MATA
ATLÂNTICA
RESOLUÇÃO Nº 07, DE 23 DE JULHO DE 1996
O Presidente do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA,
ad referendum deste conselho, e por delegação
a ele conferida pelo artigo 1º, parágrafo 1º,
da Resolução nº 10 de 1º de outubro
de 1993,e
Considerando que o disposto no artigo 6º, do Decreto
Federal nº 750, de 10 de fevereiro de 1993,
Resolve:
Artigo 1º Aprovar como parâmetro básico
para análise dos estágios de sucessão
de vegetação de restinga para o Estado de
São Paulo, as diretrizes constantes no anexo desta
Resolução.
Artigo 2º Esta Resolução entra em vigor
na data da sua publicação.
Anexo da Resolução CONAMA nº 07/96
I - INTRODUÇÃO
Entende-se por vegetação de restinga o conjunto
das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob
influência marinha e fluvio-marinha. Essas comunidades,
distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas
de grande diversidade ecológica, sendo consideradas
comunidades edáficas por dependerem mais da natureza
do solo que do clima. Essas formações, para
efeito desta Resolução, são divididas
em: Vegetação de Praias e Dunas, Vegetação
Sobre Cordões Arenosos e Vegetação
Associada às Depressões. Na restinga os estágios
sucessionais diferem das formações ombrófilas
e estacionais, ocorrendo notadamente de forma mais lenta,
em função do substrato que não favorece
o estabelecimento inicial da vegetação, principalmente
por dissecação e ausência de nutrientes.
O corte da vegetação ocasiona uma reposição
lenta, geralmente de porte e diversidade menores, onde algumas
espécies passam a predominar. Dada a fragilidade
desse ecossistema a vegetação exerce papel
fundamental para a estabilização de dunas
e mangues, assim como para a manutenção da
drenagem natural. A dinâmica sucessional da restinga
passa a ser caracterizada a seguir:
II - VEGETAÇÃO DE PRAIAS E DUNAS
Por serem áreas em contínua modificação
pela ação dos ventos, chuvas e ondas, caracterizam-se
como vegetação em constante e rápido
dinamismo, mantendo-se sempre como vegetação
pioneira de primeira ocupação (climax edáfico)
também determinado por marés, não sendo
considerados estágios sucessionais.
a) Na zona entremarés (estirâncio) existe criptógamas
representadas por microalgas e fungos não observáveis
a olho nu. Na área posterior surgem plantas herbáceas
providas de estolões ou de rizomas, em alguns casos
formando touceiras, com distribuição esparsa
ou recobrindo totalmente a areia, podendo ocorrer a presença
de arbustos, chegando em alguns locais a formar maciços;
b) estrato herbáceo predominante apenas nas dunas;
c) no estrato herbáceo não se consideram parâmetros
como altura e diâmetro. No estrato arbustivo a altura
varia entre 1,0 e 1,5 metros e o diâmetro raramente
ultrapassa 3 centímetros; d) as epífitas,
quando presentes, no estrato arbustivo, podem ser briófitas,
líquens, bromélias e orquídeas (Epidendrum
spp); e) espécies que em outras formações
ocorrem como trepadeiras, nesta formação recobrem
o solo tais como: Oxypetalum tomentosum, Vigna luteola,
Canavalia obtusifolia, Stigmaphyllon spp, Smilax spp, abraço-de-rei
(Mikania sp), cipó-caboclo (Davilla rugosa); f) serapilheira
não considerada; g) sub-bosque ausente; h) nas praias
é comum a ocorrência de grande diversidade
de fungos: Ceriosporopsis halina, Corollospora spp, Halosphaeria
spp, Cirrenalia macrocephala, Clavariospsis bulbosa, Halosarpheia
fibrosa, Didymosphaeria enalia, Pestalotia spp, Lulworthia
fucicola, Lentescospora spp, Trichocladium achrasporum,
Humicola alopallonella, com a dominânica de Halosphaeria
spp, Ceriosporopsis halina e Corollospora maritima. Nas
dunas normalmente não ocorre dominância e a
diversidade de espécies é baixa; i) espécies
indicadoras: Blutaparon portulacoides, Ipomoea spp, timutu
ou pinheirinho-de-praia (Polygala cyparissias), carrapicho-de-praia
(Acicarpha spathulata); gramíneas (Panicum spp, Spartina
spp, Paspalum spp), grama-de-praia (Stenotaphrum secundatum),
carrapicho (Cenchrus spp), ciperáceas (Androtrichum
polycephalum, Fimbristylis spp, Cladium mariscus), acariçoba
(Hydrocotile bonariensis), cairussu (Centella asiatica)
e as cactáceas (Cereus peruvianus, Opuntia monoacantha).
Se houver ocorrência de arbustos, as espécies
geralmente são: camarinha (Gaylussacia brasiliensis),
canelinha-do-brejo (Ocotea pulchella), caúna ou congonhinha
(Ilex theezans), Dodonaea viscosa, feijão-de-praia
(Sophora tomentosa), Erythroxylum amplifolium, pitanga (Eugenia
uniflora), araçá-de-praia (Psidium cattleyanum),
maçazinha-de-praia (Chrysobalanus icaco); j) nas
praias, o substrato é composto por areia de origem
marinha e conchas, periodicamente inundado pela maré.
