1.
Conceito
O Programa compreende a
renovação da frota de veículos leves
(automóveis e comerciais leves) e veículos
pesados (caminhões, ônibus e máquinas
agrícolas). Estes últimos, tendo em conta
serem itens de capital fixo de longa vida útil, e
de características de mercado que exigem esforços
para um programa de renovação, especialmente
voltados ao financiamento, como custo de capital, seguro
de crédito, prazos de pagamento e de carência,
serão peculiar e oportunamente, tratados.
O Programa de renovação
de frota de veículos leves, de caráter permanente,
propõe-se oferecer aos proprietários de veículos
com mais de 10 anos de uso a oportunidade de, entregando-os
para baixa, sucateamento e reciclagem, receber certificado-incentivo
a ser utilizado como princípio de pagamento na aquisição
de um veículo leve.
A entrega do veículo
usado para baixa, sucateamento e reciclagem dar-se-á
na rede concessionária oficial, ou em locais devidamente
credenciados.
Numa primeira etapa, serão
elegíveis para baixa e sucateamento veículos
com quinze anos ou mais de fabricação. Tal
piso seria oportunamente reduzido para a faixa de veículos
com dez anos ou mais de fabricação.
O Programa terá caráter
permanente, introduzindo no País a prática
da reciclagem de bens industriais em condições
técnicas e ambientais rigorosas.
O certificado estímulo
será formado por contribuições da iniciativa
privada, na forma de redução de preço
dos veículos novos, e dos Governos Federal e estaduais,
na forma de redução de tributos sobre produção
e consumo, igualmente transferida aos consumidores.
As empresas fabricantes de veículos estarão
presentes também na coordenação de
implantação das instalações
dos centros de sucateamento e reciclagem.
Incentivos do Programa
Parâmetros em estudo
Contribuintes |
Contribuintes
em valores
|
|
Veículos
novos a gasolina |
Veículos
novos a álcool |
Fabricantes de veículos (redução
de preços) |
R$ 300 |
R$ 300 |
Distribuidores de veículos (redução
de preços) |
R$ 300 |
R$ 300 |
Governo Federal (redução de impostos) |
R$ 700 |
R$ 700 |
Governos Estaduais (redução de impostos) |
*R$ 500 (ICMS) |
R$ 900 (ICMS)
R$ 500 (IPVA) |
Fabricantes de álcool combustível (mil
litros de álcool) |
------ |
**R$ 500 |
Total das contribuições |
R$ 1.800 |
R$ 3.200 |
* valores expressam montantes
discutidos com Governo do Estado de São Paulo.
** montante considera mil litros de álcool, conforme
proposição dos produtores de álcool.
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2.
Benefícios sociais
Os principais benefícios
sociais perseguidos pelo Programa dizem respeito a redução
das emissões veiculares e o aumento da segurança
do trânsito; economicidade de combustíveis.
São examinados a seguir.
Redução das
emissões veiculares
Do total da frota brasileira
de veículos leves, estimada em 19,2 milhões
de unidades, segundo o Registro Nacional de Veículos
Automotores (Renavam),dez/1998, do Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran), sabe-se que 45% têm
dez anos ou mais de idade.
Sabe-se que 45% da frota têm idade superior a 10 anos,
e é responsável por 77% das emissões
de monóxido de carbono na atmosfera, em função
da tecnologia que possuem ser anterior às leis do
ar limpo” (Proconve, 1990 e anos seguintes).
Essa situação
é agravada pela sofrível conservação
em geral desses veículos, conforme indicam levantamentos
realizados em campo pelo Instituto Nacional de Segurança
do Trânsito (INST), a propósito de buscar subsídios
em favor da implantação, no País, de
programa de inspeção veicular periódica.
Os demais 55% de veículos
da frota respondem por pouco mais de 1/5 do total das emissões.
Para uma comparação
de extremos verifica-se que um veículo fabricado
em 1979 emite cerca de 40 vezes mais monóxido de
carbono que um outro que tenha entrado em circulação
em 1999.
Estudos do World Bank, de 1996, indicam que o custo da poluição
é equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB)
dos países, custos estes implicam em prejuízos
à saúde das pessoas e ao meio ambiente global,
com efeitos de longo prazo.
Diante desses indicadores,
é possível esperar do Programa consistente
participação na redução das
emissões veiculares, tendo em conta que se propõe
a estabelecer mecanismos de indução para a
retirada de circulação, de forma acelerada,
de veículos leves que chegaram ao fim de sua vida
economicamente útil, com sua substituição
por veículos novos, ou seminovos.
Do ponto de vista ambiental,
numa primeira etapa do Programa, o esforço estaria
concentrado em dar oportunidade de sucateamento aos veículos
anteriores a 1990, ano a partir do qual passaram a ter superior
significado as tecnologias de proteção veicular
ambiental.
A cada 100 mil veículos
anteriores a 1990 substituídos por veículos
novos, haverá redução média
de 1,1% nas emissões de poluentes veiculares.
Aumento da segurança
do trânsito
Outro aspecto social relevante
do Programa diz respeito à segurança veicular
e de trânsito.
Como foi indicado acima,
cerca da metade da frota de veículos leves do País
é constituída por unidades que saíram
das fábricas há dez anos ou mais. Os veículos
mais velhos, conforme amostras levantadas pelo INST, referidas
anteriormente, apresentam conservação sofrível,
estado esse que se reflete em potencialidades de acidentes
viários.
Especialmente sobre acidentes
de trânsito, informações da Companhia
de Engenharia de Tráfego (CET), da Secretaria dos
Transportes da Prefeitura de São Paulo, indicam o
maior envolvimento dos automóveis com mais de dez
anos de fabricação em acidentes viários
com vítimas fatais, o que induz a existência
de correlação em veículos entre idade
avançada e mau estado de conservação.
Segundo informações
da CET, para 1997, os automóveis mais velhos, produzidos
até 1985,que constituem 18% da frota paulistana de
automóveis, estiveram envolvidos em 41% dos acidentes
viários com vítimas fatais em que estiveram
presentes automóveis.
Os indicadores da CET fazem
supor que os veículos com idade avançada são
três vezes mais propensos a envolvimento em acidentes
graves que os veículos mais novos.
Nesses aspectos, ainda,
há os defeitos observados na frota em campo, em São
Paulo, segundo também levantamentos da CET:
Diante de tais indicadores,
é bastante provável a correlação
entre acidentes viários graves e o estado de manutenção
e conservação dos veículos neles envolvidos.
Outro indicador da CET que
interessa à matéria é o número
de veículos retirados das ruas, em função
de defeitos. Tais incidentes concorrem para a morosidade
do trânsito e potencializam os acidentes viários.
Verifica-se que os veículos recolhidos por ação
das autoridades em função de problemas mecânicos
são a maioria:
O índice de acidentes
de trânsito com vítimas fatais, segundo informações
do Ministério dos Transportes, chega a ser quase
quatro vezes superior aos de países desenvolvidos.
Os custos com acidentes viários no Brasil, de acordo
com levantamentos do Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem (DNER), 1986, foram estimados em US$ 3,7 bilhões,
cerca de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Certamente
são imensuráveis as perdas em lesões
e vidas humanas.
Desse ponto de vista, ao
propor a aceleração da substituição
da frota, em lugar de seu mero sucateamento natural ---
que, no Brasil, dadas suas condições socioeconômicas,
é mais lento que nos países desenvolvidos
---, o Programa colabora para um trânsito mais seguro,
reduzindo unidades velhas e de risco, sucateadas pelas suas
condições de manutenção e pelo
custo que representa sua recuperação ótima,
substituindo-as por veículos contemporâneos,
que nos anos recentes têm velozmente incorporado inovações
tecnológicas de segurança veicular ativa e
passiva.
Merecem registro, a propósito,
as seguintes inovações tecnológicas
veiculares, em prol da segurança, e cujo desenvolvimento,
movido pela competição em termos mundiais,
adquiriu caráter permanente:
· Carroceria com
áreas de deformação progressiva e reforçadas
com barras de proteção lateral e do teto;
· Sistema de segurança contra incêndios;
· Cintos de segurança de três pontos
e dotados de pré-tensionadores;
· Saco inflável (“air bag”);
· Sensores de desaceleração:
· Bancos antideslizantes;
· Freios com sistema ABS (“antilock brake system”);
· Apoios de cabeça;
· Coluna de direção articulada, coluna
de direção retrátil;
· Sistemas informatizados (“computadores de bordo”);
Considere-se, em paralelo
a essa evolução tecnológica em segurança
veicular (e poderiam ser acrescentados os esforços
em redução de emissões veiculares e
economicidade dos combustíveis), a relevante informação
prestada pelo INST segundo a qual programas de inspeção
veicular reduziram em 10% acidentes viários nos países
que foram implantados. Tal conquista relaciona-se com a
exigência da sociedade de que os veículos sejam
mantidos em bom estado de conservação; no
Brasil, segundo ainda o INST, dado o estado sofrível
da frota, essa redução poderá chegar
a 15%.
