DEIXE
SEU LIXO NO CAPRICHO
Preservação
do meio ambiente começa em casa
Empresas, entidades
beneficentes e cidadãos comuns criam alternativas
para colocar ordem na coleta de lixo.
Esqueça aqueles números estratosféricos
que sempre acompanham qualquer informação
sobre a necessidade de reciclagem de lixo para a preservação
do meio ambiente e dê uma olhadinha na sua lixeira.
Jogou toda a porcaria da casa lá?
Pois aí é que começa o problema
do lixo. Ou melhor, começa até um pouco
antes: no momento do consumo.
A explicação está no conceito
mundial dos três erres (reduzir, reutilizar
e reciclar). A redução da produção
de lixo implica consumir menos e melhor. Exemplos:
comprar produtos cuja embalagem é feita de
material reciclável ou que pode ter outra função
em casa.
O segundo erre vem de reutilizar, explorar os vários
usos de um produto antes de descartá-lo. Exemplo:
doar brinquedos e roupas, em vez de jogar fora.
A reciclagem é um método alternativo
de tratamento de lixo e último ponto do ciclo
da produção. Não é economicamente
atrativa para todos os setores - sociedade, governo
e iniciativa privada.
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Oito
vezes mais caro
A coleta seletiva,
que pressupõe o recolhimento dos materiais
recicláveis, como papel, plástico, vidro,
metal e orgânicos, previamente separados na
fonte geradora, "é oito vezes mais
cara que a regular, mas reduz os custos ambientais
e sociais", diz André Vilhena, diretor
executivo do Cempre (Compromisso Empresarial para
Reciclagem, ONG mantida por empresas privadas que
agem em prol da reciclagem).
E como fazer a coleta seletiva da lixeira da sua casa?
Por enquanto está difícil, mas não
impossível. Em São Paulo, o termo mais
correto seria entrega seletiva, e não coleta.
Há apenas quatro caminhões da prefeitura
que fazem 22 circuitos, recolhendo material reciclável
em alguns bairros, e são 17 os postos de entrega
voluntária (PEVs) em toda a cidade.
As outras saídas são doar para projetos
assistenciais ou catadores e sucateiros que revendem
para indústrias recicladoras. E, por último,
organizar em sua casa, escola, no escritório
ou condomínio a coleta e uma forma de encaminhamento.
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Promessa
da prefeitura
A Prefeitura de São
Paulo promete um avanço no sistema de coleta
seletiva. Ela consta de um projeto novo que depende
somente do término do processo de licitação
para a contratação das empresas de limpeza
pública. Pelo projeto, cada administração
regional terá 180 PEVs. Ou seja, todos os bairros
possuirão pontos de entrega. E, para cada três
regionais, vai haver um centro de triagem.
Hoje, são recolhidos 130 toneladas por mês
de material reciclável. Com o novo projeto,
a estimativa é de 350 toneladas por dia, cerca
de 20% do total do lixo da cidade.
"A prefeitura não vai ter ônus
com a coleta seletiva, que será de total responsabilidade
da empresa contratada", afirma o engenheiro
José Godofredo da Silva Gaby, diretor técnico
da Divisão de Compostagem da Prefeitura de
São Paulo. "A renda obtida com a venda
dos materiais recicláveis será da empresa,
que terá que repassar uma porcentagem para
uma entidade beneficente da região do centro
de triagem", diz Gaby.
A licitação está na fase de recurso,
na qual algumas empresas que foram inabilitadas estão
recorrendo da decisão. A próxima fase
é a abertura dos envelopes técnicos
e, por fim, a abertura dos envelopes com as propostas
de preços.
A Secretaria de Serviços e Obras informa que
não tem como prever o tempo que a licitação
pode demorar, mas estima que o resultado do processo
saia entre setembro e outubro.
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Catadores
são peça-chave
"Nós
fechamos os olhos para os catadores porque eles estão
fazendo o trabalho que nós não estamos",
reconhece o engenheiro José Godofredo da Silva
Gaby, técnico da Divisão de Compostagem
da Prefeitura de São Paulo.
A Cooperativa de Catadores de Papel, Aparas e Materiais
Reaproveitáveis (Coopamare), de São
Paulo, reúne 80 cooperadores e cerca de 60
trabalhadores avulsos, que recolhem cerca de 200 toneladas
por mês de material reciclável. A cooperativa
se transformou em única fonte de renda para
moradores de rua, desempregados e ex-catadores, que
hoje trabalham com identificação em
suas carroças de papel e possuem uma kombi
para retirada de grandes quantidades de material.
"Nós auxiliamos na formação
de outras cooperativas, como a Asmare, que é
de Belo Horizonte, e também promovemos os cursos
de treinamento para os novos com o Kit Catador, material
fornecido pelo Cempre", explica Carlos Roberto
Fabrício, fundador e presidente da Coopamare.
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O
lixo como moeda social
Saiba como a renda
obtida com o lixo pode ser usada em projetos sociais:
Banco Central
da Lata
Em 1993, a Latasa (Latas de Alumínio S.A.)
criou o Projeto Escola. Atualmente, há cerca
de 17 mil instituições cadastradas,
entre escolas públicas e particulares, universidades
e até igrejas, que enviam latas de alumínio
para reciclagem e, em troca, recebem computadores,
bebedouros, cadeiras de rodas e outros equipamentos.
A empresa mantém ainda o Centro de Fundição,
que reaproveita 100% das latas recolhidas, e o Disk
Lata, que recebe em média 600 chamadas por
dia. "Acabamos dando informações
sobre outros materiais e virando fonte de referência
até para pesquisadores", afirma José
Roberto Giosa, diretor de reciclagem da Latasa.
Instituto Recicle
Milhões de Vidas
Esta ONG foi inaugurada este mês. Recolhe e
vende materiais recicláveis, e a renda é
revertida para o tratamento de crianças com
câncer. Os postos de coleta são a sede
do instituto, algumas lojas da rede Pão de
Açúcar e quartéis do corpo de
bombeiros.
Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo
(Apae/SP)
Recebe cartuchos de impressoras vazios, papel,
plástico e alumínio. Em caso de grandes
quantidades, retira do local. O dinheiro obtido com
a comercialização é investido
no setor de educação e no corpo de baile
da escola.
Instituto de Reciclagem do Adolescente (IRA)
Durante seis horas por dia, jovens de 16 a 19 anos
da favela do Jaguaré, em São Paulo,
transformam papel doado em material de escritório,
trabalho que rende um salário mínimo
por mês para cada um.
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Santo
André tem 100% de coleta seletiva
Santo André
(Grande SP) é agora a terceira cidade do país
a fazer coleta seletiva em toda sua extensão.
Antes de abril, só Porto Alegre e Curitiba
tinham conseguido isso. Tudo começou há
dois anos, com experiências-piloto. Em 99, a
prefeitura decidiu ampliar a cobertura. "Fizemos
intensa divulgação, e a coleta seletiva
passou de 6% para 60% da cidade", diz William
Gomes Gripp, diretor do Serviço de Saneamento
Ambiental de Santo André.
A coleta de material orgânico é feita
seis vezes por semana; a dos recicláveis, duas.
A população separa o lixo em dois sacos,
um para o orgânico (restos de comida e lixo
de banheiro) e outro para os resíduos secos.
O material orgânico vai para o aterro, e o reciclável,
para a Usina de Triagem.
O primeiro passo para conseguir reciclar 100% foi
a criação de duas cooperativas: a de
reciclagem (Coopcicla) e a dos coletores comunitários.
Os 72 membros da Coopcicla separam e comercializam
o material reciclável. A receita arrecadada
é rateada entre eles. "A Coopcicla
é formada por desempregados, que tiram do lixo
o sustento", diz Gripp. Os 74 coletores comunitários
fazem a coleta com um caminhão não tem
acesso, como favelas e áreas de mananciais.
Eles são remunerados por tonelada de lixo coletado.
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A
sociedade se organiza
Conheça três
programas implantados por cidadãos comuns:
Suzana Facchini Granato - Em 1998, esta professora
de biologia participou de um projeto sobre meio ambiente
no Colégio Santa Cruz, em São Paulo,
que incluiu a instalação de latas seletivas
na escola.
Após mobilizar seus alunos, Suzana sentiu-se
obrigada a separar o lixo em sua própria casa.
"Tive que convencer minha família.
Se bobeava, meu marido jogava as latinhas no lixo
comum". A professora separa papel e latas
de alumínio e entrega para um menino que passa
na rua. "No início, pisava nas latinhas
e cheguei até a me cortar. Há três
meses, comprei uma prensinha".
