Conheça
reações de ambientalistas e governantes ao
‘acordo’ de Copenhague
19/12/09
- A Conferência da ONU sobre Mudança Climática
chegou ao fim neste sábado (19), sem cumprir seu
principal objetivo de selar um acordo com o compromisso
das nações de cortar as emissões de
gases do efeito-estufa, seguindo as recomendações
científicas do IPCC, o Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática.
O
único documento gerado durante as negociações
foi uma carta de intenções sem valor legal,
que além de não prevê as metas, menciona
alguns valores de financiamento, mas sem explicar como o
dinheiro será captado e administrado. Com relação
à redução de emissões a médio
prazo (2020) está previsto no documento que os países
devem providenciar até 31 de janeiro "informações
nacionais" contando para a ONU como estão combatendo
o aquecimento global - ou não.
Está
previsto também o compromisso das nações
ricas de direcionar US$ 30 bilhões nos próximos
três anos para ajudar nações pobres
a lidar com as alterações climáticas.
Mas deste montante total US$ 4,8 bilhões não
tem possíveis financiadores.
O
desfecho da cúpula provocou diversas reações
entre ambientalistas e governantes:
"Copenhague
foi um fracasso abjeto. A justiça não foi
feita. Ao adiar a ação, os países ricos
condenaram milhões das pessoas mais pobres do mundo
à fome, ao sofrimento e à perda da vida à
medida que a mudança climática se acelera.
A culpa desse resultado desastroso é honestamente
das nações desenvolvidas."
Nnimmo Bassey, Amigos da Terra Internacional
"O
encontro teve um resultado positivo, todos deveriam estar
felizes. Após as negociações, ambos
os lados conseguiram preservar seus interesses essenciais.
Para nós, era nossa soberania e interesse nacional."
Xie Zhenhua, chefe da delegação chinesa
"A
cidade de Copenhague é cenário de um crime
esta noite, com os culpados correndo para o aeroporto. Não
há metas para cortes de carbono e não há
acordo sobre um tratado com valor legal. Parece que há
poucos políticos neste mundo capazes de enxergar
além do horizonte de seus próprios interesses,
muito menos de se importar com as milhões de pessoas
que estão intimidadas pela ameaça da mudança
climática."
John Sauven, Greenpeace britânico
"Nós
teremos que dar continuidade ao trabalho realizado aqui
em Copenhague para garantir que a ação internacional
para reduzir significativamente as emissões seja
sustentada e suficiente ao longo do tempo. Nós já
percorremos um longo caminho, mas ainda temos de ir muito
mais longe."
Barack Obama, presidente americano
"O
Acordo de Copenhague pode não ser tudo o que todos
esperavam, mas é um começo importante. [...]
Vamos tentar chegar a um acordo obrigatório com valor
legal até a COP 16, no México."
Ban Ki-Moon, secretário-geral das Nações
Unidas
"Parece
que estamos recebendo 30 peças de prata para trair
nosso povo e nosso futuro."
Ian Fry, negociador-chefe de Tuvalu
"Conseguimos
um começo. O que devemos fazer agora rapidamente
é garantir que o documento passe a ter valor legal."
Gordon Brown, primeiro-ministro britânico
“(O
texto) pede que a África assine um pacto suicida,
um pacto de incineração de forma a manter
a dominação econômica de alguns poucos
países. É uma solução baseada
em valores, os mesmos valores em nossa opinião que
levaram 6 milhões de pessoas na Europa para fornalhas.”
Lumumba Stanislaus Di’Aping, chefe do G-77 (países
pobres)
"Não
vou esconder minha decepção em relação
à natureza não vinculante deste acordo. Neste
respeito, o documento fica muito abaixo de nossas expectativas."
José Manuel Barroso, presidente da Comissão
Europeia
"Com
qualquer coisa acima de 1,5°C, as Maldivas e várias
outras ilhas desapareceriam. Por essa razão, tentamos
seriamente durante os últimos dois dias colocar 1,5°C
no documento. Sinto muito que isso tenha sido grosseiramente
obstruído pelos grandes emissores."
Mohamed Nasheed, presidente das Ilhas Maldivas
“Temos um grande trabalho pela frente para evitar
a mudança climática através de metas
efetivas de redução de emissões e isso
não foi feito aqui. É muito decepcionante,
eu diria, mas não é um fracasso... se concordarmos
em nos encontrar novamente e lidar com os assuntos pendentes.
Temos um grande trabalho pela frente para evitar a mudança
climática através de metas efetivas de redução
de emissões e isso não foi feito aqui."
Sérgio Serra, embaixador do Brasil para Mudança
Climática
"O
texto que temos não é perfeito... Se não
tivéssemos acordo, isso significaria que dois países
tão importantes como Índia e China estariam
livres de qualquer tipo de contrato... Os Estados Unidos,
que não assinaram Kyoto, estariam livres de qualquer
tipo de contrato. Por isso, um contrato é absolutamente
vital."
Nicolas Sarkozy, presidente da França
"Eu
pergunto se, em plena vista do secretário-geral da
ONU, vocês vão apoiar este golpe de Estado
contra a autoridade das Nações Unidas."
Claudia Salerno Caldera, representante da Venezuela
"Levando-se
em conta de onde começamos e as expectativas para
essa conferência, qualquer resultado que não
seja um acordo de valor legal não alcança
o objetivo. Por outro lado... talvez nossas expectativas
tenham sido muito altas e o fato de que agora há
um acordo... talvez nos dê algo em que possamos nos
apoiar."
John Ashe, chefe das negociações do Protocolo
de Kyoto
Da
Redação
Com G1/BBC