Tal empenho, cujos evidentes
méritos dispensam seja sublinhado, será certamente
reforçado com a adoção prévia
do Programa de renovação, quando se leva em
conta a correlação favorável entre
a inspeção veicular e o programa de renovação
da frota.
Enquanto a inspeção
exige dos proprietários de veículos perfeita
atenção para com as condições
com que seus veículos deixaram as fábricas,
a renovação é incentivo e motivação
para a aquisição de um veículo novo,
ou seminovo, neste segundo caso necessariamente aprovado
pela inspeção.
Ou seja, a proposta de renovação,
ao colaborar com a redução da idade média
da frota em circulação, induzindo seu rejuvenescimento,
concorre para mitigar o número de acidentes de trânsito
que tenha como causa fundamental, ou concausa, más
condições de manutenção dos
veículos, que se expressam de modo geral em
“falhas mecânicas”.
Nesse aspecto, pode-se dizer portanto que a renovação
será complemento fundamental ao sucesso da inspeção
veicular.
Economicidade de combustíveis
Ainda no amplo aspecto dos
benefícios sócio-econômicos do Programa,
deve-se levar em conta o desenvolvimento tecnológico
dos motores, a exemplo da injeção eletrônica,
módulos de controle etc, que têm dado aos veículos
mais novos melhor desempenho em termos de consumo de combustíveis.
A eficiência média
por Km rodado, por litro de combustível, dos veículos
produzidos em 1999, é 19,8% superior àquela
dos veículos saídos de fábrica em 1985.
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3.
Centro de reciclagem
Os centros de captação
e os centros de reciclagem de veículos são
fundamentais aspectos novos trazidos pelo Programa. Trata-se
de retirar veículos sucateáveis das ruas,
tomar as providências de baixa da documentação,
recolhê-los, desmontá-los e dar destino adequado
aos resultados, fazendo-os retornar ao ciclo econômico
e, no caso dos dejetos, tratá-los de forma ambientalmente
segura.
Portanto, as usinas de reciclagem têm responsabilidade
ímpar nesse processo, podendo-se afirmar que se constituem
no “coração” do Programa.
O Programa importa custos
novos, em nome de seus resultados sociais, e tais custos
devem ser de forma equânime assumidos pela sociedade.
Nesse aspecto, os fabricantes de veículos mobilizarão
esforços, por si ou por terceiros agentes, para o
êxito do processo da reciclagem, sem prejuízo
da participação que terão também
na constituição do valor do certificado a
ser oferecido aos proprietários de veículos
entregues a sucateamento. De modo geral, pode-se dizer que
nos centros de reciclagem, que deverão estar estrategicamente
distribuídos pelo País, os veículos
recolhidos passarão por três etapas fundamentais,
a saber:
Etapa 1
“Despoluição”
Itens
· Bateria
· Óleos: de motor, câmbio, diferencial,
freio e amortecedores
· Graxas
· Filtros: de ar e óleo
· Combustível
· Líquidos: do radiador e do lavador do pára-brisa
· Extintor de incêndio
Etapa 2
Materiais não-metálicos
· Tecidos
· Espumas
· Vidros: laterais, dianteiro, traseiro, outros
· Plásticos
· Borrachas
· Pneumáticos e câmara de ar
Etapa 3
Materiais metálicos
As sucatas resultantes,
classificadas, são devolvidas ao ciclo econômico,
na forma de matérias-primas ou para geração
de energia. Os dejetos têm adequado destino ambiental.
Para ambas as hipóteses, o trabalho dos centros deve
estar atento às normas técnicas e padrões,
com permanente incorporação da evolução
da técnica.
O modelo em estudo considera
que deverão ser instalados no País de três
a seis centros de reciclagem. Seu número deverá
estar limitado em função de ser tirado máximo
proveito da capacidade instalada, o que concorrerá
para gradativa redução de custos, e evitar
a revenda de partes e componentes dos veículos destruídos.
De outro lado, deve-se considerar
que tais centros estarão instalados de forma a atender
os principais focos de demanda e manter contidos e equalizados
os custos de transporte.
