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Que Energia é Essa?
Petróleo
 
 
 
O que são fontes de energia?

Entende-se por energia a capacidade de realizar trabalho. Fontes de energia, dessa forma, são determinados elementos que podem produzir ou multiplicar o trabalho: os músculos, o sol, o fogo, o vento etc.

Através do uso racional do trabalho, especialmente na atividade industrial, o homem não apenas sobrevive na superfície terrestre – encontrando alimentos, abrigando-se das chuvas ou do frio etc –, mas também domina e transforma a natureza: destrói florestas, muda o curso dos rios, desenvolve novas variedades de plantas, conquista terras ao mar, reduz distâncias (com modernos meios de transporte e comunicação), modifica os climas (com a poluição, as chuvas artificiais etc), domestica certos animais e extermina outros.

As primeiras formas de energia que o homem utilizou forma o esforço muscular (humano e de animais domesticados), a energia eólica (do vento) e a energia hidráulica, obtida pelo aproveitamento da correnteza dos rios. Com a Revolução Industrial, na Segunda metade do século XVIII e no século XIX, surgem as modernas máquinas, inicialmente movidas a vapor e que hoje funcionam principalmente a energia elétrica. A eletricidade pode ser obtida de várias maneiras: através da queima do carvão e do petróleo (usinas termelétricas), da força das águas (usinas hidrelétricas), da fissão do átomo (usinas nucleares) e de outros processos menos utilizados.

As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais importantes, são: o petróleo, o carvão, a água e o átomo. As fontes alternativas, que estão conhecendo um grande desenvolvimento e devem tornar-se mais importantes no futuro, são o sol (energia solar), a biomassa e os biodigestores, o calor proveniente do centro da Terra energia geotérmica), as marés, o xisto betuminoso e outras.

É importante ressaltar que as fontes de energia estão ligadas ao tipo de economia: quanto mais industrializada ela for, maior será o uso de energia. O carvão mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução Industrial, e o petróleo foi a principal fonte de energia do século XX e continua a desempenhar esse papel, apesar de um recente e progressivo declínio. Tanto o petróleo como o carvão mineral são recursos não renováveis, isto é, que um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, na medida em que seu uso implica muita poluição do ar. Por esses dois motivos eles estão em declínio atualmente, em especial o petróleo, que foi básico para a era das indústrias automobilísticas e petroquímicas. Vivemos na realidade numa época de transição, de passagem do domínio do petróleo para a supremacia de outras fontes de menos poluidoras e renováveis, ou seja, que não apresentam o problema de esgotamento. Este pensamento está pelo menos na cabeça dos ambientalistas de todo o planeta, mas a realidade ainda é um mundo dominado pelos combustíveis fósseis.

A série “Que energia é essa?” irá trazer as principais fontes de energia usadas em nosso planeta; como surgiram, onde são usadas, qual a dependência humana dessas fontes e muito mais. Neste capítulo conheceremos a fonte de energia chamada “Petróleo”.

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O petróleo

Substância líquida, que se compõe de uma mistura de hidrocarbonetos, resultante de milhares de compostos orgânicos (combinação de moléculas de carbono e hidrogênio) de coloração escura, oleosa, menos densa que a água. Sua cor, entretanto, oscila do negro ao âmbar. Pode apresentar-se sob a forma de fluido ou semi-sólida, cuja consistência é idêntica às das graxas.

O petróleo, em geral, é encontrado alojado em rochas sedimentares tal como arenito, areia, argila e calcário, ao lado de depósitos de sal-gema e abticlinais. Sua densidade varia de 0,75 a 0,95. Pode ser encontrado a poucos metros da superfície terrestre, ou em profundidades maiores ou acima de 3 mil metros.

Sua composição difere bastante em relação ao lugar em que é encontrado. Nos Estados Unidos da América do Norte, por exemplo, há petroleiros que contêm quase só alcanos (parafina); cicloalcanos (cicloparafinas) como os da Rússia; hidretos de carbono aromático como os da Polônia e Romênia.

O petróleo foi e ainda continua sendo um elemento básico para a moderna sociedade industrial.

Além de fornecer o combustível usado em usinas termelétricas, constituindo portanto uma fonte de energia elétrica, dele se obtêm vários combustíveis (gasolina, querosene, óleos) usados na indústria e nos veículos automotores. Além disso, constitui matéria-prima importante para inúmeros tipos de indústrias químicas, como a de plásticos, de asfalto, de borracha sintética e várias outras,. São as indústrias petroquímicas que refiram o petróleo e também fabricam materiais a partir dele.
 
 
Para ter uma idéia melhor do que o petróleo representou – e ainda representa, grande parte – para o século XX, para a Segunda Revolução Industrial, pensemos no seguinte: acordamos de manhã, tomamos um banho sob um chuveiro elétrico (que normalmente é de plástico, derivado de petróleo), vestimos a roupa (alguns tecidos como o náilon, são feitos a partir do petróleo), calçamos os sapatos (seguramente as solas tiveram petróleo como matéria-prima) e vamos tomar café (talvez as xícaras ou manteigueira sejam de plástico); saímos à rua e olhamos passar os carros (movidos a gasolina, com dezenas de componentes fabricados a partir do petróleo); resolvemos ouvir um pouco de música e escolhemos um disco de vinil (que não pode ser feito sem o petróleo) que colocamos na aparelhagem de som (na qual há muito plástico).

Hoje algo está mudando: os discos de vinil desapareceram, pelo menos não são mais produzidos, foram substituídos por CDs, que usam outros materiais não derivados do petróleo, os carros pouco a pouco rodam com outros combustíveis (álcool e também eletricidade e hidrogênio, em fase experimental). Mas ainda estamos mergulhados numa espécie de civilização do petróleo, que continua a ser uma matéria-prima estratégica para a sociedade moderna e industrial. O petróleo é um hidrocarboneto substância formada em grande parte por hidrogênio e carbono), resultante da transformação de matéria orgânica (vegetal ou animal). Aparece no subsolo, em terrenos sedimentares, especialmente os da era Cenozóica, surgindo normalmente associado com o gás natural. Juntos, o petróleo e o gás natural representam mais da metade do consumo mundial de energia. Mas de 60% das reservas mundiais localizam-se no Oriente Médio, em especial ma Arábia Saudita, no Iraque, no Kuwait, no Irã e nos Emirados Árabes Unidos; somente um país, a Arábia Saudita, possui 25,6% das reservas mundiais desse óleo. Os demais países ou áreas que se destacam nas reservas de petróleo são algumas nações da CEI (principalmente a Rússia, Kasaquistão, Ucrânia, Uzbequistão e Turcomênia), os Estados Unidos, o México, a Venezuela e outros de menor importância.

Quanto ao total das reservas mundiais conhecidas, em 1995 calculou-se em pouco mais de 1 trilhão de barris, o que seria suficiente para o consumo mundial de apenas uns quarenta anos, no máximo. As esse cálculo é relativo, uma vez que se baseia no atual nível de consumo, e existe uma tendência para o declínio do uso do petróleo, embora lentamente por enquanto, com sua substituição por outras matérias-primas ou fontes de energia.

Em todo caso, uma coisa é certa: o petróleo é uma riqueza natural que existe em quantidades limitadas que em um dia se esgotará, seja daqui a trinta, quarenta ou sessenta anos. Alguns grandes produtores e consumidores mundiais de petróleo possuem reservas somente para dez anos (caso dos Estados Unidos e Canadá) ou no máximo para dezoito anos (caso da Rússia e da China), desde que mantidos os atuais níveis de exploração. A Arábia Saudita é quem possui as melhores perspectivas, com reservas suficientes para 80 anos níveis atuais de exploração; só que o esgotamento em alguns países poderá implicar uma maior exploração do petróleo saudita, devido às maiores compras internacionais (algo que as autoridades desse país árabe dizem não aceitar), a não ser que a substituição do petróleo como combustível ou matéria-prima caminhe mais rapidamente nos próximos anos.

Os maiores produtores mundiais de petróleo são os Estados Unidos, a Rússia, a Arábia Saudita, o Kasaquistão, o México, o Irã, a China, a Venezuela, o Canadá e o Iraque. Como se vê, alguns são grandes produtores e também consumidores, principalmente os Estados Unidos, que produzem e também importam bastante petróleo todos os anos. Outros são grandes produtores e t6em um baixo consumo interno, exportando a maior parte da produção: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Venezuela etc. E outros ainda, como a Rússia e a China, chegaram a exportar bastante petróleo nos anos 80 e depois, percebendo que essa atitude foi mal pensada, já que o seu óleo está se esgotando, passaram até em importar esse produto.
 
 

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Teoria do petróleo

São várias as teorias que tentam explicar a origem do petróleo. A de maior aceitação entre os geólogos é a de que provém de detritos oriundos de organismos aquáticos e restos de animais. Depositaram-se em grande quantidade nos mares, lagunas e embocaduras dos rios que aos poucos foi se acumulando de sedimentos e enterrados cada fez mais profundamente. Como o passar dos tempos esta matéria foi-se transformando lentamente em hidrocarbonetos. O enxofre, o oxigênio e nitrogênio forma igualmente elaborados. Sob a ação do calor, resultante da pressão das camadas que iam se depositando essa massa de detritos converteu-se em óleo e gás. Durante a transformação integraram-se os compostos orgânicos, uns voláteis e outros de elevada massa molecular. O conjunto desses produtos, misturado aos sedimentos possibilitou a formação da rocha-matriz, xistosa. Dela é que o petróleo foi expulso, através de camadas arenosas ou rocha de estrutura mais porosa e permeável, que resultaram em depósitos conhecidos nos tempos de hoje. Esse fenômeno recebeu o nome de “migração”. As rochas porosas, em cujo seio são encontrados os atuais depósitos de petróleo, recebem o nome de rochas-reservatórios. Quando fazemos alusão a lençol petrolífero estamos usando uma expressão que não corresponde à realidade, porque o petróleo jamais é encontrado sob forma de lagos subterrâneos, conforme crendice. Na realidade o petróleo é encontrado na rocha.

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O uso de petróleo

Tudo leva a crer, conforme referências esparsas que o petróleo é conhecido do homem há cerca de 4 mil anos em sua História Natural, Heródoto, anos a.C. Dele fazem menção Plínio, o grande historiador do século V a.C., a Bíblia quando faz referência à Torre de Babel. A Arca de Noé, no Gênese, quando se refere ao asfalto para sua impermeabilização e os egípcios que o empregavam para embalsamento de mortos de origem nobre. Na liga das pirâmides, do Egito, o petróleo também foi utilizado. Os gregos e os romanos usaram-no com finalidades bélicas. Impregnavam os dardos de betume, envoltos de chamas para destruir as muralhas, e os obstáculos inimigos. Os astecas e os incas serviram-se dessa substância para pavimentar as estradas do seu famigerado império, mesmo antes da descoberta do Novo Mundo.

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A fase comercial e industrial

Teve início no século XVII. Primeiramente utilizado nas eras farmacêuticas e na iluminação. Sua primeira mineração ocorreu na Alsácia em 1742. Industrialmente somente a partir do século XIX é que deu-se início ao seu aproveitamento. Após a descoberta do primeiro poço em Tittusville, Estados Unidos, em 1859, pelo coronel Edwin L. Drake, a notícia que empolgou a nação foi difundida rapidamente. Foi grande a afluência a Tittusville à procura do ouro negro, como passou a ser chamado. No inicio era principalmente empregado na iluminação. A obtenção de querosene processou-se posteriormente. A partir do século XVIII passou a ser matéria-prima fundamental como fonte de energia, mormente após a invenção da máquina a vapor e gradativamente o carvão foi sendo substituído pelo petróleo.

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Extração do petróleo

Perfura-se a terra até encontrar o lençol petrolífero. De início, pela ação dos gases liberta-se jorrando livremente. Depois é extraído por meio de bombas. Passa posteriormente por um processo de purificação. É submetido à destilação fracionada, da qual se consegue obter três frações: a benzina, o querosene e os óleos lubrificantes. O Asfalto é obtido do resíduo. Refracionando-se a benzina, obtêm-se o éter e as gasolinas. Recebendo um tratamento especial são obtidas as parafinas e as vaselinas e outros subprodutos como o óleo diesel e outros óleos usados na lubrificação. O gás que se desprende do petróleo quando em aquecimento é empregado como combustível. Converteu-se num produto de suma importância após a descoberta dos automóveis acionados a gasolina e de motor à explosão.

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O petróleo no Brasil

Em fins do XIX, surge primeiramente o regime da livre iniciativa à exploração do petróleo. A busca não são se procedia por iniciativa do governo como por particulares. A primeira concessão coube ao inglês Thomas Denny Sargent, através do Decreto Imperial nº 352-A, de 30-11-1864. Dava-lhe “Concessão para prospecção e lavra do petróleo no brasil, no município de Camamu, na Bahia”. Entretanto, Thomas Denny preocupava-se com maior intensidade com o xisto da região. Outras concessões foram outorgadas posteriormente. A primeira sondagem profunda que alcançava 488 m procedeu-se em São Paulo por ocasião em que Eugenio Ferreira de Camargo perfurou um poço em Bofete. Entretanto dele jorrou apenas água sulfurosa. A primeira sondagem de iniciativa oficial do governo foi procedida em Marechal Mallet, no Paraná, que durou de 1919 a 1920. Em 1925, em Bom Jardim, cidade do Estado do Amazonas, surgiram vestígios de óleo e gás que foram aproveitados para iluminação a gás nessa cidade. A descoberta, entretanto de maior relevância, que se converteu em marco decisivo, foi “assinalada em 21 de janeiro de 1939, quando pela primeira vez jorrou o ouro negro na localidade de Lobato, próximo de Salvador, na Bahia”. Esta descoberta abriu novas perspectivas para o desenvolvimento da indústria do petróleo no Brasil. Em diferentes localidades vários outros poços foram sendo perfurados.

