Fernando
Rei, presidente da Cetesb fala sobre mudanças climáticas
Fernando
Rei, Presidente da Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo – CETESB - “A grande inteligência
da ferramenta do licenciamento na agenda climática
é você trazer para a lógica do licenciamento
o cumprimento de redução das emissões”
Pergunta:
Como o processo de licenciamento contribui na agenda climática
paulista?
Fernando
Rei: O licenciamento ambiental no Estado de São Paulo
já contribui para a agenda climática desde
2002, quando houve uma mudança na legislação
ambiental do estado que regulamentou a renovação
do licenciamento ambiental através da renovação
da licença dos principais empreendimentos industriais
do Estado de São Paulo. A Cetesb passou a exigir
a elaboração do que chamamos de PMA, que é
um Plano de Melhoria Ambiental.
Esse
plano, na verdade, contempla um grande número de
iniciativas técnicas, tecnológicas e metodológicas
que alteram o sistema de produção avaliando
a performance ambiental dessas empresas. E nessa performance
ambiental, nós tivemos a oportunidade de, desde 2002,
seja pela nossa antiga área de questões globais,
como pela atual área de produção e
consumo sustentável, trabalhar com diversos setores
produtivos em programas de eficiência energética,
que por sua vez, acabam reduzindo a emissão de gases
de efeito estufa naqueles setores.
A partir da edição da lei da Política
Estadual, esse trabalho deixa de ser voluntário.
A grande inteligência da ferramenta do licenciamento
na agenda climática é você trazer para
a lógica do licenciamento o cumprimento de redução
das emissões previstas na meta global.
A
partir do momento que o inventário de emissões
ficar pronto, nós teremos, já no próximo
ano, identificados por setor, qual é a contribuição
de cada setor da indústria para as emissões
globais do Estado de São Paulo. A partir desse inventário
setorial, com o suporte tecnológico, nós vamos
identificar em que setores da indústria existe o
que nós chamamos de ‘gordura’, onde existe
oportunidade para a incorporação de novas
tecnologias para redução das emissões
para o atingimento da meta.
Então,
é desta forma, através do inventário,
com o suporte tecnológico e com a renovação
das licenças que nós teremos o setor produtivo
paulista já instalado contribuindo para a consecução
da meta estadual.
Outro problema será com as fontes novas. Com as indústrias
que queiram vir se instalar no Estado de São Paulo.
Então, naturalmente, que para os novos investimentos
isso traz um ônus maior, em termos do perfil tecnológico,
de que oportunidades para a instalação dessas
indústrias o atingimento da meta inibe ou condiciona
no nosso estado.
Pergunta:
A Cetesb, enquanto co-presidente da rede de governos regionais,
como avalia a posição dos outros governos
regionais?
Fernando
Rei: Os governos regionais que fazem parte da Rede de Governos
Regionais para o Desenvolvimento Sustentável são,
na sua grande maioria, pra não dizer na totalidade,
governos pró-ativos. São governos que procuram
um espaço internacional distinto, independente dos
governos centrais, porque têm uma agenda de resultados,
de produtos, mais consolidada e substantiva que os estados
centrais.
O
que São Paulo faz na rede neste momento, até
mesmo pelo exercício de sua co-presidência,
é mostrar que essa postura de compromisso com o enfrentamento
da problemática não é um compromisso
apenas dos estados regionais dos países desenvolvidos,
ou do chamado ‘norte’. Que também é
possível você trabalhar com essa agenda no
hemisfério sul. E essa é a grande contribuição,
que São Paulo hoje se iguala a regiões européias
que vêm trabalhando na metodologia do 2020 há
algum tempo. É possível que na própria
Conferência de Copenhague, o grande salto, ou a grande
motivação que os estados centrais tenham para
a continuação das negociações
esteja lastreada às boas experiências dos governos
regionais.
Se
você tem estruturas de poder dentro do estado central
que são capazes de avançar com políticas
mais concretas e com resultados mensuráveis, isso
é um elemento que pressiona o governo central, as
missões nas negociações para que saiam
do discurso e avancem em compromissos concretos, mensuráveis
e reportáveis.
Da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo