Campanha Brasil Livre de Transgênicos
Coordenação:
ACTIONAID BRASIL
aaidbr@ibm.net
GORA - Segurança Alimentar e Cidadania
agora@tba.com.br
AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura
Alternativa, representando o Fórum Sudeste da Rede
PTA
aspta@ax.apc.org
CENTRO ECOLÓGICO DO IPÊ - representando
o Fórum Sul da Rede TA
centro.ecologico@torres.com.br
ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria,
representando o Fórum Nordeste da Rede PTA
esplarcp@br.homeshopping.com.br
FASE - Federação de Órgãos para
Assistência
Social e Educacional
fase@fase.org.br
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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GREENPEACE - Associação Civil Greenpeace
gbrazil@dialb.greenpeace.org
IBASE
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
ibase@ibase.br
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
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Instituto de Estudos Socioeconômicos
inesc@tba.com.br
SINPAF - Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Instituições
de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
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Outras Entidades da Rede PTA
que também apoiam este documento:
AACC - Associação
de Apoio às Comunidades do Campo -RN
APACO
Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste
Catarinense -SC
APTA - Associação de Programas em Tecnologias
Alternativas - ES
ASSESOAR - Associação de Estudos, Orientação
e Assistência Rural - PR
CAA-NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
-MG
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores
e Instituições
Não Governamentais Alternativas - PE
CAPA III - Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor - RS
CAPA IV - Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor - RS
CAT - Centro de Assistência Técnica - MG
CEPAGRI - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores
Rurais -SC
CETAP
Centro de Tecnologias Alternativas Populares - RS
CTA-ZM - Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata
-MG
FUNDEP - DER - Fundação de Desenvolvimento
Educação e Pesquisa
da Região Celeiro - RS
IAF - Instituto Agroflorestal Bernardo Hakvoort - PR
PATAC
Programa de Aplicação de Tecnologias Adaptadas
às Comunidades - PB
PROTER - Programa da Terra: Assessoria, Pesquisa, Educação
Popular
no Meio Rural - SP
REDE - Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas
-MG
RURECO - Fundação para o Desenvolvimento Econômico
Rural da Região
Centro-Oeste do Paraná - PR
SABIÁ - Centro de Desenvolvimento Agroecológico
Sabiá - PE
SASOP
Serviços de Assessoria a Organizações
Populares Rurais - BA
TERRA VIVA - Centro de Desenvolvimento Agroecológico
- BA
TIJUPÁ - Associação Agroecológica
Tijupá - MA
VIANEI - Centro Vianei de Educação Popular
- SC
Mais Informações:
AS-PTA - Assessoria e Servicos
a Projetos em Agricultura Alternativa
Rua da Candelaria, 9 - 6°
andar - 20091-020 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: 55-21-253-8317 - Fax:
55-21-233-8363
Por
que dizer não aos transgênicos na agricultura? |
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Empresas multinacionais
e o governo brasileiro querem impor produtos de risco à
sociedade. Desde a decisão tomada pelo governo do
Rio Grande do Sul de proibir o plantio de cultivos transgênicos
no estado, os meios de comunicação estão
dando destaque às notícias sobre estes produtos.
Uma decisão judicial impede o governo federal de
liberar o uso destes cultivos, o que impede, pelo momento,
que eles se generalizem. Entretanto, o contrabando de sementes
transgênicas da Argentina já pode estar contaminando
o meio ambiente no sul do país enquanto a importação
de produtos contendo transgênicos já pode estar
provocando impactos na saúde dos consumidores.
Sem discutir com a sociedade, o governo brasileiro vem rápida
e discretamente atendendo às demandas das empresas
multinacionais. Já foram autorizados 636 testes de
campo para 176 variedades transgênicas de arroz, milho,
batata, soja, algodão, cana-de-açúcar,
fumo e eucalipto. Quase 90% destas variedades foram patenteadas
por seis empresas multinacionais.
E cinco variedades transgênicas da soja, chamadas
Roundup Ready, obtiveram parecer técnico favorável
da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
para o cultivo comercial - o que não significa autorização
final, pois ainda não foram concedidas autorizações
dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente,
além de estar suspensa, por decisão judicial,
sua eventual aprovação final.
Na Europa os alimentos produzidos a partir de plantas transgênicas
foram apelidados pelo público de Frankenfood, significando
alimentos Frankenstein. Isto diz bastante da percepção
dos consumidores sobre estas plantas.