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A Petrobras

Com a criação da Petrobras, pela Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, após a instituição do monopólio estatal surgiram novos horizontes para a descoberta do ouro negro no Brasil. Seu início entretanto data de 10-05-1954. Convertendo-se em monopólio do Estado a indústria petrolífera é regida por dois órgãos: o Conselho Nacional de Petróleo (órgão de orientação e fiscalização) e a Petrobras (órgão executivo)”. Em “O petróleo e a Petrobras”, segundo essa publicação do serviço de Relações Públicas – SURPUB, editado em 1976, “A Petrobras é uma sociedade por ações, de economia mista, com predominância obrigatória de capital subscrito pelo Governo da União.

As atividades que o monopólio abrange são:
1) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e outros hidrocarbonetos fluidos e gases raros;
2) a refinação do petróleo nacional e estrangeiro;
3) o transporte marítimo de petróleo bruto e de derivados de produção nacional, e transporte, por meio de condutos, de petróleo e seus derivados, bem como de gases raros”. Por decreto do governo da União a importação do Petróleo e derivados, desde dezembro de 1963 passou a ser monopólio da Petrobras.

A Petrobras possui cinco subsidiárias que são a petroquisa – Petrobras Química S/A; a Petrobras Distribuidora S/A; a Braspetro – Petrobras Internacional S/A; a Interbras – Petrobras Comércio Internacional S/A; Petrobras Fertilizantes S/A”. As atividades da Petrobras abrange atualmente “a) campos terrestres de petróleo e gás natural nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Espírito Santo, que permitem uma extração média diária de 24 mil m³ de petróleo e 3.870 mil m³ de gás; b) campos marítimos de petróleo na plataforma continental de Sergipe e novos campos no Rio Grande do Norte, Alagoas e Rio de Janeiro; c) nove refinarias em operação com capacidade global para processar 100.100 mil m³ diários de petróleo (além da refinaria de São José dos Campos – REVAP – em São Paulo; d) uma frota petroleira com mais de 50 navios com capacidade de carga de 2.632.923 toneladas métricas de bruto; e) sete terminais marítimos; f) uma grande rede de oleodutos com mais de 1000 km de extensão e outra de gasoduto no Recôncavo baiano, com 578 km; g) uma usina protótipo para industrialização de xisto betuminoso em São Mateus do Sul, no Paraná, aparelhada para processar até 2.200 toneladas por dia e produzir 160 m³ de óleo, 35,500 m³ de gás combustível e 17 toneladas de enxofre; h) seis fábricas de asfalto, com capacidade total de 840 mil toneladas por ano”.
 
 

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A Petrobras: exportação e produção

“Para se extrair a maior quantidade possível de petróleo da rocha-reservatório é necessário manter uma pressão suficientemente alta por maior tempo no reservatório. Com o curso da extração, as características físicas de uma jazida vão sofrendo alterações; a pressão vai baixando pouco a pouco, modificando assim as condições de circulação dos fluídos. Para diminuir este efeito injeta-se gás, ou água, dentro das camadas produtoras, através de poços especialmente perfurados para isso, mantendo-se, assim, o equilíbrio de forças que escaparam das profundezas da terra no decorrer da produção e em as quais é impossível extrair o petróleo”.

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Descoberta antes do monopólio estatal

“A exploração de petróleo no Brasil teve inicio em fins do século passado, quando Eugênio Ferreira de Camargo, entre 1892 a 1896, às suas expensas, realizou a primeira sondagem profunda, 488 metros – em Bofete – São Paulo. Do poço jorrou apenas água sulfurosa. A escassez de combustível, provocada pela Primeira Guerra Mundial mostrou a necessidade de pesquisar petróleo no solo brasileiro. Os trabalhos foram iniciados em 1917 com um poço perfurado em Assistência (SP), `profundidade de 300 metros, e que foi abandonado por falta de recursos. A incapacidade técnica e financeira da iniciativa privada levou o Governo a entregar os trabalhos, em 1918, ao Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil que, em 1919, efetuou a primeira perfuração. Sob a chefia de Euzébio Paulo de Oliveira, entre 1918 e 1933, procedeu-se a levantamentos geológicos e à perfuração de 63 poços – 10 no Pará, 6 em Alagoas, 6 na Bahia, 21 em São Paulo, 12 no Paraná, 6 em Santa Catarina e 2 no Rio Grande do Sul. Em 1933, o antigo Serviço Geológico, então departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), assumiu os trabalhos, prosseguindo com as atividades de exploração e perfuração. De 1928 até 1940, paralelamente, os governos Federal e Estadual de São Paulo e diversas empresas particulares pesquisaram e perfuraram poços, mas sem obter sucesso. Ao DNPM coube a perfuração do poço de Lobato (BA), primeiro a revelar a existência de petróleo no solo brasileiro (21 de janeiro de 1939). A 29 de abril de 1938 foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) que, com a descoberta de Lobato, aplicou grande esforço na Bacia do Recôncavo. Pesquisando de 1939 até 1954, o CNP perfurou um total de 33 poços pioneiros, descobrindo os campos de Candeias (1941), Aratu e Itaparica (1942), Dom João (1947), P. Vencimento e Pedras (1950), Mata e Água Grande (1951) e Pojuca (1953). Outras bacias sedimentares foram pesquisadas (Amazonas, Parnaíba, Sergipe-Alagoas, Tucano, Espírito Santo e Paraná), perfurando-se 19 poços pioneiros, que não revelaram acumulação de petróleo de valor comercial. Sancionada a Lei nº 2.004, em 3 de outubro de 1953, estabelecendo o monopólio estatal de petróleo – vital para segurança e o desenvolvimento do País – foi criada a Petrobras, órgão de execução da política monopolista. Ao Conselho Nacional do Petróleo coube a função de orientar e fiscalizar os trabalhos.”

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Plataforma continental

A extração do petróleo das plataformas submarinas teve início em 1889, mas a produção só teve significado econômico depois da Segunda Guerra Mundial, quando a demanda de petróleo e de gás natural começou a crescer consideravelmente, em virtude do aperfeiçoamento da tecnologia. Atualmente, cerca de 20% do petróleo extraído das rochas, provém do fundo dos mares, existindo poços em mar aberto e outros próximos à costa.

A plataforma continental é a faixa de terra submersa que se estende desde a linha da costa até a profundidade de cerca de 200 metros. Corresponde a 10% de toda a área ocupada pelos mares, e equivale à superfície da África. A profundidade de 200 metros de água não constitui obstáculo insuperável para a exploração dos recursos, notadamente a prospecção petrolífera, sendo essa uma das razões dos países proclamarem a anexação ao seu território de sua própria plataforma continental. As primeiras perfurações e descobertas realizadas em terra levaram os geólogos a acreditar que, em alguns casos, as camadas de rochas produtoras de petróleo e gás estendiam-se a áreas submarinas, sob o fundo dos oceanos. As técnicas exploratórias marítimas são semelhantes às terrestre, só diferindo no que se refere aos equipamentos e meios de transporte. Os gastos de perfuração são cinco a seis vezes mais caros que em terra. Entretanto, a exploração na plataforma continental tem vantagens sobre a terrestre – maior rapidez, melhor qualidade e menor custo dos trabalhos de investigação sísmica. Estatisticamente e por intermédio das técnicas atuais de produção, cerca de 10% dos poços exploratórios pioneiros (primeiros a serem perfurados em uma região) resultam em poços descobridores, ou seja, revelam petróleo. Destes, apenas 2% a 3% contêm acumulações comerciais, isto é, apresentam produção de petróleo que justifica a instalação de equipamentos necessários à extração de hidrocarbonetos.

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O trabalho no mar

No mar, a prospecção já se inicia pelos reconhecimentos geofísicos (gravimetria, magnetometria e sísmica) e segue com detalhamento sísmico, utilizando equipamentos e técnicas adequadas . Depois de interpretar. Depois de interpretar os dados geofísicos e outras informações geológicas, são aprovadas locações nas áreas consideradas mais promissoras. Daí se iniciam as perfurações exploratórias pioneiras a fim de pesquisar a existência de hidrocarbonetos. Após a análise das amostras (com técnicas semelhantes às desenvolvidas em terra), comprovada a existência de acumulação de hidrocarbonetos, delimitada a jazida, é feito um levantamento de todas as informações até então obtidas, ou seja: volume de petróleo: características da Rocha-Reservatório (porosidade, permeabilidade etc); características do petróleo (viscosidade etc); comportamento do reservatório nas provas e outros. Com base nestas informações, procede-se ao estudo da viabilidade técnico-econômico que irá determinar se é interessante executar o desenvolvimento da descoberta. Este estudo envolve: economicidade da descoberta, volume de petróleo recuperável, número ideal de poços de desenvolvimento, número ideal de plataforma de perfuração-produção, instalação necessária para produção, transporte para o continente (oleoduto ou petroleiros), armazenamento etc.

A descoberta revelando-se econômica, começa a fase de desenvolvimento da jazida, instalando-se as plataformas de perfuração, que em alguns casos, são transformadas, posteriormente, em plataformas de produção, inicia-se a perfuração dos poços programados, ao mesmo tempo em que começa a implantação do esquema global de produção.

Ao termino da perfuração, procede-se à contemplação dos poços que insiste na introdução de um revestimento de aço, em torno do qual é colocado um anel de cimento para reconstituir as condições originais do reservatório e permitir, posteriormente, a passagem dos fluidos para dentro do poço.

A conexão destes fluidos para dentro do poço é feita através de perfurações efetuadas com ferramentas especiais, isto é, ‘canhões’ a bala ou a jato, que perfuram o revestimento, formação
 
 
e cimento. A produção para a superfície é feita por tubulação (ou tubulações, no caso de mais de uma zona de produção) de menor diâmetro que é colocada dentro do revestimento e acoplada na superfície a um conjunto de válvulas, designado como “árvore de Natal”. Completada a perfuração dos poços de desenvolvimento, inicia-se a produção submarina. Nesta fase são utilizadas plataformas fixas de produção, instalações de tratamento e armazenagem e equipamentos de transporte. Nas instalações de tratamento é removida a água e separado o petróleo do gás. Para o transporte do petróleo em zonas marítimas utilizam-se oleodutos ou petroleiros. O transporte por oleodutos é contínuo, o que não acontece quando é feito por navios. Neste caso deve ser providenciada sua armazenagem em tanques colocados sobre uma plataforma , no leito oceânico, em navios ancorados no mar, ou mesmo em cavidades pelo homem na rocha do fundo do oceano. Dali o petróleo é escoado para a refinarias.

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Os equipamentos do mar

Para os trabalhos de perfurações exploratórias no mar, são empregadas unidades perfuradoras que podem ser do tipo submersível, auto-elevável (ambos com apoio no fundo do mar), semi-submersível e flutuante. As plataformas submersíveis apóiam-se no fundo do mar para realizar as perfurações. Ao ser completado o trabalho, voltam a flutuar, bombeando-se água para fora dos suportes de apoio e dos tanques de lastro. A seguir são removidos por meio de rebocadores. Seu uso, por razões econômicas, é limitado a águas rasas. As plataformas móveis do tipo auto-elevável se compõem, em geral, de um grande casco de barcaça, sobre o qual flutua a estrutura, e de 3 ou mais “pernas”, com até 150 metros de comprimento, que se movimentam verticalmente através do casco. No local da perfuração as “pernas” descem até o leito do mar e a plataforma é erguida, ficando a uma altura segura, acima das ondas. Este tipo de plataforma, apesar de sua versatilidade, é de construção muito onerosa e apresenta alguns problemas de estabilidade da estrutura, em face dos esforços e tensões a que é submetida (ondas, correntes etc). Na procura de soluções para essas dificuldades, foram realizados estudos que conduziram à construção das plataformas flutuantes, para operação em águas profundas, que evoluíram em suas formas a partir de 1948.

Tornou-se ainda preciso desenvolver uma plataforma flutuante para vencer as dificuldades próprias dos mares agitados. Surgiu então o tipo de estrutura transparente ou aberta, que flutua sobre câmaras com bóias colocadas bem abaixo da zona de ação das ondas (10 a 30 metros sob a superfície). Assim, para as grandes profundidades (além de 100 metros) e nos mares agitados, o velho modelo de plataforma sobre estacas, cujo funcionamento é perfeito para alguns locais (como o Lago Maracaibo e ao largo da costa de Bakou), não é mais aplicável. Recorre-se agora a um engenho flutuante, como um navio de perfuração (navio-sonda), ou uma plataforma cujos os pés repousam sobre flutuadores submarinos (plataforma semi-submersível0. Apesar da diversificação das unidades exploratórias, ainda são grandes as dificuldades para manter estável uma plataforma marítima durante as operações em locais de grandes profundidades de água. As ondas, mesmo as mais violentas constituindo um fenômeno quase superficial, pois a água permanece calma em profundidade, causam problemas de solução relativamente fácil; os ventos e as correntes, entretanto, criam grandes dificuldades à operação.

