19/11/2010
- Maiesse Gramacho - Brasília sediou nesta
sexta-feira (19) a XII Reunião de Ministros
de Meio Ambiente do Mercosul. O encontro, realizado
no hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, reuniu
ministros e representantes dos países-membros
do bloco (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai)
e de Estados associados (Chile e Bolívia).
Os
participantes debateram formas de alcançar
uma posição comum para ser levada
à Conferência das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (COP-16), a
ser realizada no final deste mês em Cancun
(México). Também foi discutido o processo
preparatório para a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20), prevista para 2012.
''Esta
reunião tem contornos importantes e estratégicos'',
avaliou a ministra brasileira, Izabella Teixeira,
que abriu os trabalhos às 9h30. Os representantes
dos demais países do bloco também
ressaltaram a importância do encontro.
''Vislumbramos este fórum como uma grande
instância para o debate'', disse Ricardo Ararrázabal,
vice-ministro de Meio Ambiente do Chile.
O
primeiro tema da pauta a ser discutido pelos participantes
foi uma proposta de elaboração de
declaração conjunta para a COP-16.
''Os países do Mercosul podem exercer um
papel de liderança na conferência'',
disse a diretora do escritório do PNUMA para
a América Latina e Caribe, Margarita Astrálaga.
O PNUMA é o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, convidado a participar
da reunião em Brasília.
Izabella
Teixeira destacou a importância do tema 'mudança
climática'. ''A questão climática
é estratégica. Em Cancun, o Brasil
quer continuar a ter o protagonismo que teve em
Copenhague [por ocasião da COP-15]'', frisou.
A ministra convidou os demais países a visitarem
o espaço físico que o País
terá na COP-16, para conhecer as políticas
e demais iniciativas que vêm sendo implementadas
pelo governo brasileiro.
Em
seguida, a secretária de Mudanças
Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA,
Branca Americano, fez um histórico sobre
as negociações que precederam a conferência
de Copenhague, realizada no fim de 2009, partindo
da reunião em Bali sobre clima, em 2007.
Segundo
Branca, 2010 foi um ano dedicado a negociações
em todo o mundo sobre os temas abrangidos pelo Acordo
de Copenhague - resultado da COP-15, que não
tem caráter legalmente vinculante. ''Não
ter resultado em Cancun será um fracasso,
e ninguém tem interesse nisso.
É importante fortalecer as negociações
multilaterais para que possamos avançar no
âmbito da convenção [Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima, UNFCCC] e do Protocolo de Kyoto'', afirmou.
A secretária ainda destacou a importância
da reunião de ministros de Meio Ambiente
nesse sentido. ''Este é um espaço
para a troca franca e transparente de impressões
sobre todos os aspectos das negociações
em curso.''
Na
opinião da ministra Izabella, há um
esforço dos países em desenvolvimento
para que a conferência de Cancun tenha sucesso
e o Mercosul ''pode e deve ganhar uma posição
política mais estratégica no tema''.
Segundo ela, ''seria importante que todos os ministros
de Meio Ambiente dos países-membros do bloco
e dos Estados associados fossem à conferência''.
Os
participantes da reunião em Brasília
concordaram em dar continuidade às discussões
e trabalhar em conjunto para chegar a uma posição
que represente os interesses e desafios da região.
A ideia é que seja feita uma abordagem mais
programática, respeitando as políticas
nacionais de cada país.
Também decidiram instituir uma área
técnica, no âmbito do fórum
de ministros de Meio Ambiente, para elaborar estudos.
O grupo também deliberou em favor de uma
aproximação com o GRULAC [Grupo de
Países da América Latina e Caribe].
Rio+20
- Outro assunto da reunião foi a preparação
para a Rio+20. Izabella Teixeira lembrou que, dada
a magnitude da conferência, bem como as pouco
frequentes reuniões do comitê preparatório,
é possível concluir que o processo
oficialmente estabelecido para a Rio+20 será
exíguo e insuficiente, o que fará
com que sejam necessárias consultas complementares
em âmbito nacional e regional. "Esperamos
que não seja uma conferência para avaliar
as conquistas da Rio-92, e sim para pensarmos no
futuro, nos próximos 20 anos", disse
a ministra.
Um
dos principais temas que serão tratados na
Rio+20 é o conceito de Green Economy (Economia
Verde), que prevê iniciativas capazes de promover
o desenvolvimento econômico sustentável,
reduzindo danos ao meio ambiente. Por isso, o assunto
foi debatido entre os participantes da reunião
desta manhã em Brasília.
Izabella
Teixeira apresentou um documento elaborado por consultor
independente a pedido do governo brasileiro, contendo
informações gerais sobre o tema, a
fim de subsidiar o debate.
De acordo com a ministra, o tema foi incluído
na pauta da reunião devido à necessidade
de que os Estados membros viessem a ter o mesmo
entendimento sobre o assunto e dar início
a uma discussão sobre suas implicações
no processo preparatório da sub-região
para a Rio+20.
O Brasil atualmente exerce a presidência pro
tempore do Mercosul.