Prezado Senhor Reitor:
Na qualidade de reitor da Universidade de Hiroshima,
situada no centro de Hiroshima, famosa em todo
o mundo como “Cidade Atingida Pela Bomba Atômica”
e designada, pela Dieta Japonesa, como “Cidade
Comemorativa da Eterna Paz”, estou escrevendo
a um grande número de universidades de
todo o mundo. Assim, inclui especialmente em minha
lista a vossa Universidade, a fim de solicitar
vosso auxílio para a grande tarefa de reconstrução
em que aqui estamos empenhados.
Desde que vim para esta Universidade,
em abril do ano passado, tenho feito todos os
esforços possíveis no sentido de
rejuvenescê-la, transformando-a numa universidade
da paz, como centro cultural e espiritual de uma
cidade de paz.
Permita que me detenha um pouco
em alguns dos meus assuntos pessoais. Imediatamente
após o término das hostilidades
renunciei à minha carreira acadêmica
e entrei para a vida política. Participei
do estabelecimento da nova Constituição
do Japão, como membro da Câmara de
Representantes e presidente do Comitê de
Pesquisa Política do Partido Socialista.
Como Ministro da Educação, nos Gabinetes
Katayama e Ashida, estive ativamente empenhado
na reforma drástica do sistema educacional
japonês.
Foi, principalmente, pelas
seguintes razões que renunciei ao posto
de membro da Câmara de Representantes a
ao meu partido político, a fim de tornar-me
reitor desta Universidade:
1. Estava firmemente persuadido
de que o estabelecimento de um Novo Japão
dependia, fundamentalmente, da educação
da juventude, isto é, da educação
de um novo povo. Com o advento da era Meiji, o
Japão lançou-se a notável
revolução nos campos da política
e da indústria, mas jamais teve verdadeiro
renascimento ou reforma social, no sentido estrito
da palavra, como os experimentados pelos povos
europeus. O Japão necessita, acima de tudo,
de uma revolução espiritual ou humana,
que torne sólidas as bases de nossa nova
Constituição;
2. A fim de criar uma cidade
pacífica, nada é mais importante,
para o povo de Hiroshima, do que alimentar pensamentos
pacíficos, bem como o desejo de realizar
uma paz permanente. Esses pensamentos basear-se-ão
na lembrança, sempre presente, de uma cidade
devastada por bomba, o que constituiu uma tragédia
tão grave e eloqüente como jamais
se teve notícia.
Penso que isso é tanto mais necessário
quanto me lembro de que, desde meados da Era Meiji,
Hiroshima foi um dos nossos principais centros
militares. Julgo, pois, que a nossa Universidade
tem a importante responsabilidade de ser um centro
espiritual para a cidade. É extremamente
urgente a realização dessa responsabilidade,
mas é ela, também difícil
de atingir-se, em vista da situação
atual, tanto aqui no país, como no exterior.
Material e espiritualmente,
o estabelecimento de uma Universidade de Paz constitui
tarefa hercúlea, como o é a de manter
o mundo em paz duradoura. Os cidadãos da
cidade e da prefeitura de Hiroshima, apoiados
pelo Governo Nacional e pela seção
de Informação e Educação
Civil, estão cooperando neste empreendimento.
Devido, porém, às severas circunstâncias
existentes no Japão, desde a rendição,
tal trabalho se processa lentamente.
Além disso, creio ser esse, por si só,
um projeto bastante significativo, por permitir
que tantas universidades do mundo cooperem no
estabelecimento de uma Universidade da Paz, numa
cidade considerada, com tanta freqüência,
como sendo a Meca do movimento mundial a favor
da paz. É por essa razão que gostaria
de solicitar a vossa assistência em prol
da reconstrução da nossa Universidade.
E essa cooperação, embora possa
não representar muito, do ponto de vista
econômico, será de profunda significação,
do ponto de vista espiritual, ao contribuir para
a compreensão internacional e a paz permanente
do mundo. Será isso benéfico não
apenas aos estudantes e professores da Universidade
que recebe tal auxílio, mas também
às universidades que o oferecem.
