Brasileiros
pesquisam na Antártida ‘mutações’
causadas pelo aquecimento
14/12/09
- A base científica Estação Antártica
Comandante Ferraz, situada no continente gelado, fica na
Ilha Rei George, no Arquipélago de Shetlands do Sul.
Sua localização favorece os estudos de pesquisadores
que atualmente tentam descobrir como um eventual aumento
da temperatura da água e diminuição
da salinidade poderiam alterar o metabolismo desses peixes.
A
região da Península Antártica, onde
está localizada a base é o ponto mais próximo
do continente americano. Esta região foi a que mais
aqueceu nos últimos 50 anos, 3 graus a mais, contra
0,8 no restante do mundo. Com esse cenário, as pesquisas
desenvolvidas atualmente pelo Brasil têm dois focos
principais: as mudanças climáticas e o impacto
provocado pela própria estação no ambiente
local.
Uma
pesquisa da Universidade Federal do Paraná, em parceria
com a Universidade de Taubaté, analisa peixes da
Baía do Almirantado. Entre as variáveis analisadas
estão alterações que podem surgir nos
animais em decorrência do aumento da temperatura.
Os biólogos Edson Rodrigues e Lucélia Donatti
fazem experimentos com água a 0°C, normal para
a região, e a 4°C, simulando um aquecimento.
“Nós utilizamos informações dessa
região como se ela fosse um laboratório. Em
nosso caso, queremos entender como um eventual aumento da
temperatura da água e diminuição da
salinidade poderiam estar mexendo com o metabolismo desses
peixes”, diz Rodrigues.
Já
o doutorando do departamento de biofísica da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, Eduardo Delfino, quer descobrir
as concentrações de black carbon nos arredores
da estação. O material particulado é
expelido pelos geradores de energia, que anualmente queima
320 mil litros de combustível, e pelo incinerador
de lixo da base. “O black carbon pode ser transportado
por longas distâncias, e estudos recentes mostram
que sua deposição em geleiras pode acelerar
o derretimento do gelo”, analisa Delfino.
Só
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, controla
três laboratórios de medições
meteorológicas e atmosféricas na estação,
todos instalados em contêineres, como o prédio
principal. O laboratório de meteorologia, por exemplo,
envia dados em tempo real para a sede do Inpe, em São
José dos Campos. São números de temperatura,
velocidade do vento, umidade e acumulação
de neve, entre outros, que abastecem uma página da
internet e dão subsídio a outros grupos que
pesquisam o impacto das alterações climáticas
em plantas e animais.
Com
relação aos impactos das atividades da base
no ambiente, há um ponto positivo a ser ressaltado,
todo lixo produzido é rigorosamente separado, embalado
e enviado de navio para o Rio de Janeiro, onde os materiais
recicláveis são encaminhados para o reaproveitamento.
Esta medida faz parte do Tratado Antártico, que rege
as atividades na região, que proíbe a deposição
de resíduos no continente.
Da
Redação
Com G1