Nas dunas o substrato é arenoso e seco, retrabalhado
pelo vento, podendo ser atingido pelos borrifos da água
do mar. l) endemismos não conhecidos; m) as áreas
entremarés (estirâncio) constituem-se em pontos
de descanso, alimentação e rota migratória
de aves provenientes dos hemisférios boreal e austral,
como o maçarico (Caladris sp e Tringa sp), batuira
(Charadrius sp); pinguim (Spheniscus megulanicus) e gaivotão
(Larus dominicassus); ponto de reprodução
de tartarugas marinhas (Caretta caretta e Chelonia mydas)
e ponto de descanso, alimentação e rota migratória
de mamíferos marinhos: elefante-marinho (Mirouga
sp), lobo-marinho (Arctocephalus sp) e leão-marinho
(Otaria sp), e criptofauna característica não
observável a olho nu; As áreas de dunas caracterizam-se
como zona de descanso, alimentação e rota
migratória de Charadriiformes e Falconiformes - falcão-peregrino
(Falco peregrinus), águia-pescadora (Pandion haliaetus);
batuira (Charadrius collaris); maçarico (Gallinago
gallinago); migratória: piru-piru (Haematopus palliatus);
batuiruçus (Pluvialis squatarola e Pluvialis dominica);
batuira (Charadrius spp); maçaricos (Tringa spp,
Calidris spp, Arenaria interpres, Numerius phaeopus, Limosa
haemastica) e Passeriforme - caminheiro (Anthus sp). Nas
áreas abertas ou alteradas desaparecem as espécies
migratórias e ocorre a colonização
por espécies oportunistas como: chopim (Molothrus
bonariensis), coruja-buraqueira (Speotyto cunnicularis);
anu-branco (Guira guira); gavião-carrapateiro (Milvago
chimachima).
III - VEGETAÇÃO SOBRE CORDÕES ARENOSOS
III.1. - ESCRUBE
III.1.1.- PRIMÁRIA/ORIGINAL
a) fisionomia arbustiva com predominância de arbustos
de ramos retorcidos formando moitas intercaladas com espaços
desnudos ou aglomerados contínuos que dificultam
a passagem; b) estratos predominantes arbustivo e herbáceo;
c) altura das plantas: cerca de 3 metros, diâmetro
da base do caule das lenhosas em torno de 3 centímetros;
d) poucas epífitas, representadas por líquens
(Usnea barbata, Parmelia spp), briófitas, pteridófitas
(Microgramma vaccinifolia), bromeliáceas (Tillandsia
spp, Vriesea spp), orquidáceas Epidendrum spp, chuva-de-ouro
(Oncidium flexuosum) e Encyclia spp; e) quantidade e diversidade
significativa de trepadeiras, podendo ocorrer Stigmaphyllon
spp, Oxypetalum sp, Mandevilla spp, Smilax spp, Mikania
spp, Cassitha spp, Davilla rugosa; f) camada fina de serapilheira,
podendo em alguns locais acumular-se sob as moitas; g) subosque
ausente; h) no estrato herbáceo pode haver predominância
de gramíneas ou ciperáceas; no herbáceo-arbustivo,
qualquer uma das espécies ocorrentes pode predominar;
nas áreas abertas e secas ocorrem líquens
terrestes (Cladonia spp) e briófitas; i) espécies
indicadoras: Dalbergia ecastaphylla; Dodonaea viscosa; monjoleiro
(Abarema spp), canelinha-do-brejo (Ocotea pulchella), aroeirinha
(Schinus terebinthifolius); orelha-de-onça (Tibouchina
holosericea), maria-mole (Guapira opposita); feijão-de-praia
(Sophora tomentosa); erva-baleera (Cordia verbenacea), araçá
(Psidium cattleyanum), camarinha (Gaylussacia brasiliensis),
caúna ou congonhinha (Ilex spp), maçã-de-praia
(Chrysobalanus icaco); Erythroxyllum spp, Pera glabrata,
pinta-noiva (Ternstroemia brasiliensis), pitanga (Eugenia
uniflora); orquídeas terrestres (Epidendrum fulgens,
Catasetum trulla, Cleistes libonii, sumaré ou sumbaré
(Cyrtopodium polyphyllum); bromeliáceas terrestres
(Nidularium innocentii; Quesnelia arvensis; Dyckia encholirioides;
Aechmea nudicaulis), pteridófitas: samambaia-de-buquê
(Rumohra adiantiforme); Blechnum spp, Schizaea pennula;
j) substrato arenoso de origem marinha, seco. Em alguns
trechos pode acumular água na época chuvosa,
dependendo da altura do lençol freático; l)
endemismos não conhecidos; m) ocorrência de
aves migratórias e residentes como: saíras
(Tangara spp); gaturamos (Euphonia spp); tucanos e araçaris
(Ramphastos spp, Selenidera maculirostris e Baillonius bailloni);
arapongas (Procnias nidicollis); bem-te-vis (Pitangus sulphuratus);
macucos (Tinamus solitarius); jaós (Crypturellus
sp); jacús (Penelope obscura).
III.1.2.- ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO
DO ESCRUBE
a) fisionomia predominantemente herbácea podendo
haver testemunhos lenhosos da vegetação original;
b) estrato predominante herbáceo; c) se ocorrerem
espécies lenhosas, são de pequeno porte, altura
de até 1 metro, com diâmetros pequenos; d)
epífitas, se ocorrerem, representadas principalmente
por líquens; e) trepadeiras, quando presentes, ocorrem
como reptantes, sendo as mesmas espécies da vegetação
original; f) pouca ou nenhuma serapilheira; g) sub-bosque
ausente; h) diversidade menor em relação à
vegetação original, com predominância
de algumas espécies (dependendo do local). Podem
ocorrer espécies ruderais como picão-preto
(Bidens pilosa), Gleichenia spp., samambaia-das-taperas
(Pteridium aquilinum) e sapé (Imperata brasiliensis);
i) as espécies indicadoras vão depender do
tipo de alteração ocorrida no substrato e
na drenagem; j) substrato arenoso, de origem marinha, seco;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna com espécies
menos exigentes e oportunistas.
III.1.3. - ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO
DO ESCRUBE
a) fisionomia herbáceo-subarbustiva; b) estrato predominante
herbáceo e sub-arbustivo; c) vegetação
sub-arbustiva, com até 2 metros de altura e diâmetro
caulinar com cerca de 2 centímetros; d) maior diversidade
e quantidade de epífitas que no estágio inicial:
Tillandsia spp, barba-de-velho (Usnea barbata), Vriesea
spp, Epidendrum fulgens; e) trepadeiras, são as mesmas
do estágio anterior porém em maior quantidade;
f) pouca serapilheira; g) sub-bosque ausente; h) maior diversidade
em relação ao estágio inicial podendo
haver dominância de uma ou mais espécies, sendo
comum invasão por vassourais: (Vernonia spp), carqueja
(Baccharis trimera ) e Dodonaea viscosa; i) espécies
indicadoras: as mesmas da vegetação original,
podendo haver predominância de uma ou mais espécies;
j) substrato arenoso, seco, de origem marinha; l) endemismos
não conhecidos; m) espécies da fauna mais
exigentes, endêmicas ou restritas desaparecem, ocorrendo
somente espécies menos exigentes;
III.1.4- ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO
DO ESCRUBE
a) fisionomia herbáceo-arbustiva mais aberta que
a original; b) estratos predominantes, herbáceo e
arbustivo; c) altura das plantas podendo chegar a 3 metros
e diâmetro caulinar cerca de 3 centímetros;
d) maior diversidade e quantidade de epífitas em
relação ao estágio médio; e)
maior diversidade e quantidade de trepadeiras que no estágio
médio havendo, entretanto, predominância de
algumas espécies como Davilla rugosa e Smilax spp;
f) pouca serapilheira, podendo haver acúmulo sob
as moitas; g) sub-bosque ausente; h) grande diversidade
de espécies. Nas áreas com areia desnuda podem
ocorrer líquens (Cladonia spp) e briófitas
(musgos e hepáticas). Ocorre dominância de
uma ou mais espécies, variando conforme o local;
i) as espécies indicadoras são: Dalbergia
ecastaphylla, Dodonaea viscosa aroeirinha (Schinus terebinthifolius);
Sophora tomentosa; orelha-de-onça (Tibouchina holosericea),
araçá-de-praia (Psidium cattleyanum); Gaylussacia
brasiliensis, Eugenia spp; j) substrato arenoso, seco, de
origem marinha; l) endemismos não conhecidos; m)
fauna semelhante a original variando a quantidade e diversidade;
III.2. FLORESTA BAIXA DE RESTINGA
III.2.1 - PRIMÁRIA/ORIGINAL
a) fisionomia arbórea com dossel aberto, estrato
inferior aberto e árvores emergentes; b) estratos
predominantes arbustivo e arbóreo; c) árvores
em geral de 3 a 10 metros de altura, sendo que as emergentes
chegam a 15 metros, com grande número de plantas
com caules ramificados desde a base. Pequena amplitude diamétrica
(5 a 10 cm), dificilmente ultrapassando 15 centímetros;
d) grande quantidade e diversidade de epífitas com
destaque para as bromeliáceas, orquidáceas,
aráceas, piperáceas, gesneriáceas,
pteridófitas, briófitas e líquens;
e) pequena quantidade e diversidade de trepadeiras, ocorrendo
a presença de baunilha (Vanilla chamissonis), Smilax
spp, abre-caminho (Lygodium spp), cará (Dioscorea
spp); f) camada fina de serapilheira (entre 4 e 5 cm), com
grande quantidade de folhas não decompostas; podendo
ocorrer acúmulo em alguns locais; g) sub-bosque dificilmente
visualizado; h) grande diversidade de espécies, podendo
haver predominância de mirtáceas: guamirim
(Myrcia spp), araçá-da-praia (Psidium cattleyanum),
guabiroba-de-praia (Campomanesia spp), murta (Blepharocalyx
spp), guamirim (Gomidesia spp), pitanga (Eugenia spp). Presença
de palmáceas: guaricangas (Geonoma spp), tucum (Bactris
setosa), brejaúva (Astrocaryum aculeatissimum); gerivá
(Arecastrum romanzoffianum); grande quantidade de bromeliáceas
terrestres, principalmente Quesnelia arvensis; i) espécies
indicadoras: mirtáceas, Geonoma schottiana, Clusia
criuva e pinta-noiva (Ternstroemia brasiliensis); j) substrato
arenoso de origem predominantemente marinha, seco, com as
raízes formando trama superficial; l) endemismo conhecido:
cambuí (Siphoneugena guilfoyleiana), na Ilha do Cardoso
- Município de Cananéia/SP; m) é importante
zona de pouso, alimentação, reprodução,
dormitório e rota migratória de aves florestais,
passeriformes e não passeriformes, muitos endêmicos
como saíra peruviana (Tangara peruviana) e papa moscas
de restinga (Philloscartes kronei).
III.2.2 - ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA BAIXA DE RESTINGA
a) fisionomia herbácea, podendo ocorrer remanescentes
da vegetação original; b) estratos predominantes
herbáceo e arbustivo; c) altura das plantas até
2 metros e diâmetro de até 2 centímetros;
d) pequena quantidade e diversidade de epífitas,
briófitas e líquens na base das plantas; e)
pequena quantidade e diversidade de trepadeiras: Smilax
spp, Mandevilla spp, Davilla rugosa; f) pouca serapilheira;
g) sub-bosque ausente; h) mediana diversidade de espécies,
apresentando muitas espécies da formação
original, porém no estágio de plântulas;
apresenta invasoras ruderais como Solanum spp, Baccharis
spp. No substrato desnudo, inicia-se a recolonização,
com espécies das dunas e ruderais; i) espécies
indicadoras: mirtáceas, Tibouchina holosericea e
Clusia criuva; j) substrato seco, arenoso, de origem predominantemente
marinha; l) endemismos não conhecidos; m) ocorre
o desaparecimento da fauna existente na vegetação
original, com ocupação por espécies
oportunistas.
