07/12/2010
- Da BBC Brasil - Brasil - O governo brasileiro
está disposto a usar a boa relação
com os chineses durante a 16ª Conferência
das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas para Mudança
Climática (COP-16), em Cancun, no México,
como forma de avançar nas discussões
sobre formas de medir as emissões de gases
de efeito estufa em cada país. Uma das principais
reclamações da delegação
chinesa no encontro é a possibilidade de
que esse método de medição
esconda uma tentativa de interferir em assuntos
nacionais.
“Esse
debate mais técnico entre dois países
irmãos acostumados a estar do mesmo lado
cria um conforto maior para a China”, disse
a secretária de Mudanças Climáticas
do Ministério do Meio Ambiente, Branca Americano.
“Isso é um exemplo de como a gente
pode trabalhar para reduzir as arestas”, acrescentou.
A
China é o maior emissor de gases de efeito
estufa do mundo. Os Estados Unidos têm cobrado
uma fórmula que permita verificar, de forma
transparente, como e quanto os países que
integram a convenção emitem gases
estufa.
Diferentemente dos países ricos, as nações
em desenvolvimento – como a China e Brasil
– não precisam ter metas obrigatórias
de redução das emissões, mas
precisam se comprometer com um crescimento mais
limpo e com dados que sejam mensuráveis,
reportáveis e verificáveis.
Os
principais países negociadores vêm
discutindo uma fórmula que seja consensual.
Segundo a secretária do Ministério
do Meio Ambiente, existe um trabalho de verificação
sendo feito por agências de certificação,
mas esse modelo “não reflete o espírito
da convenção”.
“Esse não é o espírito,
então cria-se uma desconfiança”,
disse Branca Americano, referindo-se à posição
dos chineses. O Brasil trabalha para desfazer essa
desconfiança, para detalhar isso, usando
procedimentos no âmbito da convenção.”
Apesar
da disposição do Brasil de intermediar
esse debate com a China, o governo não espera
uma definição em Cancun. A expectativa
é que os países concordem, pelo menos,
com um prazo para que o modelo de verificação
seja definido.
A
reunião de Cancun começou na semana
passada, mas espera-se que as conversas definitivas
ocorram a partir de hoje (6).
Apesar
do clima amistoso entre os negociadores, ainda não
há esboço sobre qualquer acordo, o
que coloca uma pressão ainda maior sobre
as conversas desta semana.
A
primeira semana de discussões foi marcada
pelo anúncio de que o Japão não
tem planos de se comprometer com metas para um segundo
período do Protocolo de Quioto, que vence
em 2012, e por uma continuação da
desconfiança entre países ricos e
em desenvolvimento.