No estágio atual,
estão assim preliminarmente estimados os custos operacionais
dos centros de reciclagem:
ITENS |
CUSTOS
(R$) |
Baixa de documentação do veículo
a ser sucateado |
De 80 a 185 |
Transporte do veículo a ser sucateado (do ponto
de coleta ao Centro) |
De 125 a 165 |
Operação do Centro e destino dos resíduos
por unidade sucateada |
De 13 a 80 |
Total por unidades sucateada |
De 218 a 430 |
A propósito, para
ilustração da matéria, eis, a seguir,
fotos de centro piloto de reciclagem de veículos
em instalação no País.
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4.
Demanda Adicional
Informações
preliminares
As vendas de veículos
leves (automóveis e comerciais leves) no Brasil no
período 1990-1999 apresentam a seguinte evolução:
Automóveis
e comerciais leves
(em mil unidades)
Anos |
Nacionais |
Importados
do Mercosul |
Subtotal |
Importados
de outros países |
Total
Geral |
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999* |
661
713
701
1.012
1.146
1.288
1.454
1.574
1.122
1.016 |
--
4
13
25
33
35
102
175
225
105 |
661
717
714
1.037
1.179
1.323
1.556
1.749
1.347
1.121 |
0
16
10
44
151
329
117
125
120
70 |
661
733
725
1.081
1.330
1.653
1.674
1.874
1.467
1.191 |
(*) Preliminares.
De 1990 a 1992, as vendas
permanecem estagnadas, em quadro recessivo.
De 1993 a 1997, há
ciclo de expansão, com crescimento da ordem de 21%
ao ano.
Em 1998 e 1999, há
queda de vendas, cujas razões principais são
dificuldades macroeconômicas provocadas por crises
externas.
Comparando-se o mercado
interno de 1999 com o de 1997, há redução
de consumo de 36,5%. Em 1999 houve regressão aos
níveis de consumo da média 1993-1994.
As vendas internas de 1998
a 1999 teriam sido ainda menores caso não fosse o
estímulo dos quatro Acordo Setoriais Automotivos,
firmados, respectivamente, em agosto de 1998, fevereiro,
maio e agosto de 1999, que reduziram tributos e preços
finais de veículos leves aos consumidores, tendo
a indústria, além disso, se
comprometido com estabilidade de preços e garantia
do nível de emprego. A partir do acordo de maio de
1999, foi clausulada a instituição do Programa
de renovação.
Para 2000, com base nas
projeções das empresas associadas à
ANFAVEA, a estimativa de consumo de veículos leves
no País é a seguinte:
Automóveis
e comerciais leves
(em mil unidades)
Anos |
Nacionais
e Mercosul |
Importados
de outras origens |
Total |
1997
1998
1999*
2000** |
1.749
1.347
1.121
1.127 |
125
120
70
65 |
1.874
1.467
1.191
1.192 |
(*) Preliminares.
(**) Estimativa sem Programa de renovação.
Demanda adicional
As vendas de veículos
leves projetadas para 2000, denominadas “tradicionais”,
poderão ser incrementadas com vendas ao abrigo do
Programa de renovação da frota. Tal afirmação
pode ser estimativamente delineada e quantificada.
Para tanto, toma-se a metodologia
do “efeito desconto”, dado pela diferença positiva
entre o incentivo do Programa e o valor de mercado do veículo
usado entregue para reciclagem. Sobre a participação
desse diferencial no preço do veículo novo,
é aplicada a elasticidade do preço sobre a
demanda, apresentada em Texto para Discussão nº
558, “Elasticidade-Renda e Elasticidade-Preço da
Demanda de Automóveis no Brasil”, de João
Alberto de Negri, Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), Brasília, 1998.
Para a determinação
do “efeito desconto”, leva-se em conta a parcela do incentivo
que diz respeito exclusivamente ao preço do veículo
novo; outros benefícios, tais como reduções
ou isenções de IPVA e concessão de
litros de álcool combustível, que não
compõem o preço de aquisição
do veículo novo, são desconsiderados.
Admite-se, em primeiro lugar,
que a frota de veículos leves com 15 anos ou mais
de fabricação é da ordem de 5,8 milhões
de unidades, segundo o Renavam.
Desse universo, pode-se
dizer que irão candidatar-se ao Programa aqueles
proprietários cujo valor de mercado de seus veículos
usados seja inferior ao do incentivo oferecido para a aquisição
de um veículo novo.
Diante dessa consideração,
a faixa de veículos leves usados abrangida pelo Programa,
para efeito de aquisição de um veículo
novo, pode ser estimada entre 142,0 mil unidades e 242,3
mil unidades, para cada período de um ano.