André Vilhena - O diretor do Cempre conseguiu
convencer o zelador do prédio onde mora, no
Rio, de que ele poderia ganhar dinheiro arrecadando
e vendendo material reciclado. "Nem todos
os moradores participam, mas conseguimos separar papelão,
jornal e lata".
Vilma Peramezza - O condomínio residencial
e comercial Conjunto Nacional tem um programa permanente
de coleta seletiva desde 1993, idealizado por Vilma,
sua gerente-geral. Localizado na avenida Paulista,
o condomínio gera de cinco a seis toneladas
de lixo por dia, e apenas 10% desse total é
reciclável. A retirada dos rejeitos custa R$
10 mil por mês. Já a comercialização
do reciclável rende R$ 1.500, quantia que é
transformada em benefícios para os 220 funcionários
do condomínio, como projetos educacionais,
atividades antiestresse e oficinas de reciclagem.
O condomínio tem postos de entrega voluntária
que aceitam doação de papel, vidro,
metais e plásticos.
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Como
separar o lixo
Dependendo do modelo
de seleção adotado pelo município,
pela instituição ou empresa que recolhe
os resíduos sólidos, pode-se fazer a
coleta clássica (separar lixo seco do úmido)
ou a coleta multisseletiva
Coleta clássica
O lixo é separado
em dois sacos diferentes ou recipientes de metal
- Em um, coloque todo o material orgânico, como
restos de alimento, cascas de fruta, legumes, verduras,
ovos e papéis molhados e engordurados (úmido)
- Em outro, coloque todo o material que pode ser reaproveitado,
como vidros, papéis, papelão, plásticos
e metal (seco)
Coleta multisseletiva
O lixo orgânico
vai para um recipiente, e o seco é separado
em quatro recipientes ou categorias diferentes, identificadas
segundo uma combinação de cor e matéria-prima
Verde/Vidro
Garrafas de cervejas, de refrigerantes, cacos
de vidro, embalagens de conserva e lâmpadas
incandescentes |
Azul/Papel
Jornais, listas telefônicas, folhetos
comerciais, revistas, papéis de embrulho,
caixas de papelão ou caixas longa vida
|
Vermelho/Plástico
Embalagens de produtos de limpeza, garrafas
plásticas, canos, potes de creme e
de xampus, sacos plásticos
|
Amarelo/Metais
Latinhas de cerveja e refrigerante, objetos
de cobre, alumínio, lata, chumbo, bronze,
ferro ou zinco
|
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Dicas
para separar o material reciclável e preservar
o meio ambiente
- Antes de separar,
verifique se há no bairro postos de coleta,
catadores, sucateiros ou entidades que recolhem materiais
recicláveis e que tipo eles recebem
- Os vasilhames (vidros, latas e plásticos)
devem ser lavados após o uso e guardados secos
As tampas das latas devem ser pressionadas para dentro
- Os papéis devem estar secos e, de preferência,
não amassados. A estocagem deve ser feita com
cuidado e por pouco tempo, pois o material é
inflamável
Vidros quebrados e outros materiais cortantes devem
ser embalados em papel grosso (jornal)
- Em vez de jogar no lixo, doe livros, roupas, sapatos,
brinquedos e outros bens usados que podem ser úteis
a outras pessoas
- Pneus, Lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias
e resíduos contidos em embalagens de materiais
de limpeza, inseticidas, herbicidas, cosméticos,
restos de tinta, produtos químicos e remédios
contaminam o ambiente - as empresas que o produzem
estão sendo obrigadas por lei a recolher esses
produtos
- Além dos tóxicos, os rejeitos (materiais
não-recicláveis) são: cerâmicas;
retalhos de tecido; pratos, vidros do tipo pirex e
similares; papel higiênico, lenço de
papel, curativos com sangue, fraldas descartáveis
e absorvente higiênico; papéis plastificados,
metalizados ou parafinados; papel carbono e fotografias;
toco de cigarro e cinza; fitas e etiquetas adesivas;
copos descartáveis de papel; espelhos, vidros
de janela, box de banheiro e cristais; tubos de televisão
e válvulas; ampolas de remédios e utensílios
de mesa de vidro temperado
Se você tiver um quintal ou jardim, faça
a compostagem doméstica (processo biológico
que origina o composto orgânico, que pode ser
aplicado ao solo como um fertilizante natural), colocando
na terra o material orgânico (restos de alimentos),
que entrará em decomposição e
funcionará como um fertilizante natural.
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Permanência
dos materiais depositados em oceanos
MATERIAL |
DURAÇÃO DO MATERIAL |
Bóia de isopor |
80
anos |
Caixa de leite |
200
anos |
Caixa de papelão |
2
meses |
Cigarro |
3
anos |
Fralda descartável biodegradável |
1
ano |
Fralda descartável comum |
450
anos |
Garrafa plástica |
450
anos |
Jornal |
6
meses |
Lata de alumínio |
200
anos |
Lata e copo plástico |
50
anos |
Linha de nylon |
650
anos |
Lixo radioativo |
250.000
anos ou mais |
Madeira pintada |
13
anos |
Papel toalha |
2
a 4 semanas |
Pilha |
10
anos |
Restos orgânicos |
1
a 6 meses |
Vidro |
Tempo
indeterminado |
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São
Bernardo quer ampliar doações de lixo
reciclável
A Prefeitura de São
Bernardo pretende ampliar parcerias com o setor privado
para dividir responsabilidades na gestão dos
resíduos sólidos do lixo urbano. Uma
das metas é aumentar as doações
de material reciclável de sobras das produções
das empresas do município, ou mesmo de fora,
para torná-lo instrumento de trabalho e geração
de renda para catadores de lixo que trabalham em dois
centros municipais de reciclagem.
A proposta da Prefeitura foi discutida com entidades
empresariais durante o seminário Gestão
Compartilhada de Resíduos Sólidos e
a Responsabilidade Social Empresarial, realizado nesta
terça na Faculdade de Direito de São
Bernardo e que contou com representantes da Basf,
Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São
Paulo), Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância), Associação de
Catadores de Lixo, Prefeitura de Porto Alegre, Diário
e as instituições empresariais Ethos,
Cempre, Pólis e Abrinq que, juntas, representam
mais de 600 empresas - da região e de outros
municípios do país.
Segundo a diretora do Departamento de Meio Ambiente
da Prefeitura de São Bernardo, Sonia Lima,
existem mais de 300 famílias que vivem com
recursos obtidos diretamente com a coleta informal
de lixo na cidade. "O evento foi um passo
para ampliar esse atendimento e conscientizar os empresários
de que o lixo pode ser instrumento de resgate social.
Basta que eles direcionem a coleta de lixo aos centros
de reciclagem."
O superintendente do Instituto Ethos - que representa
490 empresas -, Valdemar de Oliveira Neto, acredita
que muitas empresas irão colaborar com o projeto.
"As empresas estão cada vez mais conscientes
que, além de lucros, devem agregar ações
sociais a sua imagem."
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Lixo de São Paulo vira
uma bomba-relógio
O que São Paulo
produz de lixo por dia daria para encher um estádio
como o Pacaembu. São 15 mil toneladas. E como
menos de 1% é reciclado, o aterro sanitário
acaba sendo o destino de quase toda a sujeira. Acontece
que os dois aterros sanitários estão
no limite. No maior, as camadas de lixo e terra já
atingiram 130 metros de altura. O aterro não
tem mais para onde crescer. Estrada de um lado, a
cidade, do outro. No segundo aterro, o lixo é
tanto que já invade a reserva de mata atlântica.
Um péssimo sinal. Pelo estudo da empresa de
controle ambiental do Estado, a capacidade dos aterros
estará esgotada dentro de apenas seis meses.
E até agora não se sabe o que fazer
com todo lixo. Uma alternativa que seria a incineração
também se transformou num grande problema em
São Paulo. O único incinerador em operação
não tem nenhum controle dos poluentes. Pior:
tudo que é queimado aqui é lixo hospitalar.
De acordo com especialistas, o que sai daquela chaminé
é veneno. São 70 toneladas de resíduos
hospitalares queimadas por dia. E uma fumaça
altamente nociva dentro da cidade. Exames revelaram
uma grande concentração de gases ácidos,
substâncias tóxicas e cancerígenas.
Quem mora ali perto, sabe bem o que isso significa:
"Problemas respiratórios"; "Todo
mundo têm bronquite"; "Renite alérgica,
problema de câncer pulmonar"; "Quando
vem aquele cheiro de remédio é uma coisa
que não dá, não dá mesmo".