III.2.3 - ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA BAIXA DE RESTINGA
a) fisionomia arbustivo-arbórea; b) estratos predominantes:
herbáceo e arbustivo-arbóreo; c) árvores
com até 6 metros de altura, pequena amplitude diamétrica,
diâmetros de até 10 centímetros; d)
epífitas representadas por líquens, briófitas,
pteridófitas e bromeliáceas de pequeno porte,
com média diversidade e pequena quantidade; e) trepadeiras
herbáceas, baixa diversidade e pequena quantidade;
f) camada fina de serapilheira, pouco decomposta; g) sub-bosque
(estrato herbáceo) representado por bromeliáceas,
pteridófitas, briófitas e líquens terrestres;
h) média diversidade, apresentando muitas espécies
da formação original, podendo haver predominância
de mirtáceas; i) espécies indicadoras: mirtáceas,
lauráceas e guaricangas; j) substrato arenoso de
origem predominantemente marinha, seco, com pouco húmus;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna apresentando
aumento da diversidade;
III.2.4 - ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA BAIXA DE RESTINGA
a) fisionomia arbórea aberta, podendo apresentar
árvores emergentes; b) estrato predominante arbustivo-arbóreo;
c) árvores com até 8 metros de altura, pequena
amplitude diamétrica, dificilmente ultrapassando
10 centímetros de diâmetro; d) média
diversidade de epífitas, representadas por líquens,
briófitas, pteridófitas, bromeliáceas
em grande quantidade, orquidáceas, gesneriáceas
e piperáceas; e) pequena quantidade e diversidade
de trepadeiras, em geral herbáceas; f) camada fina
de serapilheira, podendo ocorrer acúmulo em alguns
locais, com grande quantidade de folhas não decompostas;
g) sub-bosque (estrato herbáceo) formado principalmente
por bromeliáceas e pteridófitas terrestres,
com média diversidade e grande quantidade; h) grande
diversidade de espécies, podendo ocorrer predominância
de mirtáceas, lauráceas, Ternstroemia brasiliensis,
Ilex spp, Clusia criuva; i) espécies indicadoras:
guaricangas (Geonoma spp) Ternstroemia brasiliensis, Ilex
spp, Clusia criuva e espécies de mirtáceas;
j) substrato arenoso de origem predominantemente marinha,
seco, com as raízes formando trama superficial; l)
endemismos não conhecidos; m) fauna semelhante à
das formações originais.
III.3. - FLORESTA ALTA DE RESTINGA
III.3.1 - PRIMÁRIA/ORIGINAL
a) fisionomia arbórea com dossel fechado; b) estrato
predominante arbóreo; c) altura variando entre 10
e 15 metros, sendo que as emergentes podem atingir 20 metros.
Amplitude diamétrica mediana variando de 12 a 25
centímetros, com algumas plantas podendo ultrapassar
40 centímetros; d) alta diversidade e quantidade
de epífitas. Possível ocorrência de
Clusia criuva como hemi-epífita, aráceas (Phillodendron
spp, Monstera spp), bromeliáceas (Vriesea spp, Aechmea
spp, Billbergia spp), orquidáceas (Epidendrum spp,
Phymatidium spp, Octomeria spp, Pleurothallis spp, Maxillaria
spp), samambaias (Asplenium spp, Vittaria spp, Polypodium
spp, Microgramma vaccinifolia), briófitas e líquens;
e) significativa quantidade de trepadeiras: Asplundia rivularis;
Smilax sp; f) espessa camada de húmus e serapilheira,
sendo esta variável de acordo com a época
do ano; g) sub-bosque presente: plantas jovens do estrato
arbóreo, arbustos como: Weinmannia paulliniifolia,
pinta-noiva (Ternstroemia brasiliensis), Erythroxylum spp,
Amaioua intermedia, fetos arborescentes (Trichipteris atrovirens),
guaricangas (Geonoma spp) e tucum (Bactris setosa). poucas
plantas no estrato herbáceo; h) grande diversidade
de espécies, sendo que no estrato arbóreo
há dominância de: mirtáceas, lauráceas
(Ocotea spp), guanandi (Calophyllum brasiliensis), caúna
(Ilex spp) mandioqueira (Didymopanax spp), Pera glabrata,
palmito ou juçara (Euterpe edulis), indaiá
(Attalea dubia); i) espécies indicadoras: Clusia
criuva, canelinha-do-brejo (Ocotea pulchella), guanandi
(Calophyllum brasiliensis), Psidium cattleyanum, guaricanga
(Geonoma schottiana), palmito ou juçara (Euterpe
edulis); j) substrato arenoso de origem predominantemente
marinha, podendo haver deposição de areia
e argila de origem continental, ocorrendo inundações
ocasionais em determinadas áreas. pH ácido
(em torno de 3); l) endemismos não conhecidos; m)
fauna: - aves: guaxe (Cacicus haemorrhous) choquinha (Myrmotherula
unicolor) jaó do litoral (Crypturellus noctivagus)
cricrió (Carponis melanocephalus), papagaio-de-cara-roxa
(Amazona brasiliensis), saracura-três-potes (Aramides
cajanea); - mamíferos: mico-leão-caiçara
(Leontopithecus caissara), queixada (Tayassu pecari), bugio
(Alouatta fusca), mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).