Entre os equipamentos flutuantes, existem estruturas equipadas com âncoras, que podem manter a operação mesmo com ondas de 10 metros de altura, em águas de 180 metros de profundidade e ventos de 100 km por hora. Além disso, , técnicas para manter uma unidade perfuradora em posição de operar à profundidade de 500 metros, sem o uso de âncoras, têm sido desenvolvidas, ressaltando-se, entre elas, a que usa um piloto automático, para compensar os desvios, fazendo variar a direção e o impulsionamento de hélices giratórias em cada extremidade do navio. O princípio do sistema de posicionamento din6amico compõe-se de um indicador de posição, um computador e um sistema de propulsão. O primeiro consiste em um cabo tenso, que parte do navio e vai atingir o fundo mar, bem como em uma bússola giroscópia. Se o navio se aftas da posição de perfuração, são transmitidos sinais do medidor de inclinação e da bússola ao computador. Este controla o sistema de propulsão, fazendo o navio voltar ao local exato. São empregadas nesse sistema, várias hélices capazes de produzir impulsos de direções e magnitudes variáveis. Esses são alguns equipamentos utilizados na procura de petróleo no mar. A pesquisa na plataforma continental é feita através dos métodos de: Sísmica, Gravimetria, Aeromagnetometria e Perfuração Exploratória. Cada um desses métodos tem seus equipamentos próprios. Para a perfuração exploratória são utilizadas unidades apoiadas e unidades flutuantes. As unidades apoiadas podem ser: submersíveis, plataformas fixas integradas, plataformas fixas assistidas por barcaças; plataformas móveis auto-eleváveis.

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Refinação do petróleo

No início, uma refinaria se assemelhava a um alambique comum, cujo principal objetivo era obter o querosene e o óleo combustível. Essas primeiras unidades, instaladas em barracões de madeira, eram do tipo chaleira e produziam um líqüido viscoso e de odor desagradável. Por um processo simples, bombeava-se o óleo para dentro de um tambor de ferro, aquecido a fogo de lenha ou carvão. Soba a ação do aquecimento, o óleo, em estado de vapor, circulava por uma serpentina, onde se condensava. Dali saía um líquido esverdeado denominado óleo de carvão, vendido como querosene e utilizado em lampiões. Entretanto, o mau cheiro que exalava e o rolo de fumaça que desprendia levaram os fabricantes a melhorar o produto. Esse processo perdurou por longo tempo, até mesmo depois da descoberta do primeiro poço produtor de petróleo. Três anos após a descoberta do primeiro poço, havia sessenta refinarias no mundo, algumas das quais com capacidade de refinação da ordem de 400 barris diários. Os aparelhos refinadores de então já davam melhor tratamento ao petróleo, graças às inovações introduzidas por Samuel Kier.

Hoje, existem milhares delas espalhadas no mundo, mas para sua construção são realizados estudos sobre a escolha da região.

Existem duas teorias que determinam a instalação de uma nova refinaria: a da localização nas proximidades da jazida produtora de petróleo e a da localização próxima da região onde o consumo de derivados é mais acentuado. Esta última teoria tem prevalecido ultimamente graças à maioria facilidade e ao menor custo para o transporte do petróleo, se comparado ao transporte de derivados. Além destes fatores também a disponibilidade de mão-de-obra de energia elétrica e de água são de grande importância, por fornecerem uma infra-estrutura capaz de suportar a instalação de uma refinaria.
 
 

ETAPAS DO PROCESSO...
O petróleo, quando chega à refinaria, é bombeado e recolhido em tanques de estocagem, cuja capacidade ultrapassa às vezes 80 mil m³. A refinação do petróleo pode ser comparada, grosso modo, à transformação da cana até a obtenção do açúcar refinado.

Muitos podem fornecer asfalto, dependendo da natureza doshidrocarbonetos pesados que contêm. O petróleo com elevada proporção de hidrocarbonetos parafínicos em sua parte residual dificilmente fornecerá asfalto.

Já o petróleo que contém maiores quantidades de hidrocarbonetos leves e médios é o que, ao final do processo de refinação, produzirá maior quantidade de óleo diesel e gasolina. Estes exemplos já dão uma idéia da complexidade do petróleo. Assim, antes da fase do refino, devem-se considerar suas propriedades físicas e químicas que, avaliadas em laboratório, indicam os produtos que poderão ser obtidos.

A primeira etapa do refino é a destilação fracionada, feita na Unidade de Destilação Atmosférica, por onde passa todo o óleo cru a ser refinado. A Unidade consiste de torres, de variadas dimensões, tendo, ao longo da coluna, uma série de pratos perfurados.

O óleo pré-aquecido penetra na coluna cilíndrica mais ou menos na metade da torre.
 
 
A parte de baixo é a mais quente, fazendo com que os hidrocarbonetos em estado gasoso ao longo da coluna tendam a subir. À medida que se elevam, vão passando pelos pratos, considerando-se de acordo com as respectivas temperaturas, sendo os produtos retirados em pontos de coluna, segundo as temperaturas limites da destilação das frações desejadas. Tais frações, ainda sujeitas a processamento, passam posteriormente, por tratamentos especiais, uma de cada vez. A fração mais pesada, chamada de resíduo (parte do petróleo que não conseguiu ser fracionada nesta etapa) é retirada pelo fundo da torre e passa a em segunda fase na Unidade de Destilação a Vácuo. Sofrendo nova destilação, produz gasóleos leves (óleo diesel) e pesados (óleo combustível)) e novo resíduo. Com pressão inferir à atmosférica, esta unidade permite maior flexibilidade, quanto à qualidade dos crus a serem utilizados. Conforme o petróleo, este segundo resíduo pode ser especificado como asfalto, ou óleo combustível.

O CRAQUEAMENTO...
A terceira etapa de refino consiste no craqueamento térmico ou catalítico. O princípio desses processos é o mesmo, ou seja, baseia – no craqueamento – quebra de moléculas longas de hidrocarbonetos de elevado peso molecular, em outras de cadeia menor, às quais se incorporam as frações mais leves do petróleo processado na refinaria. A diferença fundamental entre eles é que o térmico necessita de temperatura e pressões elevadas para romper as moléculas mais pesadas, enquanto o catalítico só exige a presença de uma subst6ancia denominada catalisador, que permite maior segurança e fácil manejo, propiciando economia e rentabilidade. Ambos nasceram das necessidades do mercado consumidor de uma determinada época. O térmico surgiu com o aumento do número de automóveis. Os primeiros automóveis consumiam gasolina que provinha diretamente da destilação primária.

Como a demanda de combustíveis automotivos crescia em ritmo elevado, foram realizados estudos no sentido de melhor aproveitar os resíduos, levando a indústria ao craqueamento térmico de gasóleos. Assim, se produzia maior quantidade de gasolina, além de um ligeiro acréscimo no volume de derivados para o mesmo volume de petróleo.
 
 
A produção de gasolina, além de ter aumentado, apresentou ainda melhor qualidade, o que propiciou a fabricação de motores mais eficientes e econômicos. O craqueamento catalítico surgiu na década de 40, suplantando o térmico que tende a desaparecer. O uso de catalisador (subst6ancia que favorece a realização de uma reação química sem, contudo, entrar como componente no produto obtido) tornou possível regular o processo de craqueamento de forma a obter-se gasolina e de melhor qualidade. Esta gasolina tem ainda poder antidetonante e estabilidade bem superiores aos obtidos pelo craqueamento térmico. O craqueamento de gasóleos permite a conservação adicional de produtos que seria, consumidos como óleos combustíveis (produtos de menor preço) em hidrocarbonetos gasosos (eteno, propeno, buteno e outros), matérias-primas de preços elevados, tão solicitados pela indústria petroquímica. Todos os produtos elaborados pelas unidades de processamento de petróleo, antes de serem levados ao mercado consumidor, passam por tratamentos de natureza física, ou química, sofrendo o que poderíamos chamar de purificação.

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A gasolina

De todos os produtos que passaram pelos modernos processos de refinação, a gasolina é o mais solicitado em termos de consumo, tanto do tipo A (azul), quanto do tipo B (comum). Ambas são misturas de diferentes tipos de hidrocarbonetos. A faixa de destilação da gasolina está entre o gás liqüefeito de petróleo (GLP) e o querosene. Após os diversos processos e tratamentos a que é submetida são acrescentados corantes (laranja e azul) à gasolina, para a diferenciação entre seus dois tipos de aditivos, antioxidantes, para evitar a formação de resíduos, e pequenas quantidades de fluido antidetonante contendo chumbo tetraetila (CTE), para aumentar a resistência da gasolina à detonação. O índice de octano (octanagem) determinado pelo método motor e fixado pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP) é de 73 para a gasolina tipo B e de 82 para a gasolina tipo A. Finalmente, hás as Plantas de Gasolina Natural, cujo objetivo é a recuperação dos gás natural dos campos de derivados. As plantas extraem do gás úmido os hidrocarbonetos que podem ser facilmente liqüefeitos e separados em propanos, butanos e gasolina natural, sendo o gás seco reinjetado nos campos para fins de manutenção de pressão nos poços produtores de petróleo, ou ainda, consumido na indústria, principalmente como matéria-prima para a petroquímica.

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A crise do petróleo

Na realidade, a sociedade industrial e de consumo do século XX foi construída com base na abundância e nos baixos preços do petróleo. Quando se começou a perceber que ele é esgotável e quando seus preços começaram a subir ( a partir de 1973), configurou-se a famosa crise do petróleo ou crise energética. De 1973 a 1980, os preços do petróleo tiveram sucessivos aumentos. De 1973 a 1974 o preço do barril aumentou de 5 para 11 dólares e, em dezembro de 1980, já estava na casa de 33 dólares.

Aumentos tão substanciais no preço de um produto primário constituem um fato raro e até surpreendente na história do século XX: foi a primeira vez que uma matéria-prima exportada por países subdesenvolvidos teve uma valorização, no comércio internacional, superior à da maioria dos produtos manufaturados, exportados pelos países desenvolvidos
.

 
 

Vários acontecimentos contribuíram para o aumento dos preços do petróleo:

CRIAÇÃO DA OPEP...

Em 1960, os principais países exportadores criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que é formada por Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Líbia, Argélia, Venezuela, Equador, Nigéria e Gabão. Essa associação, unindo os principais exportadores e evitando a concorrência entre eles, conseguiu ter um importante peso na fixação dos preços do produto.

A enorme importância do petróleo para a nossa época, juntamente com as informações sobre a possibilidade desse recurso se esgotar num futuro não muito distante, também contribuiu para que os países produtores resolvessem aumentar seu preço.

ATUAÇÃO DAS “SETE IRMÃS”...
A maior parte da produção e da comercialização mundial do petróleo concentra-se em um número reduzido de grandes empresas, as chamadas “Sete Irmãs”*. Antes de 1973, essas grandes empresas petrolíferas sempre evitaram aprovar grandes aumentos nos preços do produto, chegando às vezes a provocar irritações em alguns países árabes, que em certos casos até nacionalizaram as firmas petrolíferas do país, expulsando as multinacionais. Após 1973, portando, as “Sete Irmãs” começaram a aprovar todo aumento reclamado pela OPEP, em especial, devido a dois fatores: Na guerra árabe-israelense de 1973, os Estados Unidos e a Europa ocidental permaneceram passivos diante da atitude de Israel de não devolver territórios sírios, jordanianos e egípcios ocupados na Guerra dos Seis Dias (1967). Além disso, venderam armamentos e prestaram auxílio financeiro a Israel. Tal atitude irritou profundamente os países árabes, levando-os a utilizar o petróleo como arma política. Diante disso, as empresas multinacionais do petróleo corriam o sério risco não somente de serem nacionalizadas em outros países do Oriente Médio onde ainda tinham filiais, mas também de sofrerem atentados terroristas em outras partes do mundo. Resolveram, portanto, acatar tal política.

 

 

 
Aprovando esses aumentos, as “Sete Irmãs” sabiam que se daria uma corrida para outras fontes de energia (carvão, átomo, xisto betuminoso etc), com a conseqüente valorização também dessas fontes. Já na década de 60, as grandes empresas petrolíferas procuraram constituir conglomerados**, acabando por controlar, a baixos preços, a pesquisa, a produção e o comércio dessas outras fontes de energia. Assim, no início da década de 70 elas já estavam bem instaladas, já tinham um razoável controle sobre tais fontes e o aumento do preço do petróleo acabaria por beneficiá-las tanto a curto prazo (o petróleo) como a longo prazo (as demais fontes).

* “Sete Irmãs”: nome que se dá às grandes empresas petrolíferas: Exxon (Standard Oil of News Jersey), Royal Dutch-Shell, Gulf Oil Company, Texaco, Mobil, Standard Oil of California e British Petroleum. O termo irmãs é utilizado pelo fato de tais empresas não concorrerem muito uma com as outras, entrando sempre em acordo sobre os aumentos de preços e os locais onde cada uma vai atuar mais intensamente.
 

 

 
** Conglomerados: grupos de empresas diversificadas cujo controle acionário pertence aos mesmo proprietários. Assim, uma grande indústria acaba adquirindo um banco, ou vice-versa, uma indústria de outro ramo, uma empresa de seguros, uma cadeia de supermercados e assim sucessivamente, constituindo conglomerados.

As “Sete Irmãs” do petróleo vêm-se diversificando não apenas em outros setores de atuação, mas principalmente no da energia, tendo já o controle de boa parcela das reservas mundiais de xisto betuminoso, carvão, areia asfáltica, urânio e tório.
A partir de 1981, contudo, os preços do barril de petróleo começaram a se estabilizar no mercado internacional e, de 1985 em diante, começaram a sofrer sucessivas quedas, chegando a custar novamente 11 dólares o barril, em 1990. Mas, já em 1995, o barril de petróleo era vendido por 18 dólares. Como se vê os preços do petróleo eram extremamente baratos até 1973, depois subiram assustadoramente até 1981 e passaram a declinar novamente, chegando a um patamar médio mais ou menos estável nos anos 90.
As causas desse declínio dos preços do petróleo nos anos 80 estão ligadas fundamentalmente ao excesso de produção e de fartura. Com os elevados preços de 1973 até 1980, muitos países passaram a investir mais em extração desse combustível; e muitas delas que não eram exploradas, porque o predomínio do óleo importado era, até 1973, mais barato que os gastos da extração (caso de algumas regiões oceânicas, por exemplo), começaram a produzir na década de 80. Além disso, muitos países que não eram importantes exportadores de petróleo – como México, a Rússia e a China – passaram a ser a partir de 1981. Tudo isso contribuiu para aumentar a oferta do produto no mercado internacional e, conseqüentemente, para a queda de seus preços. Mas os cálculos que mostraram as possibilidades de esgotamento desse combustível, em especial na Rússia e na China, fizeram com que eles deixassem progressivamente de exportar petróleo nos anos 90, estabilizando novamente os preços, que agora tendiam mais a subir do que a declinar. Na realidade, os preços do petróleo – como os da imensa maioria das mercadorias importantes para a economia moderna – dependem bastante das relações geopolíticas internacionais.
 
 
Há várias décadas os Estados Unidos controlam a oferta de cereais no comércio mundial, especialmente de trigo, fazendo com que seus preços sejam compensados para o produtor norte-americano. Essa superpotência tem até um lema – Food is power (Comida é poder) -, que sugere a importância estratégica do controle da oferta de alimentos em nível internacional.

O petróleo possui uma grande importância estratégica para a economia internacional, e seus preços variam bastante conforme a conjuntura política. Quando o Iraque invadiu o Kuwait em 1990, por exemplo, o preço desse combustível subiu durante algumas semanas para quase 40 dólares o barril. Durante a chamada Guerra do Golfo, os preços sofreram seguidas oscilações, para baixo e para cima, dependendo das notícias do conflito. Mas os países ricos, liderados militarmente pelos Estados Unidos, não admitem uma grande subida nos preços do petróleo, e até mesmo os grandes exportadores com governos moderados – caso da Arábia saudita, principalmente, que tem muito capital investido em empresas dos países desenvolvidos -, também colaboram para manter uma certa estabilidade desse mercado.

OS PETRODÓLARES E MODERNIZAÇÃO NOS PAÍSES DA OPEP...
Os sucessivos aumentos no preço do petróleo, após 1973, acarretaram uma notável transferência de riquezas para os países da OPEP. Para ter uma idéia do volume de dinheiro ganho por esses países com a exportação do petróleo, vejamos os seguintes exemplos: apenas no período de 1973 a 1980 a Arábia Saudita acumulou uma receita de cerca de 200 bilhões de dólares em exportações; o Iraque, nesse mesmo período, acumulou 80 bilhões de dólares; e o Irã, em torno de 180 bilhões de dólares.

É bem verdade que o início (1973 e 1974) os ganhos foram bem maiores, diminuindo depois progressivamente devido à inflação internacional e à desvalorização do dólar em relação ao marco alemão, ao iene japonês e à outras moedas fortes. Apesar disso, no entanto, tais países acumularam enorme quantidade de dólares (que receberam o nome de petrodólares, devido à sua origem) e tiveram talvez uma grande chance de superar a situação de países subdesenvolvidos. Mas tal não aconteceu, por vários fatores:
 
 

  • Esses países, como a maioria no Terceiro Mundo, têm uma estrutura social caracterizada por desigualdades extremas, com uma grande maioria da população vivendo de baixos rendimentos, uma classe média normalmente pouco numerosa em relação à população total e uma elite econômica que possui a maior parte da renda nacional. Uma grande parcela dos petrodólares foi aplicada por essa elite no exterior, na compra de ações de empresas estrangeiras (principalmente nos Estados Unidos, no Japão e na França). Fica claro, portanto, que muito do dinheiro obtido com o petróleo não chegou a beneficiar o conjunto da população dos países produtores.
  • Em alguns casos houve uma rápida modernização do país – isto é, urbanização, industrialização e adoção de valores e hábitos “modernos”, tais como intenso uso de jeans e outras vestimentas ocidentais, de fast food, automóveis etc – como no Irã e na Venezuela, mas foi um desenvo9lvimento econômico subordinado aos países capitalistas desenvolvidos, com maior penetração de empresas estrangeiras principalmente no setor industrial, tecnologia importada (e, portanto sempre dependente do exterior). Em outros casos, como no Iraque e também no Irã, grande parte dos ganhos foi despendida em armamentos e na reconstrução das perdas de guerra. E na Arábia Saudita, onde os recursos adquiridos foram maiores, houve tanto aplicações no exterior, como investimentos duvidosos no próprio país: através da modernização agrícola e do uso de água subterrânea para irrigação no deserto, a agricultura saudita teve um acréscimo de 1500% nos anos 80, o maior do mundo; só que esse recurso fundamental no país, a água de lençóis artesianos, deverá se esgotar no máximo até o ano de 2020, algo que compromete o futuro dessa modernização agrícola.
 
 
De fato, o substancial aumento da renda per capita verificado nos países exportadores de petróleo, que foi grande até 1981, acabou não correspondendo a uma sensível melhora da qualidade de vida, do nível cultural ou dos salários reais da maioria da população. As estruturas sociais, com violentas desigualdades, não se alteraram, pelo contrário, em geral até se reforçaram.

Todavia, existe enormes diferenças entre os países exportadores de petróleo. Na Venezuela, por exemplo, desde os anos 7 se verifica uma melhoria do padrão de vida da população, até mesmo da classe trabalhadora, a ponto de atrair imigrantes de praticamente todo o restante da América do Sul; só que o aumento da dívida externa e as quedas nos preços do petróleo criaram uma nova crise nesse país, no final dos anos 80. E alguns países árabes de elevada renda per capita, como o Kuwait, os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, investiram razoavelmente na saúde e na educação elementar intermédia, praticamente eliminado a mendicância e a pobreza absoluta antes existentes.

Mas essa pobreza continua a existir nas massas de trabalhadores imigrantes que foram para esses países nos anos 70 e 80, criando assim, um abismo entre os operários nacionais, que têm mais direitos sociais, e os estrangeiros, que são discriminados e ganham bem menos.

Por outro lado, a regra nesses países árabes é a extrema concentração das riquezas nas mãos de duas ou três famílias importantes. Muitas vezes o poder político é privilégio da família do governante principal: seu primo ou seu cunhado é ministro da economia, o irmão controla o exército, o sogro é presidente do Banco Central, o outro irmão ou primo é chefe da polícia, e assim por diante. O estado nacional é quase uma imensa fazenda, com uma concentração de riqueza e do poder político que dificilmente encontra paralelo no restante do mundo. Atualmente essas nações ainda contam com sensíveis ganhos vindos do petróleo, mas estarão despreparadas para sobreviver quando o petróleo se esgotar. Grande parte do que foi obtido com as exportações encontra-se investida, em nome de poucos, em ações ou propriedades no Primeiro Mundo.

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Os choques do petróleo

Procurar e explorar petróleo e uma atividade que envolve bilhões de dólares, materiais especializados, tecnologia de ponta, e ainda assim é cercada de grandes possibilidades de fracasso. Tal complexidade explica parcialmente a dependência do mundo capitalista em relação às áreas produtoras de petróleo do Oriente Médio. Nessa região, particularmente no Golfo Pérsico, encontram-se as maiores reservas mundiais de petróleo e, o que é mais importante, de exploração relativamente fácil. Tais condições determinam que os custos de produção de um barril de petróleo nessa região fossem bem mais baixos que nas demais grandes áreas produtoras.

Nessas condições, os árabes venderam petróleo ao mundo a preços tão baixos que desestimularam qualquer política de expansão da produção mesmo em áreas sabidamente ricas em petróleo, como, por exemplo, o mar do Norte. Os Estados Unidos, um dos maiores produtores e consumidores de petróleo, adotaram uma política de manutenção das reservas, desativando tradicionais áreas produtoras e aumentando sua dependência em relação ao Oriente Médio.

Foi nesse contexto que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) elevou drasticamente os preços do barril de petróleo nos anos 70, num processo ainda não satisfatoriamente explicado, uma vez que envolveu grandes interesses.

Acredita-se que a questão árabe-israelense tenha funcionado como forte fator de união do mundo árabe, que viu no petróleo uma poderosa arma política contra Israel. Fala-se também no interesse das grandes empresas petrolíferas em elevar sua margem de lucro, viabilizando novas áreas produtoras, pois investir no Oriente Médio estava se tornando cada vez mais arriscado e caro. Outros, ainda, envolviam a extinta União Soviética no processo, alegando que suas reservas de petróleo, de custo exploratório mais baixo, estavam se exaurindo e tornando o preço do produto mais lato em relação ao do Oriente Médio. Tal fato, segundo eles, teria feito com que a União Soviética disputasse fornecedores no Oriente Médio, provocando choques de interesses na área.

Em 1973, quando o barril de petróleo passa de 2,70 dólares para 11,20 dólares, ocorre o primeiro choque do petróleo. O segundo choque se dá em 1979, quando o barril passa a custar 34 dólares. De 1973 a 1979, o preço do barril eleva-se cerca de 1 260% desarticulando a economia de vários países dependentes do petróleo, sobretudo dos menos industrializados. Tais países, por serem exportadores de matérias-primas (historicamente subvalorizadas), não tiveram como repassar a elevação dos seus custos de produção. Caso do Brasil, por exemplo, que chega a utilizar a receita de mais de 50% de suas exportações com importações de petróleo.

Diante disso, os países, dependentes ou não, mudaram sua postura em relação ao petróleo, procurando substituí-lo por fontes alternativas e aumentar, se possível, sua produção interna a qualquer custo.

A observação do que correra nos anos 70 fez com que erroneamente se acreditasse que o preço do barril de petróleo continuaria a subir, podendo chegar a algo em torno de 50 dólares, no final dos anos 80. A esse preço, seria melhora para o Brasil procurara e explorar petróleo, investir na construção de usinas hidrelétricas e nucleares e até pensar no álcool como combustível automotor.

Políticas semelhantes em todos os países determinaram a expansão da produção, provocando a redução relativa do consumo mundial do petróleo. Os preços do petróleo começaram a cair: de 34 dólares, em 1979, passaram para 10 dólares em 1986. Foi o chamado terceiro choque do petróleo que, por ter-se caracterizado por queda nos preços, jogou por terra os bilhões de dólares investidos em fontes alternativas, viáveis apenas enquanto o barril estivesse em 40-50 dólares. A viabilidade das fontes energéticas alternativas, fica, portanto, na dependência das oscilações do preço do petróleo no mercado internacional.

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Acidentes ambientais envolvendo o petróleo

NOVO VAZAMENTO DE ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA (DEZEMBRO DE 2001)...
Autoridades ambientais avaliavam nesta sexta-feira aquilo que acreditam ser um pequeno vazamento de petróleo, ou de um derivado, a partir do rompimento de um duto da refinaria Manguinhos, na baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Representantes da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) sobrevoavam a baía em helicópteros para avaliar o tamanho do acidente.

Axel Grael, subsecretário ambiental do governo do Estado do Rio, disse que o rompimento ocorreu em um duto subaquático. Manguinhos é uma das duas refinarias privadas do país, controlada pela companhia Peixoto de Castro. "A empresa nos disse que o vazamento é pequeno, cerca de 8 mil litros. A primeira avaliação é de que não é tão grande. Mas continuamos averiguando", afirmou ele.

No entanto, Grael não foi capaz de dizer qual era a substância. Executivos da Peixoto de Castro não estavam disponíveis para comentários. A Petrobras, responsável por um vazamento de grandes proporções ocorrido no mesmo local há dois anos, deixou claro que não tem nada a ver com a Manguinhos ou seus dutos. A Petrobras recebeu um multa de 30 milhões de dólares pelo vazamento de 270 mil galões de petróleo (1,3 milhão de litros) ocorrido em janeiro de 2000 na baía de Guanabara através do rompimento de um duto subaquático.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou o oleoduto da Refinaria de Manguinhos, depois que uma ruptura jogou 40 mil litros de petróleo na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, no início da tarde.

A ANP e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) sobrevoaram nesta tarde a região atingida pelo óleo, mas ainda não sabiam informar qual será a multa pelo acidente.

"Normalmente, quando tem acidente desse tipo cabe multa, certamente vamos multar, mas ainda não se sabe o valor", disse à Reuters a assessoria da Feema. Em Manguinhos, o diretor de operações Luiz Armando Vasconcelos informou que a ruptura ocorreu durante a manutenção do oleoduto, que, portanto, encontrava-se fora de operação.

"Sempre depois que um navio abastece a refinaria fazemos uma manutenção, foi durante essa manutenção que notamos um desnivelamento do duto, o que deve ter provocado a ruptura", explicou ele. O navio abasteceu a refinaria nesta semana e o próximo abastecimento está previsto para daqui a 25 dias, o que só poderá ser feito se o único duto da empresa for liberado pela ANP.

"Não acredito que a interdição dure muito tempo, estamos trabalhando junto aos órgãos governamentais para evitar danos ao meio ambiente, depois disso o duto deve ser liberado", avaliou Vasconcelos. Ele informou que a mancha de óleo decorrente do acidente está sendo contida e não vai causar danos ao meio ambiente.

Com capacidade para refinar 14 mil litros de petróleo diários, a Refinaria de Manguinhos, uma das duas únicas refinarias privadas do país, é controlada pela companhia Peixoto de Castro. Executivos da Peixoto de Castro não estavam disponíveis para comentários. A Petrobras, responsável por um vazamento de proporções enormes ocorrido no mesmo local há dois anos, deixou claro que não tem nada a ver com a refinaria de Manguinhos ou seus dutos.

A Petrobras recebeu um multa de 30 milhões de dólares pelo vazamento de 270 mil galões de petróleo (1,3 milhão de litros) ocorrido em janeiro de 2000 na baía de Guanabara, depois do rompimento de um duto subaquático. A Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, uma das duas únicas refinarias privadas do país e controlada pelo grupo Peixoto de Castro, foi multada em 5 milhões de reais nesta segunda-feira pelo vazamento de petróleo na baía de Guanabara ocorrido na última sexta-feira.

A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) multou a empresa em 3 milhões de reais e a Prefeitura de Niterói, em mais 2 milhões de reais. As multas referem-se aos danos ambientais causados pelo vazamento de cerca de 110 mil litros de petróleo na última sexta-feira, o segundo pior acidente ecológico na região.

O maior foi em janeiro de 2000, quando a Petrobras derramou 1,3 milhão de litros de petróleo na baía de Guanabara e foi multada em 30 milhões de dólares.

O assessor de imprensa da refinaria disse que a empresa ainda não recebeu oficialmente a notificação das multas e não vai se pronunciar. "Quando chegarem (as multas) vamos encaminhar para o departamento jurídico para ver se cabe a aplicação", disse o assessor, Rui Portilho.

Na prefeitura de Niterói, entretanto, o subsecretário de urbanismo e meio ambiente disse que a multa já foi entregue e que a empresa terá 10 dias para recorrer. "Enquanto isso, já estamos limpando o estrago que o vazamento fez nas praias e até em uma ilha tombada pelo patrimônio histórico", informou à Reuters Renato Guimas.

O vazamento em Manguinhos, que tem capacidade para refinar 14 mil litros de barris diários de petróleo, ocorreu na última sexta-feira e jogou na baía de Guanabara 110 mil litros de petróleo, segundo estimativas de autoridades ambientais, e 40 mil litros de petróleo de acordo com a empresa.

O acidente aconteceu pela ruptura do único oleoduto de Manguinhos, interditado desde sexta-feira pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). De acordo com a assessoria da ANP, nesta segunda-feira será feita uma avaliação sobre a liberação do oleoduto para reparos.

Os fortes ventos no final de semana fizeram com que o óleo jogado no mar se espalhasse em praias de Niterói e da zona sul carioca, além da zona portuária do Rio de Janeiro e Ilha do Governador, "o que aumenta o valor dos danos provocados", ressalta Grael.

O trabalho de retirada do óleo está sendo feito desde sexta-feira pelas empresas que operam petróleo na Baía de Guanabara, entre elas Petrobras e Shell, dentro do programa de emergência da baía de Guanabara, criado há dois anos após o maior acidente ecológico ocorrido no Brasil, de responsabilidade da Petrobras.

VAZAMENTO DE ÓLEO POLUI O ESTUÁRIO DE SANTOS EM SP (ABRIL DE 2002)...
Mais de 15 mil litros de óleo combustível foram despejados no estuário de Santos nesta madrugada, provocando uma mancha de aproximadamente 10 quilômetros de extensão ao longo do cais, a partir da travessia de balsas, na Ponta da Praia. Imediatamente após a comunicação do acidente, feita por volta das 5 horas, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que gerencia o porto, acionou o Plano de Ação Mútua (PAM), recrutando cerca de 50 homens para isolar a mancha com barreiras de contenção.

Segundo levantamento feito pela Capitania dos Portos, há fortes indícios de que o acidente tenha sido provocado pela transferência de combustível dos rebocadores Lot e Avalon, em operação nas proximidades do Armazém 3. Amostras de óleo das duas embarcações foram recolhidas para confirmar a suspeita.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) também foi acionada, iniciando, de imediato, a apuração dos danos provocados ao meio ambiente. No final da tarde, a mancha, que avançou até as proximidades do Armazém 15, já no Canal do Mercado Municipal, estava inteiramente controlada, encerrando-se a mobilização iniciada na madrugada.

Para o superintendente de Meio Ambiente da Codesp, Aloísio de Souza, o vazamento só não atingiu maiores proporções porque, logo após a denúncia feita por um policial militar, todas as providências foram tomadas. Ele calcula em R$ 30 mil os gastos da companhia com a mobilização de técnicos e de equipamentos para conter o avanço da poluição.

Um outro acidente foi registrado nesta manhã, no porto. Um contêiner, que estava sendo operado no Terminal 37, se desprendeu do guindaste caindo no porão de um navio. Por sorte, apesar da gravidade do acidente, ninguém se feriu. De acordo com o Sindicato dos Estivadores, não é a primeira vez que há esse tipo de ocorrência no cais, por conta da falta de manutenção dos equipamentos.

PETRÓLEO QUE POLUI MARES DOS EUA VEM DE RIOS, JET SKIS E BARCOS (MAIO DE 2002)...
A maior parte dos 110 milhões de litros de petróleo encontrados nas águas costeiras dos EUA todo ano vêm principalmente de rios poluídos, pequenas embarcações e jet skis, e não de vazamentos que ganham grande destaque nos meios de comunicação, afirmou um relatório.

Menos de 8 por cento do petróleo encontrado nas águas costeiras norte-americanas vêm de navios-tanques ou de oleodutos, e apenas 3 por cento é resultado da extração de petróleo em plataformas submarinas, afirmou o documento da Academia Nacional de Ciências.

Quase 85 por cento dos 110 milhões de litros de petróleo vêm de rios poluídos, aviões, pequenas embarcações e jet skis. "Manchas de óleo visíveis do ar e pássaros ensopados de petróleo recebem a maior parte da atenção do público, mas são os consumidores do petróleo, não os navios que o transportam, os responsáveis pelo que encontramos nos oceanos", disse o relatório.

Mais de metade da contaminação vinda da terra na linha costeira do país ocorre entre o Maine e a Virgínia (Costa Leste), onde há muitas cidades, comunidades à beira-mar e várias refinarias. Outros 20 por cento do petróleo que chega às águas costeiras acabam no golfo do México, onde barcos e jet skis são comuns.

O relatório recomenda que os órgãos federais trabalhem com os órgãos do meio ambiente estaduais e municipais a fim de fiscalizar as fontes em terra dos poluentes e que a Agência de Proteção Ambiental continue com seus esforços para tirar de circulação os modelos mais antigos de jet ski.

O documento disse ainda ter descoberto que, devido a melhores métodos de coleta de dados, a quantidade de petróleo jogada nas águas norte-americanas e internacionais é menor do que se pensava.

REBOCADOR AFUNDA E CAUSA MANCHA DE ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA (JUNHO DE 2002)...
Um rebocador naufragou na baía de Guanabara provocando o vazamento de óleo que deixou uma mancha do produto no local, informou a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema).

O rebocador, que levava cerca de 35 mil litros de óleo, naufragou na terça-feira, mas o incidente só foi divulgado na quarta. O incidente foi consequência de uma colisão entre o rebocador da empresa Saveiro com outra embarcação.
O diretor do Departamento de Controle Ambiental da Feema, Luiz Heckmaier, disse que a proprietária do rebocador pode pagar uma multa que pode ir até 50 milhões de reais.

"Isso vai ser estabelecido pela Comissão Estadual de controle ambiental (Ceca)", disse ele após fazer um sobrevôo na baía de Guanabara e constatar que a mancha está concentrada próxima à ponte Rio-Niterói.

Para conter o avanço do óleo, a Feema acionou o plano de emergência da baía de Guanabara, que conta com a participação de equipamentos e funcionários de várias empresas, entre elas a Petrobras. Na noite da última terça-feira, mergulhadores tentaram fechar o tanque da embarcação, mas não obtiveram sucesso.

Heckmaier prevê que o óleo se disperse em três dias. "As correntes marítimas e os ventos podem espalhar esse óleo, que é leve. O impacto ambiental não deve ser muito grande", disse ele.

O vazamento de 35 mil litros de óleo é considerado pequeno. Nos piores acidentes na baía de Guanabara, vazaram mais de 1,2 milhão de litros de óleo, em janeiro de 2000, e 1,4 milhão de litros quando a plataforma P-36 afundou, em março de 2001.
 
 
O óleo derramado na baía de Guanabara é de um rebocador que transportava 35 mil litros do produto e afundou na altura do vão central da ponte Rio-Niterói, depois de se envolver em um acidente com outra embarcação na tarde de ontem. A área foi isolada com bóias para evitar que o óleo se espalhe. Mas, de acordo com a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), os danos ambientais não devem ser grandes.

A Feema informou, ainda, que a empresa Saveiro, dona do rebocador, pode ser multada em até R$ 50 milhões.

NAVIO DERRAMA ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA (FEVEREIRO DE 2002)...
Um novo vazamento de óleo atingiu a baía de Guanabara. O combustível, cerca de 2.000 litros de óleo diesel, segundo informação do porto, vazou de um transatlântico de bandeira britânica Caronia, perto do píer 1 da praça Mauá, no porto do Rio de Janeiro.

O navio será multado pela Freema (Fundação Estadual de engenharia do Meio Ambiente), mas o valor, que pode variar de R$ 1.000 a R$ 50 milhões, ainda será definido.

A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) multou em 1 milhão de reais a representante brasileira da empresa de navegação inglesa Cunard, cujo navio de passageiros derramou 30 mil litros de óleo na Baía de Guanabara neste domingo.

O acidente ocorreu à meia-noite de sábado e foi notificado à Feema duas horas mais tarde. O navio ficou retido no porto do Rio, onde estava ancorado.

A representante brasileira, Expresso Mercantil Agência Marítima, terá até 30 dias para recorrer da decisão do órgão. A Feema informou que o óleo já foi totalmente contido e o navio com cerca de 600 passageiros foi liberado pela Capitania dos Portos para seguir viagem a Salvador. No relatório, entregue nesta segunda-feira à Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, a Feema aponta uma falha no processo de abastecimento como a causa do acidente.

No domingo, a Feema informou erroneamente que o nome da empresa inglesa era Cunia. A assessoria justificou o erro dizendo que "as informações foram truncadas".

ÓLEO MATA IGUANAS DE GALÁPAGOS (JUNHO DE 2002)...
Um grande número de iguanas das ilhas Galápagos (Equador) morreu vários meses após o naufrágio do petroleiro Jessica, em janeiro de 2001, a quase 1 km da ilha San Cristóbal (a mais ao leste no arquipélago), quando cerca de 600 toneladas de óleo vazaram, indica estudo publicado na revista “Nature” na semana passada.

Após o naufrágio, os ventos para o alto-mar, o que levou a se acreditar que uma catástrofe havia sido evitada. Mas estudo feito por Martin Wikelski, da Universidade de Princeton (EUA), mostra que, ao longo dos 12 meses que se seguiram ao acidente, 62% das iguanas marinhas (Amblyrhynchus cristatus) de Santa Fé, a ilha mais perto de San Cristóbal, morreram. A mortandade foi mínima na colônia da ilha Genovesa, mais longe do local do acidente. Segundo o estudo até quantidade pequenas de óleo mataram microrganismos que habitam os intestinos dos animais e são essenciais para o processo digestivo deles.

ÓLEO VAZA E ATINGE AFLUENTE DO RIO IGUAÇU (JUNHO DE 2002)...
Quinze mil litros de óleo que vazaram da empresa Ingrax Indústria de Graxas contaminaram o rio Atuba, afluente do Iguaçu, principal responsável pelo abastecimento de Curitiba e região. Equipes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente fizeram uma operação de contenção, na tentativa de evitar que o óleo chegasse ao Iguaçu.

O vazamento aconteceu por volta do meio-dia da última terça-feira quando o óleo era transferido de um caminhão para um tanque fixo no pátio da empresa. Os quinze mil litros do produto atingiram o rio Atuba através da tubulação de esgoto da empresa. Segundo os técnicos do IAP, o óleo é um derivado do petróleo altamente tóxico. Um caminhão do Corpo de Bombeiros de Curitiba isolou o pátio da empresa para evitar explosões.

A direção da Ingrax foi procurada mas não quis se pronunciar sobre o acidente. O IAP informou que ainda está avaliando a extensão dos danos ao meio ambiente. A empresa será multada.