A pesquisa de opinião, realizada em janeiro de 1997
pela empresa Mori (Market and Opinion Research), mostrou
que os transgênicos são rejeitados por 78%
dos franceses, 65% dos italianos e holandeses, 63% dos dinamarqueses
e 53% dos ingleses. Na Alemanha, outra pesquisa aponta 78%
de rejeição entre os consumidores.
A reação dos meios científicos, ambientalistas,
médicos, agrônomos etc., tanto na Europa quanto
nos Estados Unidos e no Japão, também vai
num crescendo de preocupações na medida em
que as primeiras pesquisas independentes vão mostrando
os riscos desta tecnologia, bem como seus limites enquanto
resultados esperados.
No Brasil, inclusive, os protestos se sucedem, por meio
de organizações de consumidores como o IDEC
(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), de ambientalistas
como o Greenpeace, de alguns cientistas da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência) e de muitos
outros.
A novidade e a complexidade do tema faz com que seja difícil
ao cidadão comum perceber os riscos dos transgênicos
enquanto a propaganda das empresas interessadas tenta fazer
crer que estes produtos são inofensivos e, mais ainda,
que são a grande saída para a agricultura,
para o enfrentamento do problema da fome e para a conservação
do meio ambiente.
É preciso que a sociedade tome consciência
dos perigos que os transgênicos representam e se manifeste
contra sua liberação no Brasil.
O
que é cultivo transgênico? |
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Os transgênicos, também
conhecidos como organismos geneticamente modificados, são
plantas e animais que tiveram sua composição
genética modificada em laboratório por cientistas.
Todos os organismos vivos são constituídos
por conjuntos de genes. As diferentes composições
destes conjuntos determinam as características de
cada organismo. Pela alteração destas composições
os cientistas podem mudar as características de uma
planta ou de um animal. O processo consiste na transferência
de um gene responsável por determinada característica
num organismo para outro organismo ao qual se pretende incorporar
esta característica. Neste tipo de tecnologia é
possível transferir genes de plantas ou bactérias,
ou vírus, para outras plantas e ainda combinar genes
de plantas com plantas, de plantas com animais ou de animais
entre si, superando por completo as barreiras naturais que
separam as espécies.
A engenharia genética parte do suposto de que cada
característica específica de um organismo
está codificada num ou em vários genes específicos,
de modo que a transferência deste gene para outro
organismo significa necessariamente a transferência
desta característica.
Esta forma de determinismo genético é contestada
por um número crescente de biólogos porque
não leva em conta as complexas interações
dos genes com os outros processos e compostos em suas células
e corpos, ou com os ambientes externos que também
intervêm no desenvolvimento das características
de um organismo. Devido à isto, um gene transferido
a outro organismo pode resultar numa manifestação
de características com resultados imprevisíveis
e diferentes das reações esperadas pelos cientistas.
Quem
produz transgênicos e para quê? |
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As empresas multinacionais
que hoje dominam a produção de transgênicos
eram originalmente especializadas em produtos químicos
e farmacêuticos, muitas delas, como a Monsanto, produtoras
de inseticidas, herbicidas e fungicidas.
Seu objetivo na pesquisa de transgênicos é,
muitas vezes, favorecer a venda de seus próprios
agrotóxicos.
A soja Roundup Ready foi desenvolvida para ser resistente
ao herbicida Roundup, sendo que ambos são produzidos
pela Monsanto. Este tipo de empresa se preocupa mais com
os lucros de seus acionistas do que com o interesse público
e, para garantir o emprego de suas poderosas e perigosas
armas tecnológicas, conta com a subserviência
dos poderes públicos.
Quais
os problemas que podem ocorrer com o uso dos transgênicos? |
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1- Os transgênicos representam
um aumento de riscos para a saúde dos consumidores.
Alimentos transgênicos
contendo genes que conferem resistência à antibióticos
podem provocar a transferência desta característica
para bactérias existentes no organismo humano, tornando-as
uma ameaça sem precedentes à saúde
pública.
Cobaias alimentadas com transgênicos têm apresentado
alterações em seu sistema imunológico
e em vários órgãos vitais.
Alergias alimentares podem aparecer como decorrência
da introdução de genes estranhos nos alimentos
que passam a apresentar novas proteínas, enquanto
substâncias tóxicas existentes em quantidades
inofensivas nos alimentos podem ter sua ação
potencializada. Outras substâncias benéficas,
inclusive que protegem contra o câncer, podem ser
diminuídas. Finalmente, há evidências
científicas da ação cancerígena
dos atuais níveis de resíduos de glifosato
permitidos pela legislação americana, enquanto
a multinacional Monsanto está pedindo que se multiplique
por três o nível de resíduos permitido
na soja transgênica resistente a este insumo.
