Dilma
e Minc anunciam US$ 5 bilhões do Brasil para países
pobres
16/12/2009
- Ronie Lima - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef,
e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disseram nesta
quarta-feira (16/12), em coletiva à imprensa, em
Copenhague (Dinamarca), que o Brasil poderá ceder,
em dez anos, aos países mais pobres o equivalente
a cerca de US$ 5 bilhões, para ações
de adaptação aos efeitos da mudança
do clima, além de ajuda técnica gratuita para
projetos como o de produção de etanol e o
monitoramento de florestas por satélite do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial).
Ao
falarem para jornalistas em sala do Hotel D´Angleterre,
no centro de Copenhague, após reunião com
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os dois ministros
criticaram a proposta de países desenvolvidos, que
andou circulando informalmente por mesas de negociações
da COP15, de que a maior parte (57%) dos recursos para ações
de adaptação às mudanças climáticas
seja oriunda do mercado, sendo apenas 25% do setor público
das nações ricas e o restante de outras fontes,
como doações.
Para
Dilma e Minc, não faz sentido entregar ao mercado,
que procura uma maior rentabilidade de seus empréstimos,
a ajuda a países mais pobres. "Isso não
vai interessar ao mercado", disse Dilma, acrescentando
que a maior parte da ajuda precisa ter "lastro público".
No caso do Brasil, a ajuda a países mais pobres,
da América Latina e da África, será
de empréstimos a fundo perdido ou com juros muito
baixos, além de apoio técnico gratuito.
Os
dois ministros disseram que a posição do governo
brasileiro, que está nas mesas de negociações
da COP15, é a de que recursos para ações
de adaptação, originários de um eventual
Fundo Global Ambiental, devem ser destinados exclusivamente
para os mais pobres. Já os países emergentes
de economias mais fortes, como o Brasil, devem receber recursos
para projetos de mitigação de suas emissões
de gases-estufa.
No
caso dos países mais pobres, o Brasil investirá
recursos como 20% do Fundo Amazônia em nações
da América Latina que possuam regiões da floresta.
Já o Inpe fará o monitoramento gratuito, por
satélite, do estado da Floresta Amazônica e
também da Savana africana. Minc lembrou que esse
monitoramento é fundamental para que esses países
se candidatem a receber recursos do Redd.
Para
atingir as metas de redução de suas emissões
de CO², até 2020, entre 36,1% e 39%, Dilma disse
que o Brasil precisará de cerca de US$ 166 bilhões,
mas nem tudo poderá ser originado de recursos do
orçamento da União. O País, portanto,
terá de captar recursos externos para diversos projetos
de mitigação que visam à redução
de suas emissões de gases-estufa.
Segundo
Dilma, esse valor é "apenas um indicativo"
das necessidades do País. Dos US$ 166 bilhões,
cerca de US$ 110 bilhões a US$ 111 bilhões
seriam destinados para ações de mitigação
no setor energético, US$ 32 bilhões para agricultura
e US$ 21 bilhões para ações de combate
ao desmatamento na Amazônia. A necessidade de recursos
para as ações de combate ao desmatamento no
Cerrado não foi ainda quantificada.
Após
a conversa com o presidente Lula e com o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, Dilma e Minc reconheceram para
os jornalistas que "a questão está complicada",
referindo-se as negociações emperradas da
COP-15. Mas, acrescentou Minc, "vamos fazer das tripas
coração para que essa conferência não
seja um fracasso".
Da MMA