III.3.2 - ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA ALTA DE RESTINGA
a) fisionomia herbáceo-arbustiva podendo ocorrer
remanescentes arbóreos; b) estratos predominantes
herbáceo e arbustivo; c) arbustos e arvoretas com
até 3 metros de altura, pequena amplitude diamétrica,
com diâmetros menores que 5 centímetros; d)
epífitas, se presentes, representadas por líquens,
briófitas e bromeliáceas pequenas, com baixa
diversidade e pequena quantidade; e) trepadeiras, se presentes,
representadas por Smilax spp, Mikania spp, Davilla rugosa
e Mandevilla spp; f) camada fina de serapilheira, quando
presente; g) sub-bosque constituído por herbáceas;
h) baixa diversidade de espécies, podendo haver predominância
de uma ou algumas espécies; i) espécies indicadoras:
gramíneas (Chusquea spp), ciperáceas, capororoca
(Rapanea ferruginea), embaúba (Cecropia pachystachia),
congonha (Ilex spp), podendo ocorrer espécies ruderais;
j) substrato arenoso de origem predominantemente marinha,
podendo ocorrer deposição de areia e argila
de origem continental. Ocasionalmente pode haver inundação;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna com predominância
de indivíduos de áreas abertas, pouca diversidade.
III.3.3 - ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA ALTA DE RESTINGA
a) fisionomia arbustivo-arbórea; b) estrato predominante
arbóreo-arbustivo; c) árvores com até
8 metros de altura, pequena amplitude diamétrica,
com diâmetros de até 12 centímetros;
d) epífitas representadas por líquens, briófitas,
pteridófitas e bromeliáceas pequenas; diversidade
e quantidade maior em relação ao estágio
anterior; e) trepadeiras herbáceas; f) camada fina
de serapilheira; g) sub-bosque representado por bromeliáceas,
pteridófitas e aráceas terrestres, plantas
jovens de arbustos e árvores; h) baixa diversidade,
com predominância de algumas espécies; i) espécies
indicadoras: pinta-noiva (Ternstroemia brasiliensis), canelinha-do-brejo
(Ocotea pulchella), Clusia criuva, Chusquea spp; j) substrato
arenoso, de origem predominantemente marinha, podendo ocorrer
deposição de areia e argila de origem continental.
Ocasionalmente pode haver inundação; l) endemismos
não conhecidos; m) fauna com aumento da diversidade
e quantidade em relação ao estágio
anterior.
III.3.4 - ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA ALTA DE RESTINGA
a) fisionomia arbórea; b) estrato predominante arbóreo;
c) árvores de até 12 metros de altura, com
as emergentes podendo ultrapassar 15 metros, média
amplitude diamétrica, com diâmetros variando
de 10 a 15 centímetros, com algumas plantas podendo
ultrapassar 25 centímetros; d) epífitas representadas
por líquens, briófitas, pteridófitas,
bromeliáceas, orquidáceas, piperáceas
e aráceas; e) trepadeiras, representadas por leguminosas
e sapindáceas; f) camada espessa de serapilheira,
com as folhas em avançado grau de decomposição;
g) presença de sub-bosque, com características
semelhantes ao original; h) média diversidade, com
dominância de algumas espécies; i) espécies
indicadoras, representadas principalmente pelas: mirtáceas,
lauráceas, palmáceas e rubiáceas; j)
substrato arenoso de origem predominantemente marinha, podendo
ocorrer deposição de areia e argila de origem
continental. Ocasionalmente pode ocorrer inundação.
Raízes formando trama superficial; l) endemismos
não conhecidos; m) fauna semelhante à da formação
original;
IV - VEGETAÇÃO ASSOCIADA ÀS DEPRESSÕES
Ocorrem entre cordões arenosos e em áreas
originadas pelo assoreamento de antigas lagoas, lagunas
e braços de rio, ou mesmo pelo afloramento do lençol
freático. A vegetação entre cordões
arenosos e a dos brejos de restinga, por estarem localizadas
em áreas em contínuas modificações,
em função das variações do teor
de umidade e dinamismo (altura e extensão) dos cordões,
caracterizam-se como vegetação de primeira
ocupação (Clímax Edáfico) e
portanto não são considerados estágios
sucessionais. Alterações nessas formações
podem levar ao desaparecimento das mesmas e/ou a substituição
por outro tipo de formação.
IV.1 ENTRE CORDÕES ARENOSOS
a) fisionomia herbáceo-arbustiva; b) estrato predominante
herbáceo-arbustivo; c) altura das plantas entre 1
e 1,5 metros; d) epífitas ausentes; e) trepadeiras
ausentes; f) serapilheira ausente; g) subosque ausente;
h) pequena diversidade de espécies, podendo ocorrer
pteridófitas (Lycopodium spp, Ophioglossum sp), gramíneas,
ciperáceas, saprófitas (Utricularia nervosa),
além de botão-de-ouro (Xyris spp), Triglochin
striata e Drosera villosa; i) espécies indicadoras:
Tibouchina holosericea, Drosera villosa e Lycopodium spp
e espécies da família das ciperáceas;
j) substrato arenoso de origem marinha, encharcado, com
grande quantidade de matéria orgânica incorporada;
l) endemismos não conhecidos; m) são importantes
sítios de reprodução de aves aquáticas:
guará (Endocimus ruber), narceja (Gallinago gallinago);
quero-quero (Vanellus chilensis); irerê (Dendrocygna
viduata); pato-do-mato (Cairina moschata); saracura-três-potes
(Aramides cajanea); - mamíferos: lontra (Lutra longicaudis)
e répteis como o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman
latirostris);
IV.2 - BREJO DE RESTINGA
a) fisionomia herbácea; b) unicamente estrato herbáceo;
c) pequena altura podendo chegar até a 2 metros no
caso da taboa (Typha spp) e Scirpus sp; d) epífitasausentes;
e) trepadeiras ausentes; f) serapilheira ausente; g) sub-bosque
ausente; h) nos brejos onde há maior influência
de água salobra ocorrem gramíneas (Paspalum
maritimum, Spartina spp), ciperáceas (Scirpus sp,
Cyperus spp, Scleria spp) e taboa (Thypha domingensis).
