11/11/2010
- Marli Moreira - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo - Enquanto as opiniões
no Brasil se dividem em torno do projeto de reforma
do Código Florestal, em tramitação
no Congresso Nacional, apontado como um dos instrumentos
de preservação ambiental, representantes
de vários países estão às
vésperas de mais uma rodada de discussões
sobre medidas conjuntas contra o aquecimento global,
a COP-16, de 29 de novembro e 10 de dezembro em
Cancun, no México.
Para
a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, existe
a possibilidade de uma convergência de ideias
no encontro de Cancun.
Ela acredita que vá se repetir o êxito
obtido da 10ª Conferência das Partes
da Convenção sobre Biodiversidade,
da Organização das Nações
Unidas (ONU), encerrada, no último dia 29,
em Nagoya, no Japão.
“Tenho
uma visão otimista e pragmática em
torno de pontos que devem avançar”,
disse a ministra, logo após participar do
Fórum Biodiversidade pós COP-10, promovido
pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (Cebds) e pela companhia Syngenta.
Isabela Teixeira, porém, reconhece que há
questões complexas a serem tratadas.
Na
avaliação da ministra, um dos desafios
que devem ser enfrentados na gestão da presidenta
eleita Dilma Rousseff é o de criar institutos
para colocar em prática as metas estabelecidas
em Nagoya, onde foi assinado o protocolo de acesso
e divisão de benefícios para a preservação
genética de plantas, microrganismos e animais,
o chamado ABS, na sigla em inglês, e que é
semelhante ao Painel Intergovernamental Sobre Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
De
acordo com Isabela Teixeira, os desafios estarão
centrados em três aspectos: a busca de segurança
alimentar, segurança climática e segurança
energética.
A
ministra criticou o texto do projeto do novo Código
Florestal e falou da mobilização interna
para sugestões de mudanças no texto,
afirmando que esse comportamento evidencia que “o
que está sendo debatido mostra-se insuficiente
para aquilo que a sociedade pretende”. A ministra
pondera que a matéria não deve se
restringir aos assuntos da agricultura, mas se estender
para questões de áreas urbanas como
o uso de encostas.
Perguntada
sobre as ações de recuperação
de áreas degradadas para o avanço
do agronegócio, ela apontou o sucesso obtido
com o programa de produção sustentável
de óleo de palma, na Amazônia, lançado
em abril deste ano pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
“Não
há sentido de remover áreas nativas
para aproveitamento econômico se você
tem a viabilidade de fazer de outra maneira.
O Brasil tem um potencial de explorar áreas
degradadas, com desmatamento zero, agricultura familiar,
gerando renda e desenvolvimento tecnológico
e crédito”. A ministra observou, no
entanto, a necessidade de se reduzir os custos de
produção e criar acessos às
áreas degradadas por meio de investimentos
em infraestrutura.