Sei, contudo, que, em todos
os países, nem sempre as Universidades
dispõem de verbas amplas para a sua própria
manutenção, de modo que desejo acentuar
mais o caráter de assistência moral
e de encorajamento que tal auxílio representaria
do que o significado das contribuições
materiais. Apreciaria muitíssimo se aceitásseis
uma das duas sugestões seguintes, ou ambas:
1. Desejo estabelecer, em nossa
Universidade, um instituto de pesquisas de problemas
relacionados com a paz internacional. Como fase
inicial desse programa, pretendo reunir livros
e publicações relativas aos problemas
da paz. Esta é também uma tarefa
gigantesca para a Universidade de Hiroshima, a
qual, durante a guerra perdeu completamente a
sua biblioteca central, bem como todo o seu acervo
de obras. Desejo vossa ajuda nesse empreendimento.
Ficaria muitíssimo satisfeito se a vossa
Universidade nos enviasse um livro, ou folheto
– quanto mais, naturalmente, melhor – considerado
de valor pela vossa Universidade ou digno de nota
pelo vosso país. Faremos neles uma inscrição
com o nome de vossa Universidade, em memória
de nossa boa vontade, conservando-os permanentemente
na “biblioteca internacional da paz” de nossa
Universidade. A leitura desses livros e, com efeito,
a sua própria existência em nossa
biblioteca, creio eu, criará e manterá,
indubitavelmente, uma atmosfera de amizade internacional,
de acordo com os sentimentos que prevalecem na
Universidade da Paz.
Nossa Universidade consiste
de faculdades que abrangem os campos da Literatura,
Economia-política, Educação,
Ciências, Engenharia, Pesca e Criação
de animais. Se, portanto, vossa Universidade possuir,
além de livros referentes a problemas da
paz, quaisquer obras disponíveis nesses
campos de estudo e puder reservá-los para
nós, isso seria grandemente apreciado.
2. Gostaria de pedir a vossa
cooperação no plano de “reverdecimento”
de nossa Universidade. Fui tomado de surpresa,
quando vim para Hiroshima pela primeira vez, após
o término da guerra, ao ver os edifícios
meio construídos da Universidade ao meio
da paisagem nua e desolada, destituída
de uma única árvore de folhas verdes,
exatamente como se encontravam outras partes da
cidade. De modo que elaborei um plano destinado
a “reverdecer” o campus da Universidade, transformando-o
– da sua totalidade rubra e ferruginosa – num
verde fresco e viçoso. Nada de vermelho,
simbolizando luta e derramamento de sangue, mas
verde, que é a cor do crescimento e da
esperança, pois creio que essa deveria
ser a cor da nossa Universidade.
Gostaria de pedir-vos que nos
auxiliásseis, também, nesse programa.
Levando-se em conta que milhares de alunos que
estudam em nossa Universidade (pois há
nela 4.500 alunos) observarão que a árvore
sob cuja sombra estiveram descansado foi enviada
através da boa vontade da universidade
“A”; que a alameda ao longo da qual estiverem
caminhando foi plantada mediante as dádivas
das universidades “B” e “C” e que as cercas vivas,
cobertas de lindas flores, são um símbolo
da amizade da universidade “D”, é fácil
de imaginar-se a nova inspiração,
para a amizade internacional, que disso poderá
resultar. Acaso não seria isso mais poderoso
do que milhares de palavras ou uma série
de discursos destinados a cultivar o espírito
de amor na mente dos estudantes?
Alimentando tal sonho em meu
espírito, rogo-vos nos envieis uma pequena
árvore que caracterize o vosso país
ou a vossa universidade. Contudo, nas atuais condições,
isso poderia ser, de certo modo, difícil.
Caso fosse impossível, algumas sementes
da mesma árvore poderiam substitui-la.
Quanto a nós, faremos o melhor possível,
para as semear e cultivar. Se mesmo isso não
for possível, poderíamos procurar
uma pequena árvore, aqui em Hiroshima,
de acordo com vosso desejo e com a verba que para
isso destinardes. Neste caso teria de enviar-nos
uma soma em dinheiro, correspondentes a três
dólares americanos, para cada árvore
e a respectiva tabuleta, mostrando o nome do doador.