A prefeitura da cidade de São Paulo já
foi multada 13 vezes nos últimos três
anos por causa do incinerador. A desta quinta-feira
foi de R$ 1,2 milhão. O secretário municipal
de obras, João Otaviano Machado Neto, contesta
todo o estudo da Companhia Ambiental de São
Paulo. E diz que a capacidade dos aterros da cidade
não se esgotará antes do ano de 2004.
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Primeiro
banco de alimentos da América Latina
Não precisa
estar bonito, basta estar bom. É essa regra
que está evitando o desperdício e pondo
comida na mesa de quem precisa. No centro de abastecimento
de alimentos, em Santo André, na grande São
Paulo, os atacadistas separam o que pode ser doado.
Tudo o que é recolhido vai para o banco de
alimentos. A nutricionista faz uma nova seleção
e escolhe o que vai ser distribuído. Na fase
experimental, passaram por aqui uma tonelada de alimentos
por dia. Almoço e jantar para três mil
pessoas. "É uma idéia simples
e fácil de ser implementada por qualquer município",
afirma o coordenador do banco de alimentos, Nilton
Gomes Júnior. Para colocar o projeto em prática
a prefeitura investiu no convencimento. Uma panificadora,
por exemplo, deixava de vender seis toneladas de pães
por mês. Pães próprios para o
consumo, mas fora do padrão de qualidade. Até
que um dia, alguém perguntou para o empresário
se ele podia colaborar. "Se todas as empresas,
que trabalham na área alimentícia, têm
esse mesmo problema fizessem esse tipo ação,
ajudaria a resolver parte da fome no nosso município
e do nosso Estado", diz o empresário
Luís Nicoletti. O carro do banco de alimentos
chega a uma das 43 instituições cadastradas.
A quantidade que vai para cada asilo, escola ou creche
é definida pelos técnicos do banco.
Uma vez por mês a nutricionista acompanha a
distribuição e ensina como conservar
os alimentos. Com as refeições garantidas,
a creche deve abrir mais vagas. "Hoje nos
atendemos 45 e nosso projeto é de atender 150
crianças num futuro próximo",
conta Maria Aparecida Scotton, coordenadora da creche.
O banco de alimentos de Santo André tem capacidade
para receber e distribuir 150 toneladas de comida
por mês.
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Lixo
vira luz
Aqui já é possível A Secretaria
Municipal do Verde e do Meio Ambiente assinou ontem
contrato com um consórcio para que o gás
gerado na decomposição do lixo, o biogás,
possa ser usado como fonte de energia capaz de abastecer
25 mil habitantes. A meta é que em aproximadamente
dois anos as 6,5 mil toneladas de lixo do aterro Bandeirantes,
zona leste, sejam usadas para iluminar as casas. O
aterro terá 18 megawatts de potência.
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Reciclagem
solidária
Chairman e CEO da
Coca-Cola visita Programa Reciclagem Solidária
O Chaiman e CEO da Coca-Cola, Doug Daft, em sua primeira
visita ao Brasil, irá conhecer os resultados
do Programa Reciclagem Solidária. O programa
realizado pelas comunidades carentes e escolas da
rede pública de Brasília, incentiva
a reciclagem de resíduos sólidos como
garrafas de PET. Além de propor a educação
ambiental nas escolas, a iniciativa colabora com a
geração de renda das comunidades carentes.
O Programa foi lançado em agosto passado, com
a parceria da Coca-Cola, os ministérios da
Educação, Esporte e Turismo, a Associação
de Apoio ao Programa Alfabetização Solidária,
a Cooperativa Nacional dos Trabalhadores em Empreendimentos
Educacionais e Comunitários (Cootesol), a Secretaria
de Educação do Distrito Federal, a Secretaria
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito
Federal e a Sobramais Reciclagem e Representações.
A Coca-Cola está investindo cerca de R$ 150
mil como patrocinadora.
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Reciclagem
de PET
Em parceria com a
Ecopet e a ONG Uerê, a Fundação
Ondazul inaugurou, em junho, uma usina de reciclagem
de resíduos sólidos na comunidade de
Vigário Geral, na Zona Norte do Rio. Com investimento
de R$ 300 mil, do Fundo Nacional do Meio Ambiente
e da Petrobrás, a usina está fazendo
a reciclagem de garrafa plásticas PET e de
outros materiais, como vidro, alumínio e papelão.
O objetivo é iniciar o processo de conscientização
ambiental de Vigário Geral. Um dos grandes
poluidores da Natureza, provocando enchentes quando
jogadas nos rios, as garrafas PET estão sendo
recolhidas e transformadas em móveis. A Ondazul
prevê a geração de 40 empregos
e a fabricação de 550 poltronas e colchões
por mês com as garrafas plásticas. Os
moradores podem trocar 250 garrafas por uma poltrona,
200 garrafas por um pufe duplo e, a cada 150 embalagens,
obter um pufe unitário. A meta é retirar
de circulação cerca de 550 mil garrafas
Pet.
Projeto Reciclagem e Cultura: Durante os três
primeiros meses de funcionamento, a usina de reciclagem
de garrafas pet de Vigário Geral já
recolheu 70380 garrafas dentro da própria comunidade
e de áreas próximas. Uma parte dessas
garrafas foi coletada pelas catadoras do projeto durante
um mês e três semanas de trabalho e o
restante foi trazido pela comunidade em troca dos
móveis pet. O número de móveis
produzidos pela usina chegou até o momento
a 247 peças, incluindo poltronas e pufes.
Um dos objetivos do projeto é a capacitação
de 40 adolescentes para a produção de
móveis a partir de garrafas pet no período
de um ano. O curso para os adolescentes tem duração
de dois meses e a primeira turma já concluiu
o curso e receberá o certificado de participação
no dia 13 de setembro, data do segundo evento de Educação
ambiental que o projeto Reciclagem e Cultura promoverá
na comunidade. Na mesma ocasião sairá
o primeiro boletim trimestral do projeto, onde estaremos
apresentando o trabalho que vem sendo desenvolvido
nessa primeira fase de implantação da
proposta.
Para maiores informações procure Vanini
Lazilloti na Fundação Ondazul tel: (0xx21)
533 3619 ou 533 8026
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Idosos
transformam lixo em roupa para pobres
Seu Esvaldo trabalha
no lixão da cidade de Jaraguá do Sul,
no norte de Santa Catarina. Passa o dia no trator
enterrando toneladas de sujeira. Para ele nem tudo
é lixo: "Jogam muita roupa fora e eu
tenho pena de enterrá-las. Por isso eu recolho
a roupa e guardo em sacos", conta seu Esvaldo.
Os sacos são recolhidos por seu Daniel e dona
Lidivina. "Tanta gente necessitando e pedindo
e o pessoal jogando fora", diz seu Daniel.
"É ter boa vontade para lavar, água
e sabão, um sol bonito e a roupa fica limpinha",
conta dona Lidivina.
Primeiro no tanque, depois na máquina e as
roupas voltam para o tanque para o último toque:
o amaciante. "Fica branquinha, cheirosa".
O varal da casa está sempre cheio. Dona Lidivina
não tem idéia de quantas roupas do lixão
ela já lavou. Mas foram milhares de peças.
Teve gente que propôs para ela abrir uma loja
de roupas usadas. Mas dona Lidivina acredita que estas
roupas mereçam um destino melhor.
As roupas vão para os bairros mais pobres de
Jaraguá do Sul. Numa das casas adultos e crianças
renovaram o guarda-roupa. Roupas de graça que
chegaram na hora certa. A recompensa de D. Lidivina
é ver o estoque diminuir depressa.
O trabalho de dona Lidivina começou há
três anos. As roupas que recolhe e lava também
são distribuídas em Curitiba, onde mora
a filha dela.
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RETRATO
DO BRASIL: MELHORA O DESTINO FINAL DE LIXO DOMÉSTICO
A destinação final do lixo doméstico
no Brasil teve uma grande melhora, segundo a Pesquisa
nacional de saneamento Básico (PNSB) do IBGE.
Em 2000, 47,1% do volume de resíduos gerados
no país ia para aterros sanitários,
enquanto que, em 1989 a porcentagem era só
de 10,7% - o resto era jogado em lixões a céu
aberto.
Somando-se o percentual do volume que vai para aterros
sanitários àquele que vai para aterros
controlados (22,3%), dois terços do lixo deixa
de ficar exposto e tem, na avaliação
do IBGE, uma destinação "adequada".
