14/06/2012
- 6h28 - Meio Ambiente - Carolina Gonçalves
e Renata Giraldi - Enviadas especiais da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Pará quer conquistar
posição de destaque durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20. O governador do estado,
Simão Jatene, pretende anunciar hoje (14)
medidas para reduzir o desmatamento ilegal na região
e mudar o modelo de economia rural, apontado como
extensivo e predatório.
Assessores
informaram que Jatene deve apresentar o Programa
Municípios Verdes, que até maio deste
ano já estava implantado em 91 dos 143 municípios
paraenses. A proposta é promover o desenvolvimento
econômico e social sem a degradação
do meio ambiente, incentivando parcerias entre o
Poder Público e a iniciativa privada em torno
de ações sustentáveis.
Até
agosto do ano passado, o Pará foi responsável
por quase um terço do desmatamento da Amazônia.
Dos 164 quilômetros quadrados de floresta
derrubados no período, 52,8 quilômetros
estavam na região. O levantamento foi feito
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De
acordo com informações do estado do
Pará, o projeto que será apresentado
hoje conseguiu o apoio da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carne (Abiec), que o considera uma possibilidade
de solução para grande parte dos desafios
socioambientais do país.
O
projeto foi criado a partir de uma recomendação
do Ministério Público Federal (MPF)
no Pará, em 2009. Desde o começo deste
ano, de acordo com o governo estadual, o número
de produtores registrados no Cadastro Ambiental
Rural (CAR) passou de 800 para mais de 40 mil. Em
2011, o governo local autorizou um pacote de benefícios
aos participantes do CAR, como prioridade na execução
da regularização fundiária.
O
local escolhido por Jatene para anunciar o conjunto
de medidas que visam à sustentabilidade é
o Forte de Copacabana, na zona sul do Rio. O local
é um dos principais cartões-postais
do Rio por sua beleza natural e pelo amplo espaço
de que dispõe. No local, ocorrem vários
eventos paralelos da Rio+20.
+
Mais
Desmatamento
zero na Amazônia é possível
até 2020, diz governador do Pará
14/06/2012
- 15h02 - Meio Ambiente - Flávia Villela
- Repórter da Agência Brasil - Rio
de Janeiro – Desmatamento zero na Amazônia
é possível até 2020, disse
hoje (14) o governador do Pará, Simão
Jatene, durante um debate sobre políticas
públicas de combate ao desmatamento da Amazônia,
no Forte de Copacabana, zona sul da capital fluminense.
“Já
assinamos a redução do desmatamento
em 80% até 2020, mas acho que podemos, sim,
assumir desmatamento zero líquido. É
possível intensificar a utilização
das áreas abertas e modernizar pelo menos
metade da pecuária em um curto espaço
de tempo sem grandes custos.”
De
acordo com o governador, existem hoje cerca de 33
milhões de hectares de áreas abertas
(desmatadas) da Floresta Amazônica no estado.
Desse total, cerca 1,5 milhão de hectares
são usados para a produção
agrícola. Cerca de 31 milhões estariam,
segundo ele, ocupados pela agropecuária,
abandonados ou subutilizados.
“O
uso dessa área já aberta é
muito baixo e podemos elevar a produtividade, mas
precisaremos experimentar o que chamo de tripla
revolução, que é pelo conhecimento,
pela produção e por novas formas de
gestão e governança e alguns municípios
estão provando que isso é possível.”
O
pesquisador da Fundação Imazon Adalberto
Veríssimo acredita que o desmatamento zero
no Pará é possível e, se for
concretizado, vai gerar mais renda e emprego para
a região. “Conseguimos reduzir, em
três anos, 50% do desmatamento e, hoje, a
sociedade está cada vez mais consciente de
que não é preciso desmatar mais para
crescer. É possível manter a floresta
e aproveitar bem todas as áreas que já
foram desmatadas, que são muitas.”
O
Programa Municípios Verdes (PMV) implantado
pelos governos estadual e federal há pouco
mais de um ano foi abordado pelos palestrantes como
ferramenta fundamental para a redução
do desmatamento ao auxiliar os municípios
do estado a promover uma economia de baixo carbono
e alto valor agregado, com incentivos para negócios
rentáveis e ambientalmente sustentáveis
e criação de pactos entre a iniciativa
privada, a população e o terceiro
setor.
“O
protagonismo local é o diferencial desse
programa. Temos ambientalistas e pecuaristas participando,
pessoas ligadas ao setor madeireiro florestal, Ministério
Público, instituições do estado
e município e a sociedade local. É
fundamental que o desenvolvimento sustentável
saia do papel e entre no cotidiano das pessoas”,
completou o governador.
O
procurador do Ministério Público,
Daniel Azeredo, elogiou o Cadastro Ambiental Rural
que ganhou força com o Programa Municípios
Verdes. “O cadastro realiza o zoneamento das
propriedades no Pará e o controle ambiental
da Amazônia tem ajudado como uma ferramenta
de gestão da Amazônia”, comentou
o procurador. Ele acrescentou que, por meio de benefícios
aos produtores, o número de propriedades
cadastradas subiu de cerca de 600 em 2009 para 54
mil propriedades em 2012.
“O
acesso ao crédito rural só é
dado para aqueles que estão no cadastro,
além disso, o produtor ganha segurança
jurídica, regularização fundiária
e com os Municípios Verdes houve uma adesão
maciça.”
“Temos
condições de devolver para a floresta
de 20% a 30% das áreas hoje abertas que têm
baixa produtividade para a agropecuária e
que foram abertas equivocadamente”, comentou
o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais
de Paragominas, Mauro Lucio, município paraense
que esteve, até 2010, no primeiro lugar da
lista negra de desmatamento do governo federal e
hoje é o que mais faz reflorestamento no
estado. O município também tem apresentado
os melhores resultados na queda do desmatamento
da Amazônia. “Mas isso só foi
possível porque investimos em tecnologia
e melhoria de vida. Sem melhorar a qualidade de
vida das pessoas da região, falar em sustentabilidade
é conversa fiada. Crédito sem conhecimento
é jogar dinheiro fora, por isso, investir
em conhecimento é o que vai mudar os padrões
de vida.”
Fonte: Agência Brasil