Lula
rechaça responsabilidade de países pobres
no clima e cobra ricos
17/12/2009
– Em discurso durante a 15ª Conferência
de Mudanças Climáticas da ONU (COP-15), em
Copenhague, o presidente atrelou o tema à exclusão
social. Com palavras contundentes, o presidente Lula negou
e descartou a responsabilidade de países em desenvolvimento
sobre a mudança climática e voltou a cobrar
os países desenvolvidos. Segundo Lula, as nações
ricas devem assumir metas mais ambiciosas de redução
de emissões de gases do efeito-estufa, "à
altura de suas responsabilidades históricas".
"É inaceitável que os menos responsáveis
pela mudança climática sejam suas primeiras
e principais vítimas", afirmou Lula. "As
fragilidades de uns não podem servir de pretexto
para o recuo e vacilação de outros. Não
é politicamente racional nem moralmente justificável
colocar interesses corporativos e setoriais à frente
do bem comum da humanidade", declarou. "Esta ambição
será vazia, se não houver compromissos claros
de curto e médio prazo. Os países desenvolvidos
devem assumir metas ambiciosas de redução
de emissões, à altura de suas responsabilidades
históricas."
O
presidente brasileiro ressaltou que a meta de corte do Brasil,
entre 36,1% e 38,9% até 2020, terá custo de
US$ 16 bilhões anuais. "Isso não é
para barganhar, é um compromisso que assumimos",
afirmou. "Se quisermos realmente ser ambiciosos, a
meta de redução deve ser de 40%." "A
mudança do clima é um dos problemas mais graves
que enfrenta a humanidade. Controlar o aquecimento global
é fundamental para proteger o meio ambiente, permitir
o crescimento econômico e superar a exclusão
social", disse Lula durante breve discurso na conferência.
"O
combate à mudança do clima não pode
fundamentar-se na manutenção da pobreza. A
mitigação é essencial. Mas a adaptação
é um desafio prioritário para os países
em desenvolvimento, sobretudo para as pequenas ilhas e países
sujeitos à desertificação, especialmente
na África."
Com
um discurso claramente direcionado aos países ricos,
o presidente Lula apontou a necessidade de selar compromissos
em Copenhague. "Precisamos ter referências para
metas de corte. Muitos países em desenvolvimento
estão contribuindo, mesmo na ausência de recursos",
disse o presidente. Lula apelou ao financiamento e apoio
tecnológico de países ricos para nações
pobres. E continuou: "Mecanismos de mercado podem ser
muito úteis, mas nunca terão magnitude ou
previsibilidade que realmente queremos." "O veredicto
da história não poupará os que faltarem
com as suas responsabilidades neste momento", concluiu
o presidente.
Da
Redação
Com Folha