Saiba
mais sobre as conferências da ONU
Conferência
das Partes (COP)
Em
1994 um importante passo rumo às discussões
internacionais sobre clima foi dado pelas Nações
Unidas. Esse foi o ano em que a Convenção-Quadro
das sobre Mudanças Climáticas entrou em vigor
e a partir do ano seguinte, 1995, seus signatários,
denominados de Partes, passaram a se reunir anualmente para
discutir sobre a sua aplicação e funcionamento.
Portanto, esses encontros são chamados de Conferência
das Partes (COP), que é o órgão supremo
da convenção.
Em
2009, a 15ª Conferência das Partes será
em Copenhague, capital da Dinamarca, entre 7 e 18 de dezembro.
Na ocasião, os 192 países signatários
vão negociar um novo acordo global para o clima.
Espera-se que documento possa determinar metas, medidas
e ações ambiciosas com vistas à redução
significativa e necessária das emissões de
carbono na atmosfera, de modo a evitar o aumento significativo
e perigoso da temperatura do planeta. Paralela à
COP 15 será realizada a 5ª Reunião das
Partes do Protocolo de Quioto, que deve definir quais serão
as metas para os países do chamado Anexo I ao longo
segundo período de compromisso do tratado, que vai
de 2013 a 2017. Até 2012, os países desenvolvidos
signatários do Protocolo devem reduzir suas emissões
em 5,2%.
Os
principais eixos de discussão da COP 15 são
os seguintes:
-
Visão compartilhada - Deve-se definir um ponto de
vista comum em torno de uma meta global de redução
de emissões que leve em conta as responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Assim, o primeiro e
importante passo a ser dado na COP 15 é a definição
da temperatura limite e a concentração máxima
de carbono na atmosfera a que estão dispostos a chegar
até o final do século. O 4º Relatório
do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas – aponta um aumento máximo
de 2ºC na temperatura em relação ao período
pré-industrial, até 2100 e a redução
da concentração de carbono para 350 ppm. Isso
significa redução das emissões de gases
de efeito estufa em 80% até 2050, chegando a seu
pico entre 2013 e 2017 e caindo em seguida.
-
Mitigação – As nações
industrializadas devem anunciar novas metas de redução
de emissões, assim como os países em desenvolvimento
devem apresentar compromissos internos não obrigatórios,
mostrando preocupação em desviar sua curva
de crescimento de emissões, apostando em eficiência
energética e matrizes de energia limpa. Fala-se que
as nações ricas devem reduzir suas emissões
em 40% até 2020.
Para
que as ações de mitigação sejam
de fato eficientes, a COP 15 tem o desafio de discutir além
das metas, os mecanismos a serem implementados, tais como:
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, REDD – Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação
Florestal e NAMAS – sigla em inglês para Medidas
Nacionalmente Apropriadas de Mitigação.
-
Adaptação – Discute-se principalmente
a ajuda financeira a ser fornecida pelas nações
ricas aos países em desenvolvimento onde estão
concentradas as populações mais vulneráveis
aos efeitos das mudanças climáticas. Há
intenso debate sobre a criação de um fundo
internacional de adaptação.
-
Transferência de Tecnologia – Para que os países
em desenvolvimento possam ampliar seu comprometimento em
mudar suas trajetórias de crescimento, com vistas
a uma economia de baixo carbono será necessário
investimento em inovações tecnológicas
e transferência de tecnologia. Além disso,
esses países poderão investir em fontes limpas
de energia, aumento da eficiência energética,
substituição de combustíveis fósseis
e redução de desmatamento.
-
Financiamento - Nações ricas devem destinar
recursos financeiros para que os países em desenvolvimento
e menos desenvolvidos realizem suas ações
de mitigação e adaptação e desenvolvam
tecnologias. Atualmente, estima-se que esse montante seja
de 150 bilhões de dólares até 2030,
distribuídos entre as ações nacionais
apropriadas que cada país deve elaborar como parte
da estratégia de mitigação e adaptação.
Protagonismo
brasileiro
Nos
últimos anos o Brasil vem desempenhado um protagonismo
importante em negociações internacionais,
representando inclusive os países pobres e em desenvolvimento.
Na agenda climática não é diferente.
Foi
o primeiro País a assinar a Convenção
do Clima, em junho de 1994. Outro destaque foi a importância
dos negociadores brasileiros para a criação
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que surgiu
a partir de uma proposta brasileira. Além disso,
o Brasil mantém intensa articulação
dentro do bloco das nações em desenvolvimento
durante as conferências sobre clima.
Para
manter uma posição de liderança no
cenário internacional, o governo brasileiro precisa
mostrar seu comprometimento com as políticas internas.
Assim, no campo das ações domésticas,
apesar de todas as dificuldades, o Brasil tem mostrado ao
mundo que é possível conciliar desenvolvimento
com preservação ambiental, especialmente no
que diz respeito ao combate ao desmatamento.