Nos brejos com menor ou nenhuma influência de água
salobra a diversidade é maior: ciperáceas
(Eleocharis spp, Cyperus spp, Scleria spp, Fuirena spp),
taboa (Thypha spp), a exótica lírio-do-brejo
(Hedychium coronarium), onagráceas: cruz-de-malta
(Ludwigia spp); melastomatáceas (Pterolepis glomerata),
chapéu-de-couro (Echinodorus spp), cebolana (Crinum
erubescens), orelha-de-burro (Pontederia lanceolata); gramíneas
(Panicum spp), aguapé (Eichhornia crassipes), lentilha-d'água
(Lemna spp), Nymphaea spp, erva-de-Santa-Luzia (Pistia stratiotes),
murerê (Salvinia spp), samambaia-mosquito (Azolla
spp) e briófitas - veludo (Sphagnum spp); i) espécies
indicadoras de brejo salobro - Scirpus sp, Paspalum maritimum;
de brejo doce - taboa (Thypha spp), lírio-do-brejo
(Hedychium coronarium), chapéu-de-couro (Echinodorus
spp), cruz-de-malta (Ludwigia spp); j) substrato arenoso
de origem marinha, permanentemente inundado; l) endemismos
não conhecidos; m) importante zona de pouso, alimentação,
reprodução, dormitório e rota migratória
de aves florestais passeriformes e não passeriformes;
narceja (Gallinago gallinago); saracura-três-potes
(Aramides cajanea).
IV.3 FLORESTA PALUDOSA
a) fisionomia arbórea em geral aberta; b) estrato
predominante arbóreo; c) no estrato arbóreo
a altura das árvores é de 8 a 10 metros, com
média amplitude diamétrica, com diâmetro
das plantas em torno de 15 centímetros; d) grande
quantidade e diversidade de epífitas: bromeliáceas,
orquidáceas, gesneriáceas, aráceas
e pteridófitas; e) ocorrência esporádica
de trepadeiras; f) serapilheira ausente; g) nas bordas da
floresta paludosa, nos locais mais secos, pode ocorrer Trichipteris
atrovirens, Bactris setosa e garapuruna ou guapuruva (Marliera
tomentosa); h) a dominância pode ser de caxeta (Tabebuia
cassinoides) ou guanandi (Calophyllum brasiliensis), há
baixa diversidade de espécies, podendo ocorrer arbustos
heliófilos: Tibouchina spp, Marlierea tomentosa;
i) espécies indicadoras: caxeta (Tabebuia cassinoides)
e guanandi (Calophyllum brasiliensis); j) substrato arenoso
de origem marinha, permanentemente inundado, com deposição
de matéria orgânica, a água apresenta
coloração castanho-ferrugínea; l) endemismos
não conhecidos; m) florestas paludosas com predomínio
de caxeta são importantes para reprodução,
alimentação, pouso e dormitório de
passeriformes e não passeriformes (Anatidae, Falconidae,
Psittacidae, Tyrannidae), destacando-se: papagaio-de-cara-roxa
(Amazona brasiliense), pássaro preto (Agelaius cyanopus
e pato-do-mato (Cairina moschata), alguns mamíferos
como lontra (Lutra longicaudis), peixes cíclicos
e pererecas. A dispersão do guanandi é feita
por morcegos, grandes aves e mamíferos.
IV.4 - FLORESTA PALUDOSA SOBRE SUBSTRATO TURFOSO
IV.4.1 - PRIMÁRIA/ORIGINAL
a) fisionomia arbórea com dossel aberto; b) estrato
predominante arbóreo; c) altura em torno de 15 metros,
podendo haver emergentes de até 20 metros. Grande
distribuição diamétrica com os maiores
diâmetros ao redor de 20 a 30 centímetros;
sapopemas comuns; d) grande quantidade e diversidade de
epífitas: bromeliáceas (Aechmea spp, Billbergia
spp, Tillandsia spp, Vriesea spp), orquidáceas (Anacheilon
spp, Cattleya forbesii, Promenaea rolissonii, Epidendrum
spp, Maxillaria spp, Oncidium trulla, O. flexuosum, Pleurothallis
spp, Octomeria spp., Stelis spp), aráceas (Philodendron
spp, Anthurium spp, Monstera adansonii); Microgramma vaccinifolia,
Polypodium spp, Asplenium spp, Trichomanes spp; piperáceas,
cactáceas e gesneriáceas; e) pequena diversidade
e quantidade de trepadeiras: Mikania cordifolia, Davilla
rugosa, Mandevilla spp, Dioscorea spp, Quamoclit coccinea
e trepadeiras lenhosas, representadas por leguminosas, sapindáceas
e bignoniáceas; f) camada espessa de serapilheira;
g) sub-bosque formado por espécies jovens do estrato
arbóreo, com predomínio de rubiáceas
(Psychotria spp); h) alta diversidade de espécies,
notadamente em relação às epífitas,
menor número de espécies arbóreas do
que nas florestas ombrófilas, podendo haver dominância
por algumas espécies; i) espécies indicadoras:
peito-de-pomba (Tapirira guianensis), cuvatã (Matayba
elaeagnoides), canela-amarela, (Nectandra mollis), guanandi
(Callophylum brasiliensis), maçaranduba (Manilkara
subsericea), juçara (Euterpe edulis), muitas mirtáceas
e lauráceas, poucas leguminosas, fruta-de-cavalo
(Andira flaxinifolia); j) substrato turfoso, pH ácido
(em torno de 2-3), trama de raízes superficial, com
grande quantidade de material orgânico, com pequena
ou nenhuma quantidade de material mineral. Presença
de restos vegetais semidecompostos; l) endemismos não
conhecidos; m) fauna: guaxinim (Procion cancrivous); cachorro-do-mato
(Cerdocyon thous) que se alimenta de frutos de gerivá
(Arecastrum romanzoffianum); papagaio-de-cara-roxa (Amazona
brasiliensis) se alimenta de Arescastrum romanzoffianum,
Psidium cattleyanum e guanandi (Callophylum brasiliensis);
jacú-guaçú (Penolope obscura), anú-branco
(Guira guira); saíras (Tangara spp); gaturamos (Euphonia
spp) e pererecas: Aparasphenodon brunoi (associada às
bromélias), Osteocephalus langsdorffii e Phyllomedusa
rhodei;
IV.4.2 - ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA PALUDOSA SOBRE SUBSTRATO TURFOSO
a) fisionomia herbáceo-arbustiva e arbórea-baixa;
b) estrato predominante herbáceo e arbustivo ou arbustivo
e arbóreo; c) árvores de até 8 metros
de altura, pequena amplitude diamétrica, com menos
de 10 centímetros de diâmetro; d) epífitas,
se presentes, representadas por líquens e briófitas;
e) trepadeiras herbáceas, representadas por Ipomoea
spp, Quamoclit spp e Mandevilla spp; f) serapilheira ausente
ou pouco desenvolvida; g) sub-bosque, quando presente, representado
por bromeliáceas; h) baixa diversidade, sendo comum
a dominância de uma única espécie; i)
espécies indicadoras: taboa (Typha spp), ciperáceas
(Cyperus spp), capororoca (Rapanea spp) e quaresmeira-anã
(Tibouchina glazioviana); j) substrato turfoso, com grande
quantidade de material orgânico e pequena ou nenhuma
quantidade de material mineral. Presença de restos
vegetais semidecompostos; l) endemismos não conhecidos;
m) fauna descaracteriza-se, diminuindo a diversidade.
IV.4.3 - ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA PALUDOSA SOBRE SUBSTRATO TURFOSO
a) fisionomia arbórea; b) estrato predominante arbóreo-arbustivo;
c) árvores com até 10 metros de altura, podendo
ocorrer plantas com altura maior (Rapanea spp), maior amplitude
diamétrica, com diâmetros em torno de 12-15
centímetros; d) epífitas presentes, representadas
principalmente por bromeliáceas de pequeno porte;
e) trepadeiras presentes, as mesmas do estágio anterior;
f) camada fina de serapilheira, se presente; g) sub-bosque
pouco expressivo, representado por bromeliáceas e
aráceas; h) baixa diversidade, com predominância
de algumas espécies; i) espécies indicadoras:
Cecropia pachystachia, Rapanea spp e Clethra scabra; j)
substrato turfoso, com grande quantidade de material orgânico
e pequena ou nenhuma quantidade de material mineral. Presença
de restos de vegetais semidecompostos; l) endemismos não
conhecidos; m) fauna com pouca diversidade
IV.4.4 - ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA PALUDOSA SOBRE SUBSTRATO TURFOSO
a) fisionomia arbórea com dossel aberto; b) estrato
predominante arbóreo; c) árvores com 10 a
12 metros de altura, as emergentes chegando a 15 metros;
maior amplitude diamétrica, com diâmetros de
até 20 centímetros; d) grande quantidade de
epífitas, representadas por bromeliáceas,
orquidáceas, cactáceas, piperáceas,
gesneriáceas, pteridófitas e aráceas;
e) trepadeiras lenhosas, representadas principalmente por
leguminosas, sapindáceas e bignoniáceas, além
de compostas e aráceas; f) camada espessa de serapilheira;
g) presença de sub-bosque com espécies jovens
do estrato arbóreo; h) alta diversidade de espécies,
principalmente em epífitas. Pode haver dominância
por algumas das espécies arbóreas; i) espécies
indicadoras: mirtáceas, lauráceas, Tapirira
guianensis, Matayba elaeagnoides e Calophyllum brasiliensis;
j) substrato turfoso, com grande quantidade de material
orgânico, com pequena ou nenhuma quantidade de material
mineral. Presença de restos vegetais semidecompostos;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna semelhante
à da formação original
V - FLORESTA DE TRANSIÇÃO RESTINGA-ENCOSTA
Estas formações ocorrem ainda na planície,
em íntimo contato com as formações
citadas anteriormente, desenvolvendo-se sobre substratos
mais secos, avançando sobre substratos de origem
continental ou indiferenciados, mais ou menos argilosos,
podendo estar em contato e apresentar grande similaridade
com a Floresta Ombrófila Densa de Encosta, porém
com padrão de regeneração diferente.
Para efeito desta regulamentação serão
consideradas como pertencentes ao complexo de vegetação
de restinga.
V.1 - PRIMÁRIA /ORIGINAL
a) fisionomia arbórea com dossel fechado; b) estrato
predominante arbóreo; c) altura variando entre 12
e 18 metros, com as emergentes podendo ultrapassar 20 metros.
