10/12/2010
- Da BBC Brasil - Brasília – Em meio
à grande incerteza sobre um possível
acordo na conferência das Nações
Unidas sobre mudanças climáticas em
Cancun, no México, que termina hoje (16),
a área mais promissora é a que trata
da preservação de florestas.
As
negociações sobre a criação
de programas para promover a redução
de emissões por desmatamento e degradação
(conhecidos pela sigla Redd) em países em
desenvolvimento estariam adiantadas e dependeriam
apenas de vontade política para serem aprovadas.
No
entanto, dificuldades de acordo em outras áreas,
principalmente no que diz respeito a um segundo
período do Protocolo de Quioto, a partir
de 2012, podem acabar descarrilando o tema Redd.
Japão, Rússia e Canadá preferem
um novo tratado.
Na
quinta-feira (9), o diretor-executivo do Greenpeace,
Kumi Naidoo, fez um apelo para que isso não
aconteça. "Toda esta negociação
é sobre um pacote de resultados. Mas temos
de reconhecer que um quinto do pacote, se fosse
fechado, seria um avanço significativo".
A
declaração do ativista, mais acostumado
a exigir "ambição" dos países
do que frações de avanços,
dá uma pista sobre o risco de não
se alcançar qualquer acordo em Cancun.
Mesmo
a questão do Redd ainda não é
um sucesso garantido. Existem dúvidas sobre
como deve ser a participação de fundos
provenientes do mercado de carbono no financiamento
de ações de proteção
das florestas.
Alguns
países, como a Bolívia, se opõem
totalmente a essa participação; outros
acreditam que só o mercado deveria financiar
projetos Redd. A posição brasileira
é de que inicialmente os projetos não
dependam de mercados de carbono.
Por
outro lado, o Brasil é apontado como vilão
na questão das salvaguardas – para
proteger direitos de povos indígenas, da
natureza entre outros – por se opor a mecanismos
de verificação internacional, preferindo
relatórios nacionais detalhados.
Apesar
das dificuldades, a palavra de ordem na delegação
brasileira continua a ser "otimismo cauteloso".
Brasil e Reino Unido, a pedido da presidência
da reunião, exercida pela ministra mexicana
das Relações Exteriores, Patricia
Espinosa, intercedem no maior impasse do encontro:
a recusa do Japão a se comprometer com um
segundo período de compromisso sob o Protocolo
de Quioto.
O
tratado é o único instrumento internacional
já criado para promover cortes de emissões
dos gases do efeito estufa e se transformou em questão
de honra para muitos países, em sua maioria
do mundo em desenvolvimento.
Britânicos
e brasileiros tentam encontrar "soluções
criativas", segundo um negociador, para fazer
com que o Japão aceite fazer parte de um
acordo. Até ontem (9), no entanto, sem sucesso.
Mesmo
assim, a negociadora-chefe da União Europeia,
Connie Hedegaard, manteve o discurso otimista. "Acho
que se você puser dez ministros em uma sala
fechada e disser: por favor encontrem um acordo,
eles saberão o que fazer. Sim, é difícil,
mas não é tão complicado assim",
disse a comissária europeia.