Ozônio, o grande
vilão da poluição do ar
03/04/2001 – São
Paulo (SP) - São Paulo está ganhando a
"guerra" contra alguns poluentes atmosféricos.
Desde 1980 o dióxido de enxofre apresenta valores
de concentração abaixo dos padrões
estabelecidos em lei. Mais recentemente, a partir de
1998, observou-se uma queda acentuada dos níveis
de monóxido de carbono. O material particulado,
poluente presente nas emissões de fumaça
preta por ônibus e caminhões, encontra-se
com leve tendência de queda. O ozônio, ao
contrário, tem superado os padrões de
qualidade do ar na Região Metropolitana de São,
trazendo uma preocupação adicional para
a Cetesb, órgão de controle ambiental
do Estado.
Essas observações
foram feitas pelo secretário estadual do Meio
Ambiente, Ricardo Tripoli, na abertura do Seminário
Internacional "O Ozônio como Poluente Atmosférico",
realizado dia 29 de março, no auditório
Augusto Ruschi, com patrocínio da Du Pont e Degussa.
Poluente com características bastante diversas
dos demais, o ozônio não é emitido
diretamente pelas fontes, mas se forma na atmosfera,
por reações químicas entre óxidos
de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis,
ativadas pela luz solar. O entendimento de como esse
gás se forma e as ações de controle
que possam evitar o aumento de sua concentração
na região metropolitana, foi tema das palestras
apresentadas durante este seminário, que contou
com a participação de pesquisadores e
cientistas estrangeiros e brasileiros, como Jeremy Hales,
do Programa NASRTO, uma parceria entre entidades governamentais
e da iniciativa privada envolvendo os Estados Unidos,
Canadá e México, com o objetivo de desenvolver
programas conjuntos de controle da poluição
regional e urbana na América do Norte; Emile
De Seaeger, diretor do Laboratório de Referência
Européia de Poluição do Ar; Victor
Hugo Borja Aburto, do Centro Nacional de Saúde
Ambiental do México; e Paulo Saldiva, da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo.
O presidente da Cetesb,
Dráusio Barreto, apresentou alguns números
importantes para justificar a preocupação
do órgão para a questão do chamado
"mau" ozônio, aquele que se forma na
troposfera, próxima ao solo, e que traz sérios
prejuízos à saúde das pessoas.
Durante o ano passado, as concentrações
desse gás chegaram a ultrapassar por 67 dias
os padrões de qualidade do ar na região
metropolitana. Somente em janeiro de 2001, as concentrações
excederam os padrões por 16 dias.
O problema do ozônio
é, de fato, reconhecido no mundo todo como de
difícil solução. "Mas estamos
enfrentando este desafio", declarou Cláudio
Darwin Alonso, gerente do Departamento de Qualidade
Ambiental da Cetesb. Segundo o químico, que atua
há 26 anos na área de Controle da Poluição
do Ar, a Cetesb tem se dedicado ao entendimento do problema
e na proposição de ações
efetivas de controle.
Ações
da Cetesb
A Cetesb criou três
grupos de trabalho para estudo do ozônio. O primeiro
estuda o comportamento dos poluentes precursores do
ozônio, que são basicamente os hidrocarbonetos.
O segundo estuda um sistema de previsão de quando
ele ocorre, para definição de medidas
minimizadoras e corretivas. O terceiro grupo faz a avaliação
dos efeitos dos poluentes na vegetação.
"Há que se reconhecer que também
a universidade tem dedicado esforços no mesmo
sentido, destacando-se as pesquisas desenvolvidas na
área médica, na área de transporte
atmosférico e mesmo na área computacional,
onde grupos da Escola Politécnica e da Cetesb
conjuntamente, desenvolvem projetos de esclarecimento
do problema do ozônio, conhecimento fundamental
para ações de controle conseqüentes",
afirmou Alonso.
O
encontro serviu para a troca de experiências entre
pesquisadores que desenvolvem estudos e programas em
cidades que sofrem com o problema de poluição
do ar, como Los Angeles e Cidade do México, e
para delinear algumas ações de controle
que possam ser aplicadas na Região Metropolitana
de São Paulo.