bilhetes escritos
pelas netas, Heloísa, de 10 anos, e Helena, de oito.
O caixão seguiu de carro até um bosque de
eucaliptos, acompanhado pelas filhas Lilly e Lara, parentes,
amigos, ambientalistas e autoridades, como o governador
Olívio Dutra e o secretário do Meio Ambiente,
Claudio Langone.
Lutzenberger morreu aos 75 anos. Sofreu uma parada cardíaca
na terça-feira, no quarto em que estava no Pavilhão
Pereira Filho da Santa Casa, na Capital. Ele havia sido
internado menos de 24 horas antes. Não houve cerimônia
religiosa. A legislação diz que as pessoas
precisam ser enterradas em cemitérios, mas, Bergamin,
uma permissão especial garantiu o enterro no Rincão
Gaia, uma antiga pedreira recuperada pelo ambientalista
entre Pantano Grande e Rio Pardo, a 120 quilômetros
de Porto Alegre.
Durante o enterro, a família mostrou indignação
com a afirmação do pneumologista Bruno Palombini,
publicada em Zero Hora, de que Lutz fumou dos 16 aos 50
anos. O médico responsabilizou o cigarro pela tosse
crônica e um enfisema pulmonar. "Ele não
deve ter colocado mais do que cinco cigarros na boca durante
toda a vida" disse em nome da família Alexandre
de Freitas, encarregado de cursos, eventos e educação
ambiental da Fundação Gaia. Segundo Palombini,
que atendia Lutz havia cerca de 15 anos, a informação
foi dita pelo próprio ambientalista e constava em
sua ficha. Em três entrevistas a ZH, Lutzenberger
confirmou que filava eventualmente cigarros, por chiste.
Fonte: Jornal Zero Hora
(www.zerohora.com.br)
Redação
Chuva no adeus para
Lutzenberger
Uma forte chuva no momento
exato em que José Antônio Lutzenberger era
sepultado, na manhã de ontem, emocionou quem acompanhou
a homenagem ao ambientalista gaúcho de 75 anos, morto
na terça-feira. Depois de ser velado na Casa Comunal,
sede rural da Fundação Gaia, em Pantano Grande,
ele foi enterrado, na mesma área, junto ao bosque
de eucaliptos e envolto em um tecido de algodão,
conforme desejo manifestado há muitos anos. Para
amigos e familiares do ambientalista, a cerimônia,
sob ruídos de pássaros e de outros animais,
não poderia ter sido encerrada de outra forma - com
uma homenagem da natureza, que também chorou a sua
perda.
O enterro também foi acompanhado por crianças,
estudantes, dirigentes de entidades e autoridades, como
o governador Olívio Dutra e os secretários
da Agricultura, Angelo Menegat, e do Meio Ambiente, Claudio
Langone. Para Langone, a lembrança mais marcante
do ambientalista será o humor. 'Ele sempre recebia
as pessoas com um sorriso e com atenção. Dificilmente
haverá alguém tão envolvido na defesa
do meio ambiente.' O ambientalista Arno Kaiser, do Movimento
Roessler para a Defesa Ambiental, resumiu o sentimento dos
demais protetores da natureza presentes ao sepultamento,
como Flávio Lewgoy e Magda Renner. 'Demorará
muito tempo para que outra pessoa tenha tamanho destaque
e dedicação pela causa. É hora de aprendermos
que uma pessoa não consegue lutar sozinha. É
preciso um esforço coletivo.' Um dos mais emocionados
era o técnico agrícola Alexandre de Freitas,
que trabalhava há nove anos na Fundação
Gaia. Para ele, o grande aprendizado deixado por Lutzenberger
foi sua bondade. 'Ele era muito generoso e não tinha
nenhum pudor em compartilhar o conhecimento que carregava.
Para ele, era um prazer permitir que todos também
aprendessem.' Freitas lembra que o trabalho desenvolvido
pelo ambientalista teve muitos seguidores e que a continuidade
da Fundação Gaia está assegurada. 'Este
lugar foi onde ele aplicou a sua genialidade e inspiração.
De uma forma simples, vamos devolver tudo o que ele ensinou,
como cuidar das pequenas coisas, por exemplo'.
A filha mais velha de
Lutzenberger, Lilly, disse que a melhor forma de dar continuidade
ao trabalho do pai será colocar em prática
tudo o que ele defendia. Para os que acompanharam a cerimônia,
a maior homenagem foi fazer com que, como uma flor, daquelas
que ele tanto protegeu, Lutzenberger fosse cuidadosamente
devolvido à terra e regado pela própria natureza.
Quando, em 1987, deixou a Agapan, criou a Fundação
Gaia, destinada a desenvolver estudos com vistas à
conservação da vida no planeta - e em cuja
sede passou os últimos anos de vida e pediu para
ser enterrado.
Ali também tinham lugar seus bichos de estimação,
especialmente gatos, além dos peixes na lagoa. Criou
ainda os parques ecológicos da Guarita e Itapeva,
em Torres (RS). A convite do presidente Fernando Collor,
foi empossado em março de 1990 secretário
nacional de Meio Ambiente, cargo em que permaneceria até
abril de 1992 - quando foi demitido, dois meses antes da
Eco que atraiu ao Rio de Janeiro a atenção
do mundo. Se alguém queria, mesmo por brincadeira,
ver Lutz irritado, era só falar dessa experiência.
''Brasília, só de lembrar, me faz mal'', dizia.
Entre as mais de 85 homenagens que recebeu no Brasil e no
exterior, entre prêmios, medalhas, placas e distinções
várias, está o Prêmio Nobel Alternativo
concedido em 1988, por seus trabalhos científicos,
pela The Right Livelihood Award Foundation. Na Europa, Lutz
era considerado o ''pai dos movimentos ecológicos
da América Latina''. Apesar do que, Lutz disse uma
vez: ''Não tenho medo dos transgênicos, que
são proteínas como qualquer outra''. Opunha-se
era contra os agrotóxicos, as usinas nucleares, a
destruição das matas e a matança dos
animais silvestres. ''Era um purista e sonhador capaz de
defender a eliminação dos combustíveis
fósseis, caso dos derivados de petróleo'',
disse Rodney Ritter Morgado, gerente do Ibama no Rio Grande
do Sul. Era viúvo de Anemarie Wilm, com quem teve
duas filhas, ambas biólogas: Lilly, 40, e Lara, 32.
Fonte: Correio do Povo (www.correiodopovo.com.br)
Silvia Maino Bica
Sepultado o corpo
do ambientalista José Lutzenberger
O corpo do ecologista José
Antônio Lutzenberger foi sepultado na manhã
desta quarta-feira, na sede rural da Fundação
Gaia, em Pântano Grande, no estado do Rio Grande do
Sul.
Lutzenberger morreu aos 75 anos, na terça-feira,
em decorrência de problemas respiratórios.
Ele estava internado na Santa Casa de Porto Alegre. Fundador
da Gaia, em 1987, e vencedor do Prêmio Nobel Alternativo,
Lutzenberger foi um grande incentivador das lutas ambientalistas
no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil.
No governo federal, Lutzenberger foi secretário especial
do Meio Ambiente, no início da gestão Fernando
Collor de Mello.
Fonte: CNN (www.cnn.com)
Redação
AS
OBRAS LITERÁRIAS
Veja a seguir algumas obras
lançadas por José Lutzenberger;
- "Fim do Futuro?"
Manifesto Ecológico Brasileiro
1976, Ed. Movimento, 4ª. Ed. 98 págs.
- "Pesadelo Atômico"
1980, Ched Editorial, 1ª. Ed. 82 págs.
- "Ecologia - Do Jardim
ao Poder"
1985, L&PM Editores, Coleção Universidade
Livre, 10a. Ed. 102 págs. - 11ª. Ed. Revisada
e Ampliada - 192 págs. 1992.
- "Política
e Meio Ambiente",
Co-autoria com Flávio Lewgoy e outros, 1986, Mercado
Aberto, Série Tempo de Pensar, 1ª. Ed. 115 págs.
- "Giftge Ernte - Tödlicher
Irrweg der Agrarchemie, Beispiel: Brasilien"
Co-autor: Michael Schwartzkopff, Eggenkamp Verlag, Greven
1988, 312 págs.
- "Gaia - O Planeta
Vivo (Por um Caminho Suave)"
1991, L&PM Editores, 2ª. Ed. 112 págs.
- "Knowledge And Wisdom
Must Come Back Together"
Publicado em 1994 pela Folkuniversitet da Suécia
em forma de livreto. 32 págs.
- "Wir Können
Die Natur Nicht Verbessern: Reden und Aufsätze des
brasilianischen Ökologen/José Lutzenberger"
Edition Siegfried Pater Bonn, 1996, 76 págs.
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