23/11/2010
- Luana Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A 16° Conferência
das Partes da Organização das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16),
que começa na próxima segunda-feira
(29), em Cancun, no México, poderá
definir como pôr em prática as decisões
políticas do chamado Acordo de Copenhague
- texto informal aprovado na COP-15, em dezembro
de 2009.
De
acordo com o diretor do Departamento de Meio Ambiente
do Ministério das Relações
Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, não
se pode esperar que grandes acordos ou decisões
saiam da COP-16, que terá caráter
menos “legislativo” que a reunião
de Copenhague.
“Cancun terá a missão de captar
consensos políticos e transformá-los
em ações operativas. Será uma
COP de implementação. Os termos políticos
foram estabelecidos em Copenhague, agora temos que
definir como será a arquitetura básica
de alguns mecanismos, os detalhamentos ficarão
para depois”, avaliou hoje (23).
Entre
as medidas apontadas no Acordo de Copenhague e que
ficaram praticamente paradas em 2010, está
a formalização dos percentuais de
redução de emissões de gases
de efeito estufa que cada país está
disposto a estabelecer. Relatório divulgado
hoje pelo Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês)
mostra que mesmo que as metas voluntárias
do Acordo de Copenhague sejam cumpridas, o esforço
só será suficiente para cortar 60%
das emissões necessárias para evitar
aquecimento do planeta em mais de 2 graus Celsius
(ºC).
Em
Cancun, também podem ser institucionalizados
os compromissos de financiamento para ações
de combate às mudanças climáticas
nos países em desenvolvimento. Em 2009, os
países ricos se comprometeram a repassar
US$ 30 bilhões até 2012 e criar um
financiamento de longo prazo para chegar a investimentos
de US$ 100 bilhões anuais em 2020.
A
regulamentação do mecanismo de Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação
(Redd) deve avançar e pode ser o único
ponto da negociação climática
que será fechado em Cancun. A definição
de novas metas obrigatórias de redução
de emissões para os países desenvolvidos,
no Protocolo de Quioto, deve ficar para as próximas
rodadas. No entanto, segundo o embaixador Figueiredo,
a manutenção do protocolo –
com a sinalização de novas metas na
COP-16 – será fundamental para a continuidade
das negociações.
“Não
há possibilidade de se vislumbrar a continuidade
da luta contra as mudanças climáticas
sem Quioto. Há dificuldade de adoção
imediata de novas metas, mas é necessário
que em Cancun os países deem uma sinalização
política clara de novos números para
o protocolo. A perda de Quioto significaria ter
que recomeçar a negociação
de regras internacionais, o que seria uma perda
de tempo diante da urgência das mudanças
climáticas”.
Negociador
chefe da delegação brasileira, Figueiredo
disse que a aprovação do Plano e da
Política Nacional de Mudanças do Clima
dá ao Brasil autoridade para exigir que outros
países tomem medidas “sólidas
e eficazes” para enfrentar as mudanças
climáticas.
“Vamos a Cancun com o mesmo espírito
que fomos a Copenhague, de que somos partes da solução
e não do problema. Vamos respaldados por
ações que já começamos
a implementar”.