Artistas
testemunham degelo no polo Norte
O
artista plástico britânico David Buckland,
60, pretende enfrentar o desafio global das mudanças
climáticas estimulando e criando arte. "Todas
essas informações científicas sobre
as mudanças climáticas não fazem sentido
para muita gente. Elas criam imagens distantes e abstratas
demais para terem um impacto real na nossa vida hoje",
diz Buckland em entrevista à Folha, por telefone,
de Londres.
Segundo
ele só uma abordagem menos científica, mais
subjetiva, pode mobilizar os habitantes do planeta no combate
a essa ameaça. Para isso, desde 2003, Buckland dirige
expedições ao polo Norte em que coloca lado
a lado artistas e cientistas do clima. Mais de 70 artistas
já participaram do projeto, intitulado Cape Farewell.
Durante as expedições, os artistas participam
de experimentos junto aos cientistas e observam o degelo
da calota norte da Terra a olho nu.
Para
ele, “o poder da arte está em mobilizar nossas
emoções”. Meu argumento é que
tomamos as principais decisões das nossas vidas baseados
em emoções. Como esse é o terreno da
arte, defendo que ela é fundamental no debate das
mudanças climáticas também", diz.
Buckland
é co-curador de "Earth", exposição
que ocupa a Royal Academy of Arts, em Londres, até
31 de janeiro de 2010, que reúne trinta artistas
contemporâneos engajados no tema da instabilidade
climática e do papel das pessoas nessas variações.
Muitas obras expostas em "Earth" são resultado
das viagens do Cape Farewell. Mas, segundo Buckland, não
há contrapartida no projeto. "Alguns produzem
obras ao final da viagem, outros não."
Da
Redação (Da Folha de S.Paulo)
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