O limite mínimo de
142,0 mil unidades considera a hipotética preferência
dos consumidores pela aquisição de um veículo
novo de 1000 cilindradas a gasolina, sabido que neste caso
os estímulos seriam menores que para aquisição
de um veículo novo a álcool.
O limite máximo de
242,3 mil unidades supõe que a preferência
dos consumidores do Programa vá toda para um veículo
de 1000 cilindradas a álcool, por hipótese.
Diante dessas hipóteses,
leva-se em conta, para quantificar a venda adicional, um
total de 142,0 mil veículos para os primeiros doze
meses de vigência do Programa, que resulta da posição
mais conservadora e provável na avaliação
desta entidade.
Dessa forma, o quadro da
demanda estimada total para 2000, somando-se vendas tradicionais
com as adicionais do Programa, é:
Automóveis
e comerciais leves
(em mil unidades)
|
“A”
Vendas tradicionais
(nacionais e Mercosul) |
“B”
Vendas adicionais do Programa
(nacionais e Mercosul) |
Total |
“B/A” |
1999* 2000 |
1.121
1.127 |
----
142 |
1.121
1.269 |
----
12,6% |
(*) Preliminares.
As vendas adicionais estão
estimadas para doze meses de vigência do Programa
e consideram também que veículos produzidos
no Mercosul serão dele objeto. De considerar-se ainda
que em 2000 as vendas adicionais devem ser proporcionalizadas,
pelo fato o Programa não estar em vigor desde o dia
1º de janeiro.
Em conclusão, as
vendas adicionais projetam-se como acréscimo às
vendas tradicionais, fazendo com que o período de
2000 em relação a 1999, no que diz respeito
a vendas de veículos nacionais e do Mercosul, interrompa
a estagnação inicialmente estimada e se transforme
num acréscimo de 12,6%. Trata-se de formidável
contribuição à atividade econômica,
como comentado a seguir.
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5.
Benefícios econômicos
Produção,
emprego e nível de atividade econômica beneficiar-se-ão
da entrada no mercado de 142 mil veículos novos a
cada período de doze meses, por força do Programa,
tal como indicado em tópico anterior desta memória.
Particularmente em emprego, o Programa, na pior das hipóteses,
mantém os atuais níveis de setor automotivo
(fabricantes de veículos e fabricantes de autopeças,
que empregam diretamente cerca de 300 mil pessoas), com
tendência a sua elevação.
Merece especial relevo a
atividade econômica que terá lugar no âmbito
da reciclagem de veículos usados, de seu transporte
à entrega das matérias-primas recuperadas
em retorno ao ciclo econômico, a respeito da qual,
embora não haja ainda dados suficientes de quantificação
de pessoal ocupado e renda, pode-se desde logo dizer que
terá certamente efeito exemplar de reaproveitamento
de bens industriais em termos ambientais, técnicos
e econômicos adequados.
Merece análise a
receita automotiva federal, tendo em conta as vendas adicionais
do Programa.
Não adotado o Programa
de renovação, o nível de arrecadação
federal automotiva para 2000 terá como base as estimativas
de vendas tradicionais acima indicadas.
Adotado o Programa de renovação,
dentro das bases ora sugeridas, cada unidade adicional vendida
gerará tributos de cerca de 67% do arrecadado por
uma venda tradicional. Tal geração fiscal,
certamente não ocorreria caso não venha a
ser adotado o Programa.
A estimativa de 67% do valor
de arrecadação adicional toma em consideração
o valor gerado pela venda tradicional em comparação
com a venda adicional do Programa. Assim é que um
veículo de mil cilindradas com preço no varejo
da ordem de R$ 15,2 mil concorre, numa venda tradicional,
com impostos federais de R$ 2,1 mil, entre IPI, PIS e Cofins.
Esse veículo, por
definição, candidato preferencial a um estímulo,
como o do Programa de Renovação, adquirido
no âmbito do Programa, gerará R$ 1,4 mil em
tributos federais, considerando-se os valores do estímulo-certificado
que vêm sendo estudados.
Adota-se no exemplo o conceito
amplo de geração de tributos que, como se
sabe, é mais amplo que o de arrecadação,
dada a diversidade de agentes, períodos, prazos de
apuração e recolhimento e deduções
autorizadas em lei, num e noutro caso.
