Futuro
do Mercado de carbono está em ações
estruturais, afirma consultor
5
de Dezembro de 2009 - Daniel Mello - Repórter da
Agência Brasil - São Paulo - Mudar o sistema
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) deve ser um
dos temas da 15ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP - 15),
que ocorrerá na próxima semana em Copenhague
(Dinamarca). O MDL é uma forma de captar recursos
para projetos que reduzam emissões de gases de efeito
estufa por meio da venda de créditos de carbono.
Segundo
o o consultor de Mudanças Climáticas, Stefan
David, uma das mudanças que devem ser sugeridas é
a regulamentação de projetos de captação
de recursos por meio da venda de créditos de carbono
que englobem ações sistemáticas ou
setores econômicos inteiros. “O que está
se discutindo de forma forte e se quer levantar em Copenhague
é talvez mudar o sistema atual do MDL, projeto a
projeto, o que é muito difícil de fazer, principalmente
na área de energia. Começa a se falar no que
se chama de MDL programático”, disse.
Esse
modelo permitiria, de acordo com o consultor, maior captação
de recursos para a adoção de ações
mais ousadas e abrangentes. “Você poderia apresentar
na ONU [Organização das Nações
Unidas] um programa onde o transporte coletivo urbano nas
grandes cidades seria movido a etanol. E à medida
que cada cidade for conseguindo romper suas dificuldades
locais, usando inclusive a receita do crédito de
carbono como elemento chave da questão financeira,
essa cidade já se incorpora a esse programa guarda-chuva”,
exemplificou David, que trabalha no desenvolvimento de projetos
para o mercado de carbono.
Na
avaliação do especialista, em países
como o Brasil, haveria inclusive pouco espaço para
ações isoladas de MDL devido ao grande número
de operações implementadas. “Se você
olhar os grandes projetos de aterro sanitário no
Brasil, já foram implantados e estão em desenvolvimento.
Aí sobram os projetos menores de aterros sanitários,
com municípios menores, que são muitos mais
difíceis de viabilizar economicamente”.
No
caso da captação de recursos para projetos
de Redução de Emissões por Desmatamento
e Degradação (Redd), o consultor acredita
que é muito difícil para um particular isoladamente
garantir a um investidor internacional que a área
avalizadora dos créditos de carbono não será
invadida, grilada ou desmatada. Por isso, os Redd também
seguem a tendência de ser estruturais em vez de solitários.
“Se você tem a invasão da sua propriedade
de 200 mil hectares no meio da floresta amazônica,
quem você vai chamar para garantir o direito institucional
à terra? Está no meio do mar verde, onde não
tem como colocar seguranças e cercas para proteger
200 mil hectares”.
David
acredita que apenas com a integração de diversos
agentes, e principalmente do Poder Público, é
possível manter um programa desse tipo. “Agora,
com o envolvimento do governo federal, estadual, municipal,
de agentes privados e de diversos setores da sociedade você
consegue, com certeza, desenvolver um projeto que vá
te dar uma garantia de desmatamento evitado”.
Os
programas de Redd recebem dinheiro para reduzir emissões,
evitando a degradação de áreas de mata,
valorizando a floresta em pé. Esse mecanismo deverá
ser uma das apostas do Brasil na COP -15 para conseguir
financiar o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Da
Agência Brasil