O
conjunto de ações do governo federal, integradas
com estados e municípios, para combater o desmatamento,
mostram que o comprometimento do País com a redução
das emissões de carbono na atmosfera está
gerando resultados positivos.
Segundo
dados recentes do Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia, o desmatamento na Amazônia legal caiu
65% no último ano. De agosto de 2008 a julho de 2009
foram derrubados 1.766 km² de florestas, contra os
5.031 km² degradados nos 12 meses anteriores.
O
Brasil também surpreendeu positivamente a comunidade
internacional, em 2008, ao apresentar seu Plano Nacional
sobre Mudanças do Clima. Para a COP-15 outros dois
anúncios elevarão o prestígio brasileiro:
a provação do Fundo do Clima e da Política
Nacional.
O
Fundo vai movimentar cerca de R$ 400 milhões por
ano para financiar ações de adaptação
e mitigação às mudanças climáticas.
Pela lei aprovada, dos 10% dos recursos provenientes dos
royalties e da participação especial pela
exploração do petróleo e da mineração
no país que o Ministério do Meio Ambiente
recebe, 60% serão destinados ao novo fundo.
Já
a Política Nacional sobre Mudança do Clima
traz uma série de medidas como o estabelecimento
de padrões ambientais e de metas quantificáveis
de redução e remoção de gases
do efeito estufa, que devem ser passíveis de verificação.
A lei também prevê o uso de critérios
diferenciados em licitações públicas
para favorecer produtos e serviços que signifiquem
maior economia de energia, de água e redução
na emissão dos gases e o aumento de investimentos
em energias renováveis.
Para
alcançar uma economia de baixo consumo de carbono,
deverão, de acordo com a legislação,
ser elaborados planos setoriais destinados a repartir a
meta global de redução dos gases do efeito
estufa. Esses planos englobam diversas áreas, como
a de transportes públicos urbanos, das indústrias
de transformação, de bens de consumo duráveis
e de química. Devem ser envolvidas ainda a construção
civil, a indústria de papel e celulose, o setor de
mineração e a agropecuária.
Histórico
das COPS
COP
1 – 1995 (Berlim, Alemanha)
A primeira conferência iniciou o processo de negociação
de metas e prazos específicos para a redução
de emissões de gases de efeito estufa pelos países
desenvolvidos. As nações em desenvolvimento
não foram incluídas na discussão sobre
metas, respeitando ao princípio da Convenção
que fala sobre "Responsabilidades comuns, porém
diferenciadas". Foi então sugerida a criação
de um protocolo a ser apresentado dois anos depois, em 1997,
que viria a ser o Protocolo de Quioto.
Nessa
primeira conferência também houve avanço
nos debates sobre cooperação internacional
entre nações ricas e países em desenvolvimento.
Foram aprovadas as “Atividades Implementadas Conjuntamente”
com o objetivo de ampliar a implantação de
projetos de suporte financeiro e transferência de
tecnologia.
COP
2 – 1996 (Genebra, Suíça)
Foi durante a COP 2 que as Partes decidiram pela criação
de obrigações legais de metas de redução
por meio da Declaração de Genebra. Um importante
passo foi dado referente a apoio financeiro: foi decidido
que os países em desenvolvimento poderiam solicitar
à Conferência das Partes apoio financeiro para
o desenvolvimento de programas de redução
de emissões, com recursos do Fundo Global para o
Meio Ambiente.
COP
3 – 1997 (Quioto, Japão)
A terceira Conferência das Partes foi marcada pela
adoção do Protocolo de Quioto, que estabelece
metas de redução de gases de efeito estufa
para os países desenvolvidos, chamados “Países
do Anexo I”. De modo geral, as metas são de
5,2% das emissões de 1990, porém alguns países
assumiram compromissos maiores: Japão – 6%,
União Européia – 8% e Estados Unidos,
que acabaram não ratificando o acordo, 7%. A entrada
em vigor do acordo estava vinculada à ratificação
por no mínimo 55 países que somassem 55% das
emissões globais de gases do efeito estufa, que aconteceu
apenas em 16 de fevereiro de 2005, quando a Rússia
decidiu se comprometer. Os Estados Unidos se retiraram do
acordo em 2001.
COP
4 – 1998 (Buenos Aires, Argentina)
A COP 4 centrou esforços para a implementar o Protocolo
de Quioto. Foi o chamado Plano de Ação de
Buenos, que levou para o debate internacional um programa
de metas que levaram em consideração a análise
de impactos da mudança do clima e alternativas de
compensação, atividades implementadas conjuntamente
(AIC), mecanismos financiadores e transferência de
tecnologia.
COP
5 – 1999 (Bonn, Alemanha)
O destaque da COP 5 foi a implementação do
Plano de Ações de Buenos Aires, mas também
o início das discussões sobre o Uso da Terra,
Mudança de Uso da Terra e Florestas. A quinta conferência
discutiu ainda a execução das Atividades Implementadas
Conjuntamente em caráter experimental e do auxílio
para capacitação de países em desenvolvimento.
