Copenhague
se prepara para decidir sobre o futuro do planeta
6
de Dezembro de 2009 - Roberto Maltchik - Enviado Especial
- Copenhague (Dinamarca) - A megaestrutura montada no Bella
Center, centro de eventos que recebe a partir desta segunda-feira
(7) cerca de 15 mil pessoas para a 15ª Conferência
das Nações Unidas para Mudanças Climáticas
(COP-15), representa o tamanho do desafio proposto para
193 nações que participam das discussões
em Copenhague, na Dinamarca.
A
missão das delegações e dos cerca de
100 chefes de Estado e de governo, que devem comparecer
só na fase final do debate dentro de duas semanas,
é firmar um acordo para impedir que a temperatura
média do planeta suba mais que 2 graus Celsius (ºC)
até o fim deste século.
Para
isso, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, a sigla em ingês), é
preciso que o esforço conjunto de todos os países
reduza entre 25% e 40% as emissões de gases que provocam
o efeito estufa, até 2020, considerando o nível
de emissões calculado em 1990.
As
propostas apresentadas até agora pelos países
ricos (únicos que chegam à capital da Dinamarca
com a obrigação de apresentar metas para reduzir
os atuais níveis de emissões de gás
carbônico), no entanto, não atendem sequer
a metade do piso do cálculo produzido pelos cientistas.
O
secretário executivo da COP-15, Yvo de Boer, afirmou
neste domingo (6) que todas as propostas apresentadas até
agora podem e precisam ser elevadas durante a discussão.
Ele exortou os países ricos a apresentarem volumes
inéditos de recursos para financiar ações
de mitigação dos efeitos causados pelos gases
de efeito estufa nos países pobres e em desenvolvimento.
“Em
termos de financiamento imediato, acredito que nós
precisamos de U$ 10 bilhões para 2010, U$ 10 bilhões
em 2011 e U$ 10 bilhões em 2012. Isso é para
começar o financiamento. Claramente, nós sabemos
que vamos precisar de outras centenas de bilhões
de dólares até 2020 ou 2030”, avaliou
de Boer.
As
principais ações de mitigação,
que devem ser patrocinadas nacionalmente e internacionalmente,
são esperadas de países como a China, a Índia
e o Brasil, que têm alto nível de emissões
de gás carbônico e, ao mesmo tempo, destacam-se
pelo crescimento econômico e pela elevada capacidade
de desenvolvimento de tecnologia limpa.
No
caso do Brasil, a proposta apresentada em novembro é
de reduzir entre 36,1% e 38,9% o nível de emissões
projetado para 2020. Metade do objetivo, segundo o governo,
pode ser alcançado reduzindo em 80% o desmatamento
na Amazônia nos próximos 11 anos.
Os
projetos para tornar economicamente atrativa a manutenção
da floresta em pé, conhecidos no jargão ambiental
como Redds (Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação), serão um
dos pontos chave da conferência, segundo o coordenador
temporário do Grupo de Ação para Mudanças
Climáticas, Michael Zammit Cutujar.
Os
planos asseguram financiamento internacional para ações
de mitigação nos países pobres e em
desenvolvimento. Até agora, o Brasil já apresentou
38 projetos de Redd, que também devem ser analisados
em Copenhague.
O
negociador do Brasil na COP-15, embaixador Luís Alberto
Figueiredo, lembrou, no entanto, que a conferência
tem outras prioridades, mais importantes que a redução
do desmatamento: o compromisso dos países ricos com
a redução das emissões de gás
carbônico. "É bom ser lembrado, mas aqui
há outras coisas na frente do combate ao desmatamento",
frisou.
O
presidente da conferência, Yvo de Boer, ressaltou
que nunca antes houve um esforço mundial de tal magnitude,
como agora, para tratar da mudança climática
objetivamente. “Em 17 anos de discussões, nunca
houve tanta gente trabalhando junta. Copenhague deve ser
um ponto de virada”, afirmou.
Efetivamente,
pela primeira vez, os interesses econômicos de cada
país foram calculados antes da discussão sobre
metas e financiamento de tecnologia limpa. O impacto financeiro
dos investimentos para combater o aquecimento global é
o principal entrave que afasta países como os Estados
Unidos (maior poluidor histórico do planeta) de um
acordo definitivo na reunião da Dinamarca.
Da
Agência Brasil