2-
As multinacionais querem negar o direito dos consumidores
à informação.
Os consumidores não
estão cientes dos riscos e não têm como
se prevenir, mesmo se informados, pois é impossível
se distinguir os produtos que contêm transgênicos
dos outros se não houver a rotulagem.
Apesar de o Código de Defesa do Consumidor exigir
a informação plena ao consumidor, até
o momento não foi elaborada a norma definidora da
rotulagem dos transgênicos.
Na hipótese de ser liberado algum produto transgênico
sem a devida informação no rótulo,
o direito dos consumidores de saberem e escolherem o que
vão comer será violado. As empresas lutam
contra esta exigência e pressionam o governo brasileiro
que, por meio de alguns ministérios, tem hesitado
em instituir um regulamento de rotulagem obrigatória
e plena dos transgênicos, o que implicaria também
outro descumprimento da legislação brasileira.
3-
Não há regulamentos técnicos para a
segurança no uso dos produtos transgênicos.
O Governo Federal não
elaborou os regulamentos técnicos sobre a segurança
para o consumidor e sobre a rotulagem dos produtos contendo
transgênicos que permitam disciplinar a atuação
das empresas e dos próprios órgãos
de fiscalização.
A falta de uma regulamentação adequada fará
com que a fiscalização desses produtos seja
falha, com prejuízos imprevisíveis à
saúde do consumidor. A fiscalização
rigorosa será problemática mesmo com uma regulamentação
adequada devido a seus custos e sua a complexidade se o
uso dos transgênicos se generalizar como confiam as
multinacionais.
Entretanto, a reivindicação de rotulagem atualmente
é um freio importante contra a ofensiva das empresas
na tentativa de colocar esses produtos no mercado.
4-
Os transgênicos tendem a provocar a perda da diversidade
genética na agricultura.
As empresas multinacionais
produtoras de transgênicos necessitam de mercados
imensos, em escala global, para recuperar os investimentos
na produção de cada variedade. Isto faz com
que umas poucas variedades transgênicas tendam a substituir
tanto as variedades melhoradas por processos convencionais,
quanto as variedades selecionadas pelos próprios
agricultores, chamadas locais ou tradicionais.
5-
A erosão genética ameaça o futuro da
agricultura.
Ao longo de séculos
os agricultores adaptaram variedades de espécies
cultivadas às mais distintas condições
ambientais e sociais. Registram-se milhares destas variedades
tradicionais de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento
genético científico iniciado neste século
começou a substituição destas variedades
e muitas se perderam, apesar de os cientistas procurarem
guardá-las congeladas em bancos de germoplasma. Inclusive,
para criar os transgênicos, os cientistas precisam
desta ampla base genética que está se perdendo.
Os transgênicos vêm acelerar esta erosão
genética, estreitando as possibilidades de adaptação
futura das plantas cultivadas às variações
climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
6-
Os transgênicos tornam a agricultura mais arriscada.
O cultivo de transgênicos
reforça a tendência à uniformidade genética
na agricultura, com grandes monoculturas utilizando umas
poucas variedades da mesma espécie. Estas variedades
estão sendo selecionadas apenas em função
de umas poucas características, como a resposta à
adubação química no melhoramento convencional
e a resistência a uma ou outra praga ou doença,
ou ainda a herbicidas, no caso dos transgênicos, estreitando
a variabilidade genética destas plantas, tão
vital para sua adaptação e evolução
no futuro. Isto torna estas culturas extremamente suscetíveis
ao ataque de pragas e doenças com grandes riscos
para a produção e levando a demandas cada
vez maiores de controles com agrotóxicos perigosos
para o meio ambiente e à saúde.cultivadas
às mais distintas condições ambientais
e sociais. Registram-se milhares destas variedades tradicionais
de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento genético
científico iniciado neste século começou
a substituição destas variedades e muitas
se perderam, apesar de os cientistas procurarem guardá-las
congeladas em bancos de germoplasma.
Inclusive, para criar os transgênicos, os cientistas
precisam desta ampla base genética que está
se perdendo.
Os transgênicos vêm acelerar esta erosão
genética, estreitando as possibilidades de adaptação
futura das plantas cultivadas às variações
climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
7-
Os transgênicos podem provocar a poluição
genética.