"É uma grande surpresa essa melhora.
Quase boa demais para ser verdade", afirma
Elizabeth Grimberg, pesquisadora da área de
resíduos do Instituto Polis e coordenador-geral
do Fórum Lixo e Cidadania da cidade de São
Paulo. Para ela, os dados devem ser comemorados, mas
também vistos com certa desconfiança.
"As informações são dadas
por prefeituras e empresas, que têm, naturalmente,
interesse em pintar um quadro melhor do que é
na realidade; além disso, não informam
sobre lixões clandestinos." Elizabeth
questiona também a classificação
de aterros controlados como adequados.
A própria Cetesb (agência ambiental do
governo paulista), única a realizar um inventário
anual de resíduos domiciliares no Brasil, não
considera o aterro controlado como uma boa opção.
A diferença entre o aterro controlado e o sanitário
é que o último deve ter coleta e tratamento
para o chorume (líquido produzido na decomposição
do lixo orgânico) e para gás metano (CH4),
gerado pelos resíduos. Já o primeiro
pode ser simplesmente um lixão que é
coberto periodicamente com terra ou entulho.
Se os resíduos de decomposição
do lixo não são tratados, podem trazer
grandes prejuízos ao ambiente e à saúde
humana, contaminado o solo e lençóis
de água subterrâneos, aumentando as consequências
do efeito estufa e servindo como atrativos para animais
que transmitem doenças.
O IBGE atribui a melhora na destinação
final do lixo à maior consciência da
população; à atuação
do Ministério Público na assinatura
de Termos de Ajustamento de Conduta com as prefeituras;
ao programa Criança no Lixo, Nunca Mais, do
Unicef (Fundo das Nações Unidas para
a Infância); a verbas do governo federal; e
ao apoio de governos estaduais.
A destinação final correta e a erradicação
dos lixões são fundamentais para acabar
com o trabalho infantil nesses locais.
Em 1.500 dos 5.507 municípios brasileiros,
a PNSB verificou a presença de 24.340 catadores
em lixões, sendo 22% deles (5.355) menores
de 14 anos. Em 2000, as regiões metropolitanas
de Recife e São Paulo eram as líderes
no percentual de crianças trabalhando em lixões,
segundo a pesquisa.
Em dois anos, porém, o quadro pode ter mudado
muito, admite o próprio IBGE. "O lixo
é uma variável muito mais volúvel
que a água ou o esgoto, por isso o quadro deve
ser visto como a fotografia", afirma Lilibeth
Cardozo Ferreira, gerente de estudos e pesquisas sociais
do instituto.
Apesar de questionar os números absolutos de
crianças no lixões - que estariam subestimados,
uma vez que o Unicef estimava no ano passado a existência
de cerca de 30 mil crianças nessa condições
em todo o Brasil - , a secretária-executiva
do Fórum nacional do Lixo e Cidadania, Teia
Magalhães, afirma acreditar que as porcentagens
divulgadas pelo IBGE, na verdade, já diminuíram.
Isso graças, em grande parte, ao programa Criança
no Lixo, Nunca Mais, que apoiou projetos em todo o
país e conseguiu, de 99 até meados de
2001, retira pouco mais de 13 mil crianças
dos lixões. Só na Grande São
Paulo, por exemplo, o fechamento do lixão de
Carapicuíba (abril de 2001) representou a saída
de 105 crianças do trabalho, O fim do lixão
do Alvarenga (divisa de São Bernardo do campo
com Diadema), em julho de 2001m acabou com o trabalho
no lixo para pelo menos 172 crianças, que hoje
estudam e têm atividades extra-classe.
Os dados da PNSB mostravam que, em 2000, dos 1.132
catadores da região metropolitana, 247 eram
menores de 14 anos.
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Só
6,4% das cidades reciclam detritos
Os resultados da Pesquisa
Básico do IBGE mostram que, quando o assunto
é reciclagem e coleta seletiva de lixo, o Brasil
ainda tem um longo caminho pela frente.
Só 6,4% das cidades reaproveitam os resíduos,
e a coleta seletiva do lixo é realizada oficialmente
por apenas 8,2% delas. Nenhuma das quatro maiores
capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte
e Salvador) têm coleta seletiva em todos os
bairros.
No ranking de reciclagem, a região Sul sai
na frente. O Estado onde o reaproveitamento do lixo
é mais comum é o Rio Grande do Sul,
onde 22,5% dos municípios afirmaram reciclar
os resíduos. Em Santa Catarina, 16,7% dos municípios
reciclam seu lixo, e no Paraná a porcentagem
é de 10%.
A liderança se deve à tradição
das ações de coleta seletiva e reciclagem,
principalmente nas cidades gaúchas e paranaenses,
que há mais de 13 anos iniciaram políticas
nesse sentido, afirma Elizabeth.
Na região Norte, nenhum município afirmou
ter coleta seletiva em todos os distritos. No Nordeste,
apenas 5 dos 1787 municípios dizem fazer a
coleta seletiva em todos os distritos (0,3%); no Centro-Oeste,
a atividade é desenvolvida em 0,9% das cidades
(4 em 446); e mesmo no Sudeste só 53 dos 1.666
municípios (3,2%) afirmam coletar o lixo que
não é lixo em todos os bairros.
Em 50 cidades brasileiras (0,9% do total), a coleta
seletiva chegou a começar, mas foi interrompida
por razões como falta de local adequado para
separar o material, má aceitação
por parte da população e falta de campanha
de conscientização, entre outros.
"Mobilização, comunicação
e educação são o tripé
básico para que a coleta seletiva funcione.
É preciso oferecer também a estrutura
para a população, divulgando os horários
de passagem dos caminhões de coleta e colocando
postos de entrega voluntária em locais acessíveis",
diz Elizabeth.
Para incentivar a reciclagem, de forma que ela impulsione
a coleta seletiva, a pesquisadora defende ser fundamental
que ela se torne economicamente viável. "Mercado
e relação custo beneficio têm
de ser considerados."
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Extra
hipermercados lança campanha de reciclagem
Com o lançamento
da campanha Recicle e Ganhe Extra, desenvolvida com
o apoio de Refrigerantes Convenção,
a Rede irá incentivar seus clientes a reciclarem
as garrafas plásticas de PET e latas de alumínio,
oferecendo bônus de compras na loja ou a oportunidade
de colaborar com os projetos sócio-ambientais
apoiados pelo UNICEF.
A Rede Extra Hipermercados, uma das quatro bandeiras
que compõem o Grupo Pão de Açúcar,
maior cadeia varejista do Brasil, acaba de lançar
a campanha "Recicle e Ganhe Extra", tornando-se
a primeira rede de hipermercados a disponibilizar
aos seus clientes e comunidade 40 máquinas
automáticas de reciclagem para o recolhimento
de embalagens PET e alumínio, instaladas em
10 de
suas lojas na Grande S. Paulo.
Após dez meses de testes na loja Extra de São
Caetano, onde apenas duas máquinas arrecadaram
cerca de 47 toneladas de plástico (PET) e 12
toneladas de alumínio, totalizando 1,7 milhões
de embalagens recicladas durante a fase piloto do
projeto, o Recicle e Ganhe Extra está sendo
ampliado para outras 9 lojas da Rede na Grande São
Paulo, a partir do dia 19 de janeiro. Com a instalação
das 40 novas máquinas, a previsão inicial
é que campanha passe a arrecadar mensalmente
130 toneladas de PET e 10 toneladas de alumínio
nesta nova fase.
Importadas dos Estados Unidos, as máquinas
são programadas para identificar o tipo de
polímero e de metal das embalagens (só
são aceitas as de PET e alumínio), que
são depois trituradas (PET) e compactadas,
realizando a primeira etapa do processo de reciclagem.
Para cada embalagem depositada pelos consumidores,
é impresso um cupom de desconto no valor de
R$ 0,01 no caso do PET e R$ 0,02 para latas de alumínio.
Estes cupons poderão ser utilizados pelos clientes
para pagar suas compras ou então doá-los
ao UNICEF, Fundo das Nações Unidas para
a Infância, depositando-os em urnas especiais
colocadas nas lojas do Extra. Todo o material depositado
é recolhido por uma empresa especializada e
vendido para empresas recicladoras. Os recursos arrecadados
com a comercialização destes materiais
irão cobrir os custos de logística do
projeto, incluindo as doações para o
UNICEF. A Rede Extra estará investindo 680
mil reais na campanha Recicle e Ganhe em 2001.
Para Eduardo Romero, Diretor de Marketing Institucional
do Grupo Pão de Açúcar, os investimentos
realizados na implantação da campanha
Recicle e Ganhe Extra "estão inseridos
no compromisso social do Grupo Pão de Açúcar
de promoção da qualidade de vida das
comunidades onde atua, por isso tomamos esta iniciativa
consciente e responsável de oferecer aos nossos
clientes alternativas eficazes para o recolhimento
e desatinação de materiais recicláveis
como o PET e o alumínio, colaborando para redução
de um problema que é ao mesmo tempo ambiental
e social, beneficiando toda a sociedade".
O UNICEF utilizará a verba obtida com as doações
dos cupons para apoiar o projeto "Criança
no Lixo Nunca Mais", através da ONG Água
e Vida, que busca alternativas seguras e duradouras
para a erradicação do trabalho infantil
em áreas de lixões, criando condições
para que estas crianças freqüentem a escola
e dando orientação e apoio as famílias
na busca de melhores condições de vida.
Cada uma das 10 lojas do Extra participantes, selecionadas
por sua localização e volume de público,
estará equipada com 4 máquinas, sendo
3 para recolhimento de PET (uma exclusiva para atender
clientes com mais de 50 embalagens) e 1 para latas
de alumínio, supervisionadas por um "fiscal
da ecologia", monitores de 3ª idade especialmente
contratados e treinados para prestar todas as informações
sobre a campanha Recicle e Ganhe Extra, os projetos
do UNICEF e a correta utilização das
máquinas aos clientes da loja.
Endereços
das Lojas Extra participantes:
- Aeroporto : Av. Washington
Luiz, 5859 - S. Paulo
- Anhanguera : Av. Samuel Klabim,
193 - S. Paulo
- Aricanduva : Av. Aricanduva,
5555 - S. Paulo
- Anchieta : Rua Garcia Lorca,
301 - S. Bernardo do Campo
- Carapicuiba : Rua Dr. Eduardo
Cunha Abreu, 1455 - Carapicuiba
- Guarulhos : Av. Antonio de
Souza, 300 - Guarulhos
- João Dias : Av. Guido
Caloi, 25 - S. Paulo
- Penha : Av. São Miguel,
962 - S. Paulo
- Tietê : Av. Condessa
Elizabeth Robiano, 5500 - S. Paulo
- São Caetano do Sul
: Rua Senador Vergueiro, 428 - S. Caetano
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Projeto
transforma lixo em trabalho
Vinte e sete toneladas de folhas secas transformadas
em adubo, duas de papelão, mais de uma tonelada
de jornal e 800 quilos de papel branco que iam para
o lixo mensalmente no campus da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) são transformados, hoje,
em oportunidades de trabalho para um grupo de adolescentes
carentes que participam ou já participaram
de um projeto especial da Fiocruz desde 1996. O Projeto
Pró-Manguinhos, de ações integradas
em recuperação ambientas e profissionalizante
de adolescentes, fornece informações
sobre educação ambiental para as comunidades
próximas à Fiocruz e forma pequenos
ecologistas entre os estudantes dessas localidades.
Fornece ainda bolsas de trabalho para os adolescentes,
moradores de uma região onde, segundo uma pesquisa
realizada há alguns anos, 81% da população
são desempregados.
No dia 1º de dezembro de 2000, o Programa, realizado
por um grupo de pesquisadores da Escola Nacional de
Saúde Pública (Ensp), completou quatro
anos com bons resultados. Coordenado pela engenheira
Débora Cynamon Kligerman, com ações
de prestação de serviços de informação
e coleta de lixo nos locais onde antes formavam-se
lixões nas comunidades, o Pairapa também
realiza cursos nos colégios da região
de Manguinhos para educadores e a comunidade. Já
foram atingidas as localidades de Parque João
Goulart, CHP2, Parque Oswaldo Cruz, Parque Carlos
Chagas (Varginha), Vila Turismo, Nelson Mandela, Samora
Machel e Cabo Verde.
Todo mês são coletadas cinco toneladas
de papel, que geram R$ 500 mensais para pagar bolsas
para os jovens. Além do papelão, do
jornal e do papel branco, são recolhidos também
500 quilos de papel misto, outros 500 de papel de
computador e 430 de aparas (papel picado) de papel
branco.
Os adolescentes, de 16 a 18 anos, são selecionados
em um curso de um mês com aulas teóricas
e práticas sobre educação ambiental,
na Escola Nacional de Saúde Pública
(Ensp). De 20 são selecionados 10 durante o
ano que recebem bolsa de R$ 284 para trabalhar na
área de coleta seletiva ou na jardinagem da
Fiocruz. Durante os dois anos, eles são acompanhados
por uma assistente social que estimula discussões
sobre saúde e meio ambiente, mundo do trabalho,
sexualidade, drogas e relações interpessoais.
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Coleta
seletiva de lixo
Aprenda a gostar do
lixo. A frase pode parecer estranha, mas é
o primeiro passo para aprender a valorizar a coleta
seletiva.
Por esse sistema é possível transformar
o lixo urbano em uma importante fonte de renda, ajudar
a aumentar a vida útil dos aterros sanitários
e reduzir os gastos do município com a limpeza
da cidade.
Evitar o desperdício e reciclar o lixo é
o melhor meio de transformar frascos de plástico,
vidros, alumínios, papéis, borracha,
entre outra infinidade de produtos, geralmente desprezados
pela maioria das pessoas, em matéria-prima
para a indústria, sem que haja a necessidade,
por exemplo, de novas extrações minerais
ou corte de árvores.
Para colaborar com esse trabalho de reciclagem basta
procurar um catador que recolha material reciclável
em sua rua ou condomínio, um dos Postos de
Entrega Voluntária (PEVs), mantidos pelo Departamento
de Limpeza Urbana (Limpurb); recicladores e/ou sucateiros
do município; ou Instituições
Sociais que trabalham com materiais recicláveis.
Os materiais mais comuns encontrados no lixo urbano
e que podem ser reciclados são:
PLÁSTICOS:
· garrafas, embalagens de produtos de limpeza,
· potes de cremes, xampus,
· tubos e canos,
· brinquedos,
· sacos, sacolas e saquinhos de leite;
ALUMÍNIO:
· latinhas de cerveja e refrigerante,
· esquadrias e molduras de quadros,
METAIS FERROSOS:
· molas e latas;
PAPEL E PAPELÃO:
· jornais, revistas, impressos em geral
· papel de fax,
· embalagens longa-vida;
VIDRO:
· frascos, garrafas,
· lâmpadas incandescentes
· vidros de conserva;
BORRACHA:
· pneus e tapetes
Não podem ser reciclados materiais como: cerâmicas,
vidros pirex e similares, isopor e acrílico,
lâmpadas fluorescentes, papéis plastificados,
metalizados ou parafinados (embalagens de biscoito,
por exemplo), papéis carbono, papéis
sanitários, molhados ou sujos de gordura, fotografias,
espelhos, copos descartáveis, pilhas, fitas
e etiquetas adesivas.
A prefeitura ainda não possui um amplo programa
de reciclagem, mas estudos sobre essa questão
já estão sendo desenvolvidos para possibilitar
a participação de toda a sociedade.
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Acordos
podem acabar com trabalho de crianças em lixões
Vinte e cinco municípios
convocados pelo Ministério Público do
Trabalho para participarem da Audiência Pública
"Combate ao Trabalho da Criança e do Adolescente
e de seus Familiares no Lixão", assinaram
o Protocolo de Intenções formulado pelo
MPT(foto).
A audiência, que aconteceu nos dias 15 e 16
deste mês, no auditório do MPT da 2ª
Região, em São Paulo, foi uma iniciativa
da Procuradora Regional do Trabalho, Maria José
Pereira do Vale, coordenadora da CIDE (Coordenadoria
de Interesses e Direitos Especiais). O objetivo foi
o de conscientizar os dirigentes dos municípios
convocados, onde existem lixões e crianças
trabalhando.
Além de assinarem o Termo de Intenção
onde se propuseram a criar políticas de erradicação
do trabalho infantil nos lixões existentes,
os representantes dos municípios entregaram
ao Ministério Público um Diagnóstico
Sócio-Ambiental, relativo ao depósito
do lixão e às pessoas que dele retiram
seu sustento.
Prefeitos, Vereadores e Secretários assistiram
às palestras feitas por Membros do Ministério
Público do Trabalho, Federal e Estadual, e
por representantes do Unicef, Fórum Nacional
Lixo e Cidadania. Estiveram, ainda, presentes, Membros
do MPT, a Procuradora Regional do Trabalho Eliane
Araque, representando a Coordenadoria Nacional de
Combate ao Trabalho Infantil, além de ONG's
e entidades sindicais.
