Brasil
aposta que Obama trocará metas por dinheiro
17/12/2009
– Os impasses gerados durante a COP 15, bem como a
ausência de perspectivas, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva aposta em um aporte de dinheiro público
dos EUA para um fundo global que financiaria o corte das
emissões de gases-estufa e a adaptação
à mudança climática. Segundo avaliação
da delegação brasileira ao presidente ontem,
as possibilidades de os EUA se comprometerem com o corte
são remotas.
O
ministro do meio ambiente, Carlos Minc também se
mostrou pouco confiante: "É mais possível
arrancar em recursos do que em metas de redução
de gases, e vamos apostar nisso", resumiu. Lula conversou
por telefone com Barack Obama, que deve chegar amanhã
à Dinamarca. Antes, reunira-se com o premiê
britânico, Gordon Brown.
A
ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), chefe da delegação
brasileira se mostrou apreensiva com relação
às negociações e propostas da COP 15:
"A situação está complicada, mas
vamos fazer das tripas coração", Segundo
a ministra, a única coisa que o Brasil considera
inegociável é a diferença de tratamento
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento,
que a seu ver tem de ser mantida. "Não negociamos,
porque seria rendição", avaliou a ministra.
Representantes
do México e Noruega propuseram um fundo global sustentado
por leilões públicos de crédito de
carbono e por contribuições de todos os países,
inclusive em desenvolvimento, ainda que com cota menor.
Segundo foi adiantado pelo jornal A Folha, o Brasil aceitaria
a proposta para destravar o impasse, já que o chamado
"fundo verde" (ou ao menos seu princípio)
é o resultado provável da COP-15, segundo
várias delegações.
O problema é que nenhum dinheiro está na mesa
para as ações até 2020. Por ora só
há o "fast money", que vai até 2012.
Ontem foi a vez de o Japão anunciar um aporte de
US$ 11 bilhões, US$ 500 milhões a mais que
o da União Europeia.
Em
coro com China, Índia e África do Sul, o Brasil
defende o financiamento total do combate à mudança
climática nos países pobres pelos desenvolvidos,
que deveriam, afirma dar de 0,5% a 1% de seu PIB. A delegação
também critica o fato de uma parcela significativa
do fundo vir do incipiente mercado de carbono, o qual avalia
como inútil. "Nosso objetivo é segurar
o aquecimento em 2º C (por século), não
receber dinheiro", disse Dilma.
Da
Redação
Com Folha