Está demonstrada
por pesquisas de universidades americanas a possibilidade
de transferência espontânea, para plantas silvestres
da mesma família, dos genes introduzidos numa variedade
cultivada. Por exemplo, os genes introduzidos em espécies
cultivadas para torná-las resistentes à herbicidas
podem transferir-se espontaneamente para plantas silvestres
com risco de torná-las superervas daninhas de difícil
controle. Os "transgenes" também se transferem
para variedades tradicionais ou convencionais da mesma espécie
em campos vizinhos.
8-
Os transgênicos podem provocar o surgimento de superpragas.
A natureza tende a reagir
às modificações realizadas nas plantas
por meio da transgênese. Já foi verificado,
por exemplo, que culturas, como milho e algodão,
em que foram introduzidos genes retirados da bactéria
Bacillus thuringiensis (Bt), geraram resistência
crescente em espécies de mariposas cujas lagartas
passaram a atacar tanto estas culturas, quanto várias
outras e, inclusive, algumas plantas silvestres. Este foi
também o caso de uma variedade de batata na qual
foi incorporado um gene que lhe dava resistência ao
fungo que provoca a "mela". O fungo passou por
uma mutação genética que lhe permitiu
atacar as plantações do sul dos Estados Unidos,
há alguns anos, com efeitos devastadores na produção.
9-
Os transgênicos podem matar insetos benéficos
para a agricultura.
Já está comprovado
que os transgênicos podem matar outros insetos além
daqueles previstos nas intenções dos engenheiros
genéticos. Por outro lado, já se comprovou
que a toxina Bt foi incorporada por insetos que as transferiram,
por sua vez, a seus predadores. A eliminação
destes insetos benéficos prejudica seu papel no equilíbrio
natural entre as espécies.
10- Os transgênicos podem afetar
a vida microbiana no solo.
A toxina Bt (por exemplo)
pode ser incorporada ao solo junto com resíduos de
culturas, afetando invertebrados e/ou microorganismos que
têm importante função na reciclagem
de nutrientes para uso das plantas.
Também o uso maciço de herbicidas nos campos
cultivados com variedades em que se introduziu resistência
a estes agrotóxicos, como é o caso da soja
Roundup Ready, da empresa Monsanto, pode afetar a capacidade
de multiplicação no solo das bactérias
que retiram nitrogênio do ar e permitem a fertilização
natural desta
leguminosa.
11-
Os impactos dos transgênicos na natureza são
irreversíveis.
Alguns dos efeitos negativos
e dos riscos citados já ocorrem na agricultura convencional
mas, à diferença desta última, não
é possível restabelecer equilíbrios
ambientais no caso dos transgênicos. Pode-se cessar
o uso de um agrotóxico, por exemplo, e restabelecer
um equilíbrio entre insetos-praga e seus predadores
após um certo tempo. No caso dos transgênicos,
uma vez liberados na natureza não é possível
desfazer os impactos nos ecossistemas ou controlar os processos
de transgênese espontânea que porventura venham
a ocorrer, porque é impossível retirar da
natureza os genes que foram artificialmente introduzidos
numa planta.
12-
Os transgênicos podem provocar queda na produção
e/ou aumento de seus custos.
A mencionada possibilidade
de destruição das bactérias fixadoras
de nitrogênio (BFN) pode representar ou a queda de
produtividade por deficiência de um nutriente essencial
ao crescimento das plantas ou o aumento dos custos de produção
pela necessidade do uso de fertilizantes químicos
nitrogenados para substituir o efeito destes microorganismos.
É preciso lembrar que o uso de BFN representou na
cultura da soja brasileira uma economia de 1,8 bilhão
de dólares por ano em adubos químicos nitrogenados.
Por outro lado, apesar da propaganda da Monsanto dizer o
contrário, o uso de variedades transgênicas
Roundup Ready vem apontando para um aumento do emprego de
herbicidas. A própria empresa está solicitando
aos organismos de controle sanitário vegetal dos
Estados Unidos e da União Européia um aumento
de 200% nos limites de tolerância dos resíduos
de glifosato (o componente químico do herbicida da
Monsanto, usado na variedade transgênica Roundup Ready)
encontrados na soja colhida. Finalmente, o caso citado da
batata no sul dos Estados Unidos implicou uma catastrófica
queda de produção com prejuízos para
os agricultores e aumento de preços para os consumidores.
13-
Ninguém quer assumir a responsabilidade pelos riscos
dos transgênicos.