Ser-nos-á de grande auxílio se a
espécie da árvore for indicada.
Se a árvore por vós indicada não
puder suportar o clima ou o solo de Hiroshima,
permitiríeis que escolhêssemos uma
outra que a substituísse, de acordo com
o conselho de nossos professores especializados
em horticultura? A árvore que acaso pudésseis
dar, seria longamente lembrada pela tabuleta a
ela apensa, com o nome de vossa Universidade,
junto ao da própria árvore. Em vista
da crítica situação internacional,
desejo caminhar na direção do slogan
“Nada de novas Hiroshimas”. Para isso, peço
vossa assistência, no sentido de criar-se
esta Universidade não só como uma
universidade da paz, mas, também, como
centro espiritual para a “Cidade Atômica
da Paz”.
Com os meus melhores votos
para a prosperidade de vossa Universidade e a
difusão do espírito de amor à
paz, espero que se iniciem uma ligação
cordial e um espírito de cooperação
entre a vossa Universidade e a nossa.
Sinceramente vosso,
Tatsuo Morito
Reitor da Universidade de Hiroshima
Carta do reitor Tatsuo Morito, reitor da Universidade
de Hiroshima, Japão
UNIVERSIDADE DE HIROSHIMA - Cidade de Hiroshima,
Japão 25 de janeiro de 1951
> A
Tragédia humana
Em 9 de agosto de 1945, dias após o ataque
a Hiroshima, um bombardeiro norte-americano sobrevoava
o espaço aéreo japonês com
destino a Kokura. Ao encontrar uma bateria antiaérea
e neblina que impedia acuidade no disparo, o piloto
seguiu para o alvo secundário, Nagasaki.
Às 12:01 uma bomba de plutônio com
21 kilotons era detonada 503 metros acima de Nagasaki.
Dezenas de milhares de pessoas foram instantaneamente
mortas, e outras dezenas de milhares viriam a
morrer nos anos seguintes por causa da explosão.
> Legislação
Nuclear (Leis)
Conheça a legislação sobre
a atividade nuclear no país.
> Legislação
Nuclear (Decretos)
Conheça a legislação sobre
a atividade nuclear no país.
> Legislação
Nuclear (Portarias)
Conheça a legislação sobre
a atividade nuclear no país.
> Legislação
Armas Químicas
Veja o que diz a lei brasileira sobre o uso de
armas químicas.
> A
energia nuclear no mundo
A energia nuclear no mundo, segundo o Greenpeace.
Durante toda a década de 30, pesquisadores
de várias grandes potências buscaram
controlar a energia vinda dos átomos. Ao
mesmo tempo em que se procurava gerar eletricidade
para o bem das populações, idealizava-se
o emprego bélico dessa poderosa fonte de
energia. Em 1986, o acidente na usina de Chernobyl,
na Ucrânia, provocou uma reação
ainda maior. A opinião pública tem
forçado diferentes governos a anteciparem
a desativação (“descomissionamento”)
de suas usinas.
> Parecer
nº 1.770, de 2005
Da Comissão de Relações Exteriores
e Defesa Nacional, sobre o Requerimento do Senado
Federal nº 823, de 2005, que requer, nos
termos do art. 218 do Regimento Interno do Senado
Federal inserção em ata de voto
de consternação pela tragédia,
ocorrida há 60 anos com o lançamento
de bombas atômicas em Hiroshima e em Nagasaki,
no Japão, ocasionando a morte de centenas
de milhares de pessoas.
>
Veja
mais (Hiroshima e Nagasaki)
Em 1945 o desenvolvimento da bomba atômica
esteve cercado de muito sigilo pelos militares
norte-americanos que deram ao projeto, que reuniu
diversos cientistas, o nome de Manhattan. A mensagem
cifrada enviada ao então presidente dos
Estados Unidos, Harry Truman, dizia: "Os
bebês nasceram normalmente". Veja mais.
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