TANQUE DA SHELL VAZA DIESEL E CONTAMINA ÁGUA EM ITU (JUNHO DE 2002)...
O vazamento de 8 mil litros de óleo diesel de um tanque instalado e operado pela Shell no bairro Rancho Grande, na área urbana de Itu, contaminou mananciais e pode causar a suspensão no abastecimento de água de parte da cidade. O tanque faz parte de um conjunto de três unidades utilizadas para abastecer a frota de ônibus da Viação Itu, que opera o serviço de transporte coletivo na cidade.

Por uma falha de operação, o óleo ficou vazando toda a noite e parte da manhã. Os funcionários limitaram-se a lavar a área atingida com caminhões tanques. Um morador comunicou o acidente ao departamento municipal do Meio Ambiente depois de ter notado a morte de peixes em um lago de sua propriedade.

Segundo o diretor do departamento biólogo Leziro Marques Silva, a ocorrência é uma das mais graves já registradas na região. Além do cheiro de óleo que impregna o bairro onde moram mais de 20 mil pessoas, o combustível infiltrou-se no subsolo atingindo o lençol freático. Vários afluentes do ribeirão Braiaia, um dos principais mananciais do sistema de abastecimento de Itu, apresentavam manchas e cheiro de óleo.

Ele informou do acidente o Ministério Público e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Técnicos do órgão começaram a monitorar as condições da água no início da noite. A Cetesb interditou os tanques, pois havia riscos de vazamento nas outras duas unidades.

PETROBRAS É MULTADA EM R$ 500 MIL PELO IBAMA POR DERRAMAMENTO DE ÓLEO (ABRIL DE 2002)...
O Ibama multou a Petrobras em R$ 500 mil devido ao derramamento de óleo no rio Doce, o maior do Espírito Santo. Um caminhão-tanque perdeu a direção e provocou o derramamento de 17,5 mil litros na pista. Segundo a Petrobras, apenas 5.000 litros contaminaram o rio.

Para o chefe de fiscalização do Ibama no Estado, Sebastião Garcia, houve negligência da empresa no trabalho de contenção da mancha de óleo. “Basta constatar a chegada do líquido a 40 quilômetros de distância, na foz do rio.” Segundo ele, não houve preocupação imediata com a contenção do óleo, e a barreira para impedir a dispersão do material não foi eficiente.

A um quilômetro da foz do rio Doce existe uma base do Projeto Tamar. “Não há risco para as tartarugas porque as praias não foram atingidas”, disse o biólogo Juarez Scalfoni.

A Petrobras, por meio da sua assessoria, afirmou que o serviço de contenção do óleo foi iniciado imediatamente e que o líquido não chegou a atingir o mar. Ainda segundo a assessoria, todo o óleo já foi retirado.

GREENPEACE ACUSA BUSCA DE PETRÓLEO PELA MORTE DE BALEIAS CACHALOTES (JANEIRO DE 2002)...
A morte de três cachalotes, que apareceram em uma praia do mar do Norte, pode estar relacionada aos abalos sísmicos e às perfurações na busca de gás e petróleo em alto mar, a oeste das ilhas Shetland (Reino Unido). Segundo o Greenpeace, essas perfurações provocam sinais acústicos tão fortes que desorientam as baleias, que são extremamente sensíveis às emissões sonoras, explica a associação em uma nota enviada hoje, quarta-feira, aos meios de comunicação.

Os cachalotes, encontrados ontem à noite na praia de Friedrichskoog, no estado federado de Schleswig-Holstein, morreram após ficarem "encalhados" na areia, pois não podem se deslocar por causa do seu peso. Nos últimos dez anos, o Greenpeace encontraram um total de 98 cachalotes no Mar do Norte, sendo que 82 acabaram nas praias ao norte da Alemanha. "Há cada vez mais baleias desorientadas no Mar do Norte", disse o especialista do Greenpeace Thilo Maack, na nota, e disse que a morte dos três animais pode estar relacionada com as perfurações.

O Greenpeace recolherá amostras de tecidos dos animais para analisá-los e determinar se contêm substâncias tóxicas ou parasitas que possam explicar a morte dos cachalotes. Segundo dados dos ecologistas, no Mar do Norte há cerca de 400 plataformas petrolíferas e de gás que produzem a cada ano 10 mil toneladas de petróleo e 100 mil de substâncias químicas.

BR DISTRIBUIDORA É ACUSADA DE VAZAMENTO (JUNHO DE 2002)...
A BR Distribuidora (subsidiária da Petrobras) mantém, há pelo menos nove meses, um cemitério de tanques de combustível usados em Heliópolis (zona sul de SP). O terreno é vizinho à base de estocagem de combustível da Shell na Vila Carioca, que é acusada de contaminar mais de 180 mil m² na região com compostos químicos.

No depósito da BR, forma encontrados 250 tanques velhos utilizados em postos de combustível e ainda dezenas de caminhões tanque abandonados.

O problema, contudo, não seria o cemitério de tanques, mas sim o vazamento de combustível. A denúncia foi feita pela CPI dos Postos de Combustíveis de São Paulo, que constatou a existência de manchas de óleo no solo do depósito. Segundo o técnico que assessora a CPI, Stelio da Cunha, a contaminação ambiental na região é “líquida e certa”. Ainda não há, entretanto, nenhum laudo comprobatório dos danos. O presidente da CPI, o vereador Jooji Hato (PMDB), informou que pretende notificar nos próximos dias a prefeitura para que verifique se a documentação da BR está em dia – caso contrário, o terminal será fechado.

Além disso, a Cetesb (agência ambiental do Estado) será consultada sobre a possibilidade de haver uma interdição no local. A agência ambiental vai inspecionar o terreno. O Ministério Público também será acionado pela CPI nas próximas semanas para abrir um inquérito civil sobre o caso.

Já a associação de moradores da Vila Carioca pretende usar na Justiça o novo problema para reforçar a argumentação de que é urgente a realização de exames médicos na população local.

O terreno onde fica o cemitério de tanques de combustível em Heliópolis é completamente aberto, sem vigias ou cercas. Crianças freqüentam o local. É o caso de I.S., 13 que afirma ir todos os dias ao depósito para brincar. A BR Distribuidora diz, entretanto, que não em como cercar o terreno do depósito. Segundo a assessoria da empresa, experiências passadas com vigias na área foram fracassadas: assaltantes já teria rendido os guardas para roubar as armas deles.

A unidade é vizinha da favela Heliópolis, a maior de São Paulo, com mais de 90 mil habitantes. Os tanques originários de postos, afirma a BR, estão limpos e já foram leiloados para serem transformados em sucata. O problema relativo aos reservatórios dos caminhões, é de responsabilidade de uma antiga coligada, que deve removê-los até o fim do mês.
Por Renato Essenfelder

CLIMA: ESTUDO CULPA DIESEL POR AQUECIMENTO GLOBAL (NOVEMBRO DE 2002)...
Um estudo publicado nos EUA mostra que a substituição de gasolina por diesel para reduzir as emissões de gás carbônico na atmosfera não desaceleram o processo de aquecimento global. Ao contrário, o intensificam. Pelo visto, até quando o assunto é o que acontece no céu, o inferno está cheio de boas intenções.

A pesquisa, publicada na edição de outubro do “Journal of Geophysical Research” (www.agu.org), aponta que a fuligem preta emitida pela queima do diesel esquenta muito mais a atmosfera do que o gás carbônico, que é emitido em maior quantidade pela gasolina. Quando se leva em conta só a emissão de CO2, o óleo diesel parecer ser uma opção menos agressiva ao equilíbrio térmico da Terra. É o que muitos governos já estão fazendo, com legislações que favorecem a substituição da gasolina por esse combustível.

“Na Europa, há impostos que favorecem o diesel”, afirma o engenheiro ambiental Mark Jacobson, da Universidade de Stanford, autor do novo estudo. “Os europeus estão pensando em cumprir parte de suas metas de redução de emissão de dióxido de carbono no Protocolo de Kyoto em estímulo ao diesel. Eu não acho que essa seja uma boa idéia.”

Jacobson fez um estudo detalhado da atuação das partículas de fuligem, as mesmas que o diesel emite após sua combustão, o que resultou na identificação de 12 diferentes efeitos atmosféricos. “Trabalho nesse modelo desde 1989, já faz 13 anos”, conta.

Ao realizar uma simulação por computador com todos esses efeitos em conta, ele descobriu que a fuligem do diesel supera em muito os benefícios da menor emissão de CO2. Segundo seus cálculos, cortando toda a emissão de fuligem na atmosfera, seria possível reduzir em 20% a 45% o processo de aquecimento global. O mesmo efeito poderia ser obtido cortando um terço das emissões de CO2, mas ele só seria plenamente sentido em 50 a 200 anos. Já o corte de fuligem seria sentido bem antes – 3 a 5 anos.

Esse diferencial de tempo ocorre porque o tempo que as partículas ficam suspensas na atmosfera é muito menor do que os gases levam para sair. “Conheço bem esse estudo, e o Mark Jacobson de Stanford está publicando uma série de artigos sobre essa questão”, diz Paulo Artaxo, físico da USP e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática). “O efeito dos aerossóis [partículas] no sistema climático global foi subestimado até algum tempo atrás. Mas, nos últimos meses, vários estudos estão apontando que os aerossóis são tão ou mais importantes que o efeito dos gases-estufa para o aquecimento global.”

Embora aponte a importância da fuligem (particulados de carbono) como componente do aquecimento global, Jacobson reconhece sendo a chave para a solução do problema. “Não importa o que façamos, precisaremos cortar gás carbônico também”, diz. Não é à toa que o pesquisador ficou insatisfeito quando George W. Bush requisitou um rascunho de seu estudo e usou suas conclusões para justificar o abandono do Protocolo de Kyoto, apontando que o acordo internacional, entre outras coisas, não tocava na questão da emissão de fuligem.

“O governo estava preparando sua política de combate ao aquecimento global. Eles ficaram sabendo do meu estudo, pediram uma cópia e eu enviei a eles”, conta. Quando viu que Bush usou suas conclusões para simplesmente descartar o protocolo, Jacobson escreveu em seu site (www.stanford.edu/group/efmh/jacobson/) que não aprovava a decisão do presidente.

“Por um lado, fiquei feliz por ele ter reconhecido que o aquecimento global era um problema importante e a fuligem, um componente significativo dele”, diz. “Por outro, não acho que isso era motivo para abandonar o protocolo, que é um passo importante para atacar a principal origem do problema, que é o CO2.”
Por Salvador Nogueira

MAIS UMA DA PETROBRAS, NAVIO DERRAMA NAFTA NO PARANÁ (OUTUBRO DE 2001)...
Um navio da Petrobras teve um acidente no porto de Paranaguá, a 120 km de Curitiba, que resultou no vazamento de 4 milhões de litros de nafta, este número não foi confirmado pela empresa. Nem a Petrobras, nem os órgãos ambientalistas do Paraná souberam determinar a extensão do vazamento nem os prejuízos causados.

1. O navio Norma que ia de Paranaguá, no Paraná, para Tramandaí, no Rio Grande do Sul.
2. Por volta das 8h25, quando saía do porto, encalhou.
3. Uma análise da Transpetro (subsidiária de transporte da Petrobras) indica que um dos tanques teria sido perfurado por uma rocha.

O que é nafta?
É um subproduto do petróleo, serve de matéria-prima básica da industria petroquímica. Representa o início de uma cadeia de produção que passa por três etapas industriais e tem o plástico como o produto final mais conhecido. É altamente inflamável, pode provocar explosões caso entre em contato com alguma fonte de calor.

O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse que se “nos próximos dois ou três dias a empresa terá uma avaliação sobre os prejuízos ao ecossistema”. Já o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, disse não se lembra de acidentes desta proporção com esta substância no país, porém não informou quais serão as medidas tomadas em relação a Petrobras.

Foi divulgada a informação, que a Polícia Federal do Paraná prendeu em flagrante o condutor do navio Norma e solicitou a prisão do comandante da embarcação, sob a acusação de negligência do acidente. Outra informação divulgada foi que um mergulhador contratado pela Petrobras morreu no local durante verificação dos danos no casco do navio.

TANQUE DA SHELL VAZA DIESEL E CONTAMINA ÁGUA EM ITU (JUNHO DE 2002)...
O vazamento de 8 mil litros de óleo diesel de um tanque instalado e operado pela Shell no bairro Rancho Grande, na área urbana de Itu, contaminou mananciais e pode causar a suspensão no abastecimento de água de parte da cidade. O tanque faz parte de um conjunto de três unidades utilizadas para abastecer a frota de ônibus da Viação Itu, que opera o serviço de transporte coletivo na cidade.

Por uma falha de operação, o óleo ficou vazando toda a noite e parte da manhã. Os funcionários limitaram-se a lavar a área atingida com caminhões tanques. Um morador comunicou o acidente ao departamento municipal do Meio Ambiente depois de ter notado a morte de peixes em um lago de sua propriedade.

Segundo o diretor do departamento biólogo Leziro Marques Silva, a ocorrência é uma das mais graves já registradas na região. Além do cheiro de óleo que impregna o bairro onde moram mais de 20 mil pessoas, o combustível infiltrou-se no subsolo atingindo o lençol freático. Vários afluentes do ribeirão Braiaia, um dos principais mananciais do sistema de abastecimento de Itu, apresentavam manchas e cheiro de óleo.