O procurador-geral do Trabalho, Guilherme Mastrichi
Basso, abriu a audiência falando da importância
no envolvimento de toda a sociedade organizada para
que se encontre uma solução definitiva
para os lixões. O MPT atua como agente de aproximação
dos atores sociais, e não como Órgão
de punição, mas de sensibilização.
O procurador-geral completou dizendo que aquilo que
nos parece estar distante, na verdade está
muito próximo.
Realmente próximo, como pôde ser visto
na palestra da Diretora de Meio Ambiente da Prefeitura
de São Bernardo do Campo/SP, Sônia Lima.
De acordo com a diretora, o lixo pode ser usado como
um instrumento de resgate da cidadania, transformando
o trabalho
degradante em um trabalho digno. O município,
4º maior do estado de São Paulo, possui
um lixão há 30 anos, onde crianças
catam detritos diversos, na tentativa de aumentarem
a renda familiar. Mas o degradante quadro vem sendo
transformado através de políticas públicas.
Através de uma campanha de reciclagem de lixo,
estão sendo separados os diversos materiais
que podem ser reutilizados, e encaminhados à
Associação de Catadores de Papel. Toda
a comunidade foi envolvida, e o resultado tem sido
efetivo.
De acordo com a Diretora do Instituto Pólis
(Instituto de Estudos, Formação e Assessoria
em Políticas Sociais), Elisabeth Grinberg,
a contribuição tem de ser pessoal. Cada
um deve se responsabilizar pela separação
do lixo que produz, o que poderá gerar uma
coleta seletiva e posterior destinação
à reciclagem.
O papel dos Programas de Erradicação
do Trabalho Infantil
Programas diversos como o PETI, Bolsa Escola, Agente
Jovem e Bolsa Alimentação têm
sido de grande importância nas políticas
de transformação dos lixões em
aterros sanitários. O trabalho das crianças
existe principalmente pela necessidade financeira
da família, aliada a outros fatores sócio-culturais.
Com a implantação destes programas,
a família passa a receber não só
uma bolsa (em dinheiro ou alimentos), mas também
orientação social, alfabetização
e muitas vezes, incluídos em programas de geração
de renda.
Os resultados têm sido efetivos
No último ano, 13.500 crianças saíram
dos lixões. Nos últimos quatro anos,
450.000 deixaram de trabalhar. Esses dados, apresentados
pelo Coordenador de Projetos da Unidade Centro-Sul,
do Unicef, Salvador Soler (foto), mostram que há
como se reverter o atual
quadro de trabalho infantil no Brasil. Para o próximo
semestre, a Instituição se comprometeu
a fornecer subsídios técnicos para os
municípios presentes, através da capacitação
de seus dirigentes, com vista à elaboração
de planos municipais voltados para a reciclagem.
A meta para o próximo ano em São Paulo,
é que todas as crianças que hoje trabalham
nos lixões dos 25 municípios presentes
à audiência, estejam incluídas
em algum projeto social, e livres do trabalho.
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Brasil
não trata lixo de serviços de saúde
Cerca de 4.000 toneladas
de resíduos produzidos pelos serviços
de saúde são coletadas a cada dia, segundo
as prefeituras de 5.50 municípios brasileiros.
Pelo menos 20% desse lixo (800 t) é constituído
por materiais patogênicos (capazes de transmitir
doenças), químicos (potencialmente tóxicos)
e radiativos. Quase todos esses produtos perigosos
estão sendo despejados no ambiente sem o tratamento
adequado - muitas vezes sem nenhum tratamento.
É o que mostram os resultados da Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
em 2000.
Das prefeituras ouvidas no estudo, apenas 14% (779)
disseram tratar o lixo de açude adequadamente,
seguindo o que determinam as resoluções
nº 5/93 e nº 283/2001 do Conama (Conselho
Nacional do Meio Ambiente).
Por outro lado, 22% das cidades (1.193) admitiram
jogar os resíduos no ambiente sem nenhum tratamento,
e outros 2.041 municípios (37%) nem coletam
o lixo de saúde de forma diferenciada, como
determina a legislação.
Entre os municípios que dizem não tratar
de forma alguma os resíduos estão grandes
geradores, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte -
que estimam coletar juntos 78,4 toneladas/dia de lixo
de saúde - e todas as capitais nordestinas,
com exceção de Aracaju - que recolhem
95,6 toneladas/dia, segundo o IBGE.
Se não é separado e tratado, o resíduo
de saúde vai parar em aterros que não
têm equipamento específicos para eliminar
suas características perigosas ou, pior, em
lixões a céu aberto, onde, além
de animais que podem transmitir doenças, costuma
haver catadores, inclusive crianças.
Há ainda 1.557 municípios (28%) que
disseram queimar o lixo a céu aberto ou dar
outras destinações consideradas inadequadas,
como vales sépticas têm, ao menos teoricamente,
uma manta de impermeabilização do solo
e são cobertas com cal para eliminação
de agentes patogênicos. Segundo especialistas
do setor, é uma solução temporária.
Das capitais, só Rio Branco (AC) e São
Paulo dão tratamento adequado ao lixo, usando
os métodos de incineração e de
queima por meio de microondas, respectivamente. Na
pesquisa do IBGE, cada cidade podia afirmar dar mais
de um tipo de tratamento.
Preocupante
"A situação,
como se apresenta, é preocupante, é
já está mais do que na hora de algo
ser feito nesse setor", diz a engenheira sanitarista
Denise Formaggia, diretora regional de saúde
do litoral norte de São Paulo e autora do trabalho
"Aspectos Legais e Responsabilidades do gerenciamento
dos resíduos de Serviços de Saúde".
Com ela concordam representantes da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), Abrelpe
(Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e resíduos Especiais)
e Cetesb (agência ambiental do governo de SP),
além de infectologistas e responsáveis
pela separação e condicionamento do
lixo gerado em hospitais universitários paulistas.
Entre as razões para a falta de tratamento,
eles apontam as dificuldades financeiras das prefeituras
para investir em tecnologias adequadas e o fato de
a preocupação com o problema e a legislação
que regula serem recentes - tomaram força só
na década de 90.
Entre os casos mais notórios envolvendo a incorreta
destinação do lixo de saúde estão
o da contaminação por Césio 137,
em 1987, em Goiânia (GO); o de indigentes que
comeram, em 94, carne humana num lixão de Olinda
(PE) que recebia resíduos de hospitais; e o
da poluição do rio Guandu - que abastece
82% da região metropolitana do Rio de Janeiro
-, em parte por resíduos hospitalares despejados
no lixão Japeri (Baixada Fluminense).
"O lixo de serviços de saúde
é um reservatório de microorganismos
resistentes no ambiente; causar ferimentos, por meio
dos materiais radioativos e dos perfurocortantes (agulhas,
lâminas, bisturis etc); e provocar envenenamento
e poluição, seja pelo derramamento de
produtos como antibióticos e drogas tóxicas
por elementos como mercúrio e dioxinas (ambos
cancerígenos)", alerta a OMS (Organização
Mundial da Saúde), em documento do seu programa
especifico para manejo do lixo de saúde.
Legislação
Para efeito de separação,
tratamento e destinação, o Conama divide
os resíduos segundo as características
de risco que cada uma de suas parcelas oferece ao
ambiente e ao homem.
Para a parte patogênica, são considerados
adequados a incineração (desde que o
incinerador seja devidamente licenciado e fiscalizado),
a queima em forno de microondas e a autoclave (espécie
de panela de pressão que esteriliza o lixo
por meio de vapores em altíssimas temperaturas).
Remédios e
quimioterápicos usados, vencidos, alterados,
interditados ou impróprios para o consumo têm
de ser devolvidos ao fabricante ou importador, por
meio do distribuidor. Materiais radioativos devem
ser entregues à Cnen (Comissão Nacional
de Energia Nuclear). O lixo comum (80% do total) pode
ser reciclado ou ir para aterros sanitários.
As determinações da resolução
de 12001 têm de ser colocadas em prática
até outubro deste ano. Eventuais descumprimentos
das normas representam infrações da
Lei de Crimes Ambientais, que podem resultar em multa
e prisão de até quatro anos.
