Momento
da Conferência do Clima ainda é de marcar divergências,
diz Dilma
16/12/09
- 15h06 - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,
definiu como “o dia da ‘colchetação’”
o atual período das negociações na
Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas
(COP 15).
“Há
um clima geral de colchetes voadores”, aderiu Carlos
Minc, ministro do Meio Ambiente, em entrevista coletiva
que os dois deram juntos nesta quarta-feira (16) num hotel
no centro de Copenhague.
A
referência deve-se à colocação
de colchetes nos rascunhos do documento em desenvolvimento
na conferência, sobre o acordo climático. O
escopo do acordo e seus subitens, à medida que são
discutidos, deveriam ir perdendo os colchetes nos itens
em que houve consenso das partes. “Nesta madrugada,
nossos negociadores ficaram até as 7h da manhã
(na conferência). Pontos que já estavam acordados
foram colchetados”, disse Minc.
Segundo
Minc, em parte isso é uma forma de alerta dos países
pobres em relação às condições
insatisfatórias propostas pelos desenvolvidos. “Esperamos
que as coisas estejam bem. Sempre perto do final, em qualquer
negociação, há uma intensificação
. Não significa que não vai dar certo”,
avaliou Dilma Roussef.
Renúncia
na reta final
Connie
Hedegaard ministra dinamarquesa do Meio Ambiente, renunciou
à presidência da COP 15, nesta quarta-feira
(16) em favor do primeiro-ministro da Dinamarca Lars Lokke
Rasmussen, alegando que “com a chegada de tantos líderes
de Estado e de governo, é apropriado” que ele
assuma o cargo.
Entretanto,
Connie vinha sendo criticada por nações em
desenvolvimento por supostamente favorecer nações
ricas nas negociações.
A
COP-15 segue num impasse, onde os países ricos querem
que os grandes emergentes também assumam responsabilidades
num novo acordo climático – pelo Protocolo
de Kyoto, eles não têm metas obrigatórias
de redução de emissão de gases do efeito
estufa.
Os países emergentes, por sua vez, querem aportes
substanciais de dinheiro por parte dos ricos a um fundo
climático que deve ser criado, fundamento no fato
de que estes emitiram muito mais carbono historicamente,
onde defendem a manutenção do Protocolo de
Kyoto, único acordo internacional legalmente vinculante
(de cumprimento obrigatório) de redução
de gases do efeito estufa.
Conforme
afirmação feita nesta quarta-feira, pela ministra
Dilma Roussef, o Brasil não aceita ser equiparado
aos países desenvolvidos para colaborar com recursos
para o fundo climático que está em discussão.
Segundo ela, o país já investe por conta própria
na redução das emissões.
G77
De
acordo com informações dos ministros, o G77,
grupo dos países em desenvolvimento, afirmou na conferência
que os países desenvolvidos deveriam aportar entre
0,5% e 1% de seu PIB ao fundo – o que daria cerca
de US$ 300 bilhões ao ano.
O
Banco Mundial calcula que sejam necessários entre
US$ 100 bilhões a US$ 500 bilhões/ano para
ações de diminuição de emissões
e adaptação aos efeitos das mudanças
climáticas.
Na
mesa de negociações há diferentes propostas
sobre o fundo de financiamento de longo prazo para as ações
de redução de emissões (mitigação)
e adaptação ao aquecimento global.
Informam
os ministros brasileiros que uma das propostas dos países
ricos, é que seus governos contribuam com um quarto
dos recursos do fundo climático. Metade viria do
mercado privado, e o restante dos países emergentes
e outras origens.
“Um
bolo todo que era responsabilidade deles, virou um quarto
do bolo.
Conseguiram tirar 3 quartos do bolo de cima de seus poderosos
e poluidores ombros”, comentou Minc sobre a proposta.
Dilma
apontou que as medidas de adaptação têm
como foco principal os países mais pobres e vulneráveis
às mudanças climáticas e, por isso,
não devem atrair o interesse de investidores.
Em
relação ao mercado de créditos de carbono,
que permite que países ricos continuem emitindo carbono
e, em troca, paguem para que reduções de emissões
sejam feitas em países em desenvolvimento, a posição
brasileira é que só possa representar 10%
das metas de redução – ou seja, se um
país se compromete, por exemplo, a reduzir 30% de
suas emissões, só pode “comprar”
a décima parte disto de terceiros, ou seja, 3%.
De
acordo com explicações da ministra da Casa
Civil, o objetivo principal é a redução
das emissões, e não o ganho que os mecanismos
compensatórios podem representar para os países
em desenvolvimento.
Da
Redação
Com G1