Ele informou do acidente o Ministério Público e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Técnicos do órgão começaram a monitorar as condições da água no início da noite. A Cetesb interditou os tanques, pois havia riscos de vazamento nas outras duas unidades.
Por José Maria Tomazela

ACIDENTE MANCHA A BELEZA DE LA CORUÑA (DEZEMBRO DE 2002)...
Por que os grandes desastres sempre acontecem nos lugares mais bonitos do planeta? Essa é a pergunta que fizemos quando
saímos de La Coruña para percorrer os 400 quilômetros do litoral da Galícia (Espanha), atingido pelas 20 mil toneladas de óleo vazadas do navio Prestige.

Era um Domingo de sol e já nos primeiros dez quilômetros, numa estrada que margeia o Atlântico, encontramos algumas das grandes vitimas do desastre: as aves marinhas. O litoral galego, especialmente a costa da Morte, por onde passam 70% dos petroleiros europeus, é um santuário de pássaros pontuado por reservas e parques naturais.

Numa pequena praia encontramos a primeira ave atingida pelo desastre. Morreram mais de 40, e cerca de 400 estão sendo atendidos em Oleiros e Pontevedra, esta quase na fronteira com Portugal.

Os animais morrem de duas maneiras: bebem ó óleo e se intoxicam, ou se molham com ele e suas asas perdem a capacidade termorreguladora. Nesse caso, é o frio que os liqüida.
Na primeira cidade, Caión, de casas brancas e ruelas vazias, é possível sentir o impacto que o desastre trouxe: tão perto de La Coruña e tão vazia para um Domingo. Caión, do alto da estrada, parece uma cidade colada no oceano Atlântico, pronta para despregar e rumar para a América levada pelas ondas.

Seis mil pescadores e marisqueiros vivem nas costas da Galícia. Todos os restaurantes da região oferecem peixes e frutos do mar. Mais tarde, em Madri, soube que é uma tradição não apenas da Galícia, mas dos restaurantes da Espanha. Agora, os pescadores vagam pelo porto, mostrando as grandes manchas de óleo nas pedras e no cimento.
Fonte: Folha de São Paulo
Fernando Gabeira

MAR MORTO: FALTA DE INSPEÇÃO NOS PETROLEIROS AMEAÇA GALÍCIA (DEZEMBRO DE 2002)...
Ao examinar as fotografias tiradas rapidamente no litoral de La Coruña, onde aconteceu o acidente com o navio Prestige, percebi que os voluntários de macacão branco olhavam quase sempre para o mar.

Imagino que deviam pensar no drama que envolve seu litoral e que ameaça alguns paraísos turísticos do planeta. O mar está meio sem controle. Pontos como o de Gibraltar são apenas uma base de apoio para navios que querem transportar óleo a baixo preço, fugindo das regras de segurança. Não há inspeção rigorosa; dos 6.050 barcos, apenas dois forma examinados.

Além disso, o mar é dominado pelas bandeiras de conveniência. Os navios nada têm a ver com os símbolos que tremulam em seus convés. É como se o seres humanos determinassem regras para a vida em terra firme e ao mesmo tempo abrissem um espaço de tolerância em alto-mar.

Dos 7.000 petroleiros que navegam pelo mundo, apenas 21% têm casco duplo, que fazem os possíveis vazamentos caírem em seu interior. A idade média da frota é de 18 anos, sendo que 60% têm mais de 20. Não só os santuários da costa da Morte estão em perigo. A extensa linha de praias da Galícia, como Caión, Malpica, Barizo, Camelle e Muxia, para citar apenas algumas, estará sempre na linha de alcance dos naufrágios.
E o que é pior: o navio Prestige afundou com 57 mil toneladas de óleo dentro de seus tanques. Há quem afirme que, a 3.500 metros de profundidade, o óleo que vazou vai ficar congelado durante todo o inverno. Há outros afundados na região e também no mar Egeu. A revelação dessa fragilidade pode ser um permanente fator negativo para o turismo na região.

Mas ela não merece. Mesmo com Prestige a 246 quilômetros da costa, o litoral da Galícia vale a pena ser visitado. Os galegos são simpáticos, decifram muito bem o sotaque de quem, fala português – aqui no Brasil, galego e português são quase sinônimos – e conseguem manter suas ruelas de casas brancas, limpas e acolhedoras.

Os restaurantes não são caros para o padrão europeu (um almoço custa em média R$ 35) e oferecem um caldo galego capaz de levantar o ânimo dos clientes quando está frio. Isso tudo sem contar as merluzas, os robalos e os linguados maravilhosos, pelo menos aqueles pescados antes do desastre. Além do bom vinho branco da casas, típico da região.
Fonte: Folha de São Paulo
Fernando Gabeira

MAR MORTO: MANCHA GIGANTE DE ÓLEO SE APROXIMA DA GALÍCIA (DEZEMBRO DE 2002)...
Novas massas do combustível derramado pelo petroleiro liberiano Prestige, acidentado na costa da Galícia no dia 13, continuam a chegar ao litoral galego. Pequenas manchas chegaram às praias de Riazor, Orzan e Amorosas, em La Coruña.

As autoridades e a população temem a chegada da mancha maior, do tamanho de 15 campos de futebol, que está cada vez mais próxima da costa. Entre 300 e 400 quilômetros do litoral galego já estão contaminados pelo óleo.

Segundo as últimas estimativas do ministro do Meio Ambiente espanhol, Jaume Matas, 165 praias foram afetadas pela maré negra, 13 delas com gravidade. As autoridades ressaltaram nesta segunda, no entanto, que 7 mil toneladas de combustível já foram retiradas da água e 2,5 mil das praias. Calcula-se que 20 mil toneladas vazaram do Prestige.

"A mancha principal de óleo está à mesma distância da costa que ontem (domingo), cerca de 30 quilômetros", informou Matas. As autoridades espanholas temem que o óleo continue vazando do petroleiro, que no dia 19 se partiu em dois e afundou, carregado com 60 mil toneladas de combustível.

Nesta segunda, o minissubmarino francês Nautile, com três tripulantes, realizou a primeira imersão no local do naufrágio e não detectou indícios de mais vazamento. O Nautile leva duas câmeras fotográficas e duas de vídeo e pode submergir até uma profundidade de 6 mil metros.

Autoridades espanholas puseram em dúvida a possibilidade de que o Prestige continue perdendo carga, já que o combustível deve ter se solidificado a uma profundidade de 3,5 metros em água fria.

Além de ter arruinado a vida de cerca de 6 mil de pescadores e 800 marisqueiros, o combustível derramado já provocou danos incalculáveis para a fauna marinha. Nesta segunda, perto do cabo Touriñán, um filhote de golfinho morto foi lançado à praia, e os ambientalistas temem que ele seja apenas o primeiro de uma série. Até este domingo, só os pássaros figuravam como vítimas.

A Sociedade Espanhola de Ornitologia SEO/Birdlife estima que entre 10 mil e 15 mil aves tenham morrido ou estejam seriamente afetadas pelo acidente. O Greenpeace, por sua vez, anunciou que análises feitas pelo Instituto de Investigações Químicas e Ambientais de Barcelona em amostras do combustível confirmaram sua toxicidade, em especial "a presença de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos pesados (PAHs), os mais tóxicos e potencialmente cancerígenos, como o benzopireno".

O primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, cujo país detém a presidência rotativa da União Européia, se declarou partidário de uma "ação rápida" e de "uma aplicação efetiva e acelerada da legislação européia sobre segurança marítima". Rasmussen expressou seu desejo de que se alcancem "resultados concretos" sobre o assunto na próxima reunião da UE, dias 12 e 13.
Fonte: O Estado de São Paulo
Redação

MAR MORTO: CERCA DE 400 KM DO LITORAL DA ESPANHA FORAM ATINGIDOS POR ÓLEO (DEZEMBRO DE 2002)...
Quatrocentos quilômetros de litoral, entre eles 75 quilômetros de praias da Galícia, no noroeste da Espanha, foram poluídos pelo óleo que vazou do petroleiro Prestige, segundo autoridades do governo.

Manchas negras foram detectadas nas áreas protegidas ao norte e ao sul da principal área afetada pelo vazamento, informou o governo local em Santiago de Compostela. A região de Doniños, no norte de La Coruña, é uma das mais afetadas --a área é muito apreciada pelos pássaros marinhos.

Na semana passada, o petroleiro sofreu danos no litoral espanhol, lançando ao mar cerca de 10 mil toneladas de óleo. Na terça-feira (19), durante seu transporte para águas mais calmas, ele rachou e naufragou, levando para o fundo do mar mais de 60 mil toneladas de óleo.

Hoje, a ministra das Relações Exteriores da Espanha, Ana Palacio, anunciou que Espanha e Portugal pedirão à União Européia (UE) que afaste o corredor marítimo de seus litorais.

"A costa galega é como a auto-estrada, por onde passa um barco atrás do outro. Muitos são bombas ecológicas. Isto é o que se deve combater", disse. Segundo ela, o corredor fica a apenas duas milhas náuticas, ou 3,7 quilômetros, do litoral.

Petroleiro é "apenas" mais um dos problemas no fundo do mar

O petroleiro Prestige, que naufragou nesta semana na costa da Espanha com 70 mil toneladas de óleo, acrescentou uma nova bomba-relógio ao fundo do mar, onde estão desde submarinos nucleares a gás mostarda da era Hitler.

Cargas tóxicas corrosivas em águas profundas deverão assombrar o mundo por décadas antes de se romper ou dispersar pelos mares. Além disso, lixo nuclear permanece radioativo por milhares de anos.

O petroleiro Prestige afundou na terça-feira em águas a 3.600 metros de profundidade, na costa noroeste da Espanha, depois de ter deixado para trás enormes manchas que escureceram praias do país.

Petroleiros afundados como o Castillo de Bellver, na África do Sul em 1983, transferiram dezenas de milhares de toneladas de óleo para o fundo do mar após vazamentos desastrosos.
"A experiência indica que cargas podem ficar estáveis por décadas uma vez que estejam no fundo do mar", disse Ian White, diretor-gerente da International Tanker Owners Pollution Federation. Segundo ele, o óleo provavelmente se coagula e fica grosso como "chiclete" devido à pressão e ao frio.

Mas o que desce, sobe. Na melhor das hipóteses, o óleo volta à superfície de forma lenta; no pior, destroços podem repentinamente se romper com a ferrugem. No ano passado, até 91 mil litros de combustível vazaram do USS Mississinewa, um petroleiro norte-americano afundado por um submarino japonês suicida na Segunda Guerra Mundial, perto do atol de Yap, no sul do Pacífico.

Os restos deste são apenas um dos 1.080 navios fretados durante a Segunda Guerra só na área do sul do Pacífico. Os mares têm sido a lata de lixo preferida da humanidade há anos, mas o impacto a longo prazo do lixo tóxico na vida marinha, já atingida pelo excesso de pesca, é desconhecido.

Em um dos piores casos de poluição atômica deliberada, sete reatores soviéticos com combustível nuclear a bordo foram jogados no mar de Kara, ao norte da Rússia."Estes sete reatores atômicos jogados fora podem ter consequências por muitos milhares de anos", avaliou ThomasNilsen, do grupo ambientalista norueguês Bellona, acrescentando que isso somente transfere o problema para as próximas gerações. Submarinos nucleares também afundaram em acidentes com reatores e ogivas a bordo. "Que eu saiba, não se detectou vazamento nuclear destes submarinos até hoje", disse Stephen Saunders, editor da revista "Janes Fighting Ships". "Obviamente que eles têm de ser monitorados, mas este talvez seja o melhor lugar para eles", observou.

Entre a Noruega e a Dinamarca, dezenas de navios foram afundados após a Segunda Guerra contendo gás mostarda e outras armas químicas nazistas.

Um relatório norueguês esta semana afirmou que os destroços mostravam pouco sinal de corrosão e que a vida marinha ao redor deles era abundante. Segundo o documento, o melhor é deixá-los onde estão.
Fonte: Folha de São Paulo/o Estado de São Paulo/Associated Presse/Reuters/Jornal Nacional (Globo)/France Press
Roberto Kishinami/Redação/Adrian Croft

MAR MORTO: MAIS ÓLEO VAZADO DE PETROLEIRO CHEGA À COSTA ESPANHOLA (DEZEMBRO DE 2002)...
Mais óleo vazado do Prestige chegou às costas da Galícia hoje, aprofundando o cenário de horror nessas praias procuradas por todos os europeus por sua beleza. Esse novo asfaltamento das praias aumentou a insegurança dos pescadores que, impedidos de exercer sua atividade, já não sabem até quando continuará vindo a próxima "onda negra". "Estamos temerosos de que a maré negra nos alcance aqui", diz Maria Busto, portuguesa de 47 anos, uma dos 600 pescadores trabalhando com água até os joelhos no estuário de Noia, abaixo do Cabo Finisterre, coletando mexilhões em cestos.

A cota normal diária é de 25 quilos, vendida a US$12 por quilo. Mas, com a insegurança criada pelo vazamento, já que os frutos do mar não colhidos podem ficar simplesmente contaminados e impróprios para consumo, colhe-se tudo que puder. Ao fim do dia, depois de três horas sob chuva e com as ondas cada vez mais fortes, Maria tinha colhido 29 quilos.