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Consórcio
e co-responsabilidade são saídas para
tratamento de lixo de serviços de saúde
A falta de recursos
para implantação adequadas, maior obstáculo
ao tratamento e à desatinação
do lixo de saúde, pode ser superada com consórcios
intermunicipais e uma co-responsabilização
mais efetiva dos geradores, afirmam especialistas.
"A solução integrada compensa
para cidades que produzem relativamente pouco lixo
porque o preço diminui conforme a escala do
serviço. O valor pode cair de R$ 1,40 o quilo
de resíduo tratado para R$ 0,90 por quilo transportado
e tratado, o que a Prefeitura de São Paulo
paga hoje", sustenta Iberê Gibin Júnior,
consultor de resíduos de serviços de
saúde da Abrelpe.
No Estado de São Paulo, os consórcios
já funcionam no ABC e na Grande Campinas, onde
um incinerador ou forno de microondas recebe o lixo
de diversas cidades.
Para financiar o investimento Gibin Júnior
sugere ainda uma "radicalização"
da co-responsabilização do gerador de
lixo (hospitais, clinicas veterinárias, consultórios
odontológicos, laboratórios, farmácias
etc.), por meio da cobrança de uma tarifa por
coleta, tratamento e destinação final.
"Europa e Estados Unidos adotaram a auto-responsabilidade
como política e tratam corretamente 100% dos
resíduos de saúde. Os custos não
têm de ficar só nas mãos do poder
público."
A responsabilidade do gerador é prevista em
toda a legislação que já trata
ou vai tratar da questão do lixo de serviços
de saúde no Brasil. Na prática, porém,
por falta de estrutura para controlar e fiscalizar
a aplicação correta das normas, as prefeituras
assumiram o trabalho, e raramente um gerador é
implicado quando surge algum problema.
A cobrança de tarifa também já
existe em São Paulo, mas de forma tímida.
Em Campinas, a prefeitura recolhe R$ 1,40 por quilo
de resíduo coletado. Desde que a cobrança
começou, a área de saúde na Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) implantou um programa
e conseguiu reduzir sua geração de 3
t para 1,3 t de resíduos infectantes por dia.
"Mas (cobrar) é complicado e requer
uma lei municipal especifica", pondera Denise
Formaggia. Ela conta que Ilhabela tentou cobrar R$
5 mensais, "mas de repente, a prefeitura chegava
em consultórios, e o responsável dizia
que não tinha nada para entregar".
Mudança
cultural
Na avaliação
de Juliana Czapski, diretor do Sindhosp (sindicato
dos hospitais do Estado de São Paulo) e membro
dos conselhos Estadual e Municipal de Saúde,
a responsabilização do gerador deve
existir e é um desafio cultural.
Segundo ele, nem a simples separação
do material infectante do lixo comum é feita
em muitos hospitais brasileiros porque não
há orientação nesse sentido.
"É uma questão educacional,
embora exista também a sensação
de impunidade", afirma.
A fiscalização dos serviços de
saúde cabe à Anvisa, que só deve
Ter uma norma especifica para o assunto neste ano.
Pelas resoluções do Conama, o gerador
de lixo de saúde é obrigado a apresentar
um plano de gerenciamento de resíduos, a ser
avaliado pelas autoridades ambientais e de saúde
pública locais. Isso nem sempre acontece e,
quando acontece, o plano muitas vezes não sai
do papel.
"Existe muita falta de informação",
diz Luiz Carlos Fonseca, médico da Unidade
de Infra-Estrutura e Serviços da Anvisa.
Fonseca admite que a agência é começou
a se debruçar sobre o assunto há pouco
tempo e está preocupada em melhorar a legislação,
de forma a não inviabilizar a sua aplicação
prática.
Situação
deve ser pior, diz Cetesb
A Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico do IBGE pinta um quadro
melhor do que a realidade, porque o estudo se baseia
em declarações dos prestadores de serviços
de limpeza pública sejam eles a prefeitura
ou empresas contratadas), mas as informações
recolhidas não são verificadas.
É essa a opinião do ex-assistente executivo
da Diretoria do Controle de Poluição
Ambiental da Cetesb João Antonio Fuzaro responsável
pelo Inventário Estadual de Resíduos
Sólidos Domiciliares, único estudo gênero
no Brasil.
"Os dados são oficiais, mas devemos
ser críticos em relação a eles
porque prefeituras e empresas têm interesses
a defender", afirma Fuzaro. Ele diz não
acreditar, por exemplo, que 67% das cidades brasileiras
recolham separadamente o lixo proveniente dos serviços
de saúde. "Por que coletariam se não
tratam?"
Outra informação questionada diz respeito
ao tratamento no Estado de São Paulo. A Cetesb
aceita a estimativa de que só um terço
das cidades paulistas façam o tratamento correto
do lixo infectante, mas a pesquisa do IBGE aponta
um percentual de 41%.
Fuzaro sustenta que há sobreposição
nos dados de municípios que dizem usar incineradores
e queimar o lixo em fornos. "e fornos não
são adequados", afirma.
Funcionam hoje no estado de São Paulo dez incineradores
e fornos de microondas, mas alguns deles estão
fora dos padrões ambientais. Segundo Fuzaro,
a maioria das cidades paulistas ainda usa valas sépticas
para depositar os resíduos perigosos. "O
que aceitamos apenas como solução temporária
em caso de emergência", diz.
A saída encontrada pela Cetesb para melhorar
o quadro de destinação tem sido exigir
mudanças por meio de TACs (Termos de Ajustamento
de Conduta) assinados desde 98 com os municípios
irregulares. Além disso, para licenciar qualquer
aterro de resíduos domiciliares, a prefeitura
tem de dizer como pretende tratar corretamente o lixo
de saúde.
Mas nem sempre os acordos são cumpridos. Em
Sorocaba (100 km de São Paulo), por exemplo,
a Folha flagrou um caminhão de resíduos
de saúde do município despejando sacos
brancos - que contêm o material infectante -
no meio de um lixão, que era simplesmente coberto
de terra por um trator.
Procurada pela reportagem durante mais de uma semana,
a prefeitura de Sorocaba não respondeu aos
pedidos de esclarecimento. Teoricamente, para a Cetesb,
o município estaria jogando o material em valas
sépticas.
O lixo de saúde
no Brasil
· RESÍDUOS
INFECTANTES - Sangue e hemoderivados, animais
usados em experimentos, excreções, secreções
e líquidos orgânicos, meios de cultura,
tecidos, órgãos, fetos, resíduos
gerados em áreas de isolamento e em laboratórios
de análises clinicas, objetos perfurocortantes
(seringas, lâminas, bisturis etc.), entre outros
Risco: Contêm agentes biológicos patogênicos
(bactérias, vírus etc.). Os perfurocortantes
são os mais perigosos porque Têm grande
potencial de transmissão de doenças
por penetrarem na pele.
Participação da composição
total: 16%
Destinação ideal: Não podem ser
dispostos no ambiente sem tratamento prévio
que assegure a eliminação da periculosidade.
São indicadas a incineração ou
esterilização a vapor (autoclave). Não
podem ser reciclados.
· MATERIAL
RADIOATIVO - Materiais provenientes de laboratórios
de análises clinicas, serviços de medicina
nuclear e radioterapia.
Risco: Causam desde mutações celulares
até câncer.
Participação na composição
total: 1%
Destinação ideal: Devem ser recolhidos
pela Cnen (Comissão de Energia Nuclear).
· PRODUTOS
QUÍMICOS - Drogas quimioterápicas
e produtos por ela contaminados, medicamentos vencidos,
contaminados, interditados ou nã-utilizados,
produtos tóxicos, corrosivos, inflamáveis
e reativos.
Risco: Possuem características químicas
danosas ao ambiente e à saúde pública.
Participação na composição
total: 3%
Destinação ideal: Têm de ser sempre
separados do resto do lixo de saúde. Medicamentos
devem ser devolvidos ao fabricante ou importador.
Os demais produtos devem ser tratados segundo suas
características de toxidade, inflamabilidade,
reatividade etc.
· LIXO COMUM
- Resíduos que não se enquadram em nenhuma
das categorias anteriores (papel, alimentos em geral,
lixo de varrição etc.)
Risco: são inofensivos.
Participação na composição
total: 80%
Destinação ideal: Devem ser coletados
pelo órgão municipal de limpeza urbana
e ter o mesmo destino do resto do lixo domiciliar
(aterro sanitário, reciclagem e compostagem,
quando for o caso).