Grande amplitude diamétrica com diâmetros variando
de 15 a 30 centímetros, alguns diâmetros podendo
ultrapassar 40 centímetros; d) alta diversidade e
quantidade de epífitas: aráceas (Phillodendron
spp, Monstera spp), bromeliáceas (Vriesea spp, Aechmea
spp, Billbergia spp), orquidáceas (Epidendrum spp,
Phymatidium spp, Octomeria spp, Pleurothallis spp), gesneriáceas,
pteridófitas (Asplenium spp, Vittaria spp, Polypodium
spp, Hymenophyllum spp), briófitas e líquens;
e) pequena quantidade e média diversidade de trepadeiras:
Asplundia rivularis; Smilax spp, cará (Dioscorea
spp), leguminosas e sapindáceas; f) espessa camada
de húmus e serapilheira, sendo esta variável
de acordo com a época dos ano; g) sub-bosque presente,
com plantas jovens do estrato arbóreo e arbustos
como: Psychotria nuda, Laplacea fruticosa, Amaioua intermedia,
guaricangas (Geonoma spp) e tucum (Bactris setosa); samambaia-açú
(Trichipteris corcovadensis). Estrato herbáceo pouco
desenvolvido; h) grande diversidade de espécies,
sendo que no estrato arbóreo há dominância
de: mirtáceas, lauráceas (Ocotea spp e Nectandra
spp), Didymopanax sp, Pera glabrata, palmito (Euterpe edulis),
jequitibá-rosa (Cariniana estrelensis), Pouteria
psammophila; i) espécies indicadoras: Euterpe edulis,
carne-de-vaca (Roupala spp), bico-de-pato (Machaerium spp),
Didymapanax spp; j) substrato arenoso, com deposição
variável de areia e argila de origem continental;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna: - aves: guaxe
(Cacicus haemorrhous), papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis),
saracura-três-potes (Aramides cajanea); - mamíferos:
mico-leão-caiçara (Leontopithecus caissara),
queixada (Tayassu pecari), bugio (Alouatta fusca), mono-carvoeiro
(Brachyteles arachnoides), grandes felinos como jaguatirica
(Felis pardalis), onça parda (Felis concolor) e a
onça pintada (Phantera onca), assim como os felinos
de menor porte como gato do mato (Felis tigrina) e gato
maracajá (Felis wiedii).
V.2 - ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA DE TRANSIÇÃO RESTINGA-ENCOSTA
a) fisionomia arbustivo-herbácea, podendo ocorrer
remanescentes arbóreos; b) estrato predominante arbustivo-herbáceo;
c) arbustos e arvoretas com até 5 metros de altura,
pequena amplitude diamétrica, com diâmetros
menores que 8 centímetros; d) epífitas, se
presentes, representadas por líquens, briófitas
e bromeliáceas pequenas, com baixa diversidade e
pequena quantidade; e) trepadeiras, se presentes, representadas
por Smilax spp, Mikania spp, Davilla rugosa e Mandevilla
spp; f) camada fina de serapilheira, quando presente; g)
sub-bosque constituído por herbáceas; h) baixa
diversidade de espécies, podendo haver predominância
de uma ou algumas espécies; i) espécies indicadoras:
gramíneas e ciperáceas, Rapanea ferruginea,
Cecropia pachystachia, Solanum spp, Tibouchina glazioviana,
podendo ocorrer ruderais; j) substrato arenoso, com deposição
variável de areia e argila de origem continental;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna com predominância
de indivíduos de áreas abertas, com baixa
diversidade.
V.3 - ESTÁGIO MÉDIO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA DE TRANSIÇÃO RESTINGA-ENCOSTA
a) fisionomia arbustivo-arbórea; b) estrato predominante
arbustivo-arbóreo; c) árvores com até
10 metros de altura, média amplitude diamétrica,
com diâmetros de até 15 centímetros;
d) epífitas representadas por líquens, briófitas,
pteridófitas e bromeliáceas; e) trepadeiras
herbáceas: Smilax spp, Mikania spp, Mandevilla spp,
Dioscorea spp e Davilla rugosa; f) camada fina de serapilheira;
g) sub-bosque representando por bromeliáceas, pteridófitas
e aráceas terrestres, plantas jovens de arbustos
e árvores; h) baixa diversidade, com predominância
de algumas espécies; i) espécies indicadoras:
chá-de-bugre (Hedyosmum brasiliense), Guarea macrophylla,
fruto-de-cavalo (Andira fraxinifolia), tapiá (Alchornea
spp), Solanum spp, além das já citadas no
estágio inicial; j) substrato arenoso, com deposição
variável de areia e argila de origem continental;
l) endemismos não conhecidos; m) fauna com aumento
de diversidade e quantidade em relação ao
estágio inicial.
V.4 - ESTÁGIO AVANÇADO DE REGENERAÇÃO
DA FLORESTA DE TRANSIÇÃO RESTINGA-ENCOSTA
a) fisionomia arbórea; b) estrato predominante arbóreo;
c) árvores com até 13 metros de altura, com
as emergentes ultrapassando 15 metros, maior amplitude diamétrica,
com diâmetros variando de 12 a 20 centímetros,
com algumas plantas podendo ultrapassar 30 centímetros;
d) epífitas representadas por líquens, briófitas,
pteridófitas, bromeliáceas, orquidáceas,
piperáceas, aráceas e gesneriáceas;
e) trepadeiras representadas por leguminosas e sapindáceas,
Smilax spp e Dioscorea spp; f) camada espessa de serapilheira,
com as folhas em avançado grau de decomposição;
g) presença de sub-bosque, com as mesmas características
do estágio médio, com espécies de mirtáceas
e rubiáceas; h) média diversidade, com dominância
de algumas espécies; i) espécies indicadoras
representadas principalmente pelas mirtáceas, laureáceas,
palmáceas e rubiáceas; j) substrato arenoso,
com deposição variável de areia e argila
de origem continental; l) endemismos não conhecidos;
m) fauna semelhante à da formação original.
VI - DISPOSIÇÕES GERAIS
Considera-se Floresta ou Mata Degradada aquela que sofreu
ou vem sofrendo pertubações antrópicas
tais como exploração de espécies de
interesse comercial ou uso próprio, fogo, pastoreio,
bosqueamento, entre outras, ocasionando eventual adensamento
de cipós, trepadeiras e taquarais, e espécies
de estágios pioneiros e iniciais de regeneração.
Os parâmetros definidos para tipificar os diferentes
estágios de regeneração da vegetação
secundária podem variar, de uma região geográfica
para outra, dependendo:
A - das condições de relevo, de clima e de
solo locais;
B - do histórico do uso da terra;
C - da fauna e da vegetação circunjacente;
D - da localização geográfica.
E - da área e da configuração da formação
analisada
A variação da tipologia das diferentes formações
vegetais, será analisada e considerada no exame dos
casos submetidos à consideração da
autoridade competente.
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