29/11/2010
- Luana Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Com expectativas modestas
e tratada como reunião intermediária,
começa hoje (29) em Cancun, no México,
a 16ª Conferência das Partes da Organização
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP-16). A rodada de negociação
para definir um novo acordo global que complemente
o Protocolo de Quioto terá a missão
de evitar o fracasso da reunião anterior,
em Copenhague, mas não deve resultar em grandes
decisões.
Sem
consenso para um novo instrumento jurídico
que fixe metas obrigatórias de redução
de emissões de gases de efeito estufa para
os países ricos e crie compromissos de mitigação
também para os países em desenvolvimento,
o objetivo em Cancun será pelo menos institucionalizar
os acordos informais fechados em Copenhague em 2009.
Entre
os compromissos políticos assumidos no Acordo
de Copenhague – e que ainda não tiveram
resultados práticos – estão
novos percentuais de redução de emissões
e a garantia de recursos para o financiamento de
ações de combate ao aquecimento global,
principalmente nas regiões mais vulneráveis.
Em
2009, os países ricos se comprometeram a
repassar US$ 30 bilhões até 2012 e
a criar um financiamento de longo prazo para chegar
a investimentos de US$ 100 bilhões anuais
em 2020. A expectativa é que em Cancun os
192 países da negociação decidam
como os repasses serão feitos e que organismo
vai operacionalizar os investimentos. Além
da criação de um fundo específico,
parte do dinheiro poderá ser gerenciada por
instituições financeiras globais,
como o Banco Mundial.
O
mecanismo de Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação (Redd)
também poderá ser finalmente regulamentado
em Cancun. A ideia é financiar a conservação,
proteção e recuperação
de florestas que têm papel importante na redução
de emissões de gases estufa porque armazenam
grandes estoques de carbono. O Redd deverá
beneficiar países donos de florestas tropicais,
como o Brasil e a Indonésia.
Um
ano depois de apresentar em Copenhague o compromisso
de reduzir as emissões nacionais de gases
estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020, o Brasil
vai chegar a Cancun com a Política Nacional
sobre Mudanças do Clima aprovada e a regulamentação
do Fundo Clima – que prevê R$ 226 milhões
para ações de mitigação
e adaptação.
O
governo brasileiro também deve apresentar
em Cancun os novos números do desmatamento
anual da Amazônia, que deverão confirmar
a tendência de queda e chegar ao menor valor
dos últimos 22 anos.