COP
6 – 2000 (Haia, Holanda)
Começam a surgir impasses mais acentuados entre as
Partes e as negociações são suspensas
pela falta de acordo entre, especificamente, a União
Européia e os Estados Unidos, em assuntos relacionados
ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mercado de carbono
e financiamento de países em desenvolvimento, além
de discordância sobre o tema Mudanças no uso
do solo.
COP
6 ½ e COP 7 – 2001 (2ª fase da COP 6 ),
(COP 7- Marrakech, Marrocos)
Uma segunda fase da COP-6 foi então estabelecida
em Bonn, na Alemanha, em julho de 2001, após a saída
dos Estados Unidos do Protocolo de Quioto sob a alegação
de que os custos para a redução de emissões
seriam muito elevados para a economia americana. Os EUA
também contestaram a inexistência de metas
para os países em desenvolvimento. Foi então
aprovado o uso de sumidouros para cumprimento de metas de
emissão, discutidos limites de emissão para
países em desenvolvimento e a assistência financeira
dos países desenvolvidos.
Os
Acordos de Marrakesh definiram os mecanismos de flexibilização,
a decisão de limitar o uso de créditos de
carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo e o estabelecimento de fundos de ajuda a países
em desenvolvimento voltados a iniciativas de adaptação
às mudanças climáticas.
COP
8 – 2002 (Nova Delhi, Índia)
O ano de 2002 também foi marcado pela Cúpula
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10),
encontro que influenciou a discussão durante a COP
8 sobre o estabelecimento de metas para uso de fontes renováveis
na matriz energética dos países. Essa COP
também marca a adesão da iniciativa privada
e de organizações não-governamentais
ao Protocolo de Quioto e apresenta projetos para a criação
de mercados de créditos de carbono.
COP
9 – 2003 (Milão, Itália)
A COP 9 teve como centro dos debates a regulamentação
de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução
de projetos de reflorestamento que se tornam condição
para a obtenção de créditos de carbono.
COP
10 – 2004 (Buenos Aires, Argentina)
As Partes aprovam as regras para a implementação
do Protocolo de Quioto e discutiram a regulamentação
de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento,
o período pós-Quioto e a necessidade de metas
mais rigorosas. Outro destaque foi a divulgação
de inventários de emissão de gases do efeito
estufa por alguns países em desenvolvimento, entre
eles o Brasil.
COP
11 – 2005 (Montreal, Canadá)
Primeira conferência realizada após a entrada
em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão
das emissões oriundas do desmatamento tropical e
mudanças no uso da terra é aceita oficialmente
nas discussões no âmbito da Convenção.
Também foi na COP 11 que aconteceu a primeira Conferência
das Partes do Protocolo de Quioto (COP/MOP1). Na pauta,
a discussão do segundo período do Protocolo,
após 2012, para o qual instituições
européias defendem reduções de emissão
na ordem de 20 a 30% até 2030 e entre 60 e 80% até
2050.
COP
12 – 2006 (Nairóbi, África)
Financiamento de projetos de adaptação para
países em desenvolvimento e a revisão do Protocolo
de Quioto foram os destaques da COP 12. O governo brasileiro
propõe oficialmente a criação de um
mecanismo que promova efetivamente a redução
de emissões de gases de efeito estufa oriundas do
desmatamento em países em desenvolvimento, que mais
tarde se tornaria a proposta de Redução de
Emissões para o Desmatamento e Degradação.
COP
13 – 2007 (Bali, Indonésia)
Nessa reunião, foi criado o Bali Action Plan (Mapa
do Caminho de Bali), no qual os países passam a ter
prazo até dezembro de 2009 para elaborar os passos
posteriores à expiração do primeiro
período do Protocolo de Quioto (2012). A COP 13 estabeleceu
compromissos mensuráveis , verificáveis e
reportáveis para a redução de emissões
causadas por desmatamento das florestas tropicais.
Também
foi aprovada a implementação efetiva do Fundo
de Adaptação, para que países mais
vulneráveis à mudança do clima possam
enfrentar seus impactos. Diretrizes para financiamento e
fornecimento de tecnologias limpas para países em
desenvolvimento também entraram no texto final, mas
não foram apontadas quais serão as fontes
e o volume de recursos suficiente para essas e outras diretrizes
destacadas pelo acordo, como o apoio para o combate ao desmatamento
nos países em desenvolvimento e outras ações
de mitigação.
COP
14 – 2008 (Poznan, Polônia)
O encontro de Pozman ficou como um meio termo político
entre a COP 13 e a expectativa pela COP 15, tendo em vista
o cenário político mundial, com a eleição
do presidente americano Barack Obama. Um avanço em
termos de compromisso partiu das nações em
desenvolvimento, como Brasil, China, Índia, México
e África do Sul que demonstraram abertura para assumir
compromissos não obrigatórios para a redução
das emissões de carbono.
Do Ministério do Meio Ambiente