Paulo
de Araújo/MMA Izabella, Patriota e industriais
- "Queremos apresentar para a sociedade e representantes
do governo as importantes conquistas obtidas pela
comunidade industrial nos últimos anos",
diz o presidente da CNI, Robson Andrade. - Sophia
Gebrim - O Brasil vive um processo inédito
de mobilização dos mais diversos setores
em prol do desenvolvimento sustentável. A
indústria nacional, comprometida com as questões
ambientais, busca desenvolver ações
sustentáveis e caminhos inovadores de crescimento
econômico. Neste contexto, representantes
do setor reuniram-se na manhã desta quinta-feira
(14/06), no Hotel Sofitel Copacabana, no Rio de
Janeiro, para o Encontro da Indústria para
a Sustentabilidade. O objetivo do evento, promovido
pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), é discutir temas em pauta na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) e o papel do setor industrial
no processo de desenvolvimento de ações
sustentáveis.
O
presidente da CNI, Robson Braga, entregou para cada
um dos participantes do evento um documento inédito
elaborado pela entidade empresarial com o relato
de como o setor inovou nos últimos anos na
produção eficiente e na redução
do consumo de recursos naturais. "Queremos
apresentar para a sociedade e representantes do
governo as importantes conquistas obtidas pela comunidade
industrial nos últimos anos", salientou.
O texto reúne iniciativas de 16 setores e
do sistema indústria nos últimos 20
anos, mostra que o setor produtivo mudou a forma
de produzir para reduzir o impacto da atividade
no meio ambiente, usando recursos de maneira mais
sustentável. Como resultado, o Brasil hoje
pode contar com fábricas menos poluentes,
mais eficientes no consumo de energia e que encorajam
soluções melhores para o uso da biodiversidade.
Uma
das inovações apresentadas e que gera
mais sustentabilidade ao setor industrial pode ser
constatada no caso do segmento de máquinas
e equipamentos. Dados da Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos (Abimaq) mostram que 90% das empresas
do setor adotam políticas que visam minimizar
o impacto ambiental e mais de 60% das grandes empresas
têm certificação ISO 14.001
(certifica o sistema de gestão ambiental
de uma companhia). A Abimaq criou, ainda, em 2009,
o projeto Carbono Zero, que incentiva a adoção
de medidas para reduzir as emissões de gás
carbônico.
SUSTENTABILIDADE
O
relato da indústria de cimento reforça
o empenho do setor na busca por sustentabilidade.
Dados da Associação Brasileira de
Cimento Portland (ABCP) apontam que o setor se destaca
em eficiência energética. Por meio
de coprocessamento utiliza resíduos (como
pneus e biomassa) na produção de energia
como combustível alternatico em fornos de
cimento. Também foi constatado que, de um
total de 870 mil toneladas de resíduos provenientes
de diversos setores, 672 mil toneladas são
utilizadas como insumos energéticos e 198
mil como substitutos de matérias-primas.
Além disso, o setor vem atuando, nos últimos
20 anos, na recuperação de áreas
de extração de minérios não-metálicos.
"É
absolutamente importante que a gente possa compreender
e conectar-se com a agenda da indústria para
a promoção do desenvolvimento sustentável
do país", disse a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, na abertura do evento. Para ela,
não só esse encontro com a indústria
mas também a Conferência Rio+20, como
um todo, é grande oportunidade e um chamado
para que sociedade, governo e organizações
desenvolvam ações concretas de sustentabilidade.
A
ministra também reforça a ideia de
que não são somente mais três
pilares: econômico, social e ambiental, mas
sim um único pilar reconhecendo que é
preciso avançar numa interlocução
democrática. Na sua avaliação,
nunca se viu tamanha mobilização da
sociedade a favor de iniciativas sustentáveis.
"Nos últimos 20 anos, no último
encontro dessa amplitude (que foi a Eco 92), não
tínhamos uma sociedade e setor produtivo
tão engajados nas questões ambientais".
INOVAÇÃO
Por
fim, a ministra ressaltou que o grande incentivo
para o alcance da sustentabilidade na indústria
brasileira foi a inovação. "Como
vimos aqui nos exemplos destacados pelo setor, o
desenvolvimento de novas práticas reduziu
custos, aumentou a renda e gerou novos empregos".
São novas práticas que, além
de preservar o meio ambiente e a biodiversidade,
geram receita e atendem às exigências
do mercado consumidor.
Também
participaram da abertura do encontro o ministro
das Relações Exteriores, Antônio
Patriota, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), chefe
da delegação do Congresso Nacional
para a Rio+20, o ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU), Aroldo Cedraz, o presidente
da Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio
Gouvêa Vieira, o presidente da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), Paulo Skaf e o vice-prefeito do, Carlos
Alberto Muniz. Em nome de todos os setores industriais
presentes no evento, o presidente da CNI definiu
o encontro como "a maior e principal reunião
de empresários da indústria brasileira
na Rio+20".
+
Mais
Os
países emergentes e a sustentabilidade
Para
a ministra Izabella Teixeira, a solução
que sebuscam para as questões ambientais
para esse grupo de nações deve ser
pensada regionalmente para ser refletida globalmente.
Sophia
Gebrim - Os países emergentes têm um
papel estratégico na promoção
do desenvolvimento sustentável global. Para
discutir as oportunidades e desafios relacionados
ao tema, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira,
a ex-ministra da Noruega e coordenadora do Relatório
Nossa Futuro Comum Gro Brundtland e o economista
e professor da Universidade de Harvard Dani Rodrick
participaram de painel, que teve como moderador
o jornalista William Waack. O debate faz parte da
agenda do Encontro da Indústria para a Sustentabilidade,
realizado que se realiza quinta e sexta-feira (14
e 15/06), no Hotel Sofitel Copacabana, Rio de Janeiro
A
ministra Izabella Teixeira salientou que, para a
construção da agenda ambiental com
os países emergentes, a transparência
é um requisito essencial. "Isso significa
discussões não para pedir ao governo
tal e tal coisa, mas para mostrar um programa de
médio e longo prazos para a transformação
do que podemos fazer em busca pela sustentabilidade",
explicou. Para ela, a solução que
os emergentes buscam para a as questões ambientais
deve ser pensada regionalmente para ser refletida
globalmente. "Por isso que insisto na tese
do desafio da governança global e que alguns
aspectos deverão ser pactuados globalmente
em torno de padrões de competitividade comum,
iniciativas que sejam includentes e não excludentes",
acrescentou.
URGÊNCIA
A
ex-ministra da Noruega Gro Brundtland disse que
a comunidade internacional tem urgência em
acelerar o ritmo das discussões sobre sustentabilidade
nos países emergentes. "Muitas decisões
tomadas irão gerar resultado a médio
e longo prazos e o mundo não pode esperar
tanto tempo assim", sintetizou. No contexto
do encontro com o setor das indústrias brasileiras,
Gro destacou que "o compromisso que vemos aqui,
com essas instituições envolvidas
em parceria, faz toda a diferença".
Ela
mostrou, ainda, a preocupação com
milhões e milhões de pessoas que ainda
não tem acesso, em algumas regiões
do mundo, aos serviços de energia e saúde
pública. "Enquanto falta serviço
básico para muitos, outros têm apetite
insaciável por combustíveis fósseis,
madeira e energia, sem a preocupação
com o crescimento dos problemas ambientais que isso
gera". lamentou. Dessa forma, estilo de vida
não sustentável, crescimento econômico
desordenado e recursos poucos eficientes foram apontados
pela norueguesa como desafios para os países
emergentes na busca pela sustentabilidade.
Conhecido
como um dos acadêmicos mais respeitados no
debate sobre a globalização, o economista
Dani Rodrick reforçou a ideia de que a inovação
é o caminho para a busca da sustentabilidade,
principalmente nas nações emergentes.
"Todo o mundo está buscando novas tecnologias
para se adequar ao atual modelo ambiental que é
referência no planeta". Para o professor,
um desafio para os emergentes é mudar a estrutura
para, servir não somente os objetivos econômicos,
mas também ambientais e sociais.
Fonte: MMA