Situação
nas capitais
Incineração
· Rio Branco
Queima a céu aberto
· Boa Vista
· Macapá
· Campo Grande
Queima em microondas
· São Paulo
|
Não
tratam
· Porto Velho
· São Luís
· Teresina
· Fortaleza
· Natal
· João Pessoa
· Recife
· Maceió
· Salvador
· Belo Horizonte
· Rio de Janeiro |
Outros tratamentos**
· Manaus · Belém
· Palmas · Aracaju ·
Vitória · Florianópolis
· Porto Alegre · Cuiabá
· Goiânia
** Como valas sépticas |
Voltar
Unesp
vai transformar lixo de saúde em energia
Assumir o tratamento
adequado do próprio lixo de saúde e
de 30 outros municípios do interior de São
Paulo, transformando os resíduos em energia
elétrica e reaproveitando o que for possível
da parcela inofensiva do material.
É assim que a Faculdade de Medicina da Unesp
(Universidade Estadual paulista) de Botucatu (230
km da capital paulista) vai resolver um quadro de
destinação "cheio de irregularidades",
na avaliação da médica Elenice
Deffune, coordenadora responsável do Projeto
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
da Área de Saúde no Campus de Botucatu.
Financiado pelo BID (Banco Interamericano de desenvolvimento),
o projeto prevê a instalação de
uma usina para incineração dos resíduos
perigosos e seu aproveitamento energético,
a exemplo do que já ocorre na região
de Cergy-Pontoise, nos arredores de Paris, e em outras
cidades da Europa.
A idéia da Unesp é receber, além
das 42 t geradas por mês com campus, o lixo
de saúde de todos os municípios da região,
que hoje é jogado em aterros comuns ou vai
para o forno da universidade, "que não
está adequado, a gente sabe", afirma
Elenice. E as prefeituras da região não
terão, a priori, de desembolsar nem um centavo.
"a implantação da usina não
custará menos de US$ 1 milhão (cerca
de R$ 2,3 milhões), sendo 15% disso a contrapartida
da universidade. Mas nosso 'lucro' será
a geração energética."
O projeto está em fase de licitação
e deve começar a funcionar em 2004.
"Quem gera tem de Ter responsabilidade para
resolver a destinação final. Quando
são simplesmente jogados num lixão ou
aterro, esses resíduos acabam comprometendo
a qualidade de vida de uma população
que já é desprovida de tudo",
diz Elenice.
Outras experiências
O melhor gerenciamento
dos resíduos de saúde é objeto
de projetos também nos hospitais da Unicamp
e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além de separar o lixo infectante e o entregar
para a coleta municipal, há ainda uma grande
preocupação com a redução
da geração.
No Hospital São Paulo (da Unifesp), há
cerca de um ano a Comissão de adequação
de Materiais e Energia desenvolve um trabalho de orientação
de funcionários para a separação
das duas toneladas de lixo contaminado produzido na
unidade.
"É uma conscientização
recente", admite o infectologista Edwal Rodrigues.
O hospital segue as normas nacionais para acondicionamento
das diferentes parcelas dos resíduos; os infectantes,
vão para sacos plásticos brancos; os
comuns, para sacos pretos.
Na Unicamp, o programa de gerenciamento do lixo foi
iniciado em 89, não deu certo por falta de
mobilização e só começou
a funcionar mesmo no fim de 94, quando a Prefeitura
de Campinas começou a repassar os custos da
destinação final para cada unidade hospitalar.
O projeto ressurgiu, então, por meio de uma
parceria entre o poder municipal e a universidade
e foi totalmente assumido pela instituição
depois da mudança na administração,
em 1997.
"Temos dos objetivos: reduzir o volume de
resíduos contaminados, por meio da correta
separação da fração infectante,
e modificar o comportamento das pessoas (a população
flutuante em todas as unidades do projeto é
de 11 mil pessoas por dia), para que elas descartem
de forma correta os produtos, principalmente os perfurocortantes",
diz a enfermeira Jane gomes de Almeida Lacerda, uma
coordenado do programa.
Em sete anos, as unidades da Unicamp que fazem parte
do programa conseguiram reduzir a produção
de lixo infectante em mais de 50%. "Mas ainda
enfrentamos altos e baixos", diz Jane. O
material é tratado num forno de microondas
da prefeitura a um custo de cerca de R4 1,40 por quilo.
Lixo hospitalar
não é tratado na Bahia
Na Bahia, o lixo hospitalar
não tem destinação nem tratamento
adequado em 8 das 10 cidades da região metropolitana
de Salvador, segundo um levantamento do IBGE.
As autoridades sanitárias do estado não
precisam ir muito longe para comprovar as informações
do órgão. Em meio a animais e urubus,
o único "lixão" de Candeias
(46 km de Salvador) abriga os resíduos hospitalares
de mais duas cidades (Madre de Deus e São Francisco
do Conde) em uma vala comum, semelhantes às
abertas nos cemitérios.
Sem nenhum tipo de impermeabilização,
medida que evitaria a contaminação do
lençol freático, o lixo hospitalar -
remédios vencidos, luvas usadas, gases, ataduras,
tesouras, ampolas, fraldas e seringas descartáveis
- é jogado na vala todos os dias por dois funcionários
do Serviço de Vigilância sanitária
de Madre de Deus.
"As valas somente são cobertas com
terra depois que os buracos estão cheios de
lixo hospitalar", disse o catador de lixo
Igor, 14. "Eu já vi várias pessoas
remexendo o lixo para encontrar remédios para
os seus filhos", disse Igor.
Em Candeias, não existe separação
entre os resíduos hospitalares e lixo residencial.
"Até que os funcionários da
prefeitura cubram as valas, fica tudo perto da gente",
disse Gabriel de Souza, 26, outro catador que se arrisca
todos os dias na garimpagem do lixo.
"O governo estadual está desenvolvendo
um projeto para dar tratamento adequado à coleta
dos resíduos hospitalares", disse
a coordenadora do Serviço de vigilância
Sanitária de Madre de deus, Maria Antonia de
Jesus.
Segundo a coordenadora, o "lixão"
abriga resíduos hospitalares de mais de 50
unidades de saúde, públicas e particulares,
que funcionam em Madre de Deus, candeias e São
Francisco do Conde. O secretário de Serviços
Públicos de Candeias, Valdemiro Caldeira, disse
que não existe um incinerador na região.
"Enquanto não houver um incinerador,
faremos valas especificas para dar destino final ao
lixo hospitalar."
Médico e vereador em Salvador, Celso Cotrin
(PT) disse que as prefeituras não se preocupam
em seguir a legislação. "É
um absurdo. Os resíduos são jogados
em valas comuns, contribuindo para contaminar a região."
Em Salvador, a Limpurb (Empresa de Limpeza Urbana)
tem caminhões específicos para efetuar
a coleta hospitalar. Os resíduos são
depositados diariamente em um local próximo
ao estádio Manoel Barrados, do Vitória
(time de futebol baiano).
Segundo a Limpurb, o lixo hospitalar ;é colocado
em vala forrada com argila e coberta com um manto
de polietileno de alta densidade, para evitar infiltrações
e contaminação de lençol freático.
Os resíduos são cobertos com terra logo
que os funcionários da Limpurb terminam de
descarregar os caminhões.
Sem aterros, RO
tem problemas
Dos 52 municípios
de Rondônia, nenhum dá destinação
adequada aos resíduos sólidos. No Estado
não existe aterro sanitário. Todas as
cidades possuem lixões a céu aberto,
com exceção da capital, Porto Velho,
que possui um lixão controlado, onde os resíduos
são enterrados. Especialistas, porém,
não consideram essa uma solução
adequada.
CRPM (Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais)
de Rondônia, empresa pública vinculada
ao Ministério de Minas e Energia, está
apresentando propostas para s prefeituras equacionarem
o problema.
"A destinação inadequada dos
resíduos sólidos pode comprometer lençóis
freáticos, rios e igarapés",
disse o chefe da residência da CRPM em Rondônia,
Rommel Souza. Segundo ele, o trabalho já começou
em Guajará-Mirim, Ariquemes, Pimenta Bueno
e Nova Brasilândia D'Oeste. A meta é
implantar os aterros nesses locais.
O aterro sanitário possui coleta e tratamento
para o chorume, produto resultante da decomposição
do lixo orgânico, e para o gás metano,
gerado pelos resíduos, que são queimados.
"Já sabemos que para cada R$ 1 investido
em saneamento economizamos R$ 5 em saúde pública",
disse Souza.
Segundo a secretária do Meio Ambiente de Pimenta
Bueno, Aldenora Lustosa, para o aterro ser implantado
é necessária a obtenção
de licença ambiental, concedida pela Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Ambiental.
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