IPCC
brasileiro vai melhorar combate a aquecimento global
24/11/2009
- Paulenir Constâncio - Durante a solenidade de posse
dos titulares do Painel Brasileiro de Mudanças do
Clima, nesta terça-feira (24/11), no Ministério
da Ciência e Tecnologia, o ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, destacou a importância do trabalho de
sistematização dos conhecimentos, que já
vem sendo feito desde o lançamento do fórum
em setembro deste ano. Segundo ele, os dados vão
permitir ao País adotar políticas públicas
de mitigação e adaptação ao
aquecimento global com segurança muito maior.
Ele
falou da expectativa de que o resultado do trabalho dos
mais de 100 cientistas, de várias instituições
que integram o grupo, seja utilizado para garantir que os
recursos captados para a mitigação e adaptação
às mudanças do clima, como os R$ 800 milhões
previstos para o Fundo Clima, sejam aplicados de forma correta,
onde realmente haja necessidade.
O
ministro citou o caso da Região Nordeste, onde as
estimativas dão conta de que 1/3 da economia será
afetado pelo aquecimento global, para ilustrar a necessidade
de o País trabalhar com dados atualizados, que definam
a vulnerabilidade em cada bioma. Segundo explicou, os estudos
serão a base para os futuros projetos de enfrentamento
das mudanças climáticas.
A
versão brasileira do IPCC, além de pioneira,
vai dar regionalidade aos dados, explicou Suzana Kahn, secretária
de Mudanças Climáticas do MMA, empossada no
cargo de presidente do Comitê Científico do
painel brasileiro. Carlos Nobre, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), que assume a presidência
do fórum, ressaltou a necessidade do acúmulo
de conhecimentos necessários à tomada de decisão
sobre que ações implementar para reduzir as
emissões. Segundo ele, "o Painel será
um guia das políticas públicas".
Já
a secretária Suzana disse que, além da regionalização
dos dados, o painel vai permitir que seja produzida uma
base em literatura científica, da qual o Brasil é
carente. O IPCC trabalha com dados gerais e sua versão
nacional permitirá que se tenha uma visão
dos problemas localizados em áreas específicas.
Parte dos cientistas que atuarão no painel brasileiro,
já atuam no IPCC da ONU, o que fará com que
os relatórios e publicações produzidas
possam servir também como base para o trabalho do
painel das Nações Unidas.
Para
ela, os formuladores de políticas públicas
terão uma perspectiva atualizada de onde haverá
os maiores impactos do aquecimento e saberão direcionar
as ações para onde elas são mais importantes.
Inventário
A
reunião serviu, ainda, para que os ministros do Meio
Ambiente e da Ciência e Tecnologia, Sérgio
Rezende, esclarecessem as dúvidas sobre o inventário
brasileiro de emissões.
Minc
disse que não há divergências entre
a estimativa do MMA e os dados com os quais o MCT trabalha.
Segundo ele, os números têm a mesma origem.
São dados da Empresa Brasileira de Energia, do Inpe
e de várias fontes utilizadas pela equipe que irá
apresentar, em meados de 2010, o novo relatório,
que atualiza o de 1992. Rezende informou que o prazo para
o Brasil apresentar seu levantamento vai até 2011
e que no segundo semestre do ano que vem ele será
submetido a consulta pública pelo MCT.
"Os
dados até agora são preliminares como em qualquer
relatório, como o PIB (Produto Interno Bruto), por
exemplo", explicou Rezende.
Do
Ministério do Meio Ambiente