Mas as autoridades portuguesas já decretaram a suspensão da pesca e da extração de frutos do mar em toda região ao norte de Portugal. Os piores efeitos disso ainda estão por vir. Para ter uma idéia da importância da pesca, só na Galícia espanhola, em que a pesca está banida entre Ferrol e Ribeiro, numa extensão de 300 quilômetros, os peixes e frutos do mar trazem uma receita de US$330 milhões anuais. O turismo é outra fonte de ganhos, da mesma ordem de magnitude, mas deverá ser fortemente afetada no próximo verão europeu. "Não podemos dizer se estamos a salvo ou não da maré negra", diz Jose Ramon Lado, um criador de ostras ao longo dos 40 de seus 56 anos, enquanto olha os engradados cheios de ostras em crescimento, depositados em tanques cheios de água limpa do oceano, captada em Muros.

O desânimo toma conta de todos. O prefeito Rafael Mouzo, da cidade de Corcubión, a 100 quilômetros da cidade de La Coruña, desabafa "o governo nacional não está nos protegendo". Isso, no meio de um esforço da defesa civil para estender 1.800 metros de barreiras, para fechar a baia onde se criam ostras. As barreiras haviam sido pedidas com urgência há cinco dias. Chegaram hoje, horas depois do anúncio que uma língua negra de óleo se dirigia para a baía.
Fonte: Folha de São Paulo/o Estado de São Paulo/Associated Presse/Reuters/Jornal Nacional (Globo)/France Press
Roberto Kishinami/Redação/Adrian Croft

MAR MORTO: MANCHA DE ÓLEO DEVASTA FAUNA DO LITORAL DA ESPANHA (DEZEMBRO DE 2002)...
Uma grande mancha de óleo impediu a pesca e devastou a fauna na costa noroeste da Espanha, enquanto uma equipe de resgate lutava em águas agitadas para tentar salvar um petroleiro à deriva que carrega cerca de 70 mil toneladas de óleo. A grossa massa preta cobriu uma faixa de mais de 35 quilômetros da rochosa costa da Galícia. Ecologistas batalhavam para salvar grandes quantidades de pássaros marinhos manchados de óleo.

Mas grupos ambientalistas disseram que uma catástrofe muito pior pode acontecer se o petroleiro Prestige, de 26 anos, danificado numa tempestade na última quarta-feira, se partisse em dois no Atlântico, em meio à ondas de sete metros de altura, depois que a Espanha mandou rebocá-lo para além de suas águas.

O Fundo para a Vida Selvagem (WWF) disse que se todo o óleo vazar, seria um dos maiores desastres ecológicos de toda a história, cerca de duas vezes maior que o vazamento do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. O governo espanhol, no entanto, afirma que esta hipótese está afastada.

Moradores da "Costa da Morte," notória por vários naufrágios ao longo da história, reclamaram do governo regional e afirmaram que as autoridades locais demoraram demais para conter a mancha, de mais de 3 mil toneladas de óleo combustível, que vazou do Prestige na quarta-feira."Isto é a pior coisa que poderia ter acontecido," disse o chefe da Associação de Pesca Galega. "Nós estávamos prestes a começar nossas pescas para o Natal, a melhor época do ano."

Autoridades regionais suspenderam toda a pesca ao longo da costa -- famosa por suas cracas-ganso, polvos e caranguejos - e instalou cerca de sete quilômetros de barreiras infláveis para tentar conter a poluição.

Rebocadores de uma companhia de resgate holandesa estão puxando o Prestige em direção ao sul, a cerca de 100 quilômetros da costa espanhola, mas o tempo instável impediu que o combustível fosse retirado da embarcação, que tem um rombo de mais de 10 metros na parte do casco abaixo d'água.
A companhia de resgate disse que procurava um porto seguro onde pudesse transferir o combustível do Prestige. O capitão grego do Prestige, um navio com bandeira das Bahamas, deveria depor este domingo no tribunal. A polícia o prendeu na última sexta-feira, assim que ele foi retirado do navio, sob suspeita de desobedecer autoridades e ameaçar o meio-ambiente.

O governo espanhol divulgou documentos de autoridades navais da Letônia e da França que supostamente mostravam que o destino do Prestige era Gibraltar -- uma revelação que pode piorar uma disputa política sobre a colônia britânica no extremo sul da costa espanhola.

"A Espanha se reserva o direito de tomar qualquer ação legal aplicável sob a legislação marítima," disse o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar. "Mas no momento nós ansiosamente tentamos reverter uma tragédia para o meio-ambiente do litoral espanhol."

Desastre ecológico
Ecologistas e ambientalistas apreensivos com o naufrágio do petroleiro no litoral da Espanha com mais de 70 mil toneladas de óleo. O Fundo Mundial para a Natureza acha que as conseqüências do desastre poderão ser maiores do que as provocadas pelo Exxon Valdez, no Alasca, há 13 anos.

Desde a última quarta, o navio-tanque Prestige, de bandeira das Bahamas, estava parado a 250 quilômetros da costa da Espanha, com uma rachadura de 10 metros no casco, por onde já haviam vazado cinco mil toneladas de óleo combustível.

Na manhã desta terça, a remoção do petroleiro para mais longe da costa, com o mar agitado, provocou um novo vazamento: mais seis mil toneladas de óleo que deixaram uma mancha preta de 100 quilômetros de extensão no Oceano Atlântico.

No começo da tarde, a rachadura partiu o navio em dois. A parte mais pesada, a popa, submergiu primeiro e levou para o fundo do mar os tanques com 77 mil toneladas de combustível. A profundidade é de 3,5 mil metros.

A velocidade da queda e a pressão do peso das águas podem ter provocado a explosão dos tanques, em uma área de fauna marinha das mais ricas do mundo. O governo espanhol proibiu a pesca na área atingida pelas manchas de óleo, entre as cidades litorâneas de Malpica e Finsterre. Os pescadores serão indenizados pelo governo.

Ambientalistas de várias partes do mundo estão sendo convocados para ajudar a salvar os animais marinhos. O veterinário brasileiro Rodolfo Silva, do Museu Oceanográfico de Rio Grande, viaja nesta quarta-feira para a Espanha. Ele é especialista na limpeza de aves atingidas pela poluição de petróleo.

"Acredito em dificuldades na captura dos animais, principalmente pelo tipo de costa, o frio e, principalmente, o frio, pela hipotermia dos animas e uma dificuldade na reabilitação mesmo. O tempo vai ser meio decisivo", diz o veterinário Rodolfo Silva. A expectativa, agora, dos ambientalistas e dos técnicos espanhóis é saber se houve explosão ou não dos tanques no fundo do mar. O governo de Portugal mandou uma fragata para ajudar os trabalhos na área do naufrágio.A previsão é de que, pelo menos nas próximas 48 horas, as correntes marítimas vão continuar empurrando o óleo para a costa da Espanha.
Autoridades ambientais espanholas calculam que serão necessários quatro anos para concluir os trabalhos de limpeza.
Fonte: Folha de São Paulo/o Estado de São Paulo/Associated Presse/Reuters/Jornal Nacional (Globo)/France Press
Roberto Kishinami/Redação/Adrian Croft

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Uma nova tecnologia contra desastres: nanoímãs contêm derrame de petróleo

Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) está desenvolvendo uma nova arma contra os derramamentos de petróleo no mar, responsáveis por desastres ecológicos como o que aconteceu em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. O método usa um composto magnético que se mistura ao petróleo. E facilita sua retirada do mar.

Além de contribuir para a limpeza de ecossistemas marinhos, o composto promete ser agradável também para o bolso: é que será possível separá-lo posteriormente do petróleo, reaproveitando ambos os materiais e reduzindo os custos da operação.

A técnica, cujo desenvolvimento está sendo coordenado por Paulo César de Morais, do Instituto de Física da UnB, aproveita um dos conceitos mais promissores da ciência dos últimos tempos, a nanotecnologia. O nome de origem grega se refere à minúscula escala que ela abrange, da ordem de um milionésimo de milímetro.

As vantagens de usar esse tipo de processo na interação entre diversos materiais são inúmeras. Morais, contudo, explica que uma delas foi decisiva para escolher a escala nanométrica. “devido ao próprio movimento de suas moléculas, os objetos nessa escala não decantam [não afundam na água]”, diz o pesquisador.

Além disso, a dimensão nanométrica tira proveito de outra regrinha básica da química e da física. Essa regra estabelece que, quanto maior a superfície de contato entre dois corpos, mais facilmente eles interagem.

Uma multidão de partículas minúsculas cria uma superfície de contato gigantesca, o que melhora a interação entre o composto e o petróleo. No caso da pesquisa da UnB, o composto anti-derramamento é formado por microbolas de um polímero (tipo de molécula muito longa, formada por uma série de unidades menores e idênticas, baseadas em carbono) que recebem uma série de “implantes” de nanopartículas magnéticas, feitas com um óxido de ferro. O polímero, semelhante ao PVC, tem a vantagem de ser inerte, ou seja, não reage quimicamente com outras substâncias e, por isso, não é poluente, explica Morais.

O Composto é misturado ao petróleo que fica em suspensão na água. “É um composto hidrofóbico, ou seja, tem uma tendência a se separar da água e se misturar ao óleo”, explica Morais.

Como o material, além disso, não afunda, a mistura fica à disposição dos pesquisadores brasileiros para a Segunda fase do procedimento. Entra em ação um filtro magnético especial, também desenvolvido pelo projeto, que usa os nanoímãs espalhados pelo líquido, que também se tornou magnético, para retirá-lo.

Dessa forma, é possível separar a água, que pode até voltar para o mar, dos nanoímãs e do petróleo, que ficaram juntos. O nanocomposto, que não é dos mais baratos, pode ser reaproveitado para novas limpezas, diz Morais.

O pesquisador conta que o nanocomposto teve seu desenvolvimento praticamente concluído e deverá ser patenteado. O grupo da UnB agora dedicará seus esforços a aperfeiçoar o filtro magnético. De acordo com Morais, o trabalho pode estar concluído em meados do ano que vem.

PETROBRÁS INVESTIRÁ NA TECNOLOGIA DE DUTOS PARA EVITAR ACIDENTES...
Nos últimos anos, a Petrobras, uma das maiores empresas do mundo na área de produção e distribuição de petróleo e seus derivados, teve seu nome abalado por causa de uma série de acidentes ocorridos em sua instalações (sobretudo vazamento de dutos), que causaram incalculáveis danos ao meio ambiente e prejuízos para o país. Pressionada pela opinião pública, que colocava em dúvida sua capacidade de prevenir e evitar acidentes, a empresa teve de melhorar seu Programa Tecnológico de Dutos (Produt), criado em 1998, para desenvolver tecnologia para seu sistema dutoviário.

“O programa contínuo focado nos seus objetivos e temas, desenvolvendo e testando tecnologias voltadas para evitar, monitorar e remediar qualquer tipo de acidentes. A Petrobras criou um grupo de trabalho para análise de todos os seus dutos e um programa com ações emergências, de modo a reabilitá-los para uso, minimizando, assim, possíveis acidentes”, explica o engenheiro mecânico Jorge Luiz Kauer, coordenador do Produt. “Contudo, sabemos que nessa atividade estamos sempre expostos a que acidentes ocorram. Faz parte da natureza do negócio.”

O engenheiro enfatiza que o Produt é muito mais do que um simples programa para evitar e minimizar as conseqüências de acidentes. “O Produt tem a missão de vencer grandes desafios empresariais, aumentando a confiabilidade e a capacidade operacional dos dutos, bem como a vida útil da malha existente.
O programa procura diminuir riscos de vazamentos, custos operacionais e de investimentos, além de reduzir o tempo de reparo e o impacto no meio ambiente. Para isso a Petrobras está fazendo parcerias com universidades brasileiras para desenvolver mais rapidamente novas tecnologias para enfrentar o desafio que o crescimento na malha de dutos nos últimos anos vem exigindo, atualmente, a empresa é responsável pelo gerenciamento de 15 mil quilômetros de dutos, sem contar o Gasoduto Bolívia-Brasil, que sozinho tem uma extensão de 3100 quilômetros de dutos.

“A Petrobras incentiva muito a participação das universidades em seus projetos, não só na área de dutos, mas em todos os segmentos da companhia, desde a prospecção, produção, até o refino, passando pelo transporte.

A empresa possui atualmente projetos com cerca de 50 universidades brasileiras. Quase todos os projetos do Produt têm uma universidade desenvolvendo projetos e os resultados são os melhores. Para se ter uma idéia, o Produt desenvolveu um projeto, através da seleção de um software moderno para sistema de detecção de vazamento, que permitirá sua instalação em 150 dutos, os quais ficarão totalmente monitorados para evitar qualquer tipo de falha.”

Vale lembrar que a manutenção e o aprimoramento das técnicas usadas para combater acidentes que causem danos ao meio ambiente não são mais que obrigação da empresa responsável.

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Fonte: Geografia do Brasil – Dinâmica e Contrastes/Sociedade e Espaço – Geografia Geral *
Pape, Programa Auxiliar de Pesquisa Estudantil (ed. DCL)**
Folha de São Paulo/O Estado de São Paulo/Reuters/Panorama Brasil***
Conhecer Atual (ed. Nova Cultural)
Greenpeace-Brasil
Pick-upau – 2003 – São Paulo – Brasil

 
 
 
 

 

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