As multinacionais afirmam
que não há riscos, mas se recusam a assumir
a responsabilidade pelos eventuais efeitos negativos.
Já as companhias americanas de seguros só
aceitam assumir os riscos de curto prazo resultantes da
introdução de plantas geneticamente modificadas
no meio ambiente, mas avisam que não oferecerão
cobertura de responsabilidade por danos ambientais catastróficos
de médio e longo prazo. Estas empresas reconhecem
a necessidade daquilo que as multinacionais dos transgênicos
preferem ignorar: uma ciência de avaliação
de riscos - uma ecologia preventiva.
14-
Umas poucas multinacionais podem monopolizar a produção
de sementes para a agricultura, tornando agricultores brasileiros
e o Brasil dependentes de seus interesses.
Monsanto, Novartis, Pioneer
e Agrevo respondem pela grande maioria das sementes de variedades
transgênicas registradas no Brasil e estão
entre as maiores do mundo. Se estas variedades vierem a
substituir as tradicionais e as convencionalmente melhoradas
estaremos subordinados aos interesses destas empresas. A
Monsanto já detém o controle de 70% da produção
de sementes das variedades comerciais de milho no Brasil
e pode substituí-las por transgênicos a qualquer
momento.
Há ainda o risco dessas empresas adotarem de forma
generalizada uma operação transgênica
chamada Terminator.
As variedades transgênicas com as características
Terminator produzem sementes estéreis, impedindo
que os agricultores produzam sementes próprias a
partir das compradas. Este controle permitirá que
as empresas não apenas ditem os preços que
quiserem, mas ainda controlem a produção nacional
em função de seus interesses econômicos
internacionais, ignorando o interesse público.
15-
As variedades transgênicas não são mais
produtivas do que as convencionais ou muitas das tradicionais.
Pesquisas de universidades
americanas indicam que não há ganhos de produtividade
no uso de soja Roundup Ready em comparação
com as convencionais.
Já as experiências da Rede Sementes, criada
no Brasil pela iniciativa das ONGs da Rede PTA de agricultura
alternativa, para recuperação e melhoramento
de variedades tradicionais dos agricultores familiares,
mostram que estas podem ser competitivas com os índices
de produtividade de milhos híbridos e melhorados
convencionalmente e, portanto, com as dos transgênicos.
16-
Os transgênicos podem aumentar o desemprego e a exclusão
social no Brasil.
Tal como já vem acontecendo
com a substituição das variedades tradicionais
por híbridos e variedades melhoradas que exigem um
maior volume de insumos industriais para alcançarem
sua produtividade potencial, a entrada dos transgênicos
tornará ainda mais vulnerável a já
combalida agricultura familiar brasileira, pois esta não
tem condições para acompanhar o custo deste
tipo de produção. Pelo menos 3,5 milhões
de famílias estão ameaçadas de perder
sua condição de produtores e de se tornarem
desempregados urbanos, ou sem terra, ampliando a pobreza
e a exclusão social no país.
17-
Os transgênicos representam um risco para a segurança
alimentar dos brasileiros.
Tanto os riscos para a saúde,
quanto aqueles que afetam a produção ou o
custo dos alimentos e as ameaças aos agricultores
familiares, sem falar na dependência aos interesses
das empresas produtoras de transgênicos, têm
incidência na segurança alimentar dos brasileiros.
Entre outros fatores, podemos imaginar um cenário
em que o uso dos transgênicos provoque desequilíbrios
ambientais graves com conseqüentes quedas de produção
de alimentos, de dependência de importações,
de aumento de custos ao consumidor etc.
18-
Não existem conhecimentos científicos sobre
os impactos do uso de transgênicos tanto no meio ambiente,
quanto na saúde humana para a realidade brasileira.
Os estudos de impactos potenciais
realizados pelas empresas multinacionais nos ambientes de
seus países de origem estão sendo contestados
por inúmeros cientistas.
A Associação Médica Britânica,
por exemplo, pediu uma moratória por tempo indeterminado
do plantio comercial de plantas alimentícias transgênicas,
enquanto a Comissão Européia anunciou a suspensão
do licenciamento de plantas geneticamente modificadas. No
Brasil não existem sequer critérios de avaliação
nem procedimentos científicos para testá-las
em nossa realidade. Numa flagrante violação
da Constituição, o decreto que criou a Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)
prevê a dispensa da realização do estudo
prévio de impacto ambiental para a liberação
dos transgênicos. A CTNBio vem autorizando testes
de campo aqui no Brasil, com base nos estudos feitos pelas
próprias empresas multinacionais em seus países
de origem.
