Estudo
prevê impactos na economia provocados pelo aquecimento
global
25/11/2009
- Carlos Américo - O estudo "Economia das Mudanças
do Clima no Brasil", lançado nesta quarta-feira
(25/11), em Brasília e no Rio de Janeiro, prevê
que o Brasil poderá perder R$ 3,6 trilhões
do seu PIB até 2050, em consequência dos impactos
provocados pelo aquecimento global. O relatório analisa
os impactos da mudança climática no desenvolvimento
do país, com perspectivas macroeconômicas,
regionais e setoriais, além de recomendações
para adaptação, mitigação e
ações prioritárias.
Segundo
o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou
do lançamento no Rio de Janeiro, os dados desse estudo
vão ser utilizados, por exemplo, em um programa do
governo federal de prevenção das mudanças
climáticas no Nordeste, a ser lançado em fevereiro
do ano que vem, pelo presidente Lula.
Para
Minc, o estudo mostra que as consequências da mudança
do clima no futuro já é fato. "Elas virão
e não serão pequenas", disse Minc, que
ressaltou que a sociedade precisa pressionar as autoridades
públicas e os diferente setores econômicos
para implementar ações de redução
de CO2 e de mitigação dos efeitos do aquecimento
global.
O
estudo, desenvolvido por cientistas das principais instituições
de pesquisa do país, é inédito e foi
inspirado no Relatório Stern, do Reino Unido, que
fez uma análise econômica do problema das mudanças
climáticas em nível global. O ponto de partida
foram projeções do comportamento do clima
até 2050, como temperatura e fluxo hidrológico.
A partir daí, foram interpretados os impactos econômicos
para cada setor econômico. Foram usadas possíveis
trajetórias do aquecimento global, desenvolvidas
pelo Painel Intergovernamental de Mudança do Clima
(IPCC).
A
Amazônia e o Nordeste serão as regiões
brasileiras que terão o maior impacto do aquecimento
global, prevê o estudo. O aquecimento na Amazônia
pode chegar a 8ºC em 2100. Com esse cenário,
40% da cobertura florestal na região sul-sudeste-leste
da Amazônia poderá ser substituída por
savana.
Já
no Nordeste, as chuvas tenderiam a diminuição
de cerca de 2,5 mm por dia até 2100, causando uma
brusca redução na vazão das principais
bacias hidrográficas. A geração de
energia poderá ter uma redução de cerca
de 30%. Com menos chuva, o Nordeste ainda poderá
ter grandes perdas agrícolas, além de reduzir
em 25% a capacidade de pastoreiro de bovinos de corte.
O
estudo também prevê perdas expressivas para
a agricultura em todos os estados. Todas as culturas, com
exceção da cana-de-açúcar, sofreriam
redução das áreas com baixo risco de
produção, em especial a soja (até 34%),
milho (15%) e café (18% ).
O
estudo também mostra ações de adaptações
às mudanças climáticas. Considerando
o pior cenário elevação do mar, a estimativa
dos valores materiais em risco ao longo da costa brasileira
é de R$ 136 bilhões a R$ 207,5 bilhões.
Para adaptações, o documento sugere o investimento
de R$ 3,72 bilhões até 2050, em pesquisas
e políticas públicas para prevê e conter
o avanço do mar.
O
relatório recomenda, ainda, que as ações
de proteção social sejam reforçadas
para a população mais pobres do Norte e Nordeste.
Dentre as ações prioritárias citadas
no estudo, estão a de garantir que a matriz energética
mantenha-se limpa, estancar o desmatamento na Amazônia,
investimento em pesquisas.
Participaram
do lançamento do estudo "Economia das Mudanças
do Clima no Brasil" os coordenadores técnicos
do relatório Sérgio Margulis (Banco Mundial)
e Carolina Dubeox (Coppe/UFRJ), o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, e o embaixador do Reino Unido, Alan Charlton,
que deu apoio à produção.
Do
Ministério do Meio Ambiente