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Países ricos anunciam US$ 3,5 bilhões para salvar florestas

17/12/2009 - Uma proposta que pode significar mais que isso, a pressão ao governo americano, que tem se mostrado reticente quanto a financiar projetos de longo prazo, relacionados a mitigação dos efeitos do aquecimento global. Os governos da Austrália, França, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (16), durante a reunião da COP 15, financiamento de US$ 3,5 bilhões para projetos de proteção de florestas e de redução de emissões provocadas por desmatamento e degradação (Redd).

A liberação de verba para projetos de Redd faria parte do fundo "fast start", que vem sendo discutido na conferência climática e ficaria disponível já no ano que vem. Em um anúncio à parte, o governo japonês prometeu liberar US$ 11 bilhões para o fundo emergencial, mas condicionou a liberação do dinheiro a um acordo em Copenhague. "Uma estrutura justa e eficiente, com a participação de todos os principais países emissores, e um acordo sobre as suas metas (de redução de emissões)", diz nota japonesa.

O plano de um fundo emergencial de cerca de US$ 10 bilhões por ano nos próximos três anos, para investimentos em combate aos efeitos das mudanças climáticas em países vulneráveis, é uma das propostas mais adiantadas para um acordo em Copenhague. "Um acordo para reduzir, parar e finalmente reverter o desmatamento tem que estar no centro do resultado aqui de Copenhague. São necessários cerca de US$ 25 bilhões no período de 2010 a 2015 para cortar os níveis de desmatamento em países em desenvolvimento em 25% até 2015", afirmou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que se reuniu nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Brown, cujo país deve repassar cerca de US$ 480 milhões para o fundo, disse ainda que os países ricos deveriam fornecer "a maior parte" da verba necessária para apoiar os países com florestas tropicais.

O governo colombiano aplaudiu a decisão dos países industrializados, sem a Europa. "Iniciativas como essa nos são bem vindas, porque fornecem finanças imediatas que possibilitarão que países em desenvolvimento e suas comunidades comecem a trabalhar", afirmou o ministro do Meio Ambiente colombiano, Carlos Costa.

Do ponto de vista das negociações, a inclusão de Redd em um acordo de Copenhague voltou a avançar nesta quarta-feira (16), após ter sofrido um retrocesso no dia anterior. Negociadores afirmam que o texto está praticamente pronto, faltando apenas decisões que normalmente teriam de ser tomadas em nível ministerial. As questões relacionadas ao financiamento ainda não possuem consenso na cúpula do clima. Alguns defendem uma grande participação do mercado de carbono no mecanismo - ou seja, investimentos diretos de empresas interessadas em comprar créditos de carbono para descontá-los de suas emissões - enquanto outros, como o Brasil, são a favor de uma participação mais forte do Estado. A solução pode ser um meio termo, em que a participação no mercado de carbono seja limitada a um segundo momento, depois que o sistema já tenha sido implementado.

Também não se chegou a conclusões sobre o sistema de monitoramento dos resultados dos projetos de Redd, se será nacional ou subnacional. O Brasil defende que eles sejam atrelados a objetivos nacionais, mas admite, em casos especiais, a inclusão da escala subnacional. As garantias para que projetos não tenham efeitos adversos sobre a biodiversidade e populações indígenas ou locais é outro ponto que também não possui consenso na cúpula.

Embora os anúncios sobre financiamentos para projetos Redd tenham sido bem recebidos, nesta quarta-feira (16), representantes da UE (União Europeia) e da UA (União Africana) voltaram a fazer um apelo por verbas para um fundo de longo prazo para ajudar os países em desenvolvimento a combater a mudança climática.
Em uma entrevista coletiva, o presidente da UA, Meles Zenawithe, o presidente da UE, Fredrik Reinfeldt, e o comissário europeu, José Manuel Durão Barroso, pediram financiamentos de US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento até 2020.
Segundo o plano apresentado, o financiamento começaria em 2013, chegando a US$ 50 bilhões em 2015, até chegar aos US$ 100 bilhões de 2020.

Para o diretor de política europeia do Greenpeace, Joris den Blanken, a iniciativa afro-europeia aumenta a pressão sobre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Obama precisa reconhecer a necessidade de financiamento de longo prazo em Copenhague. Com a chegada de líderes mundiais, essa proposta da Europa e da África poderia virar o jogo em um momento crucial", disse o ativista.

Da Redação
Com Folha/BBC Brasil

 
 
 
 

 

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