19-
Existem outras alternativas mais eficientes que os transgênicos
e sem os riscos que estes implicam.
Além de afirmarem
que os transgênicos são inócuos para
a saúde e para o meio ambiente, as multinacionais
propalam que estes produtos são a única saída
para alimentar o mundo no futuro. Esta afirmação
é totalmente desprovida de fundamento.
Pesquisas realizadas por Centros Internacionais de Pesquisa
Agrícola, por universidades do Primeiro Mundo e por
ONGs do Norte como do Sul, reunidas em seminário
na sede da Fundação Rockfeller, na Itália
em abril de 1999, constataram que um outro padrão
tecnológico de desenvolvimento agrícola, conhecido
como agroecologia, tem obtido resultados surpreendentes.
Aumentos de produtividade da ordem de 100 a 300% vêm
sendo registrados em várias culturas, com custos
mais baixos do que os dos sistemas convencionais ou transgênicos
e sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos
ou sementes híbridas ou transgênicas. No Brasil,
pesquisas da Embrapa, de empresas estaduais de pesquisa
e de ONGs apontam para resultados promissores nas condições
adversas em que trabalham os agricultores familiares. A
agroecologia não só oferece produtos mais
saudáveis e nutritivos, mas também não
polui o meio ambiente, preservando os recursos naturais
e sendo claramente mais sustentável do que os sistemas
convencionais ou transgênicos.
Por
um Brasil livre de transgênicos.
Por todas as razões
apresentadas não há outra posição
responsável senão a de dizer não aos
transgênicos e lutar por uma moratória por
tempo indeterminado de seu cultivo e comercialização.
Contra o rolo compressor das empresas e a posição
subserviente do governo brasileiro devemos exigir um amplo
debate na sociedade para que a opinião pública,
devidamente informada, possa se manifestar a respeito.
Use este manifesto para discutir o assunto nas entidades
das quais você participa e divulgue-o o mais amplamente
possível, pois somos todos afetados por esta ameaça.
Escreva a Deputados Federais e Senadores, bem como ao Presidente
da República, apoiando o projeto de lei da Senadora
Marina Silva (PT- Acre), que estabelece uma moratória
imediata do cultivo de organismos geneticamente modificados
no Brasil. Escreva aos Ministros da Ciência e Tecnologia,
Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, bem como ao Presidente
da República, exigindo que as pesquisas sobre transgênicos
sejam realizadas com absoluta segurança e com total
isolamento dos campos experimentais para evitar a poluição
genética.
Escreva ao Ministro da Saúde e exija a elaboração
de normas adequadas sobre segurança para a saúde
e a avaliação rigorosa dos riscos.
Escreva para o Ministro da Justiça exigindo a rotulagem
plena desses produtos como condição prévia
a qualquer liberação.
Exija de todos os fornecedores dos alimentos que você
consome que informem se estes contêm ou não
transgênicos. Os fornecedores podem não saber
nada a respeito, mas passarão a se preocupar com
o que oferecem. Não compre produtos importados dos
Estados Unidos, do Canadá ou da Argentina à
base de soja, milho ou batata, pois é quase certo
que sejam transgênicos.
Endereços:
Ministro da Agricultura - Esplanada dos Ministérios,
bloco D, 8º. andar, Brasília, DF, CEP 70043-900
fax (61) 225-9046 / 226-9365 - e-mail: cenagri@agricultura.gov.br
Ministro da Ciência e Tecnologia - Esplanada dos Ministérios,
bloco E, Brasília, DF, CEP 70067-900
fax (61) 225-7496 - e-mail: webmaster@mct.gov.br
Ministro da Justiça - Esplanada dos Ministérios,
bloco T, Brasília, DF, CEP: 70064-900
fax (61) 224-0954 - e-mail: webmaster@mj.gov.br
Ministro da Saúde - Esplanada dos Ministérios,
bloco G, 5º andar, Brasília, DF, CEP 70058-900
fax (61) 225-9632 / 224-8747 - e-mail: info@saude.gov.br
Ministro do Meio Ambiente - Esplanada dos Ministérios,
bloco B, 5º andar, Brasília, DF, CEP 70068-900
fax (61) 322-7819 / 322-8239 e-mail: webmaster@mma.gov.br
Presidente da República - Praça dos Três
Poderes, Palácio do Planalto, 4º. andar, Brasília,
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fax: (61) 321-5804 - e-mail: pr.@planalto.br |