Característica da
arrecadação advinda do Programa é poder
ser objetiva e imediatamente identificada, sabido que necessariamente
a cada unidade nova vendida deve corresponder uma unidade
baixada e sucateada. Para tal fim, o certificado de baixa
do veículo usado deve constituir-se no documento
hábil para registro e contabilização
do crédito fiscal pelas empresas fabricantes de veículos,
apenas se e quando associado à venda de uma unidade
nova, em substituição à unidade sucateada.
Certamente, poderá
haver uma parcela das vendas provocada pelo Programa que
venha invadir o espaço das vendas tradicionais, o
que poderá ser verificado em acompanhamento periódico.
Com essas considerações,
é possível estabelecer mecanismos de acompanhamento
do Programa, distinguindo demanda tradicional da demanda
adicional. Para tanto, é de sugerir-se a instituição
de comissão mista, formada por representantes de
Governo, iniciativa privada e trabalhadores, que proporão
periodicamente os necessários ajustes e aperfeiçoamentos.
Por último, o Programa
é oportunidade também de incentivar o mercado
de veículos novos a álcool, se forem aprovados
incentivos maiores para esse produto, como vêm sendo
estudado, o que fortalecerá a cadeia sucroalcooleira.
Voltar
6.
Conclusão
Em conclusão, é
de esperar-se do Programa de Renovação amplos
benefícios no campo social quando se observa o potencial
aumento da segurança veicular e a redução
do montante de poluentes veiculares emitidos. Neste último
caso pode-se até considerar como sendo a Segunda
grande iniciativa na direção do “ar limpo”,
datando a primeira o PROCONVE 1990.
Quanto aos aspectos econômicos,
como já observamos, o Programa cria a atividade da
reciclagem de veículos que, como tal, será
promissora quanto a geração de recursos e
empregos para a sociedade, na medida em que ganhe dimensão
e escala.
Ainda há que observar-se
a economia de combustíveis dos novos veículos,
que é da ordem de 20% sobre os veículos saídos
de fábrica até 1985.
Evidentemente que o aspecto
econômico fundamental é a da geração
de vendas adicionais hoje parametrizadas em 142,0 mil unidades
de veículos leves, do que decorre um crescimento
de atividades e geração de riquezas, comparados
a 1999, da ordem de 12,6%.
Voltar
7.
Referências
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da Indústria Automobilística Brasileira. São
Paulo, ANFAVEA , 1999.
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do grau de interesse: frota a ser renovada – regras gerais.
São Paulo, ANFAVEA, 1999. Publicação
interna.
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da demanda de automóveis no Brasil. Brasília,
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Fatos e estatísticas
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Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), s/d.
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de Renovação da Frota. São Paulo, ANFAVEA,
1999, Publicação interna.
Inspeção de
segurança veicular: estimativa dos impactos da implantação
do sistema no Estado de São Paulo, São Paulo,
Instituto Nacional de Segurança Veicular (INST),
1995.
Lopes, Lydia. Programa Nacional
de Renovação e Reciclagem da Frota Veicular:
análise dos benefícios do programa quanto
a aspectos ambientais e de segurança veicular – levantamento
de dados. S.1., Secretaria da Ciência, Tecnologia
e Desenvolvimento Econômico, 1999.
Martinez Filho, Adauto. Inspeção de segurança
veicular no Brasil. São Paulo, Instituto Nacional
de Segurança no Trânsito (INST), 1997.
Mello, Elmar Pereira de & Cunningha, Sandra. Uma estimativa
dos casos de morte, invalidez e dos custos médico-hospitalares
em acidentes nas rodovias federais do Rio de Janeiro. S.1.,
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), s/d.
O Programa de Renovação
de Frota e os acidentes de trânsito. São Paulo,
ANFAVEA, 1999. Publicação interna.
Programa de Renovação
de Frota e Reciclagem Veicular: fluxograma, bônus
e centro de reciclagem. Carta da ANFAVEA, São Paulo,
n.160, setembro de 1999.
Vasconcellos, Eduardo de
Oliveira. Contribuição para o estudo e controle
da emissão de poluentes atmosféricos por automóveis
em São Paulo. São Paulo, Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET), agosto de 1996. Boletim de Circulação
Interna, 198.
Contato: Anfavea / AV. Indianópolis,
496 – Indianópolis – 04062-900 – São Paulo
– SP/ Telefax: (11) 5051-4044 / www.anfavea.com.br - ou
SHIS, QI 15, conjunto 14, casa 5 – Lago Sul – 71635-340
- Brasília – DF ; Tel: (61) 248-0390 / fax: (61)
248-5078 |