11/12/2010
- Da BBC Brasil - Brasília - Sob aplausos,
a 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro
das Nações Unidas para Mudança
Climática (COP-16) terminou pouco depois
das 4h da manhã de hoje (11) em Cancun, no
México, com uma série de acordos que
retomam a direção do processo internacional.
Pela
primeira vez, a manutenção da elevação
da temperatura global em 2 graus Celsius (ºC),
com previsões de revisão desse objetivo
entre 2013 e 2015 para 1,5ºC – como recomendam
cientistas – entrou em um documento internacional.
O
texto também estabelece a operação
de um Fundo Verde, que até 2020 deverá
liberar US$ 100 bilhões por ano, administrado
pelas Organização das Nações
Unidas (ONU), com a participação do
Banco Mundial como tesoureiro.
O
conselho administrativo deverá ser composto
por 40 representantes: 25 de países em desenvolvimento
e apenas 15 dos países ricos. Os acordos
não especificam, entretanto, a origem das
verbas que deverão formar o fundo.
Representantes
de 194 países aprovaram - apesar da oposição
isolada da Bolívia - acordos que incluem
os pontos mais importantes do Acordo de Copenhague,
a carta de intenções que foi produzida
na reunião de 2009, e introduzem avanços
importantes.
Com
o Acordo de Cancun, crescem as expectativas de que
a próxima reunião do clima, em Durban,
na África do Sul, em 2011, possa produzir
um tratado legalmente vinculante, capaz de obrigar
a comunidade internacional a cortar emissões
de gases de efeito estufa e combater os efeitos
das mudanças climáticas.
Foi
aprovado também, embora ainda sejam necessários
ajustes para garantir o início de funcionamento,
o mecanismo de conservação das florestas
conhecido como Redd (sigla para Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação).
O
financiamento das ações de Redd -
especificamente se os fundos poderão ser
provenientes de mercados de carbono - ficou adiado
para as discussões do ano que vem.
O
acordo, no entanto, recebeu críticas de organizações
não governamentais sobre as chamadas salvaguardas
dos projetos de Redd, para garantir, entre outros
pontos, a defesa de direitos indígenas e
da biodiversidade, que acabaram incluídas
em um anexo ao documento.
Apesar
dos avanços, o acordo ficou aquém
do que se esperava antes de Copenhague, quando existia
a expectativa de um acordo legalmente vinculante,
com metas ambiciosas de redução de
emissão de gases para países ricos
e pacotes de financiamento para países em
desenvolvimento.