Xico
Graziano, secretário de meio ambiente de SP fala
sobre a COP15
“Não
devemos temer a agenda ambiental, mas sim enfrentá-la”
- Em entrevista sobre as expectativas para a 15ª Conferência
das Partes da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP15,
o secretário estadual do meio ambiente, Xico Graziano,
falou sobre a importância da Lei da Política
Estadual de Mudanças Climáticas de São
Paulo, sancionada em novembro pelo governador José
Serra, que estabelece uma meta real de redução
de emissões de gases do efeito estufa. Além
disso, destacou as novas oportunidades que irão surgir
com o investimento numa economia mais limpa e verde.
Pergunta:
Qual a expectativa do Governo de São Paulo para a
COP15?
Xico
Graziano: Nós estamos otimistas porque de alguma
forma a agenda avançou muito. Nós ajudamos
esse avanço com a proposta de São Paulo. O
Brasil melhorou a sua posição e outras nações
colocaram na mesa suas propostas de redução
da emissão de gases do efeito estufa. Pode ser que
seja feito lá um grande acordo. Não sei se
chegaremos a tanto, mas pelo menos vai definir a agenda.
Pergunta:
Qual o diferencial da Política Estadual de Mudanças
Climáticas do Estado de São Paulo?
XG:
Nós aqui definimos uma meta em lei. Não é
uma proposta, um programa, muito menos um papel. O governo
brasileiro tem papel, tem proposta, tem programa e nem estabeleceu
uma meta física de redução. De qualquer
forma o governo brasileiro avançou, estava muito
tímido. O governador Serra, com sua decisão
ousada, ajudou a empurrar a agenda nacional. Nós
temos metas, queremos chegar lá na frente com menos
emissões. Não é como o carro andar
a 80km por hora, depois passar a andar a 60km por hora.
Nós queremos andar para trás.
Pergunta:
Algumas pessoas alegam que o estabelecimento de metas pode
reduzir o crescimento econômico. O senhor acredita
nisso?
XG:
Francamente falando, quem pensa que reduzir vai frear a
economia está pensando como nos tempos passados.
Uma nova economia está surgindo. Alguns setores provavelmente
crescerão menos, mas novos setores serão estimulados.
Do ponto de vista da geração de empregos e
de renda acho que não devemos temer a agenda ambiental,
temos que enfrentá-la e ver enormes oportunidades
que vão ser criadas com certeza.
Pergunta:
O que o Estado de São Paulo já tem feito para
combater as mudanças climáticas?
XG:
Nós já anunciamos, pioneiramente no Brasil,
uma lista das 100 maiores empresas que emitem gases do efeito
estufa. A Cetesb já está trabalhando no inventário
das emissões. Calculando, não só fazendo
estimativas. Nós temos aqui em São Paulo um
programa, que vai muito bem, que é do Etanol Verde,
promovendo a produção sustentável da
cana-de-açúcar e do álcool combustível.
Nós recuperamos mata ciliar. São Paulo já
virou a página do desmatamento, enquanto o Brasil
todo fala do desmatamento nós estamos recultivando,
revegetando novas áreas, principalmente as matas
ciliares. É uma agenda que já está
sendo seguida e agora, na próxima década,
será muito trabalho para cortar 20% das emissões
de gases do efeito estufa.
Pergunta:
Como o senhor avalia a posição de grandes
emissores como os Estados Unidos e a China?
XG:
Os Estados Unidos e a China demoraram, mas colocaram na
mesa algumas propostas boas. A China talvez melhor que os
Estados Unidos, são métodos diferentes de
calcular. O Brasil inventou outro caminho. A Índia
também se moveu. Japão já anunciou
(metas). A Europa anteriormente já havia tomado uma
decisão mais firme. Quem está na liderança
desse processo são os países da União
Européia, especialmente a Inglaterra e a Alemanha,
mas também os países Nórdicos como
a Suécia e a Dinamarca. Agora, com a posição
mais firme dos Estados Unidos e da China, mostra que esse
acordo global vai chegar. Dificilmente acontecerá
em Copenhague, mas isso vai estabelecer o caminho para que
no próximo ano de 2010 se faça um acordo global.
É tudo que a civilização humana está
precisando. Xico Graziano, secretário do meio ambiente